N/A: Voltando depois de um tempo, mas sem regularidade de posts. Ainda está difícil escrever!
Nos vemos lá em baixo.


Amanhecer-Novos Rumos










Amizade
“A amizade pode brotar
Onde menos se espera,
Pode acabar
Entre quem menos se avizinha,
Pode perdurar
Naqueles que uma segunda oportunidade
Souberem dar.
Ninguém vive sem amizade.
E todo o amor tende a assim começar.”
(BabySuhBR)


Meus olhos estavam fixos no teto se focando em nada. Passara a noite em claro, sem conseguir dormir e não me sentia exausta de todo. Meus olhos ardiam e doíam, mas isso estava relacionado com as lágrimas que haviam secado.
Já havia amanhecido e pela forma como os raios de sol já não invadiam meu quarto, eu suspeitava que passava das 10h.
Joguei os cobertores para o lado e me levantei lentamente da cama. Minha barriga hoje pesava mais do que em qualquer outro dia, bem como o resto do meu corpo. Ou talvez eu só estivesse sem forças para suportar o peso.

Estava sem vontade nenhuma de me arrumar. E muito menos queria me olhar no espelho agora. Talvez querendo prolongar a sensação de que ainda estava dormindo e que tudo o que eu passei a noite pensando não passasse de um sonho ruim.
Então apenas esfreguei o rosto, a fim de me livrar das remelas e prendi o ninho de ratos que se formava na minha cabeça em um coque alto e mal feito e fui caminhando até à sala.

Pelo silêncio que se instaurara eu poderia julgar que não estava ninguém em casa, mas muito pelo contrário. Ela estava cheia como o habitual.
Leah correu até mim e me abraçou forte, murmurando uns “graças aos céus que você está bem” e outras frases do tipo. Não entendi bem aquilo, mas minha mente estava de raciocínio lento. O que era benéfico para mim nessa altura.
Corri meus olhos por todos me surpreendendo com suas caras de furiosos ao me devolverem o olhar. Embry não estava entre eles, o que me cortou o coração.
Mesmo assim fiquei sem entender o que eu fiz de errado para ser “recepcionada” desse modo. Mas ninguém falou nada.
Me sentei na mesa e Seth me estendeu um prato com alguns snacks matinais. Ele, além de Leah e Emily, era o único que não me olhava de maneira hostil. Parecia até…compreensivo.

Tentei empurrar pela garganta algumas gororobas, mas parecia que eu tinha uma parede espessa que impedia a comida de descer. Por fim desisti. Não estava aguentando aquele clima então empurrei o prato, praticamente intocado, e me ergui da cadeira.

-Onde você vai? – Emily questionou preocupada.

-Dar uma volta. Preciso de ar. Isso hoje aqui está de cortar a tensão à faca! – Resmunguei olhando todos e virei as costas.

-Você não tem a noção do que fez! – Escutei alguém falar de forma acusatória.

-Jared! – Sam repreendeu.

-Então me digam, o que foi que eu fiz? Hã? Vão me dizer que todos vocês são amiguinhos daquele troglodita idiota que tentou bater em mim e Bella e ameaçou de morte o Edward.

-Você não sabe de missa à metade da história, portanto não se intrometa! – Paul cuspiu, tremendo.

-Claro que não sei. Mas nenhum motivo do mundo é motivo para um homem bater numa mulher! Mas bom, vocês são todos farinha do mesmo saco, não é? Vai querer me bater também? – Provoquei e Paul deu dois passos em frente, me olhando com uma fúria desmedida.

-PARA TRÁS, PAUL! – Sam ordenou e Paul obedeceu de imediato e só nessa altura percebi que mais uma vez eu estava colocando, sem pensar, a vida do meu filho em risco.

Indignada comigo mesma, eu virei costas e fui para o meu quarto fazer minha higiene e trocar de roupa.
Depois de alguns minutos, saí estufando o peito, pronta a encarar mais um confronto na sala, mas assim que lá cheguei ninguém se encontrava.
Um bolo se formou na minha garganta, consequente do vazio imenso que eu sentia no peito. Sei que eu tinha agido errado, mas não pelos motivos – que nem eu entendia – que aqueles covardes mencionaram e sim por meu filho. Mais uma vez coloquei minhas emoções à frente de tudo me esquecendo por completo que eu carregava uma vida dentro de mim.
Indesejada, sim, mas nada era motivo para eu o colocar em risco dessa forma vezes seguidas.
Sei que eu era temperamental e tudo o que estava entalado na minha garganta pulava pela minha boca sem que eu antes desse permissão e isso trazia consequências desastrosas. Nomeadamente físicas, no caso de me meter com aquele tal de Jake e com Paul…

Quando dei por mim meu rosto estava todo banhado e meus olhos desfocados, sem conseguir enxergar por onde ia. Mas o cheiro fresco a maresia me dizia que eu estava próxima da praia.
Assim que senti a areia gelada tocar minha pele – visto que eu estava de rasteirinha – eu me deixei cair de joelhos nela. Meu rosto pendia para baixo enquanto meus braços envolviam minha barriga.
Era ridículo! Eu nunca fui de chorar. Eu odiava chorar mas desde que Gabe me deixou eu só sei fazer isso. E eu queria tanto parar, mas quanto mais eu lutava, mais lágrimas inundavam meu rosto.
Ergui o rosto para fitar o sol espreitando pelas nuvens e me surpreendi ao dar de caras com ele.

Seu rosto tinha uma expressão indescritível ao olhar para mim, mas nem de longe parecia um cara perigoso. Pelo contrário. O achava um cara…vulnerável. Alguém que precisava de consolo. Mas então me lembrei do acontecido na noite anterior e apenas supus que ele estava com dor de corno.
Limpei as lágrimas com violência e me ergui com dificuldade a fim de me ir embora.

-Ei! Espere! – Escutei sua voz rouca ecoar e chegar até mim como uma brisa do vento, me fazendo arrepiar.

De imediato estagnei. Porque raios meu corpo adorava me contrariar?
Antes que eu pudesse mandar uma nova ordem ou sequer continuar a andar, senti a proximidade dele atrás de mim.

-Ei. – O escutei me chamar de novo e me virei lentamente. – Não precisa ter medo de mim. – Ele sorriu fraco. Mas que idiota! Pensar que eu tinha medo dele? Eu só estava com frio!

-Haha, medo de você? Faça-me o favor… - Revirei os olhos, retirando uma mexa do meu cabelo da frente da minha cara.

Ele riu. Tipo assim. O cara só pode se drogar! Uma hora está me matando com o olhar outra está todo alegre. Ou se droga ou é bipolar mesmo. De qualquer das formas o quero bem longe de mim!
Então o silêncio se instaurou. Cruzei os braços esperando que ele falasse o que queria de mim mas ele simplesmente socou as mãos nos bolsos e ficou olhando em volta.

-Achou?

-Achei o quê? – Seu rosto se voltou de imediato para mim. Sua testa vincada de confusão.

-O que está procurando. – Falei como se fosse óbvio e ele apenas estreitou os olhos de forma desentendida. – Esquece. – Suspirei fundo. – Eu vou embora. Isso é ridículo. – Falei irritada me voltando.

-Espera! – Ele me pegou pelo braço e minha primeira reação foi proteger minha barriga.

Jake olhou de mim, para minha reação e por fim para a sua mão que segurava meu braço e finalmente me soltou.

-Droga! – Xingou, passando nervosamente as mãos pelos cabelos negros e – aparentemente – macios.

Jake ficou ainda mais agitado do que antes e seu corpo começou a tremer. Como que querendo se acalmar, ele começou andando de um lado para o outro, em passos curtos, despenteando insistentemente seus fios curtos.
Então ele se jogou na areia e baixou a cabeça. Mesmo assim eu ainda conseguia vislumbrar uma ruga vincada em sua testa.

Mas não uma ruga tristonha qualquer. Uma que nos dá a entender que ele carrega o mundo nas costas e não divide esse fardo com ninguém. Uma que demonstra que ele já viveu e sofreu mais daquilo que ele julgou que fosse viver e sofrer só quando chegasse na velhice. E, nesse instante, eu apenas quis tirar essa ruga da sua testa.

Ok, agora eu virei a Madre Teresa de Calcutá!

De qualquer das formas - como meu corpo não era meu de todo, visto que não obedecia aos meus comandos de DAR O FORA DALI e deixar aquele troglodita chorando baba e ranho por suas idiotices – me deixei cair ao seu lado.
Então ele ergueu um pouco o rosto para me olhar e suspirou fundo.

-Olha, …não é mesmo? – Ele questionou e eu assenti. – O fato…eu estou envergonhado pela forma como você me “conheceu”. Aquela pessoa que você viu ontem não era eu…quer dizer, era, mas…não era. Não sei como te explicar. Mas aquela pessoa de ontem não é o eu normal. – Ele falou todo baralhado, me fazendo prender o riso. – A questão é. Me desculpe pela cena de ontem…Aquilo ficou parecendo para você uma coisa que realmente não tinha nada a ver e eu lamento por isso. Me fez parecer um descontrolado, agressivo e um louco! – Jake falava exaltado, mas apenas consigo mesmo.

Eu não soube o que falar. Não sabia os seus motivos e por isso o julguei de primeira mão. Mas no fundo sentia que ele era boa pessoa.
Ninguém com uns olhos tão meigos, gentis, sofredores e ainda assim divertidos pode ser um verdadeiro vilão. Vê-se perfeitamente que por detrás de todo aquele capado ele tem um bom coração. É quase palpável. E infelizmente eu estava melodramática demais para calar minha boca ao que iria dizer a seguir. Mesmo que tivesse uma ponta típica de humor negro, caraterístico da minha personalidade.

-Então somos dois que precisamos de terapia! Podemos ir juntos. – Falei sorrindo de lado e o olhando pelo canto do olho.

Jake sorriu um sorriso imenso e tão ou mais luminoso que o próprio sol. Era um sorriso que aquecia e nos fazia retribuir, mesmo que não na mesma intensidade.

-Isso quer dizer que quer ser minha amiga? – Ele questionou, franzindo o cenho.

-É, algo do tipo. Eu não sou de relações fixas nem permanentes. Prefiro ficar no meio-termo, entende?

-Então ficamos no meio-termo. – Ele comentou e eu assenti.

-Mas vou logo avisando. Não jogo videogames nem vejo filmes pornográficos! De resto a gente pode falar sobre tudo. – Dei de ombros e Jake riu com vontade.

-Vamos dar uma volta? – Ele perguntou apontando com a cabeça para a praia, se erguendo da areia e socando as mãos nos bolsos.

Eu apenas assenti, apertando o agasalho contra meu corpo, no momento em que uma brisa gelada passou por mim.
Essa fora a mais estranha amizade que eu montara com alguém. Num segundo a gente se odiava e no outro a gente se compreendia. Mas os bons e os maus sentimentos estão separados por uma ténue linha invisível. A qual eu tinha ultrapassado em instantes sem que eu pudesse controlar.

A curiosidade por saber um pouco mais sobre Jake me assolou de seguida como uma criança na idade dos porquês e a primeira questão já borbulhava em minha mente.

-Jake, de Jacob, certo? – Perguntei sem grandes rodeios.

-É. Jacob Matheus Black.

-É, seu pai não deve ter grandes impressões sobre mim depois que eu chamei você de tudo quanto eram nomes na frente dele. Isto porque eu não sabia que ele era seu pai, né? – Eu dei de ombros e Jacob tornou a rir.

-Se soubesse falava muito pior! – Ele gargalhou. – Tenho certeza que diria a ele que eu fui trocado na maternidade ou que eu nasci da cova de uma pedra dura. – Ele brincou e mesmo eu tentando me contar, não consegui deixar de gargalhar.

Jacob era muito divertido e tinha um humor semelhante ao meu. Mas em contraste, seu olhar parecia gritar o quanto ele era infeliz e o quanto aquela máscara falsa de felicidade estava custando ser mantida…

-E você? Qual é o seu nome completo? – Ele perguntou de volta.

-Não vá rir, tá? – Eu pedi séria e ele prometeu, mesmo que em seus lábios, já brotasse um sorriso sacana. – Ella Young. – Falei bem séria e chateada com meu nome e vi Jake fazendo um esforço sobrenatural para não rir na minha cara. – Idade? – Perguntei querendo pular de assunto o mais rápido possível.

-17. - Ele respondeu de imediato me fazendo cair o queixo.

-Só pode estar brincando, né? Sou mais velha que você? – Questionei boba.

-Qual sua idade? – Ele questionou pensativo.

-18. Ok, faço 18 daqui uns tempos.

-Qual dia?

-13 de Setembro. – Falei e Jacob perdeu a cor no rosto. – Que foi? – Perguntei preocupada.

-Er…nada. É só que…Alguém que foi muito especial para mim fazia anos exatamente nessa data.

-Fazia? Não faz mais?

-Não. Para mim…ela morreu. – Ele falou tremendo de raiva.

-Você por acaso estaria falando da recém casada? – Tentei não mencionar o nome da “defunta” para não o irritar mais, mas nem foi preciso uma afirmação para saber que era ela. – Hoje em dia já se pode mudar até data de nascimento, se você quiser… - Brinquei, tentando aliviar a tensão e Jacob sorriu, se acalmando de imediato.

-Irmãos? – Foi a vez dele de mudar de assunto.

Já havíamos andado uns bons metros, quase percorrendo metade da praia e eu já estava cansada. Assim que avistei um tronco caído, caminhei até ele e me sentei. Jacob ficou parado no mesmo sítio olhando o tronco e eu o olhei também. E logo percebi o seu estado. No tronco estava gravado o nome dos dois e isso me fez suspirar e me erguer. Jacob veio de imediato até mim e colocou as mãos em meus ombros.

-Fique sentada. Você está cansada. É só um tronco. – Ele deu de ombros, tentando ocultar seu sofrimento.

-Um meio-irmão. – Voltei a me focar na nossa conversa e ele se sentou de imediato do meu lado. - Da parte do meu pai. Se chama Thomas Brandon. E você se pergunta. Porque você não adotou o nome de seu pai? E eu respondo: Merdas da minha mãe! Ops, desculpe o palavreado. – Ri sem jeito e de seguida revirei os olhos. – E você?

-Duas irmãs gémeas mais velhas. Rachel e Rebecca.

-Elas moram aqui? Não me lembro de as ter conhecido. Mas também não conheço exatamente toda a gente dessa Reserva. – Dei de ombros e ele sorriu.

-Não que essa Reserva seja grande demais para não conhecer todo o mundo. Mas não, elas não moram aqui. Rachel está fazendo faculdade em Seattle e Rebecca está morando no Hawaii com seu marido Solomon. – Ele explicou e eu apenas assenti.

-O que você quer seguir quando for para a faculdade? – Questionei curiosa mas ele forçou uma careta.

-Nem sei se eu algum dia irei para uma universidade. Não sou tão inteligente como minha irmã, Rachel, que conseguiu uma bolsa. Mas gostava mesmo de poder fazer Engenharia Mecânica. – Falou sonhador. – E você?

-Artes cinematográficas e guionismo. Acho que daria uma boa Realizadora. – Falei com o mesmo ar que ele fez ao falar do que ele gostaria de seguir.

-Sério? Nossa, vejo que é amante da 7ª arte. Que tipo de filmes você gosta?

-Terror, Suspense, mas nada com muito sangue ou muita ação, como guerras e combates. Acho isso nojento. Mas também gosto de musicais, ou de filmes românticos e dramáticos. Acho que faria um pouco de tudo. – Expliquei.

-E já escreveu algum guião?

-Ah, apenas uns rascunhos, nada que eu algum dia leve para a frente como um filme, né? Além de que eu preciso aprender muitas técnicas e segredos para ter um bom argumento. E você, já praticou alguma reparação ou montagem de veículos?

-Claro! Toda a minha vida eu mexi em motores. Montei de raiz uma Rabbit vermelha que ofereci a… - Jacob parou de falar e baixou o olhar. – Já fiz muitos trabalhos e nenhum reclamou do que fiz. – Ele continuou o tema mas mudou de assunto.

-Só acreditarei quando vir você trabalhando. – Cruzei os braços, presunçosa e ele me olhou de esguelha.

-Haha, o mesmo digo eu, dona “Eu tenho a mania que vou ser uma grande Realizadora!”

-Está certo, senhor “Sou a reencarnação do Leonardo DaVinci.” – Zombei de volta.

-Mas o DaVinci é pintor! – Ele falou muito certo de si.

-Era também um grande Engenheiro Mecânico. Ele inventou muitas coisas super avançadas para a sua época e… - Antes que eu pudesse continuar, um alto uivo se escutou na floresta, me fazendo encolher de medo.

Jacob olhou de imediato para trás e se ergueu, ao mesmo tempo que suspirou chateado.

-Olha , a nossa conversa está muito boa, mas eu tenho de ir. Nos vemos por aí. – Ele se despediu apressado e saiu em direção…imaginem de onde? Ganha um doce quem tiver dito floresta.

Acertou? Pronto, pode ir comprar seu doce.
Eu fiquei sem saber o que fazer, vendo-o partir mas, resignada, fui embora para casa. Afinal o tempo parecia estar se fechando e mais cedo ou mais tarde choveria de novo.

Estava terminando de subir o último degrau da varanda quando escutei alguém me chamando.

-! – Virei meu rosto para trás de imediato e vislumbrei Embry se aproximando meio acanhado.

-Ei. – O cumprimentei sorrindo fraco. Meu coração se apertou me fazendo engolir em seco. Sentia muita falta de Embry.

-Tudo bem com você? – Ele perguntou casualmente, mas ele realmente queria saber de mim.

-Tudo sim. Menos o clima que está aí dentro. Espero que os garotos já tenham ido. Não quero ser olhada de lado de novo pelo que aconteceu ontem. – Falei normalmente. Queria voltar a poder ser amiga de Embry.

-Eles te trataram mal? – Embry questionou entre dentes, parecendo bem chateado.

-Nem fala. – Revire os olhos, como se não me importasse. – Não é que eu seja uma santa que fica caladinha quando deve, mas Paul teve a mesma reação que Jacob. Tremelicou todo e quase pulou em mim. Esses dois são uns esquentados… - Dei de ombros mas o corpo de Embry tremeu igual os outros dois.

-Calma, bro. Eu não fiz por mal. – Escutei a voz de Paul falando debochada atrás de mim.

-Você e eu. Na floresta. AGORA! – Embry rosnou para Paul e este apenas sorriu, estalando os pulsos e o pescoço e correndo na frente em direção à floresta.

-Embry, não vá. Sabe que Paul não dá mole. – Seth tentou o impedir.

-Ele mexeu com a minha garota, mexeu comigo! – Emb se soltou e foi atrás do troglodita número 2.

Ok, sei que agora era a mais nova “amiga” de Jacob Black, mas ambos não deixavam de ter um corpo de dois homens juntos. Aliás, todos eles tinham. Só Embry e Seth eram os mais estreitinhos, não deixando de ser musculosos também.
Nesse momento eu me preocupei. Paul era muito mais forte que Embry e tinha medo que ele saísse machucado.
Ao perceber isso, dei dois passos para a frente gritando.

-Ei, mas quem disse que eu sou sua garota! Volta aqui. Você não tem que ir defender minha honra! Eu nem tenho honra… - Tentei falar barafundas, mas foi inútil, eles tinham se embrenhado na floresta e tinha deixado de os avistar.

Fiz menção de tentar descobrir onde eles tinham ido, mas Seth me segurou.

-Mas o que raios há nessa floresta para todo mundo ir para lá? Uma casa de garotas de programa? Um ringue de boxe? Uma casa de terror? Poxa, eu também quero ir. – Falei irritada por ter sido impedida.

-E o que você iria fazer numa casa de meninas da vida? – Seth me questionou com um sobrolho erguido.

-Ué, ser garçonete. Sou muito boa de fazer bebidas. – Falei altiva, tentando não me dar mal em minha resposta.

-Claro, claro. E Madame Zázá iria mesmo aceitar uma grávida para trabalhar na sua casa. – Ele encolheu de ombros.

-Existe uma casa da vida na floresta? – Perguntei surpresa e Seth apenas gargalhou alto, me virando as costas e entrando para a casa do Pulga. – Ei, volta aqui! – Exigi irritada por ter sido deixada na mão de novo.

Olhei de novo para a floresta preocupada com Embry, mas não me arrisquei a ir atrás dele. Vai que eu me perdia.

-Deixa eu mais é ir forrar meu estômago. – Falei sentindo um pontada no alto da barriga. - Já te alimento projeto de badboy cantante. Espero bem que você não saia ao seu pai. Tanto de aspeto como de personalidade. Credo…juro que te deserdo. – Fui falando enquanto acariciava minha enorme barriga e adentrava em casa.

Dentro de casa agora só estava Seth, Emily e Collin. Seth e Collin disputavam o comando da TV e Emily preparava entretida o almoço.
Sem muito para fazer fui até a cozinha e me disponibilizei a ajudá-la, visto que ela preparava um panelão de macarrão e outro de carne de vaca em picadinho e outros tipos de carne para dar outro sabor.

-Precisa de ajuda? – Perguntei já colocando um avental.

Minha prima ia negar mas ao me ver disposta ela apenas sorriu e perguntou.

-Você ainda sabe fazer aquele molho delicioso?

Eu sorri abertamente e arregacei as mangas, vasculhando seus armários, buscando os ingredientes que necessitava. Em 15 minutos o cheiro agridoce do meu molhe já embriagava o ar de um modo viciante e de fazer água na boca.
Seth e Collin haviam desistido na TV no momento que foram atingidos pelo cheiro e agora me cercavam querendo colocar suas mãos atrevidas dentro da minha panela, para se lambuzarem com o meu molho.

De repente a algazarra voltou a tomar conta da casa e risadas preencheram todo o cómodo.

-Eu sabia que ia ganhar! – Escutei Embry falar e me apressei a ir ver seu estado.

Com certeza ambos estavam completamente machucados e sangrando.

-Você trapaceou. – Paul rosnou incomodado.

Assim que cheguei na sala e observei os dois, eles pareciam tão amigos que me surpreendi. Nem parecia que minutos atrás Embry estava com cara de assassino defendendo minha honra inexistente.

-Você chama trapacear eu te vencer duas de três partidas? Eu posso ter apanhado no corpo a corpo, mas te venci na queda de braço e na corrida. – Embry falou orgulhoso.

-Você trapaceou na queda de braço. Não valia fazer cócegas na minha perna.

-Embry estava te seduzindo, cara, não percebeu? – Jared falou batendo os cílios de forma cômica.

-Rárárá. Veja se não quer ser o próximo a comer poeira. – Embry ameaçou.

Cansada daqueles bebezões eu pigarreei e cruzei os braços, me fazendo presente.

-Legal. Vocês estão vivos…e não estão faltando pedaços. Muito obrigada por me deixarem esse tempão preocupada com vocês. – Dei meu sermão à lá mãezona.

Ok, eu juro que nunca mais fico grávida. Isto dá a volta aos meus neurónios. É uma autêntica lavagem cerebral.

-Desculpe, . – Embry falou envergonhado, coçando e despenteando os cabelos da nuca.

-Como se você tivesse realmente ficado preocupada com o cara que horas atrás queria te estrangular. – Paul fez descaso.

-Digamos que se me conhecesse 6 meses atrás eu estaria sendo cínica naquele momento, mas agora…essa coisa aqui dentro me faz ter um coração de manteiga. E se eu perdoei certas e determinadas pessoas, porque não perdoaria você? – Soergui um sobrolho o deixando sem fala e um pouco encavacado com o que eu dissera.

-O almoço está pronto! – Emily anunciou. – Meninos, ajudem a colocar a mesa, porque aqui todos ajudam. – Ela falou como a boa “mãe” que era daquelas crianças grandes.

-Tem lugar para mais um? – Escutei uma voz conhecida e um formigueiro passou por meu corpo. Devo estar muito tempo de pé.

Me voltei para olhar a entrada e no mesmo segundo todo mundo ficou calado olhando de mim para Jake, numa tensão cortante.
Ele olhou para mim e sorriu fraco e eu devolvi o sorriso.

-Claro. – Respondi de imediato.

Vi Embry me olhar surpreso, sem entender nada, mas continuei agindo normalmente.

-Jake, bem-vindo a casa. – Seth correu até ele o abraçando.

-Também estava morrendo de saudades de você pirralho. De todos vocês. – Ele falou olhando todos eles.

-Nunca mais me deixe com o coração nas mãos sumindo daquele jeito. – Emily falou emotiva e o envolvendo maternalmente em seus braços.

-Desculpe, Emy. Eu estava fora de mim. – Ele se lamentou, contorcendo o rosto em uma dor interior.

-Vocês ainda não colocaram a mesa porquê? Estão se esquivando do trabalho de casa? Pensam que é só chegar aqui e encher o bucho? Vamos, toca a levantarem essas bundas das cadeiras e agilizando a colocar a mesa antes que a comida esfrie e eu tenha que dar aos cães do mato. – Falei me fingindo de zangada, colocando as mãos na cintura e rompendo o silêncio, gargalhadas encorpadas preencheram os espaço. – Que foi que eu disse? Eu não falei nada engraçada, seus idiotas. Hahaha, eu estou morrendo de rir. Emily! – Eu falava reclamona, embirrando no final por ninguém parar de rir de mim.

-Não liga não. Eles riem sem motivo mesmo. Tipo palhaços, sabe? – Leah me apoiou entrando naquele momento em casa e olhando de seguida para Jake num olhar que me pareceu amigável e compreensivo. Algo que eu não a vi fazendo para nenhum dos outros meninos.

Seus olhos sempre eram amargos e irritados, mas agora demonstravam um resquício do que eles eram antes. Meigos e amigáveis.
Jake lhe sorriu ternamente, como se tivesse entendido o porquê daquele olhar. Me senti meio que à parte. Na verdade, se eu pensasse bem, haviam muitas coisas que estavam me deixando com os olhos em bico de tanta curiosidade.

Coisas como: porque raios todos eram tão fortes? Até mesmo os mais menininhos. Pareciam que malhavam muito e tomavam bombas, mas nunca os vi fazendo nada disso. Aliás, pelo contrário, eles pareciam demasiado sedentários quando estavam aqui em casa. Estavam sempre sentados nos sofás e cadeiras enfardando kilos de comida gordurosa.

Outra coisa que me fazia pensar era as tatuagens que todos tinham igual. Emily me disse uma vez que perguntei que tinham a ver com um “culto” à tribo. Então porque ela não tinha uma também? Ok que ela nasceu em Makah, mas era praticamente apenas Quileute. Talvez os habitantes daqui não permitisse. Mas então porque eu não via essas mesmas tatuagens nos ombros dos mais velhos? Ah, acho que estou viajando. Desde quando que os velhos ia fazer tattoos?
Mas e as idas frequentes para a floresta? Ok que a Emily também disse que eles eram tipo guardas florestais e que faziam rondas e tal, mas era meio estranho eles passarem metade do dia lá, um terço aqui dentro e o resto do tempo que sobrava indo na escola ou trabalhando e se sobrasse tempo, dormindo.

Ok, sei que não estou aqui há tanto tempo assim para opinar sobre o quotidiano deles, mas que era intrigante era.

-O que você tanto pensa? – Leah me questionou me despertando para a realidade.

-Nada de… - Parei de falar quando uma pontada forte atingiu meu ventre.

-O que foi? – Leah questionou um pouco alto demais.

-Nada, acho que estou apertada para ir no banheiro. – Falei torcendo o rosto com um pouco de dor.

Olhei Embry inflar o peito, como se estivesse farejando o ar.

-Você está sangrando! – Seth gritou e uma nuvem negra enevoou meus olhos, me fazendo deixar de ver.

N/A: Ok, final bastante trágico! Mas faz parte do enredo da história.
E agora vocês vão me encher de perguntas do tipo: ELA VAI PERDER O NENÉM?
Não digo nem sim nem não. Vocês terão de esperar para ver.

E vou fazendo um aviso. O romance da PP com o Embry ainda vai dar frutos…até certa altura. A PP vai se aperceber que também nutre sentimentos por Jake…e já estou contando demais…mas até essa altura, Jake e a PP serão ESTRITAMENTE A-MI-GOS.

E muitas outras coisas eu tenho destinadas para eles. Muitos desencontros, desamores, voltas ao passado…enfim. Bella se fazendo de vadia de novo. Confrontos e blábláblás. E mais não digo porque já falei de mais.

P.S. – Só uma Adendo. Eu amo a minha PP. Ela é tão engraçada. Confesso que eu inspirei ela MUITO na minha personalidade e que minhas piadas são semelhantes às dela. A diferença é que ela está grávida, lamechas e mais coração mole. rsrsrs
Kisses da Baby