Amanhecer-Novos Rumos







N/Baby: Oi meninas. Chegando com fic nova.
Ao lerem o primeiro capítulo podem achar alguma semelhanças com Choices, mas uma não tem nada a ver com a outra. Essa será muito mais leve, divertida e descontraída e terá um enredo completamente diferente.
Claro que não deixará de ter o seu drama. Drama é a minha categoria favorita de escrita, depois do mistério. Nem coloco Romance na lista de categorias favoritas porque acho que Romance é algo INDESPENSÁVEL em um estória. Então sabem bem que essa fic terá bastante romance. Casais novos serão apresentados.

P.S. – Todas as informações aqui contidas serão o mais fiel possível às da Saga, mas com diversas alterações.
Por exemplo: Bella não terá bebê nenhum, então não haverá confronto com os Volturi. De resto tudo será bastante fiel.
Informações adicionais como: sobrenomes e outros fatos ocultos na Saga, eu retirei do livro “Guia Oficial da Saga Twilight”, um excelente livro que eu super recomendo pois preenche imensas lacunas e responde a outras tantas dúvidas. Além de ter ilustrações lindíssimas!

Lembranças

“Lembranças são feitas de laços finos e frágeis
Ou de cordões de aço inquebráveis.
Aquelas que queremos guardar,
Se rasgam e se perdem por entre nossos dedos. Aquelas que queremos esquecer,
Permanecem imutáveis e inabaláveis
Cutucando nossos medos.”
(BabySuhBR)

Fugir nunca é a melhor solução. Se bem que eu não estava fugindo…Eu simplesmente havia sido expulsa.
Há mentiras que tentamos esconder o máximo de tempo possível, mas chega uma altura que ela é demasiado visível para poder permanecer oculta.
E por mais que tentemos encobrir com outras mentiras – umas menos eficazes que outras, ou talvez sempre menos eficazes – não há meio de as encobrir para sempre quando todos a conseguem ver claramente.
Só um bom mentiroso consegue manter uma farsa. E mesmo que eu fosse esse mentiroso, as pessoas ao meu redor não são burras. Podem ser cegas – muitas delas por opção – mas nunca burras.
E é até insultuoso tentarmos fazê-las passar por isso mesmo.
Eu bem que tentei…mas uma hora ou outra todos iriam descobrir.

Acariciei minha barriga proeminente de seis meses. Para uma gestante com esse tempo eu parecia que ia ter um urso!
Lógico que ninguém ia comprar a mentira de que eu estava simplesmente gorda por muito tempo, né?
Até porque só apenas minha barriga crescera. Minhas pernas e meus braços permaneciam magros. Só a minha cara bolachuda disfarçava. E mesmo usando roupas largas, 5 tamanhos acima do meu, a barriga ainda se salientava.
Droga! Porque é que eu pertenço àquele grupo que pensa “Ahvá, nunca que vai acontecer comigo!” e PUM!, sou a primeira da lista negra.
Quis fazer os outros de burros mas nem olhei por mim abaixo.

Olhei para fora do ônibus e tentei entender onde estava, mas eu só via verde, verde, verde e…ah, mais verde…esqueci de mencionar o cinzento. Mas não era da cidade, era do seu mesmo. Cadê o sol desse fim de mundo? Será que para além de civilização essa terra também não tem sol?
Era só o que me faltava.

Escutei um dos turistas falar que estávamos chegando e que percorríamos a South Forks Avenue. Nem notara quando passamos pela plaquinha de boas vindas da cidade, mas já podia avistar um pouco de – se é que se podia chamar assim - civilização.
Em poucos minutos passamos pela Forks High School, bem à saída da Estrada Nacional, e sinceramente nada daquele edifício me fazia lembrar um Liceu. Mais perto eu estaria de achar aquilo um Sanatório do que outra coisa qualquer.
Por fim o ônibus parou no cruzamento da 101 e todos nós descemos.
Cada um tomou o seu rumo e eu apenas queria arranjar uma maneira de chegar à casa das minhas primas.

-Ei, desculpe, você sabe como chegar em La Push? – Perguntei ao motorista e ele me negou com a cabeça. – E sabe me dizer onde eu encontro um orelhão? – Resolvi arriscar mas de novo recebi uma negativa.

Deus do céu! Será que nem tecnologia básica eles têm por aqui? Nem um mísero telefone?
Resolvi me aventurar pela extensa Avenida de Forks e depois de uns vinte minutos a pé achei a Esquadra da Polícia.
Ao menos isso eles têm aqui, né?

Não hesitei em entrar na Esquadra e me encaminhei até ao balcão. A esquadra estava praticamente às moscas. Não havia alma viva por ali.
Das duas uma. Ou estava ocorrendo algo grandioso que necessitasse de toda a equipe ou eles estavam se borrifando para a população.

-Deseja alguma coisa, menina? – Uma voz grave e arrastada me surpreendeu.

E mais surpresa fiquei ao me voltar e me deparar com o ser mais baixo e mais gordo que eu alguma vez imaginei ver. E olhe que era uma mulher, apesar da voz grave…

-Bo-boa tarde. Eu gostaria de fazer um telefonema. – Pedi relutante.

-Está em apuros? – A mulher perguntou mancando até atrás do balcão, de onde eu a perdi de vista por completo.

Tentei espreitar por cima do móvel, mas me assustei quando ela pulou de repente para cima de um banco.

-Apenas desamparada. Não achei um orelhão para contatar uma parente minha e agora não tenho quem me venha buscar… - Expliquei.

-Mas Forks é pequena. – Ela argumentou matreira.

-Minha prima é de La Push.

-Ah, La Push. – Falou com descaso e de seguida puxou uma extensão até mim.

-Obrigada. – Sorri fraco rodando os números no telefone antigo; do tempo da minha bisavó, eu diria.

Me agradeci mentalmente por ter decorado o número para o qual minha mãe muitas vezes ligava quando queria falar com minha prima Emily. Depois que meu tio morreu, mamãe criou mais zelo por minha prima e a preocupava que ela estivesse longe.
De nós duas, Emily sempre foi a favorita, mas eu nem me queixava disso. Preferia mil vezes meu pai, também. Mas ele nos deixara bastante cedo e viajara para a Europa.
Ele teria sido o meu primeiro recurso de “abrigo” se ele estivesse nos Estados Unidos.
Tive que optar por Emily mesmo. Além de ser minha prima mais próxima, era também a que morava mais perto de Makah.

-Alô? – Uma voz fraca se pronunciou do outro lado da linha.

-Oi. Será que eu poderia falar com Emily Young? – Pedi nervosa.

-Uley. Você quis dizer Uley. – Ele me corrigiu. – Só um momento.

Céus, será que minha prima casou e eu nem fiquei sabendo?

-Alô? Quem fala? – Escutei sua voz familiar questionar.

-Emy? Oi, sou eu, .

- ? Prima! Quanto tempo! Nossa, estou surpresa com a sua ligação. – Falou toda empolgada.

-Pois é. Emy…será que você poderia me vir buscar? Eu estou em Forks. – Falei tudo de uma vez.

Isso porque minha barriga pesava toneladas e minhas pernas já se ressentiam. Para não falar de minha bexiga apertada. Nem sei como aguentei uma viagem de duas horas inteiras, com apenas uma paragem para aliviar.

-Em Forks?

-É. Mas vem rápido. Estou muito cansada…Estou na Esquadra da Polícia mas…

-O QUÊ? – Ela gritou antes que eu pudesse explicar.

-Prima, não é nada disso que você está pensando. Só vem logo, tá? Tchau. – Desliguei na cara dela porque já me contorcia de aflição. – Onde é o banheiro? – Questionei para a mulher.

Ela ergueu um sobrolho, me olhando de alto a baixo e depois torceu a boca, apontando com a cabeça para a direção dos banheiros.
Me apressei até lá e morri de alívio, chegando a revirar os olhos quase de prazer, por estar fazendo minhas necessidades.
Assim que terminei saí da Esquadra, sob o olhar atento da mulher estranha, e me acomodei em um banquinho que havia ali perto.
Retirei a mochila de minhas costas e me estiquei para aliviar os músculos.

.

Eu estava praticamente toda encolhida de sono quando uma pick up preta dos anos 70, mas em ótimo estado, se aproximou de onde eu estava.
Reconheci ao longe minha prima dentro dele no banco do passageiro e um homem conduzindo. Logo ele estacionou ao pé de mim e Emily saiu da carrinha apressada.
Minha boca se escancarou ao olhar seu rosto, mas ela nem me deu tempo de lhe perguntar nada. Foi logo me colhendo em um abraço aconchegante.
Esqueci até de quem eu era ali no conforto e carinho de seus braços.

- . O que você está fazendo aqui? – Ela questionou surpresa.

-É uma longa história, mas para resumir… - Me ergui mostrando minha barriga. – Vim pedir abrigo. Será que você pode me acolher?

Emily encarou minha proeminência exagerada, chocada e eu apenas mordi meus lábios, aguardando uma resposta.
Ela olhou para o homem alto e forte – chegava até a dar medo só de olhar para a sua carranca – e ele assentiu.

-Vamos para casa, querida. Você precisa descansar. – Ela me sorriu terna, me encaminhando até a carrinha.

O homem carregou minha mala e me ajudou a subir para o banco. Fiquei no meio dos dois e foi meio estranho.

-Você se casou? – Me recordei do que o outro senhor dissera.

-Ainda não. Mas estou noiva. – Mostrou uma pulseira cheia de entrelaçados coloridos, muito bonita. – Esqueci de vos apresentar. – Bateu a mão na cabeça. – , esse é meu noivo, Samuel Uley, Sam, essa é   Young, minha prima.

Eu apenas lhe sorri ao que ele me respondeu de igual modo.
O resto da viagem fomos em silêncio. Ou talvez eu não tivesse escutado mesmo pelo simples fato de que adormeci.
Apenas senti quando me pegaram no colo e me carregaram por alguns metros ao ar livre e outros poucos em um sítio fechado – que eu deduzi, mesmo que ensonada, que seria a casa de Emy - até uma cama fofa, eu supus.
A exaustão era tanta que eu nem consegui abrir os olhos ao escutar uns burburinhos vindos de algum canto da casa, por onde eu passei inicialmente.
Estava mais concentrada em descansar.

Lembranças são feitas de laços finos e frágeis ou de cordões de aço inquebráveis. Aquelas que queremos guardar, se rasgam e se perdem por entre nossos dedos. Aquelas que queremos esquecer, permanecem imutáveis e inabaláveis cutucando nossos medos.
Queria puxar pela memória por lembranças boas mas meu subconsciente insistia em lembranças que eu preferia não mais recordar, tornando meus sonhos em pesadelos.
Aquele beco nunca pareceu tão escuro, tão frio e tão sujo como pareceu naquela noite. O som abafado de música rock ressoava dentro do bar do qual acabáramos de sair.

-E o que você quer que eu faça? – Ele gritou puxando seus longos fios loiros.

-Que tal me ajudar! É um começo. – Gritei de volta em tom irônico.

-Eu sei bem o que você quer, . – Ele apontou o dedo para mim e estreitou os olhos, me dardejando com sua fúria.

-Ah sabe? Então me diga. – Cruzei os braços.

-Você quer arruinar minha carreira. Você quer que eu fracasse. Mas se você acha que eu vou ceder fácil aos seus joguinhos, pode ir enganar outro troxa! – Barafustou me virando costas no final do seu discurso.

-Gabe! Volta aqui! O que eu vou fazer? – Gritei começando a me desesperar.

Ele continuou caminhando apressado e apenas gritou um: “Se vira!” antes de cruzar a esquina do beco.
A onda eletrizante de solidão me atacou com pujança me fazendo perder as forças e ir ao chão.
A ardência em meus olhos e o bolo nodoso em minha garganta fizeram lágrimas rolarem por meu rosto enquanto a voz sumida de mim lutava para sair em um grito de desespero.
E então eu gritei. Mesmo que ninguém me pudesse escutar.


- ! ! Ei, shuuu. Está tudo bem. – Emy me embalou em seus braços me acordando de meu pesadelo.

Senti alívio por perceber que meu sonho há muito deixara de ser o meu presente, mas as lágrimas continuaram correndo por perceber que esse passado ainda estava bem enraizado na minha realidade.

Depois de alguns minutos em que apenas se escutava o som dos meus soluços, eu por fim me acalmei. Percebi por entre as frestas da janela que estava amanhecendo. Olhei para Emily e ela já estava vestida.

-Que horas são? – Questionei me erguendo da cama com a sua ajuda.

-7h30.

-Sério? – Me espantei e ela assentiu com um sorriso.

Um sorriso que nunca seria completo pela monstruosidade que deformava sua cara.
Apesar de eu a estar encarando feito uma idiota isso não a pareceu incomodar, mas mesmo assim ela franziu o cenho e me questionou.

-Você não soube? – Apontou para a cicatriz.

-Sei menos ainda do que se passava em minha própria casa. – Revirei os olhos.

-Ataque de urso. – Explicou e eu me alertei protegendo a barriga com ambas as mãos. – Não precisa se preocupar, a guarda-florestal conseguiu atrair os ursos para longe daqui. – Declarou. – Vamos comer? Você deve estar com fome. Vocês. – Se corrigiu me lançando um olhar de: “Você tem muito para me contar, mocinha.”, mas da forma mais doce e compreensiva possível.

Não me senti minimamente intimada nem intimidada. Apenas ciente de que eu não podia tentar impingir a mesma história que impingi durante seis meses a todos os habitantes de Makah.
Caminhamos para fora do quarto e eu segui minha prima até a sala, olhando atentamente cada pormenor da pequena mas singela casa. Me fez lembrar da casa da nossa avó o que me trouxe muita saudade.
Assim que chegamos no cómodo eu quase passei mal.
Por dois motivos.
Primeiro. Eu estava sendo palco de atenção para um monte de gente.
Segundo. Esse monte de gente eram garotos praticamente nus e gostosos pra caramba.

- , esses são os meninos. – Emy falou como se eles fosse filhos dela e se eles não tivessem aquele tamanho TODO bem que eu diria que eram filhos dela sim. – Vamos começar da esquerda para a direita. Tem o Embry Call, o Quil Ateara, o Jared Cameron, o Paul Lahote, o Brady Fuller, o Collin Littlesea, o Seth e a Leah Clearwater. Você lembra de eu falar desses meus primos, né? – Emily os apresentou e eu tentei do fundo do meu ser decorar os nomes de todos e associar aos seus rostos.

Eles eram todos tão parecidos que chegava a ser difícil não serem todos gêmeos.

-Todos são seus primos? – Questionei e vários deles soltaram gargalhadas estrondosas, que me fizeram estremecer.

-Não. Só os dois últimos. A Leah e o Seth. – Ela explicou com o sorriso carinhoso.

-A sim, a Leah! Você falava tanto dela quando morava em Makah que me sinto quase que sua best. – Sorri abertamente olhando Leah.

Mas esta não pareceu retribuir. Pelo contrário. Parecia bem pê da vida pela simples menção que fiz. Eu, hein. Que estranho.

-Meninos, essa é   Young. Minha prima e de Claire. Ela vai passar aqui…uns tempos. – Emily explicou me olhando cuidadosa e eu apenas acenei para eles, meio tímida.

- ! Bonito nome. – Um garoto se pronunciou que eu acho que era o Embry. Acho que foi esse o primeiro nome que Emy disse.

-A Claire fala muito de você. – Um outro que eu acho que era o Jared…ou talvez fosse o Quil…comentou.

-Fala? Ela não tem só dois anos? – Questionei meio confusa.

-É… - Ele passou a mão pelos cabelos. – Mais ao menos. Ela já falou seu nome. – Sorriu tímido.

-Estranho. A piralha nunca que foi com a minha cara. – Falei lembrando das vezes que ela fazia birra no meu colo, e esse tal garoto franziu o cenho chateado com algo que eu disse.

-Você está grávida? – Um dos garotos mais novos, acho que o Brady ou o Collin, perguntou e antes que eu respondesse um garoto que estava do lado dele, penso que o Paul – decorei o nome pela sua expressão super maliciosa no rosto – lhe deu uma pelada forte na nuca.

-Não, sua anta. Ela engoliu uma pipa. – Falou nos fazendo gargalhar a todos.

Eu passei a mão pela barriga e corei fortemente.
Que vergonha. Vou ficar encalhada no meio de tanto gato dando sopa. Só por causa dessa gravidez.

-Quantos meses? – Leah questionou, baixando a guarda.

-Seis. – Minha voz não passava de um sussurro. – Eu tenho de ir. – Falei virando as costas e voltando para o quarto.

Ok, fugi de um pesadelo para me meter em outro pior. O que eu faço?
Depois que me tranquei no quarto, peguei em uma muda de roupa e em passos de lã fui até o banheiro.
Tomei um banho demorado e gelado. Apesar do frio que estava precisava refrescar as ideias. Além de que água gelada é um bom tonificante para os músculos, os deixando mais firmes. Uma gravidez pode deixar nosso corpo bem em baixo, por isso tinha de me prevenir.
Mas sabe qual era o problema agora, depois do banho? É que eu estava morrendo de fome e meu bebê já estava gerando a 3ª Guerra Mundial na minha barriga, me pontapeando em todos os locais; até nas costelas.
Soltei um silvo de dor e acariciei minha barriga.

-Calma, fedelho, isso aqui não é a casa da mãe Joana, não. – Barafustei.

Ok, eu tinha um temperamento um pouco forte e apesar de já ter criado um laço bastante forte com meu filho, eu ainda não estava habituada à idéia de que ia ser mãe. Por isso o tratava como tratava a meu irmão. Bem que quando ele crescer ninguém vai dizer que eu sou mãe dele e sim que sou irmã. Então vamos treinando desde cedo essa relação.

-Posso entrar? – Uma voz feminina interrogou depois de uma leve batida na porta, que eu nem notei.

Ao me virar me deparei com o meio corpo de Leah pendendo para dentro do quarto onde eu estava “hospedada”. Assenti em silêncio, mantendo uma expressão perdida no rosto ao olhá-la tão…dada?
Vejam bem. Quando eu a cumprimentei pareceu que ela ia jogar uma bomba em mim, depois que falaram que eu estava grávida, se derreteu que nem gelado ao sol. Eu, hein. Gente estranha.
Leah entrou no quarto e fechou a porta atrás de si, mas mantendo-se encostada a ela, a uma longa distância de mim, e pigarreou antes de começar a falar.

-Desculpe a forma rude com que eu a recebi…acordei do lado errado da cama, de rabo virado para a lua e pisei o chão com o pé esquerdo. – Enumerou uma data de “incidentes”.

-Nossa…péssimo dia esse seu, hã? – Ironizei de forma…simpática. E ela riu. Menos mal.

-Verdade. Bom…Em…Emily me falava muito de você também. – Começou. Mas porque ela disse o verbo “falar” no passado? Até parece que nem convive com a Emy!

-Eu estava doida para te conhecer… - Sorri largamente. – Digo, ela falava tão bem, você parecia tão legal…eu queria muito ser sua amiga. – Afirmei com cara de boba.

-E podemos ser. Acho que estou precisando. – Ela quase sussurrou, baixando o olhar.

-De uma amiga? Mas você não tem a Emy? – Questionei confusa.

-Você não soube? – Ela questionou meio irritada.

-Do quê? – Perguntei de volta. – Sabe…eu não me dava bem com minha família. Ovelha negra, sabe. Então as notícias passavam por mim sem nem eu botar a vista em cima. – Expliquei e ela manteve uma expressão fria. – Veja bem que eu nem soube que Emily estava noiva desse tal de…como é mesmo o nome dele? Ah, Samuel Uley. Não fui com a cara dele. – Murmurei baixinho.

Ela soltou uma risada fraca e seca e um brilho triste passou por seus olhos.

-Ele era meu noivo. Mas me trocou por ela. – Leah sibilou.

-Ah, filha de uma pu…lga! – Me exaltei e me corrigi de imediato pela minha estrapolação, vendo Leah me olhar de olhos arregalados e soltar uma gargalhada estridente de seguida.

Tive que rir junto, mas de vergonha. Eu e a minha boca grande.

-Vou adorar ser sua amiga. – Leah falou depois de conseguir se controlar. – Vamos comer. O café da manhã está pronto.

Assenti de imediato e ela enlaçou seu braço entre o meu e me guiou de novo até a sala, mas a meio do caminho ela olhou na minha cara e riu alto de novo, como que se lembrando da minha gafe.

-Meu pai…me diz que ela fumou unzinho nas nossas costas. – Um dos caras…acho que o Embry, comentou.

-Caraca…isso é inédito. A miss mau-humor está rindo. – Paul explanou.

-Ide vocês todos…catar pulgas. – Leah falou se desmanchando de rir de novo me fazendo rir junto dessa vez pela nossa piada particular.

-Maninha, você está se sentindo bem? – Seth questionou realmente preocupado com a saúde mental de minha mais nova melhor amiga.

-Sai pra lá, seu chato. Deixa eu curtir meu bom humor. – Leah o empurrou e eu tive pena dele.

Sei lá, algo nele me fazia lembrar…meu filho-ainda-não-nascido? Ok, bati forte com a cabeça durante o sono e não percebi.

-Vamos comer, meninos! – Escutei Emily falar da sala de jantar e num segundo um tufão passou pela sala da Emy e se concentrou na cozinha.

-Tire a mão. Deixe alguns para . Pare de ser guloso. Juro que não cozinho mais para vocês se não se controlarem. – Emy falava para cada um deles como se fossem crianças.

Eu diria mais que eles eram animais. Porque, meu Deus do céu, que violência para comer.

-Alguém aí vai ceder uma cadeira? – Leah questionou.

-Pra quem? Pra você? – Um que eu não sabia se era o Quil ou o Jared, mas que era diferente do que falou da Claire, interrogou.

-Não, é para a . – Ela explicou e em um piscar de olhos cinco cadeiras ficaram disponíveis.

-Nossa, que consideração… - Falei de olhos arregalados. – Não sou assim tão grande. Minha bunda cabe numa só. – Comentei e todos os garotos gargalharam alto.

-Essa é das minhas. – Paul comentou, me fazendo sentar em sua cadeira.

Lhe sorri agradecida e vi Leah empurrar um dos meninos mais novos e se sentar do meu lado na cadeira dele.
Logo uma balbúrdia se instalou. Uns empurrando outros. Ora para sentar ora para pegar primeiro um muffin, um cookie ou copo de suco.

-Meninos! Se comportem! – Emy reclamou, dando uma pelada num deles, que queria roubar algo do prato que ela segurava na mão. – Isso é para a . – Ela reclamou estreitando os olhos para o menino.

Apesar da confusão armada eu estava amando todo esse clima de boa disposição e de amizade. Me sentia realmente bem por não estar sendo olhada de lado nem nada do género.

-Oi meninos. – Uma voz mais grave, que logo reconheci como sendo a de Samuel, soou atrás de mim.

-Chegou o pulguinha. – Sussurrei para Leah, me inclinando em sua direção, para que mais ninguém escutasse.

Mas de repente um silêncio descomunal se fez e quando ergui o rosto, todo mundo estava olhando para mim.

-Que foi que eu fiz? – Perguntei confusa.

Era impossível eles terem escutado o que eu disse visto que com a algazarra deles e comigo sussurrando bem perto de Leah eles não poderiam ter escutado. Ou poderiam?

-Bom dia pessoal. Sobrou alguma coisa para mim? – Sam desviou a atenção de mim e se aproximou de Emy, a segurando pela cintura e beijando seu rosto.

Eu quase fiz uma cara de vômito, mas me segurei, visto que parecia que ainda estava sendo observada.
Emy pousou o prato, em que tinha separado alguns muffins e cookies, na minha frente e eu comecei a comer esfomeada. Meu neném agradecia, parando de me chutar de 5 em 5 minutos.

-E aí? Menino ou menina? – Seth questionou.

-Nem sei. – Dei de ombros e eles me olharam surpresos.

-Deixem a   em paz, pessoal. – Leah veio em minha defesa e eu lhe sorri agradecida.

.

Depois do café da manhã muitos dos rapazes foram embora com Sam.
Escutei alguns deles falando sobre um tal de Jacob, mas nem liguei.
Apenas ficaram Leah, Embry e Seth. Os rapazes se jogaram no sofá, lutando pelo controle remoto, como se a casa fosse deles e eu fiquei ajudando Emy a arrumar a desordem que ficara a cozinha. Leah ficou na varanda, olhando para a floresta, como se estivesse esperando por alguém. Estranhei isso mas nem liguei.

-Podemos conversar? – Emily perguntou, assim que tudo ficou arrumado.

-Uhum. – Assenti, olhando para a sala e vendo Seth e Embry finalmente se entretendo com algum canal, comendo nachos e bebendo refrigerantes de latinha.

Eles pareciam que tinha um buraco bem grande no estômago. Não paravam de comer um segundo. Me admira como têm esse tanquinho tão sarado. Deus do céu. Vão ser gostosos assim lá em casa.

-Vamos para o meu quarto. – Ela falou e eu assenti a seguindo.

Assim que lá chegamos, nos acomodamos na modesta cama de casal que o pequeno quarto albergava.

-Quer desabafar? – Foi a maneira mais sutil que minha prima arranjou para me fazer desembuchar e eu apenas dei de ombros e suspirei antes de começar.

-Havai uma rapaz…ele era novo em Makah. Gabriel. Esse era o seu nome. Ele era popular sem fazer nenhum esforço. E tinha uma banda. Bem…a banda não tinha membros, visto que ele se mudara recentemente…naquela época, faz um ano e meio. Então ele fez uma chamada e espalhou panfletos por toda a cidade. Logo ele conseguiu seus integrantes. Entre eles estava Tom.

Tom era meu meio-irmão, filho ilegítimo de meu pai. Por causa dele que meus pais se divorciaram. Mas eu não o culpo. Meu pai bem que precisava se livrar da bruxa da minha mãe.

- Você sabe que eu e Tom sempre nos demos bem. - Apesar de ele odiar toda a nossa família, eu fui a exceção. – Todas as garotas eram fascinadas por Gabe, menos eu. Quer dizer. Eu o achava lindo e tudo mais, mas não estava no grupo das loucas, histéricas e oferecidas que sempre o cercavam como abelhas em torno do mel. – Revirei os olhos, olhando para minha barriga.

Quem diria que eu não fazia parte desse grupo. Vejam bem meu estado. Eu não tinha engolido uma pipa, como Paul falou zombeteiro, eu estava REALMENTE grávida.

-Tom me pedia muitas vezes para eu ir assistir seus ensaios. Eu era apenas uma em meio a todo aquele fuzué feminino, mas ele me notou. Não sei mais se hei-de achar maldita a hora em que ele me notou ou se hei-de agradecer por isso. Porque apesar de tudo – Olhei de novo para a minha barriga. – Eu passei bons momentos com ele. Afinal, ele é o pai do meu filho. – Havia muita história pelo meio sobre o Gabe que faltava contar, mas me detive a isso.

Quem me escutasse agora pensaria que eu apenas vivi um mar de rosas com ele, mas não foi bem assim.

-Tentei esconder por meses essa gravidez. Gabe sumiu de Makah quando eu contei e isso deixou minha família alerta. Apenas Tom sabia do meu estado e era ele que cuidava de mim sempre. Mas minha barriga começou crescendo muito. Essa criança é grande demais! Não deu mais para mentir, Emy. E minha mãe…foi um pesadelo. Ela me expulsou de casa. Eu ainda nem tive coragem de ligar para meu pai. Tom quis me receber em sua casa, mas eu não iria suportar os olhares acusatórios do povo daquela Reserva! Eles conseguem ser muito cruéis quando querem, Emy. Você bem sabe disso. Você passou algo semelhante com Christian. – Ela assentiu. – Então eu me lembrei de você. Não tinha a quem mais recorrer, Emy. Me desculpe por trazer esses problemas para você. Se Sam ou você não me quiserem aqui, tudo bem. Só me dê tempo de ligar para meu pai e pedir que ele me venha buscar.

- , calma. Ninguém vai te desampara. Tá? E você é muito bem-vinda aqui. Pode ficar o tempo que quiser. Tanto eu quanto Sam te queremos aqui. Não fique nervosa. – Ela acariciou meu rosto e eu sorri agradecida.

-Você é a melhor prima do mundo! – A abracei.

-Mas tem uma condição. – Ela falou séria.

-O quê? – Franzi o cenho preocupada.

-Eu quero que você se consulte com o melhor médico da cidade. Sei como você é acomodada e pela conversa de há pouco, de não saber o sexo do bebê, tenho certeza que você não consultou um médico uma única vez. – Emily estava certa e não era preciso eu afirmar sua certeza. Ela me conhecia bem.

Aqui em La Push eu tentaria começar uma nova etapa e deixar todas as lembranças do meu passado para trás.
Restaria saber se eu conseguiria.

N/Baby: E aí? Fim de primeiro capítulo. E ele foi bem grande, para aquilo que costumo escrever. Mas foi para não enrolar muito e para logo logo a PP ter o seu encontro com o Jake.
Como guia do que responder nos reviews eu deixo uma lista de perguntas para responderem.
O que acharam da PP? E da narração dela? Gostaram do poema do início da fic? E o que acharam da história dela? O que acham que vai acontecer a partir daqui? Gostaram da “comédia” leve que o capítulo teve?
Se quiserem acrescentar mais alguma coisa, estejam há vontade.
E é isso.
Nos vemos no próximo capítulo.
Kisses da Baby