Love Sucks Saga






1.2


Os dias seguintes foram um martírio para mim. Tanto de desejo como de preocupação.

Simplesmente a mesa INTEIRA da Gangue havia sumido de La Push. Quer dizer, alguns eram vistos de vez em quando andando pelas estradas de La Push, ou na First Beach ou entrando na floresta como se não fosse nada demais, mas nunca mais voltaram à escola. E isso me deixava bastante intrigada.

Não que eu me preocupasse com os restantes membros da gangue mas pelos rumores que andavam circulando, onde quer que o chefe da gangue fosse, os membros seguiam. E isso incluía Paul. E claro que tudo relacionado a Paul instigava minha curiosidade, então eu queria saber mais sobre essa gangue e quais os seus membros e já que não conseguia arrancar nada da sonsa da Kim – a única que não havia sumido de casa ou do colégio ou da vida social de La Push -, resolvi recorrer a minha mãe.

E porquê ela? Simples, Amelia trabalhava no jornal de La Push, mais especificamente na coluna de fofocas das celebridades. Sim, La Push tem um jornal… Não que haja muita coisa para se falar num jornal de uma Reserva com menos de 300 habitantes, mas serve para entreter os demais.




-Então, o que você acha desses sumiços? – Perguntei enquanto enxugava a louça que minha mãe acabava de lavar.




Minha mãe olhou para a sala onde papai sentava lendo o jornal e se dirigiu a mim com um tom de voz mais baixo.




-Seu pai não gosta muito de falar sobre esse assunto. Sabe que ele odeia fofocas, mas… Estamos falando de crianças! É inaceitável o que aquele Uley está fazendo. Não bastou o barraco de uns anos atrás com as duas primas e agora está querendo formar uma gangue com crianças inocentes e desprotegidas? Isso é o fim do mundo. – Mamãe tagarelou abanando a cabeça em discordância.




-Pode ser mais específica? – Pedi confusa com o tanto de informações que me dava que não me faziam sentido algum.




Mamãe fez um sinal com a cabeça, me indicando para segui-la até a lavandaria. Assim que nos deslocamos até lá, mamãe encostou a porta, espreitando antes para a sala para se certificar que papai continuava lá entretido e, principalmente, distraído.




-Sam Uley é órfão de mãe e abandonado pelo pai antes mesmo de nascer. Entendemos um pouco a sua revolta, mas acho que veio um pouco tarde. Veja bem, ele era um excelente aluno e cidadão, mesmo cuidando da mãe adoentada. Daí a mãe morreu e ele mesmo sofrendo, continuou um garoto exemplar. Ele tinha uma namorada que o amava e estavam praticamente noivos… Até que do nada ele começou a mudar. Desaparecia, se tornou um pouco agressivo e traiu a namorada com a prima… Com a qual, aliás, ainda hoje está junto. Uma pouca vergonha. Mas eu acho que ele só ficou com ela por pena. Coitada, foi atacada por um urso e ficou toda desfigurada.




-Estou vendo quem é esse Uley… - Falei me lembrando de ver essa garota desfigurada no mercado e um cara muito alto e grosso a protegendo dos olhares alheios.




-Pronto. Daí veio a primeira aquisição da gangue. Jared Cameron. O garoto era já bastante levado, mas nunca o consideramos encrenqueiro. Era bom rapaz e de família, mas agora se tornou o maior desgosto! Depois foi Paul Lahote. – Engoli em seco quando ela o mencionou, mas tentei disfarçar meu incomodo. - Até foi bastante tarde, na minha opinião. Ele era uma peste, um terror de garoto. Nem me admirei nadica de nada de ele se ter juntado à gangue. – Tentei me conter ao máximo para não gritar uma ‘CALA A BOCA’ para a minha mãe pois ela não tinha direito algum de falar assim do meu Paul. - Em seguida foi Embry Call… Ah, mas sabe, eu já meio que esperava também. Afinal ele é um rejeitado da sociedade. Sem um pai Quileute é como se ele não pertencesse aqui. – Mamãe deu de ombros como se não se importasse muito com o destino do garoto. – E agora Jacob Black. Lamentável. Aquele garoto tão doce e prestativo. Uma joia de rapaz. Nem entendo como ele foi aceitar se juntar àquela máfia tribal! – Amelia falou revoltada. – E claro, Quil, como seu fiel melhor amigo, foi atrás. Também um doce de rapaz, mas muito influenciável e dependente. Também, sem ambos os pais e aos cuidados de um avô que está praticamente caquético. – Reprimi a vontade de calar a boca da minha mãe à estalada.




Odiava quando ela começava falando mal das pessoas sem as conhecer. Principalmente sem olhar pelo seu próprio umbigo! Um filho fora de casamento, que ela afirmava ser de papai, mas todo mundo sabia que não. Daí engravidou de mim para segurar papai. Este, coitado, não muito inteligente, fingiu comprar a mentira de mamãe e ficou… Mas, claro que seus negócios fora de Forks não são apenas negócios. Não duvido nada que ele tenha outra família ou dezenas de amantes por aí fora.




E eu… Eu nunca fui a santinha da família. Sempre adorei causar encrenca. Como daquela vez que fiz meus primos baterem uma punheta na minha frente, e os pais os apanharam em flagrante. Claro que ninguém iria suspeitar que a doce menina de 7 anos era a responsável por colocar dois garotos de 13 batendo punheta para ela.

Ou da outra em que papai quase matou o irmão quando o apanhou saindo da banheira só de toalha e eu estava nuinha em pelo no quarto. Quem iria pensar que uma garota de 14 anos estava só fazendo uma brincadeirinha para o pobre titio solteirão e pegador?

Ou então daquela vez em que fiz um boquete a meu irmão enquanto ele estava dormindo?

Ou das brincadeiras de criança NADA inocentes com outros meninos do bairro quando morávamos em Port Angels, cidade onde papai nasceu?

Bem, dá para perceber que eu sempre fui safadinha. Não admira que eu queira Paul só para mim. Afinal, aquilo que ele tem entre as pernas, mais o trabalho que faz com ele, é de comer e chorar por mais!




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De tanta raiva que eu estava por não ver mais Paul, mesmo quando eu fui na casa dele como quem não quer nada, ou bati em quase todas as portas de possíveis garotas com quem ele pudesse estar, eu cometi a gafe de quebrar um copo com as minhas mãos quando mais um dia eu não havia tido notícias dele. Me gratifiquei pela dor física se sobrepôr à mental e emocional, mas claro que isso não ficou muito bem para a minha mão que quase rasgou um tendão de tão profundos estavam os cacos.

Mas hoje era mais um dia e eu tinha um bom pressentimento em relação a ele.




-Eu vi hoje Paul. – Shannika falou, tomando imediatamente a minha atenção.




-Então… - Insisti.




-Ele estava entrando em casa e parecia muito cansado. – Contou




-Eu vi o Embry com a mãe hoje de manhã na feira. – Roxie comentou.




-E pelos vistos Jared também está de volta. Olhem ele lá! – Nika apontou na direção da mesa da gangue onde apenas Jared e Kim estavam sentados.




Ela ao redor dele, o paparicando e ele com um olhar BEM cansado.




-Quer dizer que voltou tudo ao normal? – Estranhei.




-Poderemos apenas dizer amanhã se os restantes aparecerem. – Roxie deu de ombros.




-Só ficarei descansada até ver Paul com os meus próprios olhos. – Pensei em voz alta, sugando o suco pelo canudo com certa impaciência.




Fiquei fitando a mesa com certa obsessão, focando principalmente a cadeira vazia de Paul e me perguntando do que se tratava afinal essa gangue. Nunca os vi cometendo atrocidades, nem causando distúrbios. Eram só um bando de garotos que gostava de faltar às aulas e fugir de casa para se reunirem onde quer que eles se reúnam e se divertir… No entanto, o comprometimento parecia sério demais, afinal todos usavam a mesma tatuagem. Menos Kim, mas talvez se devesse ao fato de ela ser uma garota.




-O que você vai fazer hoje de tarde? – Roxie me perguntou, me cutucando para roubar minha atenção.




-Não sei, provavelmente nada. – Dei de ombros ainda fitando o lugar de Paul, talvez passasse na casa dele.




Não, isso era pedir para ele nunca mais olhar na sua cara! – Gritou minha consciência.




-Venha conosco a Forks. Vou visitar a minha paquera na escola de lá. Ouvi dizer que lá tem uns caras super gatos e ricos! Podíamos ir verificar. – Nika sorriu sapeca e eu ponderei a idéia.




-Você não ia visitar a sua paquera? – Roxie provocou.




-É só uma paquera, não é meu marido! E mesmo que fosse, olhar não tira pedaço. – Shannika respondeu nos fazendo rir pela sua indecência.




Por isso que ela era a minha BEST.




-Vou pensar…




-Que pensar que o quê? Você está quase surtando com essa ausência de Paul, mas agora sabe que ele voltou e está bem. Precisa relaxar, se distrair e se divertir. Venha! – Nika insistiu e eu fiz careta mas acabei por ceder. – Essa é a minha garota. – Nika me empurrou com o ombro e sorriu festiva.




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No final das aulas voltei para casa apenas para tomar um banho e trocar de roupa. Hoje o dia estava mais frio e como íamos para Forks, a tendência era de esfriar ainda mais por lá.

Botei um vestido justo de caxemira, em cinza escuro com pelos, calcei umas meias opacas cinza claro e calcei o coturno. Coloquei um gorro preto em crochê e peguei minha bolsa de couro em castanho pronta para sair. Estava abrindo a porta quando senti meu corpo batendo contra algo duro. Quando subi o olhar mal podia acreditar que o que estava vendo era real.




-De saída? – Paul perguntou prostrado na varanda de minha casa com os braços cruzados e um sorriso sapeca.




Meu fôlego faltou ao constar que ele realmente estava ali parado na minha frente e que não era apenas uma miragem.




-Eu…você sumiu…digo, não foi mais às aulas nem veio mais às explicações...desse jeito você vai piorar em tudo. – Falei engolindo a minha vontade de fazer perguntas a mais.




-Por isso que eu vim aqui. Pra você me colocar a par de tudo o que perdi. Mas estou vendo que você está de saída. – Deu um passo a trá,s mas eu segurei a mão dele o impedindo de partir.




Olhei por cima do ombro dele para ver minhas amigas me esperando dentro do carro, me olhando estupefatas. Nika fez um gesto com a mão, me indicando para eu ficar e em seguida deu partida com o carro.




-Já não vou mais. – Sorri e Paul notou o carro de Shannika se afastar.




-Hum. – Ele sibilou voltando sua atenção de novo para mim. – Podemos estudar? – Perguntou fazendo menção de entrar.




-Claro. – Respondi lhe cedendo passagem e o seguindo até à sala arrumada como habitual, sem os meus toques especiais.




Retirei o casaco e o gorro e os pousei junto com a bolsa num canto qualquer.




-Se machucou? – Ele perguntou pegando em minha mão machucada e enfeixada.




-Quebrei um copo em minha mão. Foi bem feio. – Comentei.




Paul deu um carinho em meus dedos desnudos de ligadura e os levou aos lábios me lançando um olhar sensual. Me arrepiei por completo e tentei me focar em outra coisa para não desmaiar ali a seus pés feito uma boboca apaixonada.




-Eu não preparei nada para agente estudar. - Falei sem jeito.




-Não tem mal, podemos só revisar alguma matéria em vez de fazermos exercícios. – Sugeriu. – Se bem que eu estava gostando da idéia que procedia aos exercícios. – Sorriu matreiro.




-Tudo bem. Eu vou pegar os livros lá no meu quarto. – Anunciei, subindo as escadas correndo e entrando no meu quarto apressada.




Aproveitei essa chance para trocar de roupa, ou simplesmente me desfazer do coturno e da meia-calça opaca e trocar de calcinha.

Escolhi uma preta de cetim, com renda e peguei rapidinhos os livros descendo apressada para a sala.

Paul olhou minhas pernas com desejo e eu corei um pouco. Afinal a maneira como ele olhava era até pecado!




-Podemos começar. – Falei abrindo os livros e os espalhando na mesa de jantar.




-De certeza que você não tem que estar em outro lugar? – Ele perguntou curioso e eu decidi provocar.




-Eu ia sair com as minhas amigas para ver uns caras que estudam na Forks High School. - Parei de falar no mesmo momento em que Paul me olhou de uma forma estranhamente ameaçadora, mas que tratou logo de disfarçar.




-E o que os rapazes de Forks têm que os de La Push não têm, pra vocês irem lá de propósito para os verem? – Ele perguntou fingindo indiferença, mas altamente curioso.




-Na verdade Shannika tem lá um namorado, ela só queria que eu e Roxanne fossemos para conhecermos uns tal de Cullen… - Falei indiferente, mas travei de medo quando Paul soltou um rosnado pela garganta.




-Cullens! – Ele sussurrou enraivecido, mas foi quando me olhou é que eu realmente senti medo como nunca antes. – NÃO SE ATREVA A CHEGAR PERTO DESSES MONSTROS! Não se atreva nunca a ir a essa escola. Aliás, não se atreva a sair de La Push! – Ele falou colérico, seu rosto um completo reflexo da raiva que estava sentindo, seu corpo tremendo violentamente, como se estivesse com convulsões.




Engoli em seco tremendo dos pés à cabeça com medo desse personagem de terror em que Paul se estava transformando. Estava com medo do que ele pudesse me fazer, mas ao mesmo tempo o meu orgulho falou mais alto e à mistura com o ego por estar percebendo o seu ataque de ciúmes, eu resolvi me arriscar e responder à altura.




-O quê? Espere um segundo, desde quando você tem essa autoridade sobre mim? Nós não somos nada para você me fazer um pedido desses. E veja bem, eu falei pedido e não exigência. – Respondi enraivecida.




-… - Ele rosnou, mas respirou fundo e manteve os olhos fechados por uns segundos antes de tornar a me falar. - Eu não volto a falar. Nem sempre eu poderei estar por perto para lhe proteger… - Falou se afastando de mim e respirando fundo para se acalmar.




-Do que você está falando, Paul. Me proteger do quê? – Perguntei dando um passo em sua direção.




-Diferente das outras garotas, eu tenho um afeto muito especial por você, mas nem sempre poderei estar por perto para lhe proteger se você ousar sair de La Push. – Ele murmurou se afastando mais cada vez que eu dava um passo em sua direção.




Eu estagnei com o que ele disse. Meu coração explodiu de felicidade e eu não sabia mais como reagir. Antes mesmo de poder retribuir meu amor por ele, Paul já havia desaparecido de minha casa, saindo pelos fundos. Tentei correr atrás dele, mas fora inútil. Lá fora não havia nenhum sinal dele.