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Oi Baby!

Oi MC, vou responder o seu email por partes. Tudo o que estiver a vermelho é meu. XD


Eu pensei muito antes de te mandar esse e-mail, tenho que dizer que fiquei com um pouco de medo, mas eu precisava desabafar com alguém e quando vi seu poste de domingo, eu pensei em falar com você e aqui estou eu. Nossa, parece que adivinhei mesmo. Fico feliz que tenha recorrido a mim. Não farei pré-julgamentos nem apontarei o dedo a você, qualquer que seja o seu problema. Apenas te darei conselhos e tentei te ajudar a focar no seu problema.

Tudo começou quando eu tinha cinco anos de idade (muito nova eu sei). Eu também começei por volta dessa idade. O que é bom é para se tirar proveito desde cedo! kkk. Namorar é tudo de bom. Eu era apaixonada por um garotinho da minha turma na escolinha, mas era normal, todo mundo já se apaixonou quando criança. Eu era o que meus amigos consideravam estranha, porque quando eles saiam para brincar, eu queria ficar em casa vendo um livro de figuras e foi ai que nasceu minha paixão por livros. Desde nova eu era fascinada por tudo que envolvia a literatura. Meus professores me amavam por conta disso e foi quando eu passei a ser odiada, pois tinha toda a atenção ao meu redor, eu não tinha amigos, até que ele apareceu na minha vida. Ah, eu sofri muito de bulling quando criança também. Aff, é a coisa mais horrível do mundo, ser odiada por todos sem razão.
Seu nome era B., ele tinha sete anos e era meu vizinho, alem de estudar na mesma escolinha que eu. B. era o meu único amigo, ele sempre me defendia e eu acabei me apaixonando por ele. Como toda criança, eu cheguei nele e disse que gostava dele, para minha surpresa, ele disse que também gostava de mim. Oint, que fofo. Cute cute cute *Prontopareidechilique*
Nos ficamos naquele namoro bobo de criança até que ele se mudou e perdemos o contato. Tenho que dizer que foi muito difícil encarar as coisas na escola sem ele, mas eu era criança e como toda criança, eu esqueci.
Quando eu tinha 12 anos o encontrei novamente. Eu estava no shopping com uma amiga, quando ele apareceu. Eu o reconheci na hora, assim como ele me reconheceu, conversamos bastante e acabamos ficando. Ficamos por um mês e ele me pediu em namoro, mas meu pai não deixou e me afastou dele, depois disso nunca mais o vi. Nossa, isso me fez lembrar de mim...outra história que não importa.
Depois de mais três anos eu o encontrei em uma festa onde eu estava de vela e bêbada, eu nem sabia o que estava fazendo, só percebido o que tinha feito no outro dia. Eu havia transado com o B.
Tenho que admitir que nem dei importância a isso, eu gostava do B., eu havia me entregado pra quem eu gostava. Eu estava muito feliz até que fui para casa de minha melhor amiga e o B. estava lá, achei aquilo super legal, porque se minha amiga o conhecia, seria bem mais fácil. Meu mundo desabou quando minha amiga o apresentou como seu namorado. OMG! Contendo o surto!
Eu não sabia o que fazer, eu estava muito perdida. Havia transado com o namorado da minha melhor amiga! Eu me senti suja, me senti uma traidora, eu mal conseguia olhar para cara da minha amiga sem me lembrar do que havia acontecido entre o B. e eu. O pior era que eu o amava, eu amava o B.  mais do que tudo. Flor, se sentiu assim sem necessidade. Sei que é difícil encarar sua amiga depois do que aconteceu, mas lembre de uma coisa. A sua desculpa para a situação não era você estar bêbada, era não saber do estado civil dele.
Eu comecei a evitar o B. quando ele estava com minha amiga, eu queria esquecê-lo, era preciso isso. Três meses se passaram assim, só o via de longe, eu não falava com ele nas festas, não freqüentava mais a casa de minha amiga e foi quando aconteceu. Eu estava grávida.
Eu não sabia como agir, entrei em estado de choque, eu estava grávida do namorado da minha melhor amiga e ela não sabia, nem ele sabia e achei melhor deixar assim, eu não queria estragar o relacionamento deles e podia criar meu bebe sozinha, sem a ajuda dele. Foi difícil contar para meus pais, principalmente porque meu pai queria saber quem era o pai e eu me recusava a falar. Minha mãe me levou ao medico e eu estava grávida de quase três meses. Quando fiz a ultrassom, eu chorei, não por mim, mas pelo meu bebe, ele jamais conheceria o seu pai e a culpa daquilo seria minha, meu filho iria me odiar por toda vida.
Um mês se passou. O mês mais sofrido da minha vida, eu me obrigava a ser forte pelo meu filho e foi quando descobri que esperava uma menina, a minha A. Naquele momento, ela passou a ser tudo para mim, passou a ser o meu mundo. Minha mãe era a única que me entendia, ela sabia que eu fazia aquilo pelo meu bebe, ela era mãe, ela me entendia. Eu via todos me olhando torto, afinal eu tinha 15 anos, estava grávida e para piorar, era solteira, todos pensavam que o pai de A., havia me abandonado, o que não era uma mentira.
Eu quase consegui manter aquela farsa por mais um mês, mas foi quando ele apareceu na minha porta. B. estava desesperado, ele gritava comigo, ele me acusava de ter escondido aquela gravidez dele, ele estava arrasado e eu me senti mais culpada ainda, tentei me explicar, mas ele não me ouvia, ele não queria saber. Foi nessa briga em que senti uma pontada forte na barriga e sangue começou a escorrer pela minha perna. Eu estava perdendo meu bebe!
Fiquei desesperada, sentia muita dor, mas não me preocupava com aquilo, eu me preocupava com o meu bebe, eu não podia ser fraca a ponto de perder A., ela era a única coisa mais importante na minha vida. B. me levou para o hospital a tempo de salvar minha filha. Minha gravidez passou a ser de risco, eu devia descansar ao máximo ou podia perder minha A.
B. e eu tivemos uma conversa, eu contei pra ele o porquê havia feito aquilo e ele me entendeu, mas pediu para não tentar o afastar da filha, porque ele nunca a abandonaria, ele não me abandonaria.
No outro dia, minha melhor amiga aparece na minha casa e me acusa de roubar o namorado dela, ela disse que confiou em mim, que nunca pensou que eu fosse capaz de fazer aquilo com ela, eu tentei me explicar, mas ela não quis ouvir e foi nesse dia que perdi a amizade de C.
A noticia sobre B. ser o pai do meu bebe se espalharam, todos sabiam, todos sabia que ele era ex da minha amiga, como vingança, ela espalhou por ai, eu perdi metade dos meus amigos por conta disso, mas não me importei, eles não me importavam naquele momento porque agora era A., B.  e eu.
Estava tudo indo bem, eu estava com oito meses, A. era uma menina forte e saudável. B. dizia que ela havia herdado a saúde dele e eu apenas concordava feliz. Mas como dizem, estava muito bom para ser verdade. O pai de B. que nunca gostou de mim por ter ficado grávida, convenceu a mãe de B. a saírem da cidade porque eles não queriam que eu estragasse o futuro do filho deles e foi assim que perdi o amor da minha vida.
A. Caetano dos Santos nasceu dia 22 de dezembro de 2010, pesando três quilos e oitocentos, 41 cm de altura, era saudável, uma bebe saudável, minha luta tinha valido a pena, eu soube isso quando a segurei no colo pela primeira vez, ela era o meu anjo.
Eu tentava sempre entrar em contato com B., mas nunca conseguia, ele não sabia que a filha havia nascido, que ela estava bem, ele não a conhecia e nem ela a ele. Foi quando sua mãe me mandou um e-mail dizendo que B. estava muito melhor sem mim e que estava namorando, lógico que eu não acreditei, até ver a foto que estava no anexo, de B. beijando uma menina. Eu não acreditei que ele tinha feito aquilo comigo, mas jurei a mim mesma que ele não iria mais me afetar, que ele seria meu passado.
Eu cuidei da minha filha, a fiz um bebe feliz, nunca deixei nada faltar, sempre fiz de tudo para que A. não sentisse falta de um pai.
Hoje ela tem seis meses e é um bebe lindo e esperto, todos a amam e se encantam com minha pequena. Só fui ter noticias de B. na semana passada, ele disse que me amava e que estava arrependido do que fez , que não pensou antes, ele quer conhecer a filha e estar comigo, porém eu não sei o que fazer, eu não sei o que pensar.
Tenho medo dele ir embora novamente e machucar A. alem de mim, tenho medo dele tentar a tirar de mim. Minha filha é minha vida, ela é meu mundo, eu não sei como minha vida seria sem ela, agora eu não sei o que fazer em relação ao B.
Bom, Baby, essa é a historia, esse é meu desabafo.


Nossa, MC, eu me sinto mesmo mesmo mesmo muito feliz por ter partilhado essa sua história comigo. Saiba que eu não sou formada em psicilogia ou psiquiatria, nem nada que se pareça, mas desde sempre meus amigos me pediram conselhos e sempre os conseguia ajudar.
Não que eu faça milagres, mas o segredo para o sucesso de um conselho é a força interior de cada um de nós.

Por sua filha você teve forças inumanas para superar toda a dor emocional a que foi sujeita.
Para uma menina de 15 anos é difícil perder metade dos amigos e sua melhor amiga de uma hora para outra por causa de um erro que nem foi seu. Sim, ele não foi seu. Não foi você que traiu. Quer dizer, você traiu, mas não sabia. E para mim uma traição só é "completa" se houver conhecimento da parte da pessoa que trai.

E outra coisa que eu aprendi nesses 20 anos de vida (poucos, né. Parece até que já tenho 90. kkkk). Os amigos de verdade nunca te abandonam. Podem dar um tempo para digerir a situação, mas mais tarde compreendem e te aceitam. Como tudo foi muito recente, não te digo que a C. não possa voltar a ser sua amiga, mas o mais certo é que não volte.

Pense sempre para a frente e nunca para trás. Não pense nos amigos que perdeu e sim nos que ficaram e nos novos que ganhou e que te aceitaram a ti e a A.

Quanto ao B., lhe dê um tempo.
Sabia que os rapazes têm um desenvolvimento mental muito mais retardado que o das garotas? *MOMENTO Sabia que...? ON* kkkk

O B. ainda pode vir a curtir muito a sua vida e pode vir a ter algumas namoradas, mas acredito que quando ele finalmente criar uma idade mental que o faça ter consciência da vida, que ele te procure e procure conhecer e fazer parte da vida da vossa filha.

Mais um conselho. Caso o B. volte, mesmo que muito mais tarde ou até mais cedo que você pensa, não o prive da possibilidade de conhecer a vossa filha, mas também se auto preserve. Com isto eu quero dizer: não criei esperanças de que ele voltará para você. Deixe as coisas andarem e caso seja vontade dos dois tentarem mais uma vez, tudo bem. Mas mesmo que tentem, continue se auto preservando. Nunca se sabe se ele pode "partir" de novo. Só dê uma oportunidade à felicidade.

E mais, ir contra os pais é algo bastante complicado. Principalmente porque ele ainda é de menor e é um rapaz. Não foi ele que "pariu" e quem teve de criar a filha. Porque se ele tivesse que lidar todos os dias com esse "problema" (como certamente os pais dele devem intitular) acho que teria mais forças para lutar.


Ainda é cedo para muita coisa. E muita coisa ainda pode acontecer. Só lhe peço uma coisa. Não desista do seu futuro.
Muitas mães adolescentes desistem de estudar para poderem criar seus filhos. Não o faça. Se quer dar um futuro melhor a A. e a você, continue estudando. Sei que é um sacrifício MORTAL e que talvez você tenha que encarar de novo as fuças de metade das pessoas que te apontaram o dedo meses atrás, mas pense sempre que você é superior. Aliás, finja que eles nem existam.

É meio complicado, mas se você for mais você e mantiver o seu ego erguido - bem como a sua cabeça - e ignorar as pataquadas do pessoal, eles irão cansar e deixarão de pensar em você. Mas se você demonstrar que fica afetada e pra baixo isso só lhes dará mais vontade de falar e de invetar outras coisas.

Adolescente vive apenas em função de uma coisa. Fofoca. Se você alimentar ela, ela continua. Se você ignorar, ela pára. Pode demorar, mas é o que irá acontecer.

Bom, espero ter ajudado minimamente e ter dito alguma coisa de jeito.
Desejo as maiores felicidades e força pra você e muita saúde e alegria para a A.

Kisses da Baby