Wild Heart







PARTE II – Não pode cair [Ver letra e tradução]

Bati com a porta da “torre”, depois de ter expulsado Cassie, respirando sofregamente.
As lágrimas teimavam em cair, e por mais que eu as enxugasse elas tornavam a banhar o meu rosto.
Encostei meu corpo na porta, batendo com as mãos na cabeça, me odiando - mais um pouco - por me ter permitido expor meus sentimentos dessa maneira a uma pessoa que eu julgava ter podido, alguma vez, confiar.

Mas como eu disse antes, o mundo é uma grande máscara que esconde a verdadeira face das pessoas. E a máscara de minha irmã acabara de cair.

A caixa de música ainda tocava e a música já não me fazia mais bem. Corri até o criado mudo, ao pé de minha cama, e fechei o tampo da caixa com certa brutalidade, acabando logo com a melodia.
Me sentei na ponta da cama e abracei meu corpo, olhando em volta. O meu forte havia sido corrompido.
Por hora ele não me trazia mais boas recordações ou paz.

Caminhei até o meu pequeno closet e peguei a roupa de equitação me trocando rapidamente. Prendi meus fios rebeldes em um coque alto e mal feito e, no final, calcei as botas de hipismo.
Saí do quarto e desci as escadas o mais discreta e silenciosamente possível. Quando cheguei no rés-do-chão escutei o tilintar dos cristais vindos da sala de estar, que ficava do lado esquerdo da casa. Tessa estava limpando o pó, o que me dava caminho livre para sair pelas traseiras.
Corri pelo corredor lateral à escadaria, do lado direito da casa, que dava para a sala de jantar, a cozinha e a saída das traseiras.

Quando por fim me vi fora de casa, corri até a estrebaria, que ficava do lado esquerdo da propriedade, a uns cerca de 50 metros. Do lado de direito da propriedade, havia uma lagoa enorme, ladeada por uma floresta. (Foto da casa aqui)

Assim que cheguei na estrebaria fui juntando as correias e a sela para selar Diana, a minha égua de “guerra”. Uma Mustang, de pêlo escuro e olhos cor de mel, que só permitia que eu a montasse. Era a mais selvagem de todos os outros cavalos que eu tinha e dei um duro para que ela me respeitasse.
Era a única que não precisava de máscara para se esconder. Ela era verdadeira e pura.

Cheguei no resguardo de Diana, o mais afastado possível dos outros resguardos, e me empoleirei na comporta de madeira que a trancava lá dentro, depois de ter pousado a sela e as correias sobre a mesma.

-Ei, Di. Pronta para um passeio? – Perguntei olhando no fundo de seus belos olhos e ela relinchou abanando o focinho e batendo os cascos no chão. – Linda menina. – Sorri abrindo a comporta e me aproximando lentamente da égua.

Acariciei seu lombo, em sinal de reconhecimento, e ela fungou no meu rosto, me reconhecendo também.

-Tinha tantas saudades suas. Me desculpe por ter demorado a vir ver você. – Murmurei encostando minha testa na cabeça dela.

Depois de um abraço, fui pegar a sela e as correias e as coloquei nela. Quando tudo estava bem preso, a montei e dei com as esporas do calçado da sela no lombo dela para a incitar a andar, juntamente com a onomatopeia de estalar com a ponta da língua no céu-da-boca.
Logo ela começou a trotar até à saída da estrebaria.
Depois disso gritei ‘Ya’ e bati com as correrias em seu dorso, para que ela começasse a galopar.
A guiei em direção à floresta. Iria atravessá-la até chegar ao dique da lagoa, que ficava do outro lado da floresta, fora da propriedade Grissom.


A sensação do vento chicoteando o meu rosto era indescritível. Era como ser um pássaro e voar em liberdade, sem destino ou preocupações.
Assim que adentramos a floresta uma escuridão assomou o caminho que percorria a galope.
A densidade das copas das árvores era tal que me era impossível vislumbrar céu aberto. Sabia apenas que era dia pelos pequenos raios de sol que furavam através das diminutas e numerosas frestas entre as folhas e os galhos das copas.
O percurso até ao dique fora cerca de uma hora e quando lá cheguei foi como se tivesse saído das sombras e chegado ao paraíso, depois de ter percorrido um caminho sombrio e guerreiro.
Aquelas terras eram abandonadas e o meu sonho era comprá-las e construir uma casa de árvore. Uma casa que comporta-se dois quartos, uma casa de banho, uma cozinha e uma sala. Um verdadeiro sonho.
Nas árvores da floresta isso era impossível de se fazer, mas perto do dique havia uma única e singular sequóia. Ela era baixa e com ramos tão grossos e extensos que dava perfeitamente para construir a casa que eu sonhava.

Desci de Diana e a puxei até à margem da lagoa, para que ela bebesse água. Atei as correias ao cabo de madeira do dique e caminhei pela passadeira até chegar ao único barco que havia lá. Um barco a remos velho e abandonado. Desfiz as amarras e subi nele, pegando nos remos e empurrando o barco para o centro da lagoa. Remei até o canto mais afastado do dique e, quando lá cheguei, voltei a guardar os remos.

Como ritual, que esporadicamente fazia, me deitei no centro do barco vendo o sol se pôr em um crepúsculo magnífico.
Senti meu rosto ser lavado por lágrimas sujas de dor e culpa.
Cassie tinha razão, eu só destruía a vida de todos à minha volta. Destruí a vida de meus pais, destruí a minha vida, a de Tessa…Cassie não podia ser mais uma vítima. Ela merecia ser feliz.

Casada. Era surreal pensar que Cassidy estava casada. Logo ela que odiava compromissos. Mas se aquele anjo a havia conseguido conquistar, era porque ele era merecedor de seu amor.
Mas também quem não haveria de se apaixonar por aquele deus?
  

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Kisses da Baby