Angel of Mine










Patch se prontifica a abrir as páginas do livro tentando decifrar as Profecias lá escritas. As palavras em Enóquio* Antigo tornam a leitura mais difícil. Mas ele não se deixa desanimar. Ele só precisa achar uma palavra que o indique sobre a Profecia que ele procura.

(*Enóquio: Língua dos Anjos) 




Depois do que parecem horas e folhas e mais folhas de resposta nenhuma, Patch começa a se angustiar. Ele precisa achar a solução para salvar o quanto antes! E por mais que ele pense na maldita Profecia, por mais que ele peça em voz alta às Forças Ocultas que lhe entregaram o Livro das Profecias em mãos, apenas o silêncio lhe é concedido.




–Não, eu não posso nem vou desistir agora. Só preciso de paciência. Preciso ter calma. - Patch fala, passando as mãos pelos cabelos, os repuxando de nervoso.




Patch inspira fundo e mais uma vez volta sua atenção ao livro, lendo devagar o início de cada Profecia para ter certeza de que não era a que ele buscava. Tinha ali tantas Profecias já cumpridas, outras tantas que se cumpririam em poucos anos e outras para apenas daqui a bilhões de anos, que era difícil para Patch não se distrair e se fascinar. Ele tinha ali na sua frente às respostas para todas as soluções da Humanidade... Do Universo. E ele só precisava se cingir a apenas uma. Uma única Profecia que ele queria destruir, para acabar com o seu sofrimento.


“Quando o filho de “ninguém” nascer...” 

“Há uma Terra para além do Céu onde...” 

“Onde mais ninguém procurou existe a resposta para...” 

“No Planeta amarelo habitam...” 

“Haverá uma dia que o Sol...” 

“Uma Lua Cheia se aproxima e nesse dia...” 

“O Bem habita no Mal de quem...” 

“Haverá um dia em que o Bem...” 

“A Filha da Floresta se esconde...” 

“A Água da Nascente do Norte...” 



Patch trava quando sua mente o alerta de que havia passado pela Profecia. Ele folheia para trás alvoroçadamente.




–“O Bem habita no Mal de quem souber como controlar o Lobo...” Não, não é esta. Eu sei que vi aqui...Não pode ter sido ilusão minha. - Patch murmura, enraivecido consigo mesmo por ter deixado escapar. Mas ao desviar para a página seguinte ele vê. - "Haverá um dia em que o Bem e o Mal encarnarão numa só pessoa, fruto de um Amor Proibido. No seu sangue corre um Tesouro inigualável e o seu sacrifício será a chave para abrir a porta de Todas as Dimensões e fazer dos seus habitantes seus Eternos Escravos." - O coração de Patch bate descompassadamente, o deixando quase sem fôlego e gotejando suor, como se tivesse lutado com milhares de demônios. - "Só apenas um Coração Puro poderá quebrar esta Maldição." - ali estava a resposta.




Todo o seu desespero, toda a vida de , a solução habitava naquela única e singular resposta. Toda a busca, por aquela maldita frase, acabava ali.

Patch engole em seco e, mais uma vez naquele dia, sem ao menos poder controlar, ele está derramando gotas salgadas de seus olhos.

O seu coração mirrara. Aquela é a resposta. O Sacrifício de um Coração Puro pela vida de .

E ele só via uma pessoa com o coração mais puro da face da Terra que Patch poderia sacrificar. Ele.

Que Ser seria mais puro que ele, um Ser Celestial, um Anjo da Guarda.




Patch cambaleou para trás arrasado.

Tudo se resumia ao seu sacrifício e não era isso que lhe estava custando mais. Não era isso que lhe doía a alma. Era pensar em nunca mais ver , o seu sorriso, o seu olhar apaixonado, nunca mais escutar a sua voz, sentir a sua pele... Isso sim lhe doía.

Mas se morrer para salvá-la fosse a única solução, ele o faria sem medo. Ele conhecia muito bem o que lhe esperava após a Morte. Talvez ele ressuscitasse ainda nessa vida e pudesse, ao menos, conhecer , apenas para ter o prazer de estar de novo perto dela, vê-la viva e feliz, mesmo que nem soubesse quem ela foi de importante para ele...ou talvez Patch apenas ficasse vigiando e zelando por ela, lá no Purgatório.




Patch fecha o livro e este voltou a flutuar até onde ele pertencia, numa das prateleiras mais altas, para lá da visão astuta do Anjo.




***




No topo da montanha continua aflita com a falta de notícias de Patch. tenta acalmá-la, mas era inútil.




–Vai correr tudo bem amiga. Tenha fé. - pede, segurando as mãos da amiga e as acarinhando.




–Fé. - ri irônica, mas sua atenção é tomada pelo toque do telefone.




Rixon se apressa a atender, antes que o faça e responde com monossílabos aos pedidos de Patch, tentando não expressar qualquer sentimento de lamento e dor ao que o amigo está lhe pedindo. Logo em seguida desliga e respira fundo, se preparando para mentir.




–E então? - pergunta ansiosa, se empoleirando sobre o sofá.




–Patch achou a resposta. - Anuncia com um falso sorriso de felicidade.




comemora, abraçando , mas esta é perceptiva. Percebe que algo mais está por trás desse telefonema.




–E o que diz? Qual é a solução?




Rixon desvia o olhar de e se entretém com outros afazeres.




–Ele preferiu não me dizer, mas pediu que eu fosse ajudá-lo com o assunto. Ainda essa noite eu volto. - omite a verdade, tal como Patch havia pedido, se concentrando no ar preocupado de sua .




–Então eu vou junto. – diz rapidamente se levantando.

–Não , você sabe que não pode. – Rixon responde tentando soar o mais calmo possível.

–Porque não posso? – se altera. –Tudo isso diz respeito a mim e se Patch encontrou uma solução eu quero ajudar.

–Você vai ajudar muito se ficar aqui em segurança, por favor, faz isso pelo Patch. – Rixon pede e mesmo a contra gosto acaba concordando porque no fundo sabe que ele nunca a levaria junto.

–Eu vou ficar aqui com você, vai dar tudo certo. – abraça a amiga e apenas assente enquanto sente os olhos se encherem de lágrimas.

–Eu volto logo. – ele diz para as duas e, depois de dar um beijo e um abraço apertado em , se vira para sair da cabana.

–Traz o Patch de volta logo, por favor. – pede se sentando no sofá e as lágrimas caem por seu rosto.

Rixon apenas assente, sem coragem sequer de olhá-la e sai dali rapidamente.
Em pouquíssimo tempo Rixon chega ao lugar onde Patch pediu que se encontrassem... Um penhasco perto dali. Ao chegar lá ele já encontra Patch e respira fundo algumas vezes antes de se aproximar do amigo que estava distraído olhando para a paisagem em sua frente.

–Obrigado por vir. – Patch diz quando Rixon para ao seu lado e coloca a mão em seu ombro.

–Tem certeza disso? – pergunta angustiado.

–Não tenho outra escolha. – Patch se vira de frente para ele e os dois apenas se encaram por um tempo, ambos relembrando de tudo que já passaram juntos.

–Não gosto nada disso. – suspira ao lembrar das palavras de Patch ao telefone há apenas alguns minutos. –Você vai mesmo se sacrificar, Patch?

–É a única saída, o único jeito de salvar a e eu farei qualquer coisa por ela... – as palavras dele morrem quando sua garganta se fecha de emoção.

–Você faz ideia do quanto ela vai sofrer? – Rixon tenta apelar.
–Podemos arrumar outro jeito e...

–Não! Eu estou decidido. – Patch então mostra um punhal banhado a ouro que estava consigo e que ele mesmo tinha benzido em uma igreja para que com aquela arma ele conseguisse se sacrificar.

–Patch... – Rixon murmura derrotado.

–Quero que seja você a levar minha alma para o purgatório, meu amigo.

Mesmo completamente a contra gosto Rixon apenas assente e Patch suspira lembrando mais uma vez, pela última vez, de .




***

Na cabana está deitada no sofá, depois de andar de um lado para o outro, angustiada e com o coração apertado. tentou fazer companhia para a amiga e confortá-la, mas não teve jeito, ela só conseguia pensar no Patch e no que ele estaria fazendo agora. Na verdade ela estava precisando se controlar muito para não correr descendo aquela montanha e procurar por ele em cada canto da cidade.

Depois de algum tempo de silêncio e preocupação acabou adormecendo e mais aliviada ao vê-la dormindo resolveu tomar um banho rápido.




O subconsciente de logo é tomado por uma imagem que surge gradativamente. Ela reconhece aquela pradaria de um outro sonho seu. Um que um gigante imponente lhe alertara sobre a sua maldição. Mas nesse sonho, a pradaria está iluminada por um sol intenso, quase cegante ao invés de uma escuridão depressiva e uma névoa gelada.




Ela olha em volta procurando esse mesmo gigante, mas não consegue ver bem sem que precise colocar uma das mãos sobre os olhos, formando uma aba de sombra que ameniza a ardência que a claridade lhe provoca.




–Você precisa pará-lo. - Uma voz grave e alerta ecoa à sua volta.




–Preciso parar quem? - se volta de um lado para o outro, mas não vê ninguém.




–A Maldição precisa de ser cumprida, . É o único jeito de pará-lo. - A voz torna a falar, mas ela não consegue decifrar de que direção vem o som.




–Mas se eu me sacrificar o caos reinará na Terra! - Ela grita enervada.




–Não se outra Profecia se sobrepuser.




–O que você quer dizer com isso? Que Profecia é essa? - Pergunta angustiada.




“O Sacrifício deve de ser feito para salvar uma Benção capaz de controlar o Bem e o Mal.”– As peças começam se encaixando em sua mente.




Se ela fizer o Sacrifício ela estará dando início à outra Profecia que, por consequência, anularia a sua Maldição, impedindo que os Seres do mal conseguissem a Chave para abrir e controlar todas as Dimensões. Mas porque nunca ninguém havia mencionado essa outra Profecia antes?




–Ninguém poderia sabê-la até última instância. - A voz responde ao seu pensamento.




–Quem é você? Porque tem me ajudado? - Ela pergunta curiosa. Aquela voz era-lhe estranhamente familiar.




puxa em sua mente recordações sem sentido. Em específico, uma música de ninar que sua mãe e seu pai costumavam cantar para ela, mas no lugar da voz conhecida de seu pai, se sobrepunha a voz daquele estranho.




–Você já sabe quem eu sou. Agora se apresse, . A sobrevivência de Patch depende de você. - Os olhos de se arregalam enquanto as peças soltas daquele puzzle começam se encaixando.




O olhar triste de Rixon após falar com Patch ao telefone; A insistência em ocultar a solução para dissolver a Maldição que ela carregava; A pressa em partir e o aperto estranho em seu peito, a alertando de que algo estava muito errado com Patch; Sem contar com a estranha e angustiante sensação que ela sentiu quando viu Patch partir em busca de respostas, como se soubesse que aquela seria a última vez que o veria.




Ela precisa parar Patch de fazer o que quer que ele estivesse prestes a fazer. Não havia mais tempo. Ela sabe que a vida dele depende dela.

Ele já a protegera tanto, mas se a única solução para acabar com aquela guerra toda fosse o seu sacrifício, ela iria fazê-lo sem questionar.





é arrastada abruptamente para a realidade, acordando ofegante, tragando uma enorme quantidade de ar, como se tivesse vindo à superfície depois de vários minutos submersa, privada de oxigênio.




Seus olhos estão alagados de lágrimas, que já trasbordam por seu rosto, que expressa puro desespero. Ela sente a vida de Patch se esvaindo. Sente fortemente em sua alma, Patch se despedindo dela. Imagens dele no cimo de um penhasco, banhado em lágrimas e segurando em suas mãos um punhal dourado pressionado contra a sua barriga, surgem tão fortes em sua mente que é quase como se ela estivesse presenciando aquilo. Não havia tempo.




corre até a cozinha e abre apressadamente todas as gavetas, buscando uma arma rápida e letal. Assim que acha a gaveta dos conjuntos de facas, agarra numa firmemente e encara ela com pavor. Ela tinha medo de morrer. Ela não queria morrer.

caminha para trás até bater com as suas costas num dos pilares de madeira que sustentava a cozinha. Chorando, ela se deixa escorregar até ao chão, ainda encarando a faca e soluçando, mas a imagem de Patch erguendo o punhal no alto e pronto a se matar a faz agir num ápice.

desliza a parte afiada da faca sobre o seu pulso, traçando uma linha vertical até pouco abaixo da dobra do seu braço. Com menos força e bastante dor, ela tenta fazer o mesmo no outro braço e por fim larga a faca. O seu sangue se espalha sobre o chão a uma velocidade assustadora e ela sente seus sentidos a abandonando gradativamente.




–Eu. Te. Amo. Patch. - sussurra, como se soubesse que ele iria escutar e por fim fecha os olhos se entregando numa escuridão calmante.

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N/Baby: POR FAVOR NÃO NOS MATEM! Eu sei o que está parecendo, mas nada é o que parece!
Algumas pistas sobre quem é a voz do sonho de ?
Alguém consegue decifrar a nova Profecia? Será que entenderam o significado subentendido?
E ? Será que morre? Será que ressuscita? Será que reencarna? Será que vira Anjo? Como Patch a irá salvar?
Façam suas apostas amoras. A fic está chegando ao fim. Eu poderia já dizer que o próximo cap será o último, mas ainda não tenho certezas, só depois de eu e a May escrevermos ele.
E é isso. COMTENTEM *u*
Kisses da Baby


N/May: 
Vocês devem estar querendo nos matar depois do fim desse cap. né?! rsrs... Mas calma que tudo será esclarecido no próximo cap. e vocês vão entender tudinho ;) rsrs

Como a Baby disse, a fic já está bem no finalzinho, então comentem e logo voltamos com mais *-*
Bjokas... May