Wild Heart







Parte XIII – Fugindo [Letra e Tradução]


O que eu estava fazendo? O que eu pensava que estava fazendo? Destrui uma vez a vida de minha irmã, não o poderia fazer de novo.
Me tranquei de novo em meu quarto depois do meu ataque de loucura lá no hall.
COMO eu não me pude controlar perante Jacob? O que ele deveria estar pensando de mim? A forma como ele me afastou demonstrou perfeitamente que eu estava sendo idiota a ponto de pensar que algum dia seria correspondida. Seu olhar era de pena. PENA!
Como eu pude ser tão idiota!
Minha irmã deve estar me odiando. Para o resto da vida.

Me deitei em minha cama e tentei controlar os soluços, já que as lágrimas caiam violentamente de meus olhos, encharcando minha almofada em grandes poças de água.
Não sei quando adormeci, mas queria poder ter controlado isso também. Estava demasiado perturbada. Minha cabeça estava num verdadeiro nó impossível de se desfazer e o sonho que eu tive era apenas uma fração do meu passado. Um passado que eu queria nunca mais recordar.

Eu estava escondida dentro do armário do sótão. Aquele que agora é o meu quarto. Era meu aniversário e o dia do meu maior pesadelo.
Chorava convulsivamente a morte de meus pais. Minha roupa toda ensanguentada me fazia sentir o peso da culpa cada vez maior e mais forte em meu peito. Eu os havia morto. Eu os havia condenado a uma dolorosa morte.
Meu corpo tremia violentamente, enquanto eu tentava suster a respiração, para que meus soluços não se tornassem audíveis. Eu ainda corria perigo. Cassie corria perigo. Tessa também devia estar morta. Eu estava só.
Apertei forte meus olhos na esperança de poder acordar e respirar de alívio por apenas ter sido um pesadelo. Esperava poder correr até o quarto dos meus pais e pedir para dormir do lado deles, como eu fazia quando era criança.
Então eu escutei passos que quase arrancaram o coração de meu peito. Abri os olhos o máximo possível para tentar ver em meio a toda aquela escuridão. Os passos eram apressados e se aproximavam diretamente do meu esconderijo. Eu pensei que estava perdida e que era o meu fim e quando a porta se abriu eu implorei que não me matasse.
Então dois braços finos me envolveram e me abraçaram. Braços escorregadios, como se algo viscoso os envolvessem.
Ergui o rosto, temerosa, apenas para constatar que Cassie me embalava e sussurrava que tudo estava bem, agora. Que tudo tinha acabado.
Mas seu olhar estava perdido demonstrando que nada estava bem, por mais que suas palavras dissessem o contrário. E que isso era só o começo.

Acordei ofegante, com um grito preso em minha garganta e o rosto encharcado de lágrimas. Era de noite e o meu primeiro impulso foi correr para fora de casa e ir até a cavalariça pegar Diana e espairecer.
Mas me surpreendi ao encontrar Jacob lá, deitado do lado dela, dormindo tranquilamente.
Não soube o que fazer ou como reagir e quando me voltei para vir embora, seus olhos se abriram capturando os meus.
Ofeguei. Meu rosto ainda estava molhado e eu não queria que ele me visse daquele jeito. No meio daquela escuridão seria impossível, mas a luz da lua incidia em meu rosto o tornando demasiado brilhante.
Jacob percebeu aquilo que eu tentava esconder. Que eu estivera chorando. Pior, que eu estava morrendo de medo, pois meu corpo tremia todo.
Ele se ergueu e caminhou até mim, me tomando em seus braços e me dando um abraço protetor e tranquilizador. Senti uma paz imensa se acomodar em meu peito e a sensação de segurança foi máxima.
Ali, perto de Diana, tudo parecia possível. O olhar de pena não existia mais nos olhos de Jacob. Agora só havia ternura em seu mar negro. E toda ela era minha.
Mas eu não podia.
Um dia tirei tudo o que Cassie mais amava no mundo. Não o poderia fazer novamente.

Me afastei de Jake o mais depressa que pude e peguei Diana pelas rédeas.
Ela rapidamente se ergueu e com habilidade eu a montei e a incitei a cavalgar o mais rápido possível para bem longe dali.
Jake gritou o meu nome diversas vezes, mas eu apenas repetia em sussurros que não podia. Eu não podia.

-Eu te amo, mas eu não posso. – Falei tão baixo que duvidava que ele tivesse escutado, dando uma última olhada para trás, como uma despedida.