Meu nome é Denver, mais conhecida por . Tenho 17 anos e estou prestes a viver um pesadelo de natal.
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Minha mãe casou jovem com meu pai, 20 anos, e me teve pouco depois. 7 Anos depois do meu nascimento meus pais se separaram. Meu pai é americano. Seu nome Peter Denver.
Logo depois do divórcio ele voltou para Rock Springs, a sua cidade natal.
Nos primeiros 3 anos sempre falávamos por telefone e enviávamos cartas, mas logo a comunicação se tornou escassa até que deixou de existir. Aos 12 anos recebi a notícia e o convite de seu casamento, mas eu me recusei a ir. Estava demasiado magoada com tudo o que ele me tinha feito. Ele praticamente me havia abandonado e depois veio me convidar para seu conto de fadas? Aquele em que eu não estava incluída?
Agora, 10 anos depois de ter saído de casa, meu pai me faz um novo convitem Me convidou a passar a semana de natal com ele. Qual é? Agora que estou quase atingindo a maioridade é que ele se lembra que eu existo e que posso ter sentido a falta dele durante esses anos todos? Eu estava muito revoltada e me recusei a ir. O pior disso tudo é que minha mãe estava mancomunada com ele e me obrigou a ir. Que droga de vida!

Eram 19h30 da noite e acabara de chegar no aeroporto de Rock Springs. Peguei minhas malas na esteira e fui caminhando até ao saguão do aeroporto e percorrendo meus olhos pelas várias pessoas que passavam por ali. Depois de uma segunda espiada,  avistei o homem a quem eu ainda denominava de pai. Não estava muito diferente do que da última vez que o vi. Ou melhor dizendo, desde a última foto que ele mandou. Talvez um pouco mais forte, com mais barba e mais rugas.
Peter veio sorridente até mim pronto a me abraçar. Eu apenas me limitei a lhe entreguar minhas malas e passar direto por ele, de braços cruzados, em direção à saída.

-Oi filha. – Ele me cumprimentou tentando me alcançar.
-Oi Peter. – O cumprimentei friamente, sem sequer olhar direito em seu rosto.
-Nossa…Você está tão grande. – Falou me admirando.
-Já não cresço desde os quinze. – Falei com descaso.
-Pois é. – Sibilou em um tom de voz triste, que eu apenas ignorei.
-Como é? Vamos de carro ou táxi? – Perguntei de braço cruzado parando do lado de fora do aeroporto olhando para a rua.
-Carro. Tá logo ali no parque. – Falou apontando para o outro lado da rua.

Caminhei na sua frente, detetando imediatamente o carro, visto que ele o acionara no automático. Entrei no lado do passageiro enquanto ele colocava as malas na bagageira.
Enquanto esperava, liguei meu iphone e botei os fones nos ouvidos, colocando a música no último som. Notei Peter entrando em seguida, jogando conversa comigo sem nem perceber que eu não o escutava.
O olhei de relance, revirando os olhos, e encostei a cabeça no vidro, fechando os olhos. Cinco músicas depois senti uma cutucada em meu ombro e percebi que havíamos chegado. Uma mulher da idade de meu pai, que logo percebi sendo a nova mulher dele, veio me cumprimentar, mas dessa vez eu não consegui desviar. Acabei sendo arremessada em um abraço indesejado mas não falei um oi sequer.
Entrei em casa, assim que ela me soltou, e apenas perguntei:

-Onde eu fico? – Perguntei seca.
-Penúltimo quarto ao fundo do corredor, no cimo das escadas. – Indicou fazendo sinais.

Subi sem lhe agradecer e sem esperar por meu pai para o ajudar com as malas. Logo achei meu quarto. Até nem estava nada mal. Estava muito bem decorado. As paredes eram todas em lilás com desenhos roxos e rosas. A cama era em madeira branca, de solteiro, com uma colcha acetinada em roxo. Os armários eram todos em rosa com flores brancas. Tinha também uma secretária de metal em roxo brilhante com um lap top pra mim. Nada mal mesmo.
Meu pai entrou logo em seguida e deixou as minhas malas em um canto do quarto, falando algo que eu mal escutei.

- . – Chamou mais alto me sobressaltando. – Lhe perguntei se quer jantar primeiro ou tomar um banho?
-Estou sem fome. Vou tomar banho e deitar logo. – Informei.
-Certeza que não quer comer? - Insistiu.
-Uhum. – Assenti com a cabeça, encolhendo os ombros.

Ele saiu, encostando a porta do quarto, e eu fui arrumar minhas roupas no armário.
Saí do quarto procurando pelo banheiro, que por acaso era na porta em frente minha. Tomei um banho e vesti meu pijama de flanela, pois o tempo aqui em Rock Spring era frio, e voltei para meu quarto.
Na verdade estava com muita fome, mas não queria descer. Não queria ter que encarar a cara do casalzinho maravilha tão cedo. Como tinha comprado alguns aperitivos para a viagem, comi isso e fui no lap top. Ouvi uma movimentação pesada no andar de baixo e umas vozes animadas acompanhadas de risadas altas. Havia mais gente lá na sala, mas nem liguei, apenas continuei mexendo no lap top, acedendo na net.
Estava terminando a sessão no Orkut, sem qualquer novidade, quando escutei alguém subindo as escadas. Percebi estarem se dirigindo para o meu quarto e fechei o lap top apressadamente, correndo em ‘maratona’ para minha cama. Bem no tempo que eu acabara de me cobrir, bateram na porta de leve e a abriram. Senti alguém se aproximar de mim por trás e espreitar por cima de mim. Senti uma respiração leve e feminina sobre o meu pescoço mas me recusei a olhar.

-Ela está dormindo. – Sussurrou uma garota para alguém.
-Ela chegou muito cansada. Amanhã você conhece ela. – A mulher de meu pai falou.

Depois que saíram resolvi ir dormir de verdade. Realmente estava muito cansada da viagem de avião.
Dormi que nem pedra e só acordei por volta das 08h00 da manhã. Desci para comer algo, rezando para que ninguém ainda tivesse acordado, mas me enganei. Kate, a mulher de meu pai, estava na cozinha pondo a mesa do café. Eu não queria ter de suportar a presença dela logo de manhã, isso me dava indigestões, mas mesmo contrariada entrei na cozinha pois estava morrendo de fome.

-Bom dia. Acordou cedo. – Kate me cumprimentou sorridente.
-Dormi cedo. – Respondi sem interesse algum e puxando uma cadeira para me sentar.
-Está com fome? – Perguntou mas nem deu tempo de eu responder. Meu estômago o fez por mim. – Vejo que sim. O que quer comer?
-Minha mãe sempre me serve suco de laranja e torradas com pouca manteiga. – Falei indiferente.
-Está já saindo. – Falou cantante.

Eu revirei os olhos a toda aquela animação, colocando os dedos na boca, fingindo forçar o vômito, quando ela virou costas pra mim.
Depois que ela me serviu, tomei o café sem olhar pra ela. Se o fizesse era capaz de meu estômago embrulhar e a comida vir toda por onde desceu.

-Sabe, eu tenho um filho mais velho que você um ano. – Tentou bater papo.
-Legal. – Falei sorrindo cinicamente.
-Também estou abrigando aqui em casa dois sobrinhos. Meu irmão está em uma longa viagem de trabalho junto com a mãe deles e então eles ficaram aqui comigo. – Falou animada e eu bufei alto, jogando a torrada que estava comendo, no prato.
-Olha só. Não quero parecer grossa nem nada. Mas já ter que estar aqui me dá vômitos. Falar com você não ajuda em nada. Portanto…vê se me deixa quieta no meu canto, OK? – Pedi tentando parecer o mais gentil possível, mesmo que as palavras quisessem me sair como rosnados.
-Tudo bem. – Articulou triste.

Tentei terminar meu café da manhã, mas estar no mesmo ambiente que Kate estava se tornando mais e mais insuportável para meu frágil estômago. Resolvi subir de volta para meu quarto e me tranquei lá, literalmente. Não queria que ficassem tomando a liberdade de ir entrando no meu quarto só porque a casa era deles.
Liguei meu lap top me conetei no MSN. Teclei com meus amigos durante o resto da manhã e nem desci para almoçar. Kate bateu na minha porta falando que me havia trazido a comida mas eu nem respondi. Apenas abri a porta, peguei a bandeja, agradecendo em silêncio com um aceno de cabeça, e tornei a trancar a porta.
O resto do dia foi um tédio pegado. Fiquei vendo TV ou na net. Nenhuma das opções era deveras animadora.
Eu só queria estar em casa, com minha mãe e meus amigos. Mais nada.

O dia seguinte foi igual. Tédio, TV, net…Não exatamente por essa ordem.
Os tais primos e o meu “irmão” saiam sempre depois do almoço e só voltavam para jantar. Até agora ainda não os vi pois ficava sempre no meu quarto trancada para evitar a conivência. No 3º dia meu pai não aguentou mais e veio me falar. Eu já estava com o peito apertado e tudo o que eu iria pedir era pra voltar para casa.

- . Eu sei que é difícil pra você estar aqui com a gente. Mas pelo menos vai dar uma saída. Vai conhecer a cidade, se divirta. – Ele por fim falou, depois de ficar me encarando, andando pelo quarto de um lado para o outro, passando as mãos pelos fios curtos.
-Tudo bem. – Falei indiferente mas achando a ideia realmente legal. Pelo menos não teria de suportar estar com eles durante muito tempo sobre o mesmo teto.

Vesti uma calça jeans escura, justa, e uma bata com estampado em tons de branco e cinza bem soltinha. Por baixo botei uma blusa de gola alta, quente, em branco. Calcei minhas botas de pêlo branco e vesti meu casacão branquinho como a neve. Coloquei meu gorro cinza claro e peguei minha bolsa para sair.
Caminhei pelas ruas vendo todo mundo em família e feliz. Lembrei de minha cidade e de meus amigos e decidi comprar prendas pra eles e para minha mãe.

Estava saindo de uma loja, onde comprara o presente de minha mãe, e procurava meu celular em meio ao amontoado de coisas que tinha na bolsa. Queria escutar a voz de minha mãe, mesmo que eu gastasse todo o meu crédito só pra falar uns dois minutos. Quando o achei  e o peguei na mão, esbarrei contra alguém deixando-o cair e, consequentemente, quebrando-o.

-Droga! – Praguejei olhando para os caquinhos do meu celular.
-Me desculpe, me desculpe. Não vi você. – A pessoa que me trombou, falou.

Quando ergui meu rosto para começar xingando o cara de tudo quanto era nomes e flar que ele teria de pagar um celular novinho em folha pra mim, perdi a voz. Ele era lindo. Alto, forte, moreno e com um cabelão negro, liso e brilhante, lindo. Vestia umas Levis escuras e largueironas, que pendiam um pouco abaixo da sua cintura. Calçava umas Timberland pretas e um camisolão de lã preto também. Trazia em sua cabeça um gorro azul-escuro, do tom das calças com uns cordões pendendo sobre o rosto másculo e emoldurado dele, acabando em duas bolas fofas, me fazendo lembrar os pompons dos coelhos. Não pude deixar de sorrir com esse pensamento e ele sorriu também, mesmo sem saber o porquê. E o seu sorriso era o mais belo que eu alguma vez tinha visto. Era como um sol iluminando a escuridão.
Me senti corar com aquele sorriso e imediatamente desviei o rosto de volta para o chão. Em um ímpeto catei os bocadinhos do que um dia foi o meu celular e sai dali correndo, feito uma boba. Mais nervosa e trêmula que se tivesse visto ao vivo o meu ídolo favorito. Voltei para casa e me tranquei em meu quarto de novo pensando nele e sorrindo que nem boba.
Poucos minutos depois que cheguei mais pessoal chegou também. Supus que fossem os primos e o irmão, que eu era obrigada a suportar escutar dando risadas, mostrando o quanto aquela família era feliz. E eu não me encaixava em lugar nenhum. Era uma peça fora do baralho.
 Eles na verdade não têm culpa de nada. Mas eu precisava descontar minha dor em alguém. Além de que ainda não estava preparada para os conhecer.
Fui arrumar minhas sacolas, distraidamente, e acabei por nem perceber quando alguém bateu na porta e entrou.

-Desculpe incomodar você…mas cria muito te conhecer. – Uma garota, com uns cerca de 14 anos, cabelo castanho brilhante e olhos castanho mel, me chamou a atenção. – Eu sou sua prima , mas pode me tratar por . – Falou animada, me sorrindo um sorriso tão lindo e iluminado que me fez lembrar do sorriso do outro garoto.

Não deu para não sorrir de volta. E também não dava para não gostar dela, mesmo. Ela era muito fofa. Suas bochechas eram arredondadas e cheiinhas, que davam uma enorme vontade de as apertar e não largar mais. Além de ela ser muito linda.

-Eu meu chamo …mas isso você já deve saber. Então me chama de . – A cumprimentei carinhosamente, beijando aquelas bochechas fofas.

se sentou na minha cama me vendo a arrumar as coisas e começou falando comigo. Conversamos a tarde toda e fizemos amizade. Ele me contou que seu irmão se chamava Jacob mas que todos o tratavam por Jake e que ele tinha a minha idade. Fiquei sabendo que o filho da Kate, o meu “irmão” se chamava Embry mas que gosta de ser chamado de Emm. (N/A: Sempre quis ser irmã do Emm, ele é muito quiduxo.) e que ele e o Jake eram melhores amigos. Muita informação para suportar. Mas tentei fazer um esforço para não parecer desinteressada por aquele assunto que me doía tanto.
Depois de muita conversa e muita insistência, conseguiu me convencer a descer para jantar com todos. Dei três respirações profundas e mentalizei algo bom para que o jantar não me caísse mal. Assim que descemos, procurou pelos rapazes.

-Cadê meu irmão e meu primo? – Perguntou ela para meu pai.
-Eles foram jantar na casa da Leah e do Seth. – Respondeu Kate.
-Do Seth é? – Falou triste. – Depois te conto quem eles são. – Sussurrou pra mim.
-Que bom que você desceu . Fico muito feliz mesmo. – Falou meu pai abrindo um largo sorriso.

Meu peito apertou forte, sentindo um nó se formar em minha garganta. Como eu sentia a falta dele. Doía muito lembrar das vezes que chorei por não ter mais ele do meu lado. E agora estava fazendo ele pagar por tudo isso com minha indiferença e meu desprezo. Não lhe respondi cortando o sorriso dele.

-Comprou muita coisa? – Kate perguntou me servindo de comida.
-Só as prendas para minha mãe e amigos. – Respondi colocando uma garfada na boca.
-E o que você quer de natal? – Perguntou sorridente.
-Nada! – Falei em tom elevado a olhando com raiva. – Eu não quero que gastem um só dólar comigo! – Exigi batendo as mãos na mesa e me erguendo furiosa. Meu estômago já estava embrulhando.
-Mas…eu queria dar uma prenda a você. – se pronunciou triste. Me sentei de novo e a olhei com pesar, engolindo o orgulho e falando bem baixinho.
-Você pode querida. – Lhe sorri fraco, sentindo o nó na minha garganta descer e me fazer enjoar.

Ela abriu um largo sorriso mas meu pai não gostou nada de eu ter negado o presente da mulher e de ter berrado para ela.


-Porque você está sendo tão fria com a gente? – Perguntou ele com os cotovelos sobre a mesa e as mãos ao nível do queixo. – Você precisa respeitar a gente. – Falou bravo.

-Ah é, Peter? Eu tenho de respeitar vocês? Muito bem. – Falei irónica sentindo a raiva subir por meu sangue com uma velocidade inimaginável. -  Não venha com lição de moral pra cima de mim, não! Foi você que me arrancou de minha cidade pra vir para aqui, contrariada. – Acrescentei, me erguendo da mesa violentamente, atirando a cadeira no chão e apoiando minhas mãos sobre a mesa. - Eu não gosto daqui e, por favor, não me peçam para gostar de vocês porque isso não vai acontecer! – Berrei botando tudo o que sentia cá pra fora.

saiu da mesa chorando, correndo escada acima para seu quarto. Ela era a única pessoa ali que eu menos queria magoar. Meu pai nada falou e continuou com os olhos postos na comida. Kate estava com uma das mãos nas mãos dele, contendo, visivelmente, as lágrimas. Eu apenas os ignorei.

-Droga! – Falei olhando eles com raiva e saindo da sala atrás de .

-Me desculpe, . Eu não estava falando de você, não. Eu adoro você. Talvez seja a única que eu goste nessa casa. Só que isso está sendo tão difícil para mim…estar longe de minha mãe, de meus amigos… - Falei começando a verter lágrimas e suloçando. Ela me abraçou e me afagou os cabelos.

-Não chore , por favor. – Ela pediu co limpando minhas lágrimas com os dedos e em seguida enxugando as dela. – Oh, você ainda não conhece o Jake e o Emm, nem a Leah e o Seth. Você vai ver que quando os conhecer vai gostar deles tanto quanto gosta de mim. Eu prometo. - Falou beijando os dedos em sinal de promessa. – E quanto ao meu presente para você, eu já comprei. – Falou empolgada.
-Ah . Não precisava. Eu nem comprei nada para você. – Falei fazendo cara de encabulada.
-Não tem mal algum. Agora deixe eu falar da Leah e do Seth. – Falou empolgada.
-Fala, minha flor. – Falei passando a mão em seu rosto e lhe sorrindo.
-Bem a Leah e o Seth são irmãos e ela é a mais velha. Tem a idade do Emm. Aliás, eles namoram. – Informou. – Mas de quem eu realmente quero falar…é do Seth. – Falou corando.
-Uh. Tem caroço nesse angu. – Falei sorrindo, fazendo cosquinha nela.
-Ele é mais velho que eu. – Fez biquinho.
-Como se isso fosse impedimento algum mocinha. – Falei pondo a mão na cintura.
-Ele tem 16 anos e eu só o vejo com garotas mais velhas que ele. Nunca que ele irá olhar pra mim. – Falou deixando uma lágrima marota rolar pelo seu rostinho.
-Ah não , não chora. – Falei a abraçando –Eu prometo que ele vai olhar pra você assim que eu te der um trato. – Falei fazendo o mesmo gesto de promessa que ela havia feito.
-Um trato? – Perguntou confusa.
-Sim. Vamos nos livrar dessas roupas de menininha para começar usando roupas de garota crescida.
-Sério. Tipo assim. Minissaia e salto alto? – Perguntou animada
-Não, assim também não. Você gosta do meu estilo? – Perguntei levantando da cama e dando uma voltinha em frente dela
-Adoro!
-Que tal ficar igual a mim? – Sugeri.
-Aaaaahh! Amei a ideia! – Falou saltando no meu colo me fazendo gargalhar alto.
-Então amanhã de manhã vamos no shopping renovar seu closet (N/A: Tô dando uma de Alice). Vamos ver se o Seth não vai olhar pra você. – Falei convicta a deixando muito animada.

Decidimos terminar o jantar no meu quarto. Ela quem foi buscar nossos pratos. Eu não tinha mais coragem de descer de novo e olhar para meu pai e ver o quanto o tinha magoado.
Meu pai ficou chateado mas Kate falou que era melhor dar um tempo pra mim.


No dia seguinte, bem cedo, antes das 08h00 até, já estava pulando em minha cama me fazendo acordar. Fiz minha higiene matinal e descemos para o café. Para minha sorte estávamos apenas nós na cozinha, visto ser tão cedo.
Logo em seguida saímos de casa. Passamos a manhã toda nas compras e até acabamos almoçando fora. Quando regressamos corremos para o quarto para fazer a seleção das roupas que podiam ficar. Ela ficou mesmo parecida comigo.
Depois de arrumarmos as compras no armário dela, falei para ela que tinha de sair. Quando estávamos no shopping vira o presente de natal ideal para ela. Um estojo de maquiagem. Era tudo que estava faltando para a sua transformação.
Assim que cheguei no shopping, comprei o presente e o mandei embrulhar.
Quando estava chegando em casa, entrei em uma loja de conveniência. Estava com uma enorme vontade de comer chocolate da Milka. Comprei uma caixa de bombons em forma de coração pois eram os únicos que lá haviam. Paguei e abri logo a caixa para os saborear. Me dirigi para a saída da loja, distraidamente, e mais uma vez fui contra alguém, derrubando todos os bombons no chão.

-Porra! – Xinguei brava, pensando porque eu tinha de ser tão azarada…ou não.
-Desculpa…de novo. – Falou o garoto. Era o mesmo que tinha quebrado meu celular.
-Será que sempre que eu encontrar você vamos esbarrar um no outro e eu vou quebrar ou desperdiçar sempre algo? Assim eu entro no prejuízo. – Falei recolhendo os bombons com a ajuda dele, fingindo irritação.
-Eu queria esbarrar sempre em você…quer dizer…eu não queria lhe dar sempre prejuízo. – Falou embolado, sorrindo largamente, o meu sorriso de sol, e pegando minha mão.

OMG! Como assim eu já estou pensando que o sorriso dele é meu? Como assim ele está pegando na minha mão?
Senti um choque percorrer todo o meu corpo depois do toque e logo recolhi minha mão. Senti minhas bochechas ferverem e nossos rostos se encontravam cada vez mais próximos.
Me ergui de supetão e ele fez o mesmo.

-Desculpe. – Pediu sorrindo fraco, sem desviar seus lindos olhos negros dos meus.
-Não tem mal. – Falei jogando os bombons no lixo e fazendo cara de desconsolada, dando de costas pra ele e saindo da loja.
-Espere! – Pediu ele me parando. – Me fala seu nome. – Falou segurando minha mão de novo, fazendo a corrente elétrica percorrer de novo meu corpo.
-Fica pra outro esbarro. – Falei o deixando desanimado e saindo da beira dele correndo, de novo.

Depois de ter corrido um quarteirão, parei abrutamente com um único pensamento em mente. Será que iria haver outro esbarro? Será que nos tornaríamos a ver? Droga! Porque eu fui tão burra? Porque eu tenho de estar sempre fugindo dele?
Voltei para casa desgostosa com os bombons mas ao mesmo tempo extasiada. Estava realmente bem-disposta e até com vontade de conhecer Embry e Jacob.
Fiquei o resto da tarde, junto com , escolhendo a roupa que irai usar no jantar. Meu pai entrou no quarto e pediu a que nos deixasse a sós. Senti meu coração pular desenfreadamente em reação à expressão dura no rosto de meu pai. Será que agora que eu estava começando a me adaptar aqui ele me iria enviar de volta? Será que eu agora queria ir embora? Depois de ter conhecido e de ter esbarrado em um garoto tão lindo?

- . Amanhã é véspera de natal e eu queria pedir a você que abrisse tréguas para nós. Eu sei que não foi correto o que eu fiz com você, deixar de dar notícias, mas eu achei que assim você sofreria menos, não sentiria tanto minha falta. Eu fui um estúpido, eu sei. Você não imagina o quanto eu sofri por nunca mais ouvir sua voz, ver sua cara e como eu estou sofrendo com sua indiferença e fireza. Me dói muito. Eu te amo demais e eu só queria ter uma nova oportunidade de você me amar de novo também. Me perdoa. – Falou segurando o choro que eu não consegui controlar.

Em um impulso o abracei forte, pondo de lado minha pequena vingança, e falei em um fio de voz.

-Eu nunca deixei de te amar papai. Me desculpe, me desculpe por tudo. Eu te amo muito. – Confessei chorando copiosamente.
-Oh . Eu te amo demais minha filha. – Falou chorando também, agora.

Partimos o abraço e limpamos nossas lágrimas, acabando por nos rirmos da situação embaraçosa. Ele me puxou pra sentar na cama e me abraçou de novo. Ficamos assim por alguns minutos, apenas apreciando o momento e o carinho que tínhamos um pelo outro. Meu pai foi o primeiro a quebrar o silêncio e o abraço, me olhando com um sorriso tímido.

-Falei pra seu irmão que hoje você queria conhecê-los e ele sugeriu que você fosse jantar com eles a casa de Leah e Seth nessa Véspera de Natal, para você fazer amigos. O Natal passamos todos juntos aqui, em família. O que você acha? – Perguntou a medo. Torci um pouco o nariz mas logo lembrei de e achei legal que eu estivesse do lado dela assim que Seth a visse com o novo visual.
-Tudo bem. – Assenti sorrindo e abraçando meu pai de novo e me erguendo da cama logo em seguida.
-Nossa, você está muito bonita. – Falou olhando meu modelito.
-Tudo culpa de . – Brinquei.

Realmente ela escolheu bem minha indumentária para essa noite. Eu levava um vestido cinzento claro de lã, justo ao corpo e umas meias de napa cinzentas escuras com umas botas de cano longo, pretas, de salto raso. Logo apareceu na porta do quarto igualmente linda. Vestia um vestido vermelho com umas meias de lã brancas por baixo e trazia calçada umas sabrinas pretas.

-Vamos. Eles estão nos esperando lá em baixo. – Me chamou. – Que tal estou tio? – Perguntou para meu pai dando uma voltinha.
-Você está muito bonita. Aliás, as duas estão magníficas.
-Culpa da . – Brincou utilizando a mesma expressão que eu. – Anda logo . – falou impaciente.
-Estou indo. É só pegar minha… - tentei falar mas fui puxada para fora do quarto quando pegava minha bolsa – Calma . Se você chegar lá desse jeito ele vai notar que você está nervosa e não é esse o objetivo, pois não? O objetivo é você parecer uma nova , muito segura de si e madura. – Falei descendo as escadas junto com ela sem nem reparar quem nos esperava no final.

Quando olhei em frente meu coração falhou uma batida. Não, 3 de uma vez. Quase morri quando notei que um dos rapazes que nos esperava era o rapaz que esbarrara comigo duas vezes. Ele olhava para mim tão surpreso quanto eu. OMG! Será que ele é que é o meu irmão? Calma, , ele não é sangue do seu sangue.
O outro rapaz cortou meus pensamentos, se aproximou de mim e perguntando.

-Posso te abraçar? – Falou de braços abertos na minha direção.

Eu assenti com a cabeça sem tirar os olhos do outro, e fui arremessada em um abraço tão forte que até me tirou do chão, rodopiando comigo.

-Eu sou Embry. Seu irmão. Emm para os amigos. Isso inclui você. – Falou partindo o abraço e sorrindo muito para mim. Eu sorri de volta, suspirando disfarçadamente em alívio.
-Esse é meu irmão Jake. – Falou puxando ele na minha direção.

Tanto ele como eu não sabíamos se nos abraçávamos, se nos cumprimentávamos com dois beijos, se apertávamos as mãos ou se simplesmente acenávamos com a cabeça. Estávamos nesse impasse e percebeu isso. Impaciente, ela empurrou seu irmão contra mim para selarmos um abraço. Mas nesse empurra, não empurra, nossos rostos ficaram tão próximos de um beijo que nos deixou bastante constrangidos. Partimos o abraço rápido e ele saiu apressado murmurando um “Vamos” e seguindo sem esperar ninguém.

Meu irmão, sim, agora sem aspas nem tons irónicos, veio conversando comigo o caminho todo, e como havia dito e prometido, eu gostei bastante dele. Era muito carinhoso e divertido. Me sentia como sua irmã de verdade, além de me sentir sua amiga. vinha de mão dada comigo e notei que cada vez que ficávamos mais perto do destino ela tremia mais. Quando paramos no portão da casa, apertou minha mão e escondeu a cara no meu braço.

-Eu não consigo. – Sussurrou abafada e desesperada.
-Calma . É agora ou nunca. Você quer que ele olhe pra você não quer? – Sussurrei de volta.
-Quero…muito. – Falou me encarando com um certo receio no rosto.
-Então respire fundo, – falei inspirando e expirando fundo junto com ela – erga a cabeça, - fiz ela erguer a sua cabeça com minha mão em seu queixo – e encha-se de coragem. Você hoje está uma gata. Ele não vai escapar de você. Vai cair de 4 garota. Pode ter certeza disso. – Garanti transmitindo confiança a ela.

Logo nos receberam. Entramos todos e eu fui apresentada. Quando Seth viu , seu queixo caiu. Mas foi a irmã quem comentou.

-Nossa , você tá muito linda. Nem parece você. – Falou impressionada a elogiando.
-Eu digo o mesmo. – Afirmou meu irmão.
-Eu achei essa mudança demasiado repentina. – Comentou Jake desaprovando.
 -Culpa dela.
-Culpa minha. – Falamos ao mesmo tempo, ela em tom de descaso e eu com tom de culpada.
-Calma. Não estou dizendo que não gostei. Só que bateu uma insegurança… - Falou reticente.
-Porquê? – Perguntou estranhando a frase do irmão.
-Com você gata desse jeito vou ter de tomar mais cuidado com os marmanjos que andam por aí, que possivelmente te cercarão. – Falou tenso.
-Oiwn, que fofo! – A irmã falou melosa saltando no pescoço do irmão e o enchendo de beijos.
-Isso é…para impressionar alguém? – Perguntou Seth num tom que eu reconheci como sendo de insegurança.

O guri já caiu no engodo. me olhou sem saber o que responder.

-Bem…eu só achei que ela já está ficando uma garota, que deixou de ser criança há muito e que se deveria vestir como tal. Agora…os propósitos dela…isso já é com ela. – Falei piscando pra ela, deixando Seth inquieto.

olhou pra mim agradecida e depois fomos jantar. Seth, e eu ficamos sentados dum lado da mesa e do outro ficou Leah, Emm e Jake, ficando este último bem na minha frente.
Jake não desgrudou seus olhos de mim o jantar todo, enquanto os outros tinham uma conversa animada sobre vídeo games.
De repente apertou minha mão e me puxa pra dizer algo em meu ouvido.

-Que foi? – Perguntei com medo que ela tivesse notado a troca de olhares entre mim e o seu irmão.
-Seth pegou na minha mão e a acariciou. – Falou tremendo.
-E? – Perguntei sem entender.
-E? E que eu fiquei nervosa e tirei minha mão da dele. – Falou em sussurros fortes.
-Boba. Deixa ele pegar na sua mão. – Falei a empurrando de volta para o seu lugar.

Acabamos de jantar e nos dispersamos pela casa. Leah e Embry ficaram na cozinha arrumando tudo. e Seth ficaram numa conversa muito reservada num canto da sala e Jake…Jake sumiu faz tempo. Eu acabei vindo para a varanda das traseiras ver a noite limpa e bela.

-Você sumiu. – Falou ele por trás de mim me assustando um pouco.
-Você que sumiu. – Elucidei.
-Tem razão. Fui dar uma volta pelo bairro. Precisava pensar. – Falou olhando o céu.
-Pensar? – Perguntei mais pra mim que pra ele.
-Pensar em você. – Falou calmo – Pensar em como o destino nos prega partidas engraçadas. Nos esbarramos duas vezes e da última você disse que me falaria seu nome no próximo esbarro. Fiquei com medo de isso nunca acontecer e de nunca mais eu te ver… - Falou reticente ainda sem me encarar – Agora, veja só, não só volto a ver você como descubro que é minha prima. – Falou me olhando fundo.
-Prima não! Não temos o mesmo sangue! – Falei firme e um pouco desesperada com aquele rumo de conversa.
-Eu sei. É só um jeito de falar. – Sorriu o meu sorriso sol.
-Hum, tudo bem. – Foi tudo o que consegui murmurar, pois senti meu sangue subir todo para meu rosto.
-Não paro de pensar em você desde o primeiro instante em que te vi. – Confessou pegando uma mecha de meu cabelo e a colocando atrás da orelha.

Eu estremeci com o toque de sua mão quente em meu rosto gelado, me deixando mais vermelha ainda. Olhando para seu rosto, percebi que ele também adquirira um pequeno rubor nas bochechas, fazendo meu coração falhar uma batida.

-Eu antes não acreditava nessas baboseiras sentimentais…De amor à primeira vista…Ligações de outras vidas…Química….O que quer que lhe queiram chamar. Mas com você foi tudo diferente. Passei a acreditar nisso tudo de uma só vez. – Confessou acarinhando meu rosto e me olhando intensamente.
-Jacob… - tentei falar sem jeito mas fui interrompida.
-Eu sei que parece meio precipitado…mas não dá mais para negar aquilo que eu sinto. Isso tá me deixando muito confuso e me fazendo pensar se eu não enlouqueci…mas  a verdade, , é que eu estou completamente apaixonado por você. – Falou com a sua boca a milímetros da minha.

Eu senti que ia desmaiar. Minhas pernas estavam bambas a tal ponto que se ele não tivesse envolto seus braços em minha cintura, eu teria derretido e ido parar no meio do chão. Eu também sentia o mesmo que ele. Que era tudo muito precipitado, irreal e confuso. Mas eu também sentia o mesmo, eu também estava apaixonada. Só não me sentia preparada ainda para falar isso sem o conhecer direito. A quem eu estava querendo mentir? Eu estava morrendo por dentro para dizer o mesmo para ele. Mas como eu ia falar isso sabendo que era errado? Para quê criar ilusões e dar esperanças quando em poucos dias eu iria embora e nós nunca mais nos iríamos ver?
Ele notou que eu fiquei estranha e se preocupou.

-Está tudo bem com você? Você ficou pálida. – Falou me segurando pela cintura mais forte, com medo que eu caísse, partindo qualquer tipo de distância que pudesse haver entre nós. Eu coloquei minhas mãos no tronco dele para manter uma distância segura. Não queria me magoar mais.

-Está…tudo…bem. – Gaguejei – Eu só…
-Não precisa dizer nada . Eu sei esperar e lutar por aquilo que eu quero. Vamos só aproveitar todos os momentos que temos juntos. Por favor. – Pediu me soltando e pegando em minhas mãos as levando a seus lábios, beijando cada dedo, um por um, delicada e carinhosamente.
-Tudo bem. – Assenti sorrindo nervosa e engolindo o choro.

Nos sentamos na sacada, tomando chocolate quente e escutando Silent Night, Holly Night cantado por um coro masculino de tenores. Depois de um longo silêncio eu e Jake iniciamos uma conversa descontraída, nos conhecendo melhor. A cada coisa que eu sabia dele eu me sentia cada vez mais apaixonada. Ele era maravilhoso. Perfeito ao estilo dele. Pois ninguém é perfeito. Cada um tem os seus defeitos e acho que é isso que nos torna perfeitos. Sermos humanos.
De repente, a meio da conversa, fomos interrompidos por uma ofegante me puxando para dentro de casa pegando nossas coisas, dizendo adeus a todo mundo e me arrastando porta fora sem esperar por ninguém.

-O que está acontecendo ? – Perguntei preocupada e ela não me respondeu – ! – Chamei mais alto parando-a, puxando por um braço.
-Eu…ele...beijo… - Falou desconexa.
-Calma. Respira fundo. Me explica direito o que aconteceu com o Seth?
-Ele…me…beijou. – Falou sem reação, olhando o nada.
-Mas isso é ótimo. – Falei alegre, a abraçando.
-Ele…me…pediu…em…namoro. – Falou a custo, como se fosse algo engendrado.
- , isso é fantástico. – Falei empolgada.
-Ele…falou…que…me ama. – Falou agora aos soluços e chorando.
- . Não estou entendendo você. Isso não era tudo o que você queria? – Falei a abraçando.
-Era. - Falou escondendo o rosto entre as mãos e apoiando a cabeça no meu ombro.
-Então qual é o problema? – Perguntei a encarando.
-Foi…rápido…demais..estou com medo.
-Boba! Talvez ele já gostasse de você e não soubesse direito de seus sentimentos, e ver você linda foi um incentivo para ele se declarar. Isso acontece muito por aí. - Tranquilizei-a.
-Sério? – Perguntou limpando as lágrimas.
-Sério. Viu. Eu não falei pra você que quando eu te desse um trato que ele ia cair de quatro por você.
-Falou. – Continuou soluçando e vertendo umas lágrimas que não queriam parar.
-Então pare de chorar se não vou me zangar feio com você. – Falei fingindo estar brava e limpando as últimas gotas que lhe escorriam pelo rosto.
- , você está chorando? – Perguntou Jake nos alcançando.
-Não! Entrou poeira no olho. – Falou fungando, dando a perceber que mentia.
-Poeira, é? Então porque tá fungando? – Perguntou desconfiado.
-Ah Jake, não me enche. Eu estou fungando porque estou ficando gripada. – Falou dando costas ao irmão e começando a andar apressada. Eu olhei para Jake, que me olhava com um olhar inquisidor. Dei de ombros e segui o mesmo caminho que .
-Sei. Constipada. – Ele bufou pelo nariz, alcançando a irmã.
-Deixa de ser chato. Vai pegar no pé de outro. Vamos embora que eu estou com sono. – Ela respondeu emburrada.

Jake encolheu os ombros vendo a irmã acelerar a caminhada se distanciando de nós consideravelmente. Eu olhei para trás estranhei a não presença de meu irmão ali.

-E Emm? – Perguntei.
-Vem mais tarde. Eu é que não ia ficar junto com Seth segurando vela para o casalzinho paixão. – Falou me fazendo gargalhar e abanar a cabeça em negação.

Chegamos em casa e cada um foi para seu quarto. Jake se despediu de mim com um olhar apaixonado e um sorriso iluminado, que eu disfarcei não ter visto, pois Kate e meu pai estavam na sala.
Fiquei a noite toda pensando em Jacob. Vendo os minutos passando e rezando para que o tempo simplesmente parasse, ou voltasse atrás.
Lembrei que teria de comprar presentes para Embry e meu pai e talvez alguma para Jake e, muito remotamente, para Kate. Fui dormir, para de manhã bem cedo ir de novo no shopping comprar o resto dos presentes.

Dia seguinte acordei um pouco cansada por ter dormido tarde e fui no shopping. Entrei em uma ourivesaria e escolhi um relógio de ouro para oferecer a meu pai. Pedi para gravar nele umas inscrições dizendo assim: “Te amo para sempre, pai”. Sai para comprar os outros presentes enquanto não podia pegar o relógio. Para meu irmão comprei um vídeo game que ele estava falando que adoraria ter, no jantar de ontem.
Me decidi a comprar um presente para Kate mas não sabia o que lhe oferecer, tanto a ela como a Jake. Telefonei a  pedindo ajuda.

-Para a tia compra algo com pérolas. Ela adora pérolas. – Sugeriu – Para meu irmão… - Ficou pensando – Espera aí, porque você quer oferecer presente para meu irmão? – Perguntou desconfiada.
-Err… - Fiquei pensando – Ué…porque…seria de mau tom eu ter presente pra todo mundo menos para ele. – Menti.
-Huumm, sei…’tá bom. Então ofereça a ele um violão. Ele está louco para ter um. E não se preocupe com o preço, eu divido com você, assim que meus pais liberarem é claro. Mas como você está com o cartão do tio…então não há problema. Pode gastar à vontade. – Falou divertida como se gastar dinheiro fosse um passatempo.
-Ok, de acordo. Vou desligar para fazer o resto das compras.
-Espera! – Pediu antes de desligar – E o meu presente? – Cobrou.
-Seu presente já comprei faz um tempo, mocinha. – Falei – E nem pense que eu vou dizer qual é. – Falei prevendo que ela iria perguntar isso.
-Bruxa. – Me xingou.
-Também te amo. – Falei e ela gargalhou desligando em seguida.

Fui pegar o relógio e aproveitei para ver os colares de pérolas. Existiam lá vários mas me pareciam todos iguais. Acabei encontrando um, que apesar de simples, era muito gracioso. Era um cordão de ouro fino com uma pérola bem grande como pingente. Não hesitei e comprei na hora.
Em seguida fui em uma loja de instrumentos musicais ver os violões. Pedi ajuda pois apesar de gostar muito de música não entendia nada de qualidade de instrumentos. Vi um monte de violões mas me foquei em procurar um que fosse a cara de Jake. E achei. Era todo preto com as laterais vermelhas escuras e com uma assinatura de alguém. O vendedor falou que era de um tal Gary, mas não prestei muita atenção ao nome. Estava mais concentrada em olhar para o violão e lembrar da declaração de Jacob. Comprei um estojo para colocar lá o instrumento e mandei embrulhar. Estava muito carregada e então pedi a meu pai que me viesse buscar.
Voltei para casa e guardei meus presentes junto dos outros, no meu quarto.

Desci para almoçar. Foi um almoço diferente desde que cheguei nessa casa. Um almoço em família, daqueles que eu não tinha há muito tempo.
A meio da tarde  me arrastou e nos trancou no quarto para nos arranjarmos para o jantar de natal.

-O Seth passa todos os Natais com a gente. Esse ano preciso estar mais linda do que nunca. – Falou num imploro.
-Eu prometo que você ficará mais linda do que nunca. – Garanti em um sorriso animado, pensando que eu também tinha de ficar mais linda do que nunca.

Ficamos horas escolhendo as indumentárias e depois começamos nos arranjando. Como era de praxe agora,  escolhia as roupas para eu usar e eu escolhia as dela. Eu vestia um vestido vermelho de cetim em corte imperial com mangas em balão, a meio do cotovelo e levava uma meia branca por baixo e uns sapatos de salto vermelhos. De certa forma eu parecia com a garotinha do feiticeiro de Oz.
   levava um short preto acetinado com uma meia preta por baixo e de parte de cima usava uma blusa verde com uns desenhos em dourado. Calçava umas sabrinas douradas discretas.
Fiz nela uma fita com laço na cabeça em um tecido verde brilhante para enfeitar os cabelos. Juro que foi sem intenção, mas ela tava parecendo um presente. O presente do Seth. Contive uma gargalhada com esse pensamento e terminei meu trabalho.
Pedi ajuda pra ela para descer com os presentes e os pusemos debaixo da árvore de Natal.
Todo mundo já nos esperava impacientes na mesa de jantar. Quando entramos todos ficaram de queixo caído. Meu pai e meu irmão foram os únicos, que ao mesmo tempo, falaram.

-Vocês estão…magníficas. – Elogiaram e os outros assentiram com a cabeça nos fazendo corar muito.
-Estou amando ser igual a você. – Murmurou  e  eu pisquei-lhe o olho

Me sentei ao lado de Jake, perto da cabeceira da mesa, onde estava meu pai. Ao lado de Jake se sentou  e do lado dela estava Seth. Na minha frente estava Kate. Embry se sentou do lado da mãe e Leah ao lado do namorado.
Jacob passou o jantar todo pegando na minha mão por baixo da mesa e escrevendo bilhetinhos de amor. Sempre que ele me olhava eu ficava apavorada olhando todos para ver se alguém estava notando ele me paquerar.
Jantamos tranquilo e falamos muito. No final fomos ver um filme pois Kate e meu pai ficaram levantando a mesa e nos proibiram de os ajudar.

Leah e Embry se sentaram em um cadeirão, ela no colo dele. Eu me sentei numa ponta do sofá, Jake do meu lado, Seth do dele e  na outra ponta. Vi Seth passar o braço discretamente pelos ombros de  e nesse momento Jake ia virar para lhe falar algo. O impedi segurando sua cara entre minhas mãos e fingi que ele tinha uma pestana caindo.
Ficamos nos olhando com os rostos muito próximos mas depois de ter acabado de fingir que tirava uma pestana do olho dele, Jake ia voltar para falar com Seth e de novo o impedi.

-Sopra. Entrou poeira no olho. – Disfarcei.
-Você mente muito melhor que minha irmã. – Falou soprando meu olho – Mas mesmo assim não consegue me enganar. – Sorriu e eu sorri de volta – Seth já me contou que eles namoram. – Falou apontando para eles por cima do ombro e erguendo uma sobrancelha.
-Sério? – Perguntei aflita pensando se estava tramada ou não.
-Sério. Mais cedo ou mais tarde eu iria descobrir e sabendo ele como eu sou protetor e ciumento em relação a minha irmã ele me abriu logo o jogo. Bati muito nele e gritei muito, mas no final eu vi que eles se gostavam mesmo.
-Você…não ficou…bravo…comigo? Fui eu quem acelerou e apoiou esse namoro. – Falei engolindo em seco.
-A princípio fiquei bravo sim… - Falou me assustando - Mas depois passou. Não ia conseguir ficar muito tempo bravo com você.
-Que bom. – Sorri sincera e ele pousou seu olhar na minha boca. Virei o rosto para a TV e fingi atentar o filme, mas seus olhos em cima de mim tiravam toda a minha concentração. -Pára! – Pedi num fio de voz agudo – Pára de me olhar desse jeito.
-Não dá. Você é linda demais. – Falou passando a mão no meu rosto.
-Pára antes que alguém note. – Exigi.
-Eles já sabem o que eu sinto por você. – Falou calmo sem tirar os olhos de minha boca.
-Já? – Perguntei surpreendida e ele assentiu calmo.

O filme acabou e poucos minutos faltavam para a meia-noite. Distribuímos os presentes e quando bateu as doze badaladas meu pai falou.

-Abra os seus primeiro. – Pediu para mim.

Eu peguei no primeiro que me veio à mão e abri. Era um lindo vestido roxo, rodado e sem costas.
-Fui eu que comprei com a tia Kate. Ou seja, é nosso. – Falou .

Corri pra ela e a beijei. Em seguida fui até Kate e a abracei agradecendo, deixando meu pai super orgulhoso.
O segundo embrulho era um celular da mais alta tecnologia e designe.
-Esse presente é meu e de Embry. Ele falou que você quebrou o seu. – Falou meu pai.

Eu olhei para Emm que me piscou o olho e apontou com a cabeça discretamente para Jacob que me sorria.
Peguei outro presente e Leah disse que era dela e do Seth. Droga, não havia comprado nada para eles. Abri e vi que era uma caixa de bombons da Milka. Mais uma vez olhei para Jake e lhe sorri agradecida.
O último era com certeza dele. Fiquei nervosa ao abrir o envelopezinho de natal. Quando abri vi que eram dois bilhetes para assistir o concerto dos Nickelback, a minha banda favorita. Tentei não correr e saltar no colo dele mas minha empolgação era tanta que comecei aos pulos e agradeci mil vezes a ele.

-Agora abram os meus. – Pedi lhes entregando os presentes.

 foi a primeira a quem entreguei. Quando abriu e viu o estojo de maquiagem quase me derrubou no chão. Depois foi Kate. Ficou muito espantada com o meu presente e o achou lindo. Entreguei o presente de Embry, que rasgou o embrulho e delirou com o vídeo game saindo junto com Seth para a sala para irem jogar. Meu pai chorou muito quando eu lhe dei o relógio e ele viu as inscrições.

-Desculpem, não comprei nada pra você e Seth. – Falei um pouco envergonhada para Leah.
-Não tem mal algum. – Respondeu com um sorriso.
-Agora maninho, vou buscar o seu presente. Eu dei a ideia e  comprou, portanto o presente é nosso. – Falou  correndo para trás da árvore para pegar o enorme presente – Tio, me ajuda aqui que ele é pesado. – Pediu.

Seth e Embry pararam o jogo com curiosidade sobre o enorme presente de Jake.
Jake rasgou o papel e tirou a caixa vendo que era um violão, mas seus olhos brilharam quando abriu os estojo com o violão dentro.

-O violão de Gary Moore? – Perguntou mais afirmando, completamente estupefato.
-É? – Perguntei eu, também pasma.
-É o violão do Gary Moore sim. – Garantiu Embry se ajoelhando perante o violão – Como você conseguiu essa beleza? – Perguntou sem me olhar.
-Er…estava lá…e eu comprei. Achei que era a cara de Jake…então trouxe. – Falei também ainda sem acreditar.

Eu conhecia bem Gary Moore e era fã de suas músicas mas quando comprei nem ouvi direito o nome dele.

-Nem sei como vos agradecer. É maravilhoso. – Falou de olho brilhando.

O resto dos presentes foram abertos e logo a noite de festa terminou. Embry foi embora junto com Leah, iria passar a noite com ela. Seth ficou mais um pouco namorando . Antes de abrirem as prendas, Seth foi pedir a mão dela para meu pai e Kate.
Eu me recolhi a meu quarto e minha cabeça fervilhou em pensamentos que eu tentava afastar. Dali a dois dias eu iria voltar para o Brasil. Lembrei das coisas que não fiz e da declaração que não fiz. Ainda ia em tempo, mas ao mesmo tempo era tarde de mais.
De que adiantaria declarar meu amor a Jacob se depois não nos veríamos mais. Isso só iria aumentar nosso sofrimento, aprofundar minha dor, dor que eu já estava sentindo. Enterrei meu rosto no travesseiro e chorei a noite toda.
Kate ouviu meu choro e veio no meu quarto me ver.

-Que está acontecendo . Você não está feliz? – Perguntou afagando meus cabelos.
-Já não sei se estou mais. – Falei com a voz abafada pelo travesseiro e pelo choro.
- É o meu sobrinho não é? – Perguntou e eu a encarei admirada.
-Como…você sabe? – Perguntei envergonhada.
-Eu vejo tudo o que se passa nessa casa. E quando vocês estão perto um do outro, dá pra notar a milhas de distanciam o quanto vocês se gostam.  – Falou e eu me deitei de costas fitando o teto – Você está triste porque vai embora e tem medo de não o ver mais? – Perguntou e eu afirmei com a cabeça.

Comprimi meus lábios para evitar que o choro começasse mas agora era inevitável. Cobri meu rosto com as mãos e chorei de novo.

-Você vai poder vir aqui sempre que quiser . Essa agora também é sua casa.
-Mas não será a mesma coisa. – Falei fechando os punhos.
-Eu entendo sua dor e suas dúvidas. – Falou me acariciando.
-Kate. Obrigada por ter falado comigo…mas agora queria ficar sozinha.
-Tudo bem. Qualquer coisa você me chama. – Falou saindo do quarto e fechando a porta.

Tentei dormir de novo mas estava impossível de suportar a dor. Desci para tomar um comprimido para me acalmar.

-Eu ouvi você chorando. – Falou Jake entrando na cozinha.
-Não foi nada não. – Tentei disfarçar.
-Eu também ouvi sua conversa com Kate. – Falou e eu o encarei – Foi sem querer. Eu ia ver se estava tudo bem com você…e ai escutei. – Se justificou.

Eu baixei o olhar e ele veio me abraçar. Chorei de novo me perdendo em seus braços. Parti o abraço e o encarei séria olhando no olho dele. Sei que poderia me vir a arrepender mais tarde, mas não aguentava mais estar guardando aquilo dentro de mim.

-Eu te amo Jacob. – Falei em um fio de voz.

Ele limpou minhas lágrimas e beijou meus olhos, meu rosto e, finalmente, minha boca. Foi um beijo doce, terno e cheio de amor.

-Eu também te amo . – Falou sem desgrudar seus lábios dos meus – Irei te visitar sempre que puder. – Prometeu.
-Eu também irei vir aqui sempre que puder. – Falei.

Nos beijamos de novo e subimos no meu quarto e dormimos juntos. Deitei no peito dele e pude perceber que não era a única que chorava. Antes do sol nascer ele voltou para o seu quarto.
De manhã ficamos o tempo todo perto um do outro. Todos perceberam o nosso sofrimento mas não falaram nada. De tarde saímos para namorar, para fazermos algo que se tornasse inesquecível para nós. Fomos patinar no gelo. Foi a coisa mais bela e romântica que alguma vez vi.
De noite fizemos um jantar de despedida. Nessa noite voltamos a dormir juntos mas dessa vez ele não voltou para o quarto antes de amanhecer.  veio nos acordar e descemos para o café da manhã.
Tomamos o café em silêncio. Seth e Leah vieram se despedir de mim. Apenas , Jake e meu pai me acompanharam até o aeroporto.  prometeu me ligar todos os dias e meu pai falou que me iria visitar em breve e sempre que pudesse.
Quando me despedi de Jake ele não escondeu o choro e me beijou muito.
Entrei no avião com uma dor enorme de os deixar pra trás, de o poder perder pra sempre.

A viagem foi cansativa e minha mãe me recebeu em casa com uma pequena festa e alguns dos meus amigos. Tentei me esforçar para ficar alegre mas estava bem difícil.
A Passagem de Ano foi bem difícil. Falei o dia todo com eles e meio único desejo à meia-noite foi ter ele perto de mim de novo.
Eu estava em depressão, nada mais me animava, nem mesmo meus amigos, aqueles que conseguiam proezas para me fazer sorrir sempre que eu estava triste.
Estava mais uma vez trancada em meu quarto querendo dormir eternamente para que o tempo passasse e eu voltasse logo para ele. Minha mãe entrou no meu quarto.

-Filha. Tem aqui alguém querendo te ver.
-Não quero falar com ninguém. – Falei com a voz fraca.
-Nem mesmo seu velho. – Meu pai falou surgindo no sopé do meu quarto. Eu me levantei na cama e ele veio me abraçar. -Ah como eu senti sua falta. – Falou ele esfregando minhas costas.
-Filha, eu e seu pai estivemos conversando muito…e tomamos uma decisão. – Falou séria me deixando um pouco assustada.
-É…nós achamos que você anda muito em baixo e que precisa viajar. – Falou afagando meus cabelos.
-Não…eu não quero viajar! – Falei tentando parecer firme mas minha fragilidade era muita.
-Nem pra morar comigo? – Perguntou meu pai.

Eu arregalei os olhos e olhei para minha mãe como que pedindo uma confirmação do que ele havia dito

-Você vai, mas eu quero falar com você todo o dia e quero que a senhorita venha pra cá uma semana de dois em dois meses, está me ouvindo? – Falou como se desse uma ordem.

A confirmação estava dada. Eu iria voltar a vê-lo e iria morar com ele.
Meu pai ficou no Brasil mais alguns dias e depois embarcamos de volta a Rock Springs.
Quando desci do avião meu coração pulava que nem louco de ansiedade de ver Jake de novo.
Andei o mais rápido possível e quando o vi nos esperando, larguei tudo no chão e corri no encontro dele. Ele fez o mesmo e quando me abraçou e me beijou, me tirou do chão e rodopiou comigo.
Quando nos separamos fomos pegar as malas e voltamos para casa. Uma festa de boas vindas me esperava. Ficamos a tarde toda jogando papo fora e no final ele me “raptou” para o jardim onde tinha o lago onde havíamos patinado na nossa despedida. Agora o gelo estava quebrado e o lago era de novo habitado por lindos animais.

-Porque você me trouxe aqui? – Perguntei.
-Queria te dar um presente. Fecha os olhos e estende a mão. – Pediu e eu acatei o pedido.

Ele pegou minha mão e enfiou algo no meu dedo. Quando abri vi um lindo anel, muito simples, mas não deixava de ser lindo. Olhei Jake com lágrimas nos olhos.

-Para selar nosso amor. Agora nunca mais nos iremos separar.

Com essas palavras nos beijamos ao som dos pássaros cantando. O sol brilhava alto e um arco-íris se formou sob os nossos olhos.

-Acho que a natureza está de acordo. – Falei sorrindo.

Ficamos abraçados vendo a natureza apoiar nosso amor e torná-lo mais belo. E o Natal que tinha tudo para ser um pesadelo, se tornou no mais belo conto de amor.

Fim

N/A: Gostaram da fic? E do final? Tenham todas um Bom Natal e muitos presentes como esse. Vocês já sabem o que eu pedi pró Papai Nöel? Um lobinho na minha vida. TEAM JAKE 4EVER.
BlacKisses