Olá

Escrever esta carta é algo bastante difícil para mim. Não sei se algum dia a lerás. Se entenderás este meu inglês fajuto. Entendes o que é fajuto? Provavelmente não, mas nem eu sei explicar bem.

Reescrevi a introdução umas 50 vezes, sem exagero. Não sabia como iniciar. Se com um “Ei…” ou um “Caro…”, ou um simples “Oi…”.
Então fiquei-me pelo insosso “Olá”. Um cumprimento universal que pode ter várias interpretações, dependendo da forma como o dizemos. Interpreta-o como um “Olá” tímido, mas animado.

Estou a tornar esta carta chata, certo? Já deves ter desistido de a ler. E eu compreendo. Eu mesma desistiria. Então porque é que estou a continuar a escrever esta carta, mesmo? Ah, sim, porque ainda tenho um fundo de esperança que a aches engraçada e continues a ler.

Bom, escrever uma carta para alguém que não se conhece pessoalmente é difícil, mas é mais difícil quando já se sabe praticamente tudo sobre ela.
Não posso fazer as habituais perguntas: Qual o teu nome completo? Quantos anos tens? Tens irmãos? Como se chamam? E animais de estimação? O que queres ser quando fores grande? Quais são os teus hobbies? Enfim…
Então eu estou aqui a puxar pela cabeça por algum tema que eu possa desenvolver…sozinha…poisa duvido que respondas…por mais que eu tenha esperanças que leias esta carta…seria um em um bilião a hipótese de responderes a esta carta idiota.

Mais uma vez pergunto-me porque a iniciei? Não faz sentido? Escrever para o nada? Ser mais um pedaço de papel gasto e perdido entre outros tantos…
Acho que queria um correspondente, mas acabei por escolher a pessoa errada para me corresponder.

Bom, já que não vais ler esta carta, vou falar o que me der na cabeça.
Sabes que eu não vou muito com a tua cara? Tipo assim, eu sou maluca pelo personagem que tu interpretaste, aquele que mais fez sucesso e que te trouxe para a ribalta, mas se eu olhar para ti como pessoa…não vou com a tua cara. É estranho. Estranho porque de entre tantos outros eu escolhi-te a ti para enviar esta carta.
Podia estar a redireccioná-la para alguém que eu realmente fosse loucamente fã, mas acho que ficaria tão histérica que não me sentiria à vontade de escrever tudo o que estou a escrever aqui.
Se bem que eu também acharia que ele não iria ler a carta…e mesmo que lesse, não iria responder…

Estou a bater na mesma tecla. Conheces esta expressão? Acho que não. Mas não sei de nenhuma que possas conhecer que seja equivalente. Esquece…
Sabes porque é que eu não vou com a tua cara? – Voltando ao mesmo assunto. – Eu acho que é porque tu vives uma farsa. Digo, a pessoa que tu demonstras ser é tão forçada que só quem não quer ver não nota. A tua verdadeira essência foi escondida pelas luzes da ribalta.
Não digo que a fama te subiu à cabeça. Pelo contrário. Afirmo que isso apenas te prejudicou.
Querias reconhecimento e acabaste por o receber de forma excessiva e sufocante…além de que o reconhecimento que te ficou e ficará para sempre na imagem tem a ver com o corpo.
É duro sermos apenas apreciados pelas nossas qualidades físicas. Digo, em termos de imagem…

Dou comigo a pensar que no início isso talvez tivesse sido excelente para ti. Tipo, um monte de miúdas atrás de ti, principalmente aquelas que querias. Fãs loucas e completamente apaixonadas… mas depois era só isso que viam em ti. O teu exterior, nada mais além disso. E penso que quando caíste na realidade foi duro.
Agora estás a conseguir redireccionar tudo da forma correcta. Estás a começar do 20 e a tentar remodelar a tua imagem.
Espero que tenhas sucesso.

Bom, acho que deixei de ter um tema novamente.
De qualquer das formas não vais ler esta carta…e mesmo que a leias não vais responder.
Então…tchau!

Cumprimentos.