Wild Heart







Parte XV – Anjo Meu [Letra e Tradução]


Meu único propósito era acabar com minha vida. Porque tudo o que eu tocava apodrecia, se tornava em pó. Era doloroso demais.
Por minha culpa meus pais tinham morrido. Por minha culpa Cassie sempre perdeu quem ela mais amou.
Eu não podia permitir que isso acontecesse de novo.
Mas ela também não queria permitir que eu tentasse de novo.

-PÁRE ! PÁRE AGORA! – Cassie gritou acelerando a picape para tentar me alcançar.

-ME DEIXA EM PAZ, CASSIE. EU NÃO MEREÇO VIVER. EU DESTRUI TUDO DE BOM QUE VOCÊ CONSTRUIU. – Respondi com o rosto inundado de lágrimas.

-POR FAVOR, IRMÃ. PÁRE ESSA ÉGUA! A CULPA NÃO FOI SUA, EU SEI DISSO… - Ela tentou falar, mas eu não permiti que ela me dissesse de novo que eu não tinha culpa.

Uma vez tentei a acusar de tudo, mas era inútil. Eu sabia no mais profundo do meu ser que a culpa tinha sido toda minha.

-ME DEIXA, CASSIE…

E então, de repente, já não estávamos mais correndo na floresta.
Diana relinchou e ergueu as patas no ar, me jogando no chão, mas ao invés de um chão duro eu fui recebida por um colchão macio.

Olhei para o lado e vi uma cortina feita de material hospitalar me separar de uma outra maca, onde, eu percebi, estavam operando outra pessoa. Como eu tinha vindo aqui parar?

-Carga! – Escutei um médico vozear e um som parecido com o de um choque soar em seguida, junto com o som de um corpo batendo contra a maca.

-Aumentem a voltagem para 250 volts. – O médico pediu. – Afastem-se. Carga! – Os sons anteriores se repetiram.

-Continua a zero. – Uma enfermeira comentou.

-300. – Pediu o médico sem querer desistir. – Carga! – E de novo os sons.

Depois de uns minutos de silêncio a enfermeira informou: - Hora de morte: 22h15. – Sua voz soava seca e pesarosa. Como se não quisesse admitir que, quem quer que fosse, tivesse morrido.

Então a cortina foi afastada e os meus olhos perderam o foco ao ficarem embaçados pelas lágrimas que culminaram. O meu coração, que estava fraco, deu um forte solavanco em meu peito e os soluços presos na garganta se tornaram audíveis.

-Não, não! Cassie não! NÃO! – Gritei me debatendo.

Mas ninguém me parecia escutar. Meus pulsos e meus tornozelos estavam presos com cordas nos ferros da cama. Eu não podia me mexer, mas eu continuava me debatendo, tentando acordar daquele pesadelo.
Fiquei chorando convulsivamente olhando o corpo inerte de minha irmã na cama ao lado da minha.
Eu não a podia perder também.

Mas então seus olhos se abriram e ela me olhou com um brilho doce e um sorriso carinhoso no rosto.

-Não deixe que a escuridão te arraste com ela. Você tem uma luz para te guiar. Siga ela, minha irmã. A culpa do que aconteceu não foi sua. Foi de Max. Não se culpe mais. Tire os espinhos que sangram seu coração. Deixe que ele cuide de você. E cuide dele também. – Sua voz ia ficando cada vez mais distante, bem como a sua imagem.

Mas eu ainda podia ver e sentir o calor do seu olhar e do seu sorriso.

-Não me deixe! Me leva contigo. Por favor. – Eu pedia choramingando.

-Não. Não vire as costas à felicidade. Ela está batendo à sua porta incessantemente. Deixe ela entrar. É tudo o que eu peço. Seja feliz por mim. – E então uma luz me cegou.

Seria aquele o paraíso? Seria aquela a minha felicidade? A minha morte?

.

-Ela está acordando. – Escutei uma voz desconhecida soar cada vez mais perto.

-, querida, acorde. – Escutei a voz de Sam me acolher e eu obedeci, abrindo meus olhos e me deparando com um lugar alvo demais para os meus olhos.

Eles arderam e eu ergui custosamente uma de minhas mãos na altura de meus olhos.

-Feche as cortinas? – Sam pediu para alguém, que prontamente o fez. – Então querida, como você está?

Eu não sabia o que responder. Na verdade não conseguia responder. Minha voz não se projetava por minha boca por mais que me esforçasse.

-Desculpe, você ainda não está recuperada. Não se esforce. – Sam acariciou meus cabelos.

Várias perguntas estavam latentes em meu olhar e como se estivesse lendo o meu pensamento, Samantha sorriu e respondeu.

-Jacob está preparando… - Sam travou a frase, sustendo uma careta triste.

-O enterro. – Por fim falei por mais que minha voz saísse num lamentável e frágil sussurro.

-Sim. – Ela confirmou. – Tessa foi pega pelas autoridades cruzando o Estado. Ela confessou tudo.

-Tessa? Confessou? O…o quê? – Gaguejei surpresa.

-Ela cortou os travões do carro do Jake. Descobriram um diário dela em que contava todos os seus crimes. Desde a morte dos seus pais até as suas tentativas de suicídio.

-As minhas…

-Ela provocou tudo. Ainda não se sabe bem como, mas uma equipa de peritos está investigando. Parece que os medicamentos que você tomava foram trocados por uns mais fortes que te causavam depressão e algumas alucinações.

-Ela quis nos matar? – Lamentei completamente atónita.

-A Cassie não. Parece que ela nutria uma paixão psicótica por sua irmã. Achava que ela era a sua filha morta e que tinha de acabar com todos os que a fizessem sofrer. Ela cortou os travões do carro para matar Jacob…mas vou parar de te preocupar com tudo isso. Descanse. – Falou fazendo expressões dolorosas

-Quando é o funeral? – Perguntei num fio de voz.

-Amanhã.

-Eu quero ir. – Determinei firme mesmo fraquejando por dentro

-Não sei se os médicos te darão alta, .

-Não me importo. Eu quero me despedir de minha irmã. – Decretei e Sam assentiu murmurando mais uma vez para eu descansar, enquanto acariciava meu rosto e meus cabelos.

Logo o sono me atingiu e pela primeira vez na vida eu tive um sono pacífico.

N/A: Ain, adorei escrever esse cap. Meninas. Eu tenho a nítida sensação que esse é o penúltimo capítulo. Acho que não há muito mais para escrever e que o consigo fazer no próximo capítulo.
Bem, mas só terei certezas quando escrever o próximo cap.
Não percam o desfecho dessa fic, tá?
Vos amo! Muito obrigada por todo o carinho e apoio e por toda a dedicação que têm dado a essa fic.
Kisses da Baby