24 março 2011
O sótão dessa casa era a minha torre, o meu forte, o local onde me sentia mais…sozinha. Mas sozinha num bom sentido. Um sozinha diferente de solitária.
Era aqui, na torre, que eu gostava de me refugiar quando a culpa caia sobre mim. Aqui era o meu céu, onde todos os meus pecados eram absolvidos e as lembranças do passado eram boas e não dolorosas, como costumavam ser.
Escutava a melodia que tocava na caixinha de música de minha mãe. Era uma melodia linda e tocante.
-Masquerade! Paper faces on parade…Masquerade! Hide your face, so the world will never find you ! Masquerade! Every face a different shade…Masquerade! Look around – There´s another mask behind you! – Cantarolei a letra da música “Masquerade”.
(Tradução: Mascarado! Rostos de papel em desfile... Mascarado! Esconda seu rosto, então o mundo nunca irá encontrá-lo! Mascarado! Cada rosto uma nuance diferente... Mascarado! Olhe em volta - há outra máscara atrás de você!)
Essa era uma de minhas músicas preferidas. A que mais me compreendia e com a qual mais me identificava. Porque o mundo era uma grande máscara que escondia a verdadeira face das pessoas.
Minha cantoria foi interrompida pelo som de um carro se aproximando. Corri para a bay-window e avistei uma carrinha velha e vermelha se aproximar da casa, vinda da estrada de terra.
Estreitei meus olhos, tentando focá-los melhor, para perceber quem estava chegando.
Provavelmente Tessa já havia me dito, mas eu camuflava todos os sons que eu não queria escutar. Gostava de silêncio e tudo o resto era escusado para mim.
Quando a carrinha de caixa aberta - cheia de malas, por sinal – parou por fim e a primeira pessoa saiu do carro, senti meu corpo aquecer confortavelmente e um pequeno vazio em meu coração ser preenchido. Consequentemente um nó se formou em minha garganta e uma lágrima rolou por meu rosto.
-Cassie. – Murmurei acariciando o vidro e me permitindo a um pequeno sorriso.
Observei Cassie abraçar Tessa, que não parecia surpresa com sua visita. Talvez ela soubesse mesmo da vinda de minha irmã.
Me culpei por não ter captado e capturado a mensagem de aviso de Tessa sobre a vinda de minha irmã, mas logo me alheei dessa culpa. Cassie estava aqui e isso era tudo o que importava.
E então todo o meu mundo parou. Vindo de não sei onde, ele surgiu com um sorriso devastador.
Ele era surreal. Sua beleza, sua forma, seu sorriso…Ele parecia um Deus Grego ou um anjo, e mesmo assim nenhuma das comparações pareciam ser suficientes.
Um corpo master, adornado dos mais bem delineados músculos; uma pele morena que reluzia com a luz do sol; um olhar negro e profundo, que se rasgava em um sorriso de se fazer perder a respiração.
Ele parecia uma miragem.
Não sei quanto tempo passou desde que eu o começara admirando. Seguia todos os seus movimentos com extrema atenção; completamente hipnotizada e viciada.
O vi regressar à carrinha e isso me fez sentir um nó maior crescer em minha garganta, como sinal de medo que ele fosse embora. Mas não. Pelo contrário. O anjo, como eu o preferira intitula, se dirigiu à caixa do carro, abrindo a comporta traseira e descarregando todas as bagagens.
E num segundo de lucidez eu retornei à realidade. Ele tinha vindo com minha irmã.
- ! – A voz de Cassie ressoou atrás de mim como uma chamada de atenção ansiosa.
Eu me virei rapidamente, a olhando por alguns segundos – tempo o suficiente para ter certeza que ela era real – e corri em sua direção, a arremessando e sendo arremessada em um abraço carregado de saudade.
-Você voltou. – Solucei, me apercebendo que já chorava. Como eu era tão fraca…
Cassie nada respondeu (e eu sabia bem o que isso significava), se ficando apenas pelo forte abraço, as carícias em meus cabelos e os cicios calmantes de sempre.
Quando por fim me acalmei e controlei o choro, Cassie se separou de mim, segurando meu rosto em suas mãos.
-Como você está? – Ela questionou enxugando as lágrimas que banharam o meu rosto.
-Com saudades. – Confessei, me permitindo a esse momento, mesmo que expor meus sentimentos fosse algo muito difícil para mim, mesmo se tratando de minha irmã.
-Eu também, minha pequena. Mas agora eu estou aqui. Vou cuidar de você, está bom?
-Não por muito tempo. – Murmurei para mim, baixando meu olhar.
-Ei. Olha pra mim. – Ela exigiu, pressionando meu rosto para cima em suas mãos. – Eu não quero voltar a escutar isso de você, OK? Não mais! – Exigiu convita. – Vamos parar com drama, ! Nada vai acontecer com você. Eu não vou deixar, mocinha! – Me repreendeu, se garantindo, em tom zangado, de que tudo ia ficar bem.
Eu não tinha tantas certezas, mas apenas baixei meu olhar de novo em um consentimento mudo e forçado.
Mas meu olhar captou algo a mais. Algo que brilhou em sua mão esquerda.
Meio surpresa, peguei em sua mão e olhei demoradamente para ela, tentando assimilar o significado daquelas duas alianças no dedo anelar. Uma continha um solitário e a outra era simples, muito parecida com as dos casamentos. Essa constatação me fez engolir uma pedra.
-Você casou? – Minha voz soou falha e as lágrimas voltaram a embaçar meus olhos.
- , eu posso explicar… - Tentou falar mas eu a cortei.
-Você casou e não me disse nada? Você casou e nem me mandou convite? Que tipo de irmã é você, Cassidy? Porque você insiste em fazer isso comigo? Porquê você insiste em me abandonar, me deixar pra trás como se eu nunca tivesse feito parte de sua vida? – Eu discutia com ela, nervosa, caminhando de um lado para o outro e gesticulando exageradamente.
-CHEGA! – Ela gritou me paralisando por completo. – Se você quer mesmo saber todos os porquês, eu digo, . – Agora era ela que estava nervosa, passando os dedos pelos cabelos, os puxando. – Cansei! Cansei de ver você destruindo sua vida e querendo destruir a minha! Eu precisava de sumir no mundo, me afastar de você pra ser feliz! E se quer saber. – Parou de caminhar e de puxar os cabelos e me olhou com os olhos vermelhos. – Eu estou muito feliz, mana. Finalmente. – Despejou sem comedimento.
-SAI DAQUI! VAI EMBORA! SAI DAQUI! – Eu gritava, empurrando Cassidy para fora do meu forte.
Eu não iria permitir que ela destruísse o meu lar. O único lugar onde me sentia segura.
3 comentários:
minha nossa Suh
que fic é essa
ela é perfeita
parece ser bem dramatica
e eu adoro um drama
vc não tem noção
simplesmente AMEI
posta mais
por favor
Cara se quer me fazer chorar agoriha vc consegue..
caramba....
pqp!!
que tipo de pessoa casa da outra?
o que sera que fazia para faze-la se sentir cansada..
coisa estranha..rsrs
bj
Como assim? Pelo que entendi são irmãs, não se pode se cansar da família, gente, é egoísmo. Vou continuar acompanhando, esta trama me prendeu, como sempre (nas fics da Baby). Bj, Alinica
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