Amanhecer-Novos Rumos








Prólogo

-Thor! Thor! - gritou vendo o seu cachorro ir ao fundo do mar.

Os dois tinham ido passear na praia, como de costume, e de regresso eles sempre davam um mergulho no mar. Mas, alguma coisa naquele dia havia ocorrido mal e Thor, um Golden Retriever nadador exímio, simplesmente paralisara dentro de água e estava indo abaixo feito um prego.

O desespero de era enorme porque as ondas começavam a ficar cada vez mais fortes e a correnteza estava a afastando do local onde ela queria chegar. Além de que o esforço contínuo, junto com a água gelada, estavam congelando seus músculos e a impedindo de um esforço maior para nadar mais rápido e com maior veemência. Ela mesma já estava quase afundando, chorando conforme podia, lamentando por não ter conseguido salvar seu cachorro.

Thor já não mais se avistava no mar, mas nem assim desistiu. Tomou um fôlego mais profundo e mergulhou, nadando debaixo de água em diagonal, procurando por sinais do seu cachorro. O ar começava lhe faltando, mas ela não ousava desistir.
A mente começava lhe pesando, bem como o corpo. Os pulmões apertavam dolorosamente em busca de ar. Seus músculos vibravam em espasmos, se retesando um por um. Agora mesmo que quisesse emergir, seu corpo não o permitia.
Então avistou o seu cachorro a poucos metros de si. Tentou nadar, mas o cérebro não mais obedecia aos seus comandos e suas pálpebras começaram a pesar tanto que foi inevitável fechá-las.

De repente uma grande baforada de ar adentrou seus pulmões, os fazendo doer mil vezes mais do que quando estava sem ar. Tossiu incessantemente forçando seus olhos a abrirem e perceberem estar flutuando na superfície.
Olhou para trás e percebeu um homem lindo demais para ser verdade. Um rosto de anjo numa aura de demônio que a deixava incerta se sentia-se agradecida ou com medo.

-Você está bem? Vi você desaparecendo no mar e demorar a voltar.

-MEU CACHORRO! - Gritou tentando se desenvencilhar dele.

-O quê? - Perguntou confuso.

-Meu cachorro. Ele estava no mar comigo. - Explicou ainda ofegante.

-Consegue se aguentar flutuando? - Ele perguntou e assentiu.

Damon a soltou e mergulhou no mar. juntou todas as suas força para se manter à tona, recuperando lentamente o ar que havia suprido a si mesma durante o tempo em que esteve emersa. Internamente ela torcia para aquele homem achar seu cachorro. Lhe doeria caso não conseguissem salvar Thor, mas ficaria mais aliviada de saber que poderia enterrá-lo perto de si.

Os minutos se passaram e nada do belo homem de olhos azuis intensos aparecer. Estava demorando tempo demais para um mergulhador normal e isso a preocupava.
Estava pronta para mergulhar de novo, quando do nada ele imergiu, trazendo em seus braços um cachorro desacordado.

-THOR! - gritou nadando até ambos e analisando o cachorro. -Rápido, para terra. - Pediu, depois de perceber que o coração do cachorro ainda batia, e o homem assentiu.

Os dois nadaram exaustivamente até conseguirem alcançar terra firme.
Damon pousou o cachorro na área e de imediato se precipitou sobre ele e o examinou. Elevou o focinho para cima, a fim de desobstruir as vias e fez uma pequena massagem cardíaca, soprando para dentro da boca de Thor. Repetiu o procedimento até à exaustão. Lágrimas já caiam por seu rosto e o desespero tomava conta de seu peito.

Damon observava a cena surpreso. Ver a que ponto aquela humana era capaz de chegar e se sacrificar para salvar um simples animal, era admirável.
Raro era ver humanos darem tamanho valor uns aos outros, quiçá a um espécime de raça inferior e não-inteligente, como muitos intitulavam.
Observou o rosto sofrido da humana e se sentiu impotente, inútil. Odiava sentir esses sentimentos, sendo que ele era de uma espécie superior, mais inteligente, mais forte, mais audaz.

A humana se ergueu chorosa e voltou costas a ele e ao cachorro, lavando sua dor com demasiado sofrimento.
Damon aproveitou esse momento para fazer algo que não garantia sucesso, mas que não custava nada tentar. Levou sua mão à boca e, com os dentes, rasgou a pele fazendo um filete de sangue pingar para dentro da boca do animal. Assim que as gotas de sangue do vampiro entraram no sistema do cachorro e fizeram efeito no sangue, este se ergueu de rompante, silencioso, e caminhou até o pé da sua dona.

mal pôde acreditar que aquilo era verdade, que seu cachorro simplesmente tinha acordado da sua quase morte, que estava ali, cheio de vida, abanando a cauda e respingando água por todo o lado, mostrando a língua sedenta, respirando com saúde.
Se agachou ao pé do seu Thor, o enchendo de carinho, ao mesmo tempo que o analisava com atenção, mais do que o habitual, o que mimou o cachorro até demais, pois este logo rebolou pela a areia, deitando de barriga para cima e ladrando por carícias na barriga.

Mas, mesmo estando feliz daquele jeito, concentrada em perceber se aquilo não era só uma miragem, um delírio, uma peça cruel da sua mente, ela não conseguiu esquecer daquele homem que salvara a sua vida e a do seu cachorro. Seu olhar se cruzou com o dele em uma espécie de agradecimento, mas algo mais veio à tona.
A forma como ele a olhava de volta era mais do que um “de nada”. Era analítica, sedutora, hipnotizante.
De alguma forma ela sabia, dentro de si, que aquela não seria a última vez que o veria. Era como um livro que acabou de começar. Ainda havia uma história pela frente.

Forgotten
-Qual o programa de hoje à noite, casalzinho? - Damon pergunta se atirando por cima do sofá e caindo bem entre Elena e Stefan

-Talvez um jantar romântico. A sós. Sem você. - Stefan respondeu sendo direto na sua intenção.

-Tudo bem. Eu não ia querer ficar de vela mesmo. - Ele deu seu sorriso zombeteiro de quem não se importa e se ergueu para ir embora. - Se divirtam. -Se despediu saindo porta fora para mais uma noite de farra.

-Finalmente podemos ter um momento de sossego. - Elena suspirou cruzando os braços e revirando os olhos.

-Vá lá, Damon não é assim tão mau. - Stefan tentou convencê-la, se aproximando dela e envolvendo um braço em torno dos seus ombros, mas nem ele mesmo estava convencido disso.

Elena lhe lança um olhar de quem não compra seu discurso fraternalista e descruza os braços se levantando do sofá.

-Bom, o que vamos comer nesse jantar romântico? - Ela pergunta se preparando para por mãos à obra na cozinha.

-Deixa que eu faço o jantar. Quero te mostrar meus dotes culinários. Não são tão bons quanto soam, mas tive 150 anos para aperfeiçoar. - Stefan brinca, agarrando a cintura da namorada e tascando um beijo terno e apaixonado nos lábios dela.

-E o que eu vou ficar fazendo? - Ela pergunta de mãos na cintura.

-Leia uma revista, ligue a televisão, vá na adega escolher vinhos...

-Deixo mais esse trabalho para você, sou péssima em escolher vinhos. - Ela se desanima.

-Tudo bem, descartamos a última opção, mas ainda tem duas escolhas. - Stefan brinca, dando um sorrisinho e se retirando para a cozinha, para preparar a refeição secreta para o jantar romântico improvisado.

Elena revira os olhos e olha em volta, mantendo as mãos na cintura e bufando para o alto. Sempre esteve acostumada a fazer tudo para ela, o irmão e a tia, mas nunca teve um namorado que a mimasse tanto. Ela não sabia mais se era exagerado ou se era atencioso.
Por fim se decidiu a sentar no sofá, ligar a TV e pegar em uma revista para folhear. Ao menos com o som da TV ela não se sentiria tão sozinha. Pensou em Damon, nas suas brincadeiras estúpidas e revirou os olhos ao seu próprio pensamento.

O som da campainha interrompeu o seu esquema de se manter ocupada enquanto Stefan cozinhava para ambos. Ela olhou em direção à cozinha, mas nenhum sinal de Stefan. Resolveu então ir ela mesma atender a pessoa que esperava do lado de fora por uma resposta.
Se encaminhou até o hall e abriu a porta, se deparando com uma mulher vistosa e bonita, com um olhar hipnotizante e profundamente triste. Assim que a mulher olhou para Elena, um vislumbre de surpresa com alívio, perpassou o seu olhar.

-Boa noite. - Ela cumprimentou.

-Boa noite. Deseja alguma coisa? - Ela perguntou desconfiada de que a mulher na sua frente pudesse ser alguma vampira a mando de Katherine para a infernizar, como vinha sendo frequente nos últimos dias.

-Eu gostaria de falar com o... Sr. Salvatore. - A mulher engoliu em seco ao falar aquele sobrenome.

-Quem deseja falar?

- Sa... Wilson. - Se corrigiu antes mesmo de Elena perceber qual o primeiro sobrenome que ela iria mencionar.

-Entre. - Elena convidou receosa, mas ao mesmo tempo calma.

Ambas se recolheram na sala, olhando uma para a outra, esperando que Stefan voltasse da cozinha. De certo tinha ouvido a campainha, pensou Elena. E mal pensou, Stefan apareceu.

-Quem era? - Ele perguntou aparecendo na sala.

-Ela esta procurando por você. - Elena falou olhando de um para o outro e notando o quanto ambos estavam confusos.

-Nã... Não. Eu devo me ter enganado na casa. - falou se desculpando e fazendo menção de ir embora.

-Os únicos Salvatore da cidade moram aqui. - Elena disse antes que a mulher saísse porta fora.

-Você disse únicos... Há mais do que um Salvatore aqui? - Perguntou olhando para Stefan.

-Sim, eu e meu irmão. Damon. - Stefan respondeu tentando entender quem era aquela figura indecisa, irritada e lamuriada.

-Oh, Damon Salvatore é seu irmão. - Ela falou em jeito de pergunta e Stefan assentiu de imediato, curioso para saber quem era ela e o que ela queria de Damon. - Pois entregue isso a seu irmão e diga para ele assinar os papéis o mais breve possível e para mandar entregar na pensão Lawnson onde eu estou hospedada. - falou ríspida e amargurada entregando, com certa violência, os papéis a Stefan e saindo porta fora com um nó preso na garganta.

-Quem é ela? - Elena perguntou curiosa, olhando a pasta nas mãos de Stefan.

Ele hesitou em espreitar dentro da pasta, mas a curiosidade gritava mais alto e ele não se deteve em abrir a pasta e espreitar os papéis se detendo numa expressão de puro espanto com o que lia. Elena se sobrepôs sobre ele, tentando espreitar o que estava escrito nos papéis.

-Então? - Ela inquiriu ávida pela resposta.

-Ela é esposa do Damon... - Stefan respondeu assombrado e Elena arregalou os olhos incrédula.
~~
-Eu nem sei como agradecer a você pelo que fez hoje. - falou fazendo festas no lombo de Thor, depois de ter sacudido a maior parte da areia que ele adquirira e o ter colocado nos bancos de trás do seu carro, confortável e quente.

-Eu agradecia um banho. - Ele falou olhando sua roupa encharcada cheia de sal e areia.

As terceiras intenções eram latentes e ele pouco se importava. Ainda não sabia bem a sequência de como foi parar dentro do mar depois de escutar o pedido angustiado de socorro vindo de uma voz que mesmo assustada, já o cativara. O rosto não o decepcionou. E o sangue... Ah, esse... Acho que tinha sido apenas ele a dar o grito de misericórdia, o único a chamá-lo até aquela humana.
Damon seguiu aquele cheiro até a praia e esperou o momento certo para o desfrutar, quente e líquido em sua boca. Só esse pensamento o fazia aguar.
Mas, uma série de acontecimentos inesperados se desencadeou e agora ele estava ali, querendo algo mais do que beber do sangue daquela mera humana.
Talvez o jogo da sedução fosse mais instigante do que usar aquele corpo perfeito apenas como uma embalagem de comida. Damon agora queria provar muito mais do que o sangue de .

-Você espera mesmo que eu te convide para a minha casa? - perguntou com um sobrolho franzido, mesmo que essa hipótese não fosse de todo uma má ideia.

se reprimiu por seu pensamento e baixou o olhar, culposa, com medo que o homem tivesse percebido a sua ideia. por trás do seu olhar transparente.

-Você não confia em mim o suficiente? Acabei de salvar sua vida! - Damon relembrou em um tom exultante e risonho.

Ele poderia simplesmente hipnotizar aquela garota a levá-lo a casa dela, mas ele queria mais. Ele queria ouvir a veracidade do convite da boca dela e não algo vampirescamente plantado em sua boca.

-Sim e eu agradeço muito por isso, mas... Eu nem conheço você. - Ela cruzou os braços e se encolheu de frio.

-Damon Salvatore, prazer. - Ele falou estendendo a mão para cumprimenta-la.

Ela olhou admirada, não pelo gesto em si, mas pela atitude descontraída dele. O seu nome ressoou em sua cabeça como uma melodia e a simples menção de entrar novamente em contato com a pele dele, se permitindo dessa a vez a analisá-lo de uma forma mais informal, a deixou simplesmente nervosa, algo raro de acontecer quando se tratava de interação com homens.
Ela hesitou fazendo Damon revirar os olhos e suspirar.

-Oh, vamos lá. Não é como se eu fosse morder você ou te atacar. Você acha mesmo que se eu fosse um psicopata eu tinha salvo você e o seu cachorro? - Ele falou persuasivo, elevando uma sombrancelha sensualmente.

- Wilson. - Se apresentou pegando a mão de Damon e sentindo um choque elétrico percorrer cada nervo do seu corpo.

-Sua vida por um ducha? - Ele perguntou como se fosse uma troca razoável.

E na verdade era bastante razoável. Ele podia ter pedido dinheiro ou ficar devendo um favor. Mas ele apenas pediu um banho, que mal haveria?

-Tudo bem, mas aviso desde já que não moro sozinha. - Falou em um tom defensivo, entrando no carro seguida de Damon.

-Ótimo, mais corpos para retalhar. - Damon brincou sarcástico, esfregando as mãos e fingindo uma expressão psicopata.

dirigiu em seu Jeep Compass preto, comprado recentemente, em direção à sua mansão, onde ainda morava com seus pais e seu irmão. Na verdade ela sabia perfeitamente que seus pais estavam fora e que seu irmão estava ocupado com seus amigos em algum lugar. Mas, valia a pena fingir que não estaria sozinha com aquele estranho. Ou se calhar era o que ela mais temia, não no sentido perigoso da questão.

Depois de alguns minutos dirigindo em um silêncio constrangedor e sob os olhares atentos de Damon, um portão automático abriu passagem para o Jeep entrar dentro da propriedade, o guardando perto da entrada da mansão.

Damon parou à porta a analisando. Sabia que não poderia entrar caso a dona desta não fizesse o convite formal. Seria detentora da casa ou seriam seus pais?

-Pode entrar. - Com relutância deu passagem para Damon entrar no seu lar, que o conseguiu fazer com tamanha facilidade.

Um friozinho nervoso se apoderou de seu ventre.
Thor caminhou apressado para o seu canto quente e aconchegante, deixando completamente sozinha com Damon. Seus nervos se afloraram quando se dirigiu silenciosa escadaria acima, encaminhando Damon ao quarto de hóspedes.

-Tem toalhas nos armários. Se precisar de alguma coisa, é só chamar. - Falou apressadamente, querendo se ausentar da presença daquele homem que tanto a incomodava física e mentalmente.

Saiu pegando firmemente na maçaneta e a puxando para fechar a porta, mas antes de o fazer, espreitou pela fresta que sobrava vendo Damon retirar a camisa molhada e desapertar o fecho da calça, a retirando por completo.
arregalou os olhos ao perceber que Damon não trazia nada por baixo das calças, mas logo desviou o olhar e se afastou daquela tentação visual.
Se trancou em seu quarto sentindo sua pele ferver e uma camada de suor escorrer por seu corpo.
Se apressou até o banheiro e molhou o rosto e a nuca querendo mais que nunca aplacar esse calor que a consumia e que sua mente não permitia acalmar.

Damon riu triunfante ao perceber que já tinha despertado o desejo sexual naquela humana. Sabia perfeitamente que ela tinha ficado à espreita depois de sair do quarto e conseguia ouvir do outro cómodo a sua respiração sôfrega e o seu coração ribombante.
Calmamente tomou o seu banho e assim que terminou enrolou uma toalha em torno da sua cintura, saindo do quarto e caminhando até o andar inferior, onde estava, na cozinha, tomando uma água com açúcar para acalmar seus ânimos, depois de um ducha rápida e fria ter sido tomada.

respirou fundo reprimindo a sua mente por repetir a imagem desnuda daquele homem em sua mente vezes e vezes sem conta. Largou o copo com água adocicada em cima da pia e se voltou para ir embora, mas o choque de ver Damon ali parado, à sua frente, apenas com uma toalha envolvendo o seu corpo, fez com que o copo caísse redondamente no chão se quebrando em mil pedacinhos.

Damon olhou para os pés da moça e sua expressão divertida mudou para uma controladora. Os pequenos pedaços de vidro haviam feito alguns cortes nos pés desnudos de fazendo o sangue jorrar como chocolate em uma fonte. Aquilo era tentação demais para a sanidade de Damon, mas algo dentro de si reprimia a vontade insana de correr até a humana e a devorar até a última gota de sangue.

-Como eu sou desastrada. - Ela falou, se recompondo do susto visual e se agachando para pegar nos cacos de vidro.

Mas, as mãos fortes de Damon a impediram, pegando nela de seguida ao colo e a retirando dali até o andar superior, se dirigindo ao banheiro, onde a depositou na beirada da banheira de hidromassagem.
mal reagiu de tão pega de surpresa que foi pela atitude daquele estranho. Mesmo assim não pôde deixar de observar a expressão concentrada e até carrancuda no rosto dele, analisando os ferimentos e buscando por produtos de primeiros socorros nos armários.

-Não precisa... - falou quando Damon pegou nos produtos e os utilizou sobre os ferimentos, retirando com uma pinça todos os cacos que haviam permanecido grudados à pele.

Depois de desinfetar, Damon enrolou gaze em torno do pé, por cima de um pedaço de algodão embebido em água oxigenada, querendo o mais rápido possível aplacar o cheiro de sangue que contaminava o ar. O cheiro dos produtos estava ajudando bastante no processo.

-Obrigada. Me salvou do mar e agora me salvou dos cacos de vidro. - sorriu tentando desanuviar o clima pesado que se instalara sem ela entender o porquê, mas assim que Damon a olhou foi como se o mundo tivesse parado para o observar.

Seus lábios formigaram, fazendo com que sua língua tivesse a obrigação de os molhar para espantar aquela sensação, mas ela só aumentou de proporção, fazendo com que borboletas em seu estômago alçassem voo e seu coração explodir em batidas frenéticas, como que exigindo algo dela que ela não sabia como ofertar.

Damon escutava e observava as reações daquela humana a si com prazer e, de uma forma que ele poucas vezes presenciou, ele também estava tendo aquelas mesmas reações.
Não mais resistindo aos seus instintos e suas vontades, Damon agarrou com mãos de ferro a nuca da humana, a puxando para si e se apossando daqueles lábios rosados e cheios e se deliciando com o sabor e a textura que eles continham. O beijo se tornou urgente e selvagem e logo suas línguas se enroscaram e se entrosaram numa dança sensual, explorando cada canto e sugando o sabor que delas provinha.
Seus corpos se chocaram e as faíscas elétricas se tornaram maiores.
retirou o único pano que Damon vestia e sentiu em seu ventre a proeminência da excitação dele tocá-la. Isso só fez suas entranhas se contraírem ainda mais de desejo e seu corpo ceder por fim ao que sua mente mais exigia de si naquele dia tão conturbado.
~~


Elena e Stefan permaneceram inquietos na sala aguardando, impacientes, a chegada de Damon para que pudessem esclarecer toda essa história. O jantar romântico improvisado tinha ido por água abaixo, visto que a situação em si já lhes tinha tirado o apetite. Por mais que quisessem esquecer o acontecido e tentassem realmente dar oportunidade a um jantar - mesmo que um jantar normal - a comida simplesmente não lhes descia.

-Vocês parecem bastante aborrecidos para quem queria um momento a sós para um jantar romântico. Sentiram a minha falta? - Damon perguntou irônico assim que entrou em casa e se deparou com o casalzinho sentado no sofá, Elena de braços cruzados e Stefan inclinado para a frente, com os cotovelos apoiados no joelho. Ambos com um ar pensativo.

-Quem é Wilson? – Elena perguntou sem rodeios, sabendo que era algo que Stefan também estava morto por perguntar mas não sabia como.

-Quem? – Damon inquiriu com um ar ambíguo no rosto, sabendo que sua memória vampírica não falharia, mesmo que essa tal de tivesse sido apenas um passatempo de uma noite.

-Vá lá Damon, não se faça de desentendido. – Stefan deu um riso sem humor pegando na pasta que lhe entregara e a espalmando contra o peito do irmão a fim deste ficar ao encargo dos papéis.

Damon pegou na pasta com um ponto de interrogação latente na sua testa e olhou de novo para o irmão.

-Isto é o quê?

-Você está interpretando muito bem o papel de desentendido. Eu até entendo que não tenha querido falar de , mas fingir que não a conhece já é demais. – Stefan falou indignado querendo se retirar para o seu quarto.

Damon abriu a pasta e folheou os papéis, olhando o conjunto de letras atestado nas folhas com um semblante descrente e assombrado. Ele não conseguia entender. Quem era Wilson… Salvatore!? Como podia estar escrito nesses papéis um casamento que ele nunca fez… E que nunca durou cinco anos!? Qual o propósito de inventarem isso tudo sendo que nem era verdade!?

-Stefan, ele realmente parece não estar entendendo nada. – Elena sussurrou, puxando Stefan para que este olhasse a expressão de Damon ao ler aqueles papéis.

-Eu juro que não conheço essa mulher! – Damon dizia, folheando com violência os papéis, tentando achar uma brecha que demonstrasse que aquela pasta era apenas uma pegadinha…

-Como não conhece? Você esteve casado com ela cinco anos e não cinco dias… - Stefan desacreditou, mas quando Damon olhou nos olhos dele, com um olhar perdido e sincero ele ficou mais confuso.

-Ela não era uma vampira? – Damon perguntou a Stefan para que suas ideias tivessem algum fundamento, mas Stefan negou.

-Como é possível que um vampiro não se recorde de alguém que conheceu em sua vida vampírica recentemente? – Elena perguntou olhando de Stefan para Damon.

-Não é possível. – Damon respondeu impassível, fitando algum ponto disperso em sua mente.

.


folheou aquele álbum de fotos com as mãos trémulas e o peito apertado. As lágrimas já se faziam presentes e a raiva ia se tornando em mágoa e tristeza. Se perguntava o que ela tinha feito de errado para ele fugir ou se ele tinha sempre fingido gostar dela para depois a abandonar. Mas isso não fazia qualquer sentido. Ele parecia tão feliz junto dela, parecia a amar tanto quanto ela o amava… No entanto isso não o impediu de partir deixando uma carta seca de sentimentos. Ele não pediu perdão, ele não se despediu, ele não disse que a amava… ele simplesmente justificou a sua partida como quem diz que vai comprar cigarros para não mais voltar.

Nas primeiras semanas ela não quis acreditar. Suspeitou de rapto, mas o resgate nunca surgiu. Depois pensou que tivesse morrido, mas nenhum corpo encontrado com as descrições semelhantes à do seu marido era o dele. Depois caiu em si. Se odiou, se culpou, se questionou… Mas, logo entendeu que ela nada tinha feito de errado e que a culpa era toda dele… Era muito mais fácil culpá-lo. Doía muito menos. Mas, mesmo assim não deixava de doer.

E ela realmente tentou seguir em frente, mas todas as vezes em que voltava para casa, ansiava encontrá-lo, todas as vezes que deitava na cama deles, ansiava sentir o seu corpo junto ao dela. O cheiro característico de Damon estava impregnado em cada canto da casa. Não adiantava se livrar das suas roupas e pertences. Não adiantava lavar quinze vezes seguidas o jogo de cama… O cheiro permanecia.
Logo percebeu que era tudo psicológico. Que era o cheiro dele que estava impregnado na sua mente e não nos objetos.

Como era possível amar alguém tanto assim a ponto de cinco anos depois do seu desaparecimento ela ainda sentisse o seu cheiro, o gosto dos seus lábios, a textura das suas mãos, as sensações que elas deixavam no corpo dela quando a tocava. E a imagem dele era como um reflexo no espelho. Uma sombra na parede, uma imagem na televisão. Por onde quer que ela olhasse, ele estava lá, personificado em tudo, gravado a ferro e fogo na sua mente.

Era tortura demais. Quase a levava à loucura. E foi quando estava quase no fundo do poço que percebeu que só teria paz se o encontrasse de novo e colocasse definitivamente um ponto final nessa história. E não descansou até achar Damon Salvatore em Mystic Falls.

Fechou abrutamente o álbum e o jogou contra a parede, limpando as lágrimas com a manga da sua blusa. Caminhou até o minúsculo banheiro para lavar o rosto de toda a mágoa.
Se olhou no espelho maldizendo do seu aspeto decadente e a raiva voltou a tomar conta de si. Empinou o rosto e o secou com uma toalha, pegando em um delineador, blush e gloss, se maquiou e saiu. Queria espairecer, beber, curtir a noite. E principalmente, esquecer Damon… Mesmo que só por algumas horas.
~~
A união dos dois corpos era como duas peças de um puzzle se encaixando.
Os dois se jogaram na cama suados pelas horas de amor a que se dedicaram. rolou na cama e se aninhou nos braços de Damon que a olhou com devoção. Nunca antes tinha sentido aquilo por ninguém, nem mesmo por Katherine a quem tanto devotou e pensou que amou. Mas, o que ele sentira pela vampira não era nem metade do que ele estava sentindo por aquela humana.

Era algo novo que o deixava mais humano. E ele gostava de se sentir assim. Apesar dos anos em que amargurou de dor, raiva e revolta como vampiro, como humano ele sempre fora o mais doce, bondoso e inocente dos irmãos. Poderia se dizer que hoje em dia os papéis estavam completamente trocados entre ele e Stefan. Havia uma certa ironia nisso, mas agora Damon estava voltando ao que era antes. Não há inocência – que o deixou cego por Katherine – mas, à humanidade que o fazia sentir tudo com toda a intensidade e prazer.

- Por que você está me olhando desse jeito? - perguntou embaraçada, se sentando no meio da cama e puxando o lençol para se cobrir.

-Não vejo porque se cobrir. Não é como se você não tivesse já me mostrado cada canto desse seu corpo gostoso. - Damon comentou sedutor, levantando uma sombrancelha e a olhando com desejo.

-Bobo. - Ela corou. - Preciso voltar para minha casa. Meus pais vão acabar pensando que eu fui abduzida por aliens. - Ela falou saindo da cama ainda com o lençol enrolado em seu corpo e catando suas roupas pelo chão do apartamento, se encaminhando até o banheiro da suite.

-Lobo mau se enquadra melhor no meu perfil. - Damon a corrigiu, colocando as mãos atrás da nuca e se recostando na cabeceira da cama.

-Eu diria que você é um vampiro. - Ela comentou, colocando a cabeça para fora da porta do banheiro e vendo a expressão de Damon se fechar levemente. - Ou um canibal. Um dos dois. Afinal, você passa a vida me mordendo. - Ela revirou os olhos, vestindo a blusa de manga longa e gola alta.

-Não tenho culpa se você é tão gostosa que meus dentes não conseguem ficar longe da sua pele. - Damon riu irônico, pensando internamente que deveria de ter mais cuidado com seus atos “canibalescos”.

Sabia que era pura tortura ficar mordiscando ela inocentemente, mas ao mesmo tempo o ajudava a se controlar dos seus instintos de predador. Quanto mais resistisse ao cheiro do sangue dela, mais ele suprimiria a vontade de beber do seu sangue até a última gota. Nem que para isso ele tivesse que dissecar a cidade inteira para conseguir aplacar essa cede louca que o cheiro dela deixava.

-Precisa mesmo ir agora? - Ele perguntou saindo da cama e caminhando até ela, que já estava vestida e pronta para partir.

Ela o analisou de alto a baixo e engoliu em seco ao perceber que ele continuava completamente nu e ainda cheio de fogo.

-P-p-pre-ciso. - Gaguejou engolindo em seco e desviando o olhar de onde tanto lhe chamava a atenção.

-Você parece querer ficar. - Ele sorriu torto.

-E quero. - Respondeu rápido demais. - Mas, eu preciso ir. Meus pais ainda não sabem desse meu affair. Eles estão tão habituados a nunca me ver sair com nenhum homem que nem percebem que é isso mesmo que tem vindo a acontecer nesses últimos 3 meses. - Ela tagarelou nervosa.

-Affair? - Damon repetiu aquela palavra um pouco ofendido. Na verdade, bastante ofendido. Não queria admitir em voz alta, mas para ele aquilo era muito mais que um affair.

-Damon...Você entendeu o que eu quis dizer. -Ela falou ainda mais nervosa, pegando na sua bolsa e se voltando para ir embora.

-Não, não entendi. - Falou imponente, agarrando o braço de , a impedindo de partir e a fazendo olhar de novo para ele. - Então é isso que eu sou para você. Um affair. Não um amigo colorido, não um ficante, não um namorado... - falou a última frase uma oitava acima do seu tom normal.

percebeu o quanto aquilo estava afetando Damon e ficou um pouco surpresa. Na verdade, bastante. Afinal ele tinha aquele ar tão descontraído e liberal. Não parecia de todo o tipo de cara que se amarra numa só garota.
Na verdade ela desconfiava que ele tinha outras, mas preferia manter isso trancado em sua mente num quarto escuro, caso contrário não teria conseguido se relacionar com ele durante 3 meses. Ou talvez tivesse à mesma, afinal era-lhe tão difícil resistir aos encantos daquele homem como era ficar sem respirar.
Então aquela reação dele lhe parecia um pouco disparatada.
teve que piscar os olhos 3 vezes, bem devagar, para que seu cérebro voltasse a trabalhar nos trilhos certos, depois de ter bloqueado umas quantas vezes ante aquela reação.

-Namorado...? - Ela perguntou evasiva e descrente. - Bem, eu achei que nenhuma das categorias te assentaria bem. Aliás, eu nunca achei que o que houvesse entre nós não passasse de um mero passatempo para você, Damon. E eu estou sendo sincera e não irônica. E nem estou magoada, afinal foi minha decisão também. Mas...Eu acho que a gente deveria reconsiderar o que a gente tem sim. Porque nesses três meses em que nos vemos sempre foi entre quatro paredes e sob uma cama – ou qualquer outro cômodo. - Fez um gesto com a mão apontando para o sofá e olhando rapidamente para a pia do banheiro. - E acho que devíamos de deixar de nos ver por um tempo e começar do zero, se é isso que você também quer. - Ela deitou uma última olhada para o olhar pensativo de Damon e partiu.

Aquelas palavras poderiam ser interpretadas como uma forma dura de dizer adeus, mas na verdade era apenas um até logo.
Tudo o que mais queria era passar de ser apenas mais uma na cama de Damon para ser alguém na sua vida. Escutar a pequena revolta de Damon a fez entender que – mesmo ele ainda não tendo pleno conhecimento do que sentia – ele se importava. Importava o bastante para ficar magoado com simples palavras que a qualquer um outro, sem intenções amorosas, afetaria.
E como diz o sábio ditado; se o queres, deixa-o livre. Se ele voltar, é porque te quer, se ele não voltar, não te merecia.
Nesse momento ela estava fazendo exatamente isso. E ela tinha a mais profunda esperança que ele voltasse.

O som do elevador anunciando a chegada ao piso zero, onde habitava o hall daquele prédio, a fez acordar dos seus pensamentos. cumprimentou de leve o simpático porteiro e se encaminhou para a saída quando a voz de alguém conhecido a chamou. Ela se voltou para trás, vendo Damon de roupão parado ao pé da escada de incêndio, fazendo seu coração pular de alegria. Mas ainda assim se conteve. Ninguém deve festejar antes da vitória.

-Esteja pronta amanhã às 20h, temos um encontro. - Ele informou de forma convencida.

-Eu nunca falei que estava disponível amanhã. - Reprimiu um sorriso.

-Ok, então depois de amanhã. - Ele fez um gesto com a mão, como quem não se importa.

-Também não estou disponível. - Ela negou veemente, sem sequer pestanejar.

-Então sexta-feira? - Ele perguntou, mas ao ver a expressão impassível dela apelou. - Vamos lá, me facilite um pouco as coisas. Eu nunca precisei de fazer isso antes. - Ele alegou para surpresa dela, mas não foi seu olhar pedinte bem do estilo do Gato das Botas no filme do Shrek que a demoveu e sim a sua sinceridade.

-Tudo bem, sexta-feira. Às 19h. - Ela planejou triunfante e Damon assentiu sorridente, voltando costas e voltando pelas escadas de incêndio.

esperou que a porta de emergências se fechasse e começou a fazer uma dancinha louca no meio do Hall do prédio, jogando os braços para todos os lados e remexendo os quadris.
O porteiro olhou para ela meio contente meio achando ela uma completa louca, mas feliz por ver aquele casal se entendendo. Afinal, quem não gosta de um final feliz.
E o melhor é que esse era só o começo.
~~


Damon sentou ao balcão do Mystic Grill e pediu Whisky Scotch puro e o bebericou com calma, focando sua total atenção em nada específico. Apenas divagando sobre a mínima possibilidade de aqueles papéis terem algum fundo de verdade. Mas, ainda não conseguia perceber qual.

Sua atenção foi desviada quando do outro lado do bar um bela moça se sentou com o seu ar mais entediado e triste do mundo. Seus olhos eram tão profundos e hipnotizantes que quase houve um resquício de reconhecimento, mas que logo passou.
Damon atirou para trás das costas todas as suas dúvidas e botou um sorriso cheio de charme nos lábios e caminhou galante até a moça. Sentou do seu lado, pousando o seu whisky no balcão e fitando ela.
Esta estava absorta em qualquer coisa mais profunda que o galanteio de Damon, mas mesmo assim ele não desistiu.

-Me veja aí um martíni. – Ele falou e o corpo da garota se alterou.

Seus músculos tencionaram e o seu coração acelerou consideravelmente. Damon deu um sorriso torto e esperou ela voltar o rosto para ele, quase em câmera lenta. Seus olhos tinham um brilho tão triste que quase desmanchou Damon lhe atribuindo uma enorme vontade de desvendar aquela garota e saber suas dores para as poder arrancar.
Pigarreou incomodado com o seu pensamento tão cuidadoso para com aquela estranha. Ela só era mais uma entre todas as outras. Ele pensou para si.

O barman colocou o martíni entre ambos e Damon, se recompondo, empurrou o copo na direção da garota.
Esta engoliu em seco olhando concentradamente para a bebida. O seu coração falhou algumas batidas enquanto ela comprimiu os olhos deixando algumas gotas cairem pelas frestas dos seus olhos assim que os abriu.

-Só assine a merda dos papéis e me deixe em paz! – Ela falou ríspida e Damon arregalou os olhos, a vendo sair apressada.

Então essa era .

Não se detendo, Damon bateu uma nota sobre o balcão e correu atrás de .

-Ei, espere! – Ele a parou assim que a alcançou, do lado de fora do bar.

-Me solta Damon. – Ela tentou puxar seu braço de volta, mas ele apertou mais forte a fazendo silvar de dor.

-Eu só quero entender uma coisa…

-O quê? – Ela o cortou. – Porque a única aqui que tem de entender porque você me abandonou sou eu. Sou eu que tenho tentado entender durante esse ano inteiro porque você me deixou. – Ela dizia aos prantos. – Eu te amava tanto Damon e você também parecia me amar… Se por algum motivo você deixou de amar, era só preciso conversar. Eu iria entender. Iria doer, claro, mas não iria doer tanto como está doendo até agora, aqui dentro. – falou em meio a soluços batendo no peito no final.

-Escute o seguinte , ou quem quer que você seja. Eu não te conheço, nunca te vi na minha vida e tenho a certeza que nunca estive casado com você por cinco anos, como consta nos documentos, porque eu me lembraria de ter deitado com uma gostosura que nem você. – Damon falou a avaliando de alto a baixo com um ar aprovador, mas logo sentiu a mão dela contra o seu rosto.

-EU TE ODEIO! – Ela falou, finalmente se soltando e correndo para longe dele.

Surpreendentemente aquelas palavras tiveram um efeito mais significante do que deveriam.
Quando deu por si estava seguindo a humana até a pensão. Com os seus poderes vampíricos ele seguiu o seu cheiro e o batimento do seu coração até o quarto dela. Quando identificou o andar, Damon trepou uma árvore e caminhou no parapeito do segundo andar da pensão, se concentrando no coração de para poder achar qual a janela do seu quarto.
Quando achou, ele parou do lado da janela e se agachou esperando ela adormecer.
A humana ainda demorou. Ficou chorando e atirando objetos no chão ou parede. Quando por fim se acalmou, ela caminhou até a janela, a fechando e admirando por um tempo a noite. Depois foi se deitar para por fim adormecer.
Durante esse tempo Damon esperou paciente, como um caçador aguardando que a sua presa desse um passo em falso para ele poder atacar.

Silenciosamente ele subiu a janela e entrou sorrateiramente no quarto olhando em volta. Parou quando viu a humana deitada na cama, dormindo, agarrada a uma almofada. Damon soltou um sorriso torto admirando as curvas da mulher.
Se tivesse sido mesmo casado com ela nunca que a abandonava. Ele pensou matreiro, observando atentamente como o short torneava as coxas perfeitamente.
Abanou a cabeça e tornou a olhar em volta, para todos os pormenores tentando achar algum que denunciasse uma fraude… Ou uma veracidade.
Enfim avistou um saco aberto no meio do chão, coberta de roupas e outros pertences. Caminhou até lá e vasculhou apressadamente. Parou quando sentiu uma textura mais dura e avolumada. Retirou um álbum de fotografias de lá de dentro e desapareceu bem no momento em que acordava de um pesadelo.

Esta respirou sôfregamente, tentando acalmar os batimentos do seu coração. O ar fresco da noite a abraçou com uma brisa fresca a fazendo voltar de imediato o rosto em direção à janela a encontrando aberta. Franziu o cenho estranhando aquilo pois ela tinha a certeza que havia fechado aquela janela antes de adormecer.
Ignorou esse pensamento e se levantou para voltar a fechar a janela, passar uma água no corpo e voltar para a cama numa nova tentativa de dormir.

.


Damon chegou em casa numa velocidade vampírica, mas quando tentou tomar a iniciativa de abrir aquele álbum, foi como se algo o travasse. Ele jogou o objeto em cima da mesinha de centro da sala e sentou no sofá.
Ele não deu pelas horas passarem até que o som da campainha soou e Stefan surgiu na sala, travando antes de ir atender.

-Você passou aí a noite? – O irmão perguntou, mas Damon se manteve insondável.

Stefan decidiu ir abrir a porta de uma vez, pois estava esperando Elena para um programa juntos.

-O que deu nele? – Elena perguntou, sondando Damon com o olhar e estranhando qure ele ainda não ter feito nenhuma piadinha provocativa contra o casal.

Stefan se aproximou de Damon, parando para olhar na direção que ele olhava.

-O que é isso? – Ele perguntou.

-É um álbum de fotos. Roubei do quarto de . – Damon por fim respondeu.

-Vocês se encontraram? – Elena perguntou surpresa.

-Hum, foi um encontro um tanto inusitado… - Ele sorriu sarcástico, mas sem humor.

-Você já viu? – Stefan perguntou se sentando ao lado de Damon e Elena sentou do outro lado dele, ambos olhando de Damon para o álbum. Mas, o moreno negou com indiferença.

-Ta esperando o que? Não foi para isso que roubou o álbum? – Elena insistiu ansiosa, mas ele permaneceu inerte.

Com rapidez ela pegou o álbum e colocou no seu colo. Stefan se inclinou sobre o irmão para ver as fotos.
As fotos da primeira página do álbum era de uma criança. Provavelmente . Elena foi folheando e percebendo que o álbum acompanhava diversas etapas da vida da garota. Até que a determinada parte, Damon a mandou parar e voltar atrás. Elena obedeceu e ficou olhando as fotos com uma interrogação, tentando ver o que ele via.

-O que foi? – Ela perguntou.

-Eu conheço esse cachorro. – Ele falou pensativo, apontando para uma foto com um cachorro pequeno, no colo de . Outras fotos do cachorro estavam espalhadas pelas páginas, acompanhando o seu crescimento.




Foto 1 | Foto 2 | Foto 3 | Foto 4

-Conhece? – Stefan indagou.

-Perfeitamente… Mas, o mais estranho é que até agora eu não tinha nenhuma memória dele. Não até ver essas fotos. – Ele falou com o cenho franzido.


Elena continuou folheando com mais urgência, querendo achar respostas para tudo o que sua mente gritava de curiosidade travando suas ações e sua respiração quando achou as fotos do casamento de .
Todos olharam incrédulos. Não havia mais dúvidas. Damon tinha casado sim com numa cerimônia bastante pomposa, num jardim bem decorado de branco e vermelho. O sorriso no rosto de ambos era tão sincero e feliz que mesmo no momento de captura, a imagem inerte conseguia transparecer toda a sua emoção.

-Como isso é possível? – Damon questionou boquiaberto com aquelas fotos.

Já havia arrancado o álbum das mãos de Elena para fitar com melhor atenção e concentração aqueles retratos de uma época que ele não tinha qualquer referência.

-Algo está errado aqui. Ou são essas fotos ou é a sua memória. – Stefan argumentou.

-Não é suposto vocês se lembrarem de tudo ao mais ínfimo pormenor depois que se tornam vampiros? Quase como se tivessem uma memória fotográfica? – Elena contrapôs perdida naquela situação vampiresca.

-Algo fez com que sua memória falhasse…Fosse simplesmente apagada. – Stefan arguiu.

-Ou alguém… - Damon murmurou, se erguendo do sofá e parando em frente ao fogo. – E eu vou descobrir quem foi.
~~
Damon ajeitou o nó da sua gravata com certa impaciência. Não era fã desse tipo de formalidades no vestuário, mas a ocasião assim o pedia. Afinal era a primeira vez que tinha um encontro deste tipo de importância.

-Até que enfim conheço o famoso Damon Salvatore. - Uma voz grave e forte soou um tanto ameaçadora mesmo que a tentativa fosse parecer amigável.

Um mau esforço de parecer irônico, no final de tudo.
É só um humano. Pensava Damon para si, se repreendendo por se deixar sentir inferior. Nervoso, era a palavra-chave.


-Papai! - repreendeu se apressando a se juntar a Damon.


-Espero que tenha só ouvido coisas boas. - Damon sorriu cordial, oferecendo o braço para que enlaçasse o seu e ambos pudessem caminhar até a sala de jantar.

-Palavras não são atos. - Gerald Wilson, ex-militar, indagou em tom de aviso.


-Vamos passar à sala de refeições. - Amelia, uma mulher aparentemente doce, cortou as insinuações do marido, sorrindo cordial para Damon e abrindo as portas duplas que davam a uma sala bem decorada com uma mesa de 12 lugares muito bem posta com 5 conjuntos de refeição, com direito a talheres e pratos de carne, peixe e sobremesa e copos desde o de água e os de vinho.


Damon sentou do lado de , no canto esquerdo da mesa e a sogra, D. Amelia, sentou do lado direito, ao lado do marido, que sentava à cabeceira.
Ambos se entre olharam e em seguida fitara o relógio de pêndulo fechado numa torre alta.

-Susan, sirva o jantar. - Amelia falou e a empregada se prontificou em empurrar uma carrinha cheia de travessas de alimentos, passando por cada lugar na mesa e servindo todos.

-Deixe o prato de Michael vazio. - Sussurrou.

-Desculpem o atraso! - Um rapaz novo e divertido, falou sôfrego, retirando o casaco apressado e o entregando à empregada, depois de um beijo carinhoso na mãe. -Sirva bastante, Susan, estou morrendo de fome.


O seu entusiasmo foi interrompido pelo tilintar dos talheres e por um baque surdo na madeira.

-Não vou tolerar de novo seus atrasos. Da próxima vez ficará na rua! - Gerald bradou em tom rouco e ameaçador.

Michael fez menção de se levantar, mas a mãe o impediu, sussurrando em seu ouvido um “por favor, fique, por sua irmã”, que o fez olhar para e seu acompanhante e ceder ao pedido da mãe.

-Peço imensas desculpas por isto, Sr. Salvatore. - D. Amelia falou aflita.

-Por favor, me trate apenas por Damon.

-Então está bem, Damon. - D. Amelia sorriu.

A comida foi servida em silêncio, mas entre uma troca aberta de olhares intensos.
O som da comida sendo mastigada e dos talheres cortando os legumes e o peixe grelhado, se sobrepunha a qualquer outro som.
Quando foi terminado o primeiro prato, os ânimos estavam um pouco mais calmos, mas ainda assim o patriarca da família não se detinha em colocar Damon na cadeira dos interrogatórios, afinal era a honra e vida da sua filha que estava em jogo.

-De onde você vem mesmo, Damon?

-Virgínia. - Damon respondeu já se preparando para o bombardeio e engolindo em seco.

Ainda não entendia porque se sentia TÃO nervoso perante aquele humano tão reles e tão fácil de estilhaçar.

-Pensei que fosse originário de Itália. Além do apelido tem fisionomia. - Amelia comentou.

-Ascendência do tempo da colonização. - Damon explicou sorrindo ao tempo que apertava a sua mão lhe passando confiança que ele certamente não necessitava.

-E seus pais? - Gerald perguntou e Damon respirou fundo.

-Faleceram há algum tempo. - Falou com descontração contida, para não dar a perceber a farsa. Não era uma total mentira, mas visto a sua atual condição, não era uma completa verdade.

-Eu não sabia disso. Lamento muito. - sussurrou.

-E foi criado por quem? - Gerald continuava, impiedoso.

-Papai! - repreendeu mais uma vez desde que chegaram.

-Por meu tio Zach, irmão da minha mãe. - Respondeu. - Que também já faleceu.

-Então está sozinho no mundo... - Continuou interrogando.

-Papai, já chega! - se exaltou.

-Gerald, tenho de concordar com nossa filha, modere suas perguntas. - Amelia apelou e ele pareceu concordar.

-Onde estudou? - Gerald continuou, mudando o assunto das perguntas.

Damon engoliu em seco. Ia responder Academia Militar, visto que no último século ele esteve presente em duas guerras, mas visto que o seu futuro sogro era um antigo Combatente se deteve.

-Digamos que estudei História da América. - Respondeu depois de um tempo, terminando de comer o seu prato de carne.

-Como assim, digamos? Ou estudou ou não estudou. - Gerald interrogou desconfiado.

-Não terminei os estudos. - Respondeu calmo.

O silêncio tomou de novo conta daquele cômodo até que a sobremesa fosse servida, mas se notava a indignação latente do patriarca da família. Haviam palavras contidas em sua garganta que ele necessitava vocalizar, o que não tardou a acontecer.

-E é com um homem sem estudos, sem família nem posses que pretende ficar, ! - O homem comentou impassível.

Todos teceram o seus espanto em expressões e palavras, mas Damon continuou calmo, comendo a sua sobremesa e se deliciando.

-Pra mim já chega! - se exaltou, se erguendo da mesa e atirando o guardanapo sobre a mesa e enfrentando o pai. - Eu fico com o homem que eu quiser e isso não é da conta do senhor, meu pai. Sou maior e vacinada e só aceitei esse jantar em respeito à mamãe. Eu amo o Damon e vou ficar com ele até quando ele quiser. E pode ter certeza que se casarmos irei retirar o seu sobrenome da minha certidão! - cuspiu as palavras que tanto a estavam atormentando há tempos, desde que a relação com Damon se tornara real e não apenas encontros furtivos.

-Me ama, é? -Damon questionou sorrindo torto.

-Vamos embora daqui. - Ela respondeu ainda furiosa, mas ficando bastante envergonhada com o que revelara sem querer.

~~


Damon passou a noite inteira em claro olhando o álbum de fotos de ponta a ponta, tentando descobrir alguma falha, uma montagem ou um sinal de algum vampiro conhecido, mas não havia nada que apontasse que aquilo não se tratava de um pesadelo. Mas, ao lembrar do seu encontro com , ele finalmente percebeu a ligação entre eles. Era como se já conhecesse aquele olhar intenso, a voz doce e o cheiro agradável que vinha de sua pele…Do seu sangue. Como se fosse uma bebida que ele já provara, mas que esquecera por completo o seu nome, a sua cor, mas nunca o seu sabor.

O sino do relógio da sala retumbou em seis batidas graves e pesadas. Damon fechou o álbum, retirando apenas uma única foto dentre todas. Uma que realmente tinha significado plausível para ele.

Com o objeto volumoso debaixo do braço e em velocidade vampírica, o Salvatore mais velho correu até a pensão Lawnson, onde dormia mais uma noite, no quarto 202. No mesmo trajeto da noite anterior, Damon trepou a árvore, caminhou pelo parapeito e parou em frente à janela do quarto, fazendo um mínimo esforço para a abrir, pular dentro do cómodo e devolver o álbum ao local de onde havia retirado.
Pelo visto não havia dado por falta dele esse dia, mas não queria abusar da sorte.

De dentro do bolso do seu casaco, Damon retirou a pasta dobrada e a largou em cima da mesa de jantar do pequeno quarto, puxando de uma caneta para assinar nos locais apontados com um x vermelho. Por um momento hesitou. Não sabia bem qual a razão, mas algo dentro dele dizia que não devia de assinar aqueles papéis. No entanto ele pousou o bico da caneta no papel e deixou que a tinta fluísse em vários rabiscos.

Respirando fundo ele lançou um último olhar a , suspirando confuso com o que estava acontecendo e com os sentimentos que estavam se aflorando, em reação a toda aquela informação, e logo partiu em busca de suas respostas.

O sol raiou com todo o vigor dentro do quarto da pensão, atingindo diretamente nos olhos na morena. Esta se remexeu e se espreguiçou esticando o braço em direção ao criado mudo, em busca do seu relógio de pulso a fim de olhar as horas. Ainda faltavam 25 minutos para as 7h da manhã, mas a noite turbulenta não lhe permitiu a um maior descanso.
O encontro com Damon na noite anterior a esta tinha lhe causado grandes distúrbios emocionais. Um punhado de lembranças lhe invadiram a mente e não a fizeram sossegar, nem mesmo durante o sono. As imagens de Damon simplesmente a assombravam e ela estava tão cansada disso... Ela só queria um fim! Queria poder seguir em frente como ele fizera com tanta facilidade.

Só de lembrar do seu ar descontraído e brincalhão quando a abordou no bar, sentiu uma raiva enorme se apoderar do seu peito e se alastrar por suas veias feito um líquido corrosivo.
Decidira por um termo naquela história ainda naquele mesmo dia. Não queria esperar nem mais um segundo. Ficar naquela cidade a tão poucos metros de Damon era pura tortura.

Apressadamente ela catou as suas roupas espalhadas pelo quarto e se trancou no banheiro para uma higiene matinal. Depois de vestida, retornou ao quarto para se calçar e vestir um casaco de tecido leve, visto que o tempo dava sinais de que iria esquentar. Caminhou até à pequena mesa de jantar para recolher a sua bolsa e travou quando percebeu uma pasta tão familiar sua em cima da tábua de madeira.

Havia carregado aquela pasta tempo suficiente para reconhecer os sinais de desgaste que ela própria havia causado de tanto carregar a pasta de um lado para ou outro e de tanto a abrir e fechar, na esperança que aqueles papéis nunca fossem necessários e que Damon voltasse a qualquer instante.
Mas, agora estavam ali misteriosamente sendo que na noite em que chegara ela mesma se encarregara de deixar nas mãos do irmão do seu futuro ex-marido.
Não havia notado se na noite anterior a pasta já lá estava, mas de qualquer das formas não se recordava de alguém da pensão ter mencionado visitas ou um correio.

Se precipitou sobre a mesa e pegou a pasta com certa urgência, a abrindo e lendo os garranchos tão seus conhecidos como sendo a letra de Damon. Ela mal podia acreditar que ele tinha feito aquilo. No fundo ela estava com a intuição que aquilo acontecesse, mas ver aquilo escrito a deixou nervosa e desconcertada.

“Tenho os meus motivos pessoais para não assinar estes papéis. Voltaremos a nos ver em breve.

Damon Salvatore”

inspirou fundo, buscando por um ar que lhe faltava. As lágrimas invadiram os seus olhos com violência e caíram como pedras em um rio. Revoltada pelo egoísmo extremo do homem que ela um dia pensou conhecer, pegou em sua bolsa e saiu do quarto da pensão acelerada querendo tirar satisfações pessoalmente.

Não tardou a chegar na casa dos Salvatore,sabia que ainda era muito cedo e que provavelmente estaria todos ainda a dormir, mas isso passara dos limites, tomara proporções desastrosas para o emocional dela. Damon não podia nem iria mais brincar com o coração da moça. Ela iria arrancar aqueles sentimentos à força, custe o que custasse.
Sem hesitar ela tocou freneticamente na campainha, apenas parando quando a moça jovem e bonita do outro dia a recebeu. Na altura em que abrira a porta, pela primeira vez, julgou ser ela o motivo por Damon a ter deixado, mas uma confiança extrema e misteriosa a acometeu quando a outra morena a recebeu.

-Por favor, chame Damon. - pediu impaciente.

-Stefan! - Elena gritou por cima do outro e rápido o vampiro apareceu. - Damon chegou a aparecer ontem? - Ela perguntou em sussurros e o namorado olhou para com o cenho franzido de preocupação pela humana, pois via o quanto ela estava transtornada.

-Será que pode entrar para conversarmos? - O vampiro pediu com cordialidade e acalmou o seu coração não conseguindo recusar aquele pedido.

Os três entraram na casa e se acomodaram no sofá, tensos com a conversa eminente que teriam sobre Damon.

.

-Eu conheço meu irmão, , ele não mentiria. Ele não se lembra de você. - Stefan afirmou depois de contar a ela que Damon partira em busca de respostas para o que quer que tenha acontecido durante aqueles cinco anos que ele alegava não se recordar.

-Então porque Damon nunca me falou sobre você? Porque não o convidou para o casamento? Porque voltou de repente e mesmo assim não lhe falou de mim? - Insistiu, não comprando a mentira deslavada de Damon.

-Há coisas no nosso passado que são difíceis de explicar. Não sei se ele chegou a contar a você na época em que se conheceram ou depois de casados... - Stefan tentou desvendar se o segredo dos Salvatore era do conhecimento da humana.

-Sei que Damon tinha um segredo. - Falou categórica, abaixando a cabeça em sinal de lamúria. - Nunca me revelou, mas garantiu que o fazia para minha segurança. Tantas vezes ele pediu para que eu nunca tivesse medo dele que eu cheguei a supor que ele fosse um assassino, daqueles que são contratados para matar por dinheiro. Mesmo assim, mesmo com as minhas dúvidas mais macabras, eu confiei nele e nunca tive medo, pois eu sabia que ele me amava, essa era a única certeza absoluta que eu tinha dele. Que ele me amava. - falou com lágrimas nos olhos.

-Eu acredito em você. E por isso eu te digo que a falta de memória de Damon em relação ao você e ao casamento de vocês, tem a ver com esse segredo. - Stefan falou a reconfortando.

-Mas que segredo é esse? O que de tão perigoso Damon esconde que fez ele esquecer de mim, como você alega!? - Perguntou impaciente.

-Eu acho que você devia contar, Stefan. - Elena comentou em um tom baixo, olhando para o namorado e transmitindo todo o pesar que sentia pela garota.






.


voltou para casa arrasada. Deixara Mystic Falls sem nem olhar para trás, mas as palavras de Stefan latejavam em sua cabeça formando uma dúvida cruel.
Nada do que ele contara fazia sentido, mas ao mesmo tempo se encaixava em cada lacuna por preencher que Damon deixara entre os dois.
Vampiro? Era muita coisa para ela processar. Seres sobrenaturais existiam e pelo visto ela era casada com um deles.
Mesmo querendo acreditar naquilo, o lado humano racional e cético dela duvidava inteiramente naquela história. Certo que não havia motivo para que Stefan mentisse sobre algo dessa natureza, mas ele era irmão de Damon, talvez o quisesse proteger acima de tudo. Se o irmão pedisse para mentir sobre o seu paradeiro, com certeza Stefan o faria. Mas Elena? Algo naquela garota fez com que sentisse uma enorme empatia. Em outras circunstâncias ela e a cunhada seriam grandes amigas. Por isso acreditava nela quando garantiu que aquilo que Stefan revelara era a mais pura verdade.

colocou a chave na porta do seu apartamento, mas esta se abriu antes mesmo de a chave entrar na ranhura da fechadura. Seu coração deu um pulo e em sua mente surgiram várias hipóteses desde um possível retorno de Damon a um assalto.
O mais silenciosa que pode – visto que seu coração ribombava tão alto e forte que seria possível se escutar no prédio inteiro – a morena entrou em seu apartamento pé ante pé espreitando para dentro da habitação com a máxima atenção. Tudo parecia bastante calmo, mas o que a deixava ainda temerosa era o fato de Thor ainda não ter aparecido para a receber, como sempre fazia. Era infalível, mesmo antes de ela abrir a porta, o cachorro já sentia a sua presença e ladrava de ansiedade para a receber de rabo abanando e língua de fora, sedento por carinhos.

Engolindo em seco ela caminhou até seu quarto ao notar que a pequena luz do abajur do seu quarto estava acesa. A porta estava entre-aberta, mas isso não lhe dava visão geral. Empurrou a porta pra trás e deu um passo em frente, espreitando para dentro com cuidado e o coração na garganta.

-Elena? - perguntou ao ver a jovem sentada na sua poltrona do lado da janela.

A figura da jovem estava diferente, bem mais elegante e cuidada, rosto maquiado e cabelos arranjados em cachos. O seu olhar também era bastante diferente. Aos pés dela estava Thor deitado e imóvel.

-Eu tenho mesmo cara de Elena? - A mulher falou com um tom irônico e agressivo. Mesmo assim seus lábios esboçavam o sorriso misterioso.

-Eu não estou entendendo. - murmurou. Por alguma razão o seu coração não descansara vendo o rosto familiar.

Elena baixou seu tronco em direção ao cachorro e fez um carinho em seu lombo. Este choramingou e voltou o focinho em direção a com um olhar fraco.

-O que ele tem? - perguntou tentando se aproximar de Thor, mas Elena a bloqueou em menos de um segundo.

se assustou com a velocidade anormal e suprimiu um grito de pavor quando o rosto de Elena se transfigurou para uma expressão demoníaca. Veias e olhos negros e uma dentição pontiaguda.

-Eu não entendo o que ele viu em você, garota. O rosto bonito? O corpo? Esse olhinhos brilhantes? Eu tenho tudo isso e bem melhor! Eu sou tudo o que ele sempre quis. - Ela abriu os braços e foi dando passos felinos em direção à humana.

percebeu, mesmo que ainda confusa, que aquela não era Elena e esta falava possessivamente de Damon.

-O que você quer de mim? - perguntou intimidada.

-Que você morra! - A vampira saltou pra cima da humana, a derrubando no chão.

tentou se defender, mas sua força perto da falsa Elena era ínfima. Esta esmagava seu pescoço sem dó nem piedade.

-Eu quero ver você sofrer, implorar por ar. Quero ver no seu olhar sua vida se esvaindo. Com você morta, Damon voltará para mim e matar você de um jeito bem humano não deixará indícios sobrenaturais. Ele nunca irá desconfiar que fui eu que matei sua queridinha humana.

tossia dolorosamente. Seus pulmões estavam quase secos de ar e sua garganta doía de esforço. Lágrimas caíram de seus olhos, lembrando dos vários momentos de amor que havia passado junto de Damon. Ele tinha sido o grande amor da sua vida e não se arrependia. Apesar do grande desgosto que ele lhe havia causado, ele faria tudo de novo pois os cinco anos que passara junto dele tinham sido os melhores da sua vida.
fechou os olhos, parando de lutar com a vampira e deixando que seu último suspiro fluísse como uma mensagem de amor para Damon. Seu último suspiro seria por ele, pelo amor da sua vida.

~~
Damon a seguiu vendo o quanto ela estava furiosa com a situação.
Quando chegaram no Jeep ele roubou as chaves dela e dirigiu em direção ao seu apartamento.
continuava murcha e triste com o desastre que tinha sido o jantar. Mesmo depois de muito avisar a Damon sobre como o pai era paranóico e de como adorava interrogar possíveis namorados e namoradas dos filhos – o que só fez com que ela sempre fugisse de homens e o irmão, Michael, nunca levasse as namoradas a sua casa – ela se desapontou com as atitudes do patriarca da família. No fundo ela esperava que o pai adorasse Damon de cara e que ambos se tornassem amigos, mas isso era fantasiar demais.
Limpou as lágrimas do rosto e tomou atenção à estrada, estranhando a demora em chegar ao apartamento. Foi aí que notou que estavam indo em direção à praia onde se conheceram pela primeira vez.

Damon estacionou e desceu do carro indo para o lado do passageiro e abrindo a porta do carro, fazendo uma mensura e estendendo a mão para pegar.
Mesmo ainda triste, sorriu baixando o olhar e pousando sua mão trêmula na de Damon.

-O que você está aprontando?

-Eu? Aprontando? Por quem me toma? - Damon revirou os olhos, guiando até a praia.

retirou os sapatos e pousou os pés na areia, sentindo a maciez gélida abrigá-la e acalmá-la instantaneamente.
Os dois caminharam em silêncio até um ponto da praia onde pararam e ficaram fitando o mar.

-Sabe, foi nesse preciso local que eu me apaixonei por você. - Damon comentou, apontando com o olhar a zona onde estavam parados.

arregalou os olhos surpresa com aquela confissão, mas continuou escutando calada o que vinha por diante.

-Ver o quanto a vida de Thor valia para você foi algo que despertou a minha melhor parte humana. A que também sente, a que chora e ri, a que ama e é amada, a que gosta de fazer a outra pessoa rir e que está lá para apoiar nos momentos tristes.
“Antes de conhecer você eu era uma pessoa fria...Má, até se quiser chamar, não me importava com ninguém nem com os sentimentos de ninguém. Usava as mulheres por divertimento e apenas por isso.”
“Vou confessar que no princípio pensei fazer o mesmo com você. Mas, algo em você me viciou. Não sei se esse teu olhar meigo e ao mesmo tempo sedutor. Se foi o teu cheiro viciante, se foi os teus lábios, o teu corpo...Ou talvez o conjunto inteiro. Mas, você se tornou única para mim.”
“Surpreendentemente eu não me deitei com mais mulher nenhuma depois de você. E acredite que não estou mentindo. Porque se tivesse deitado eu não teria problema nenhum em te dizer.”

-Onde você quer chegar com isso tudo? - perguntou inquieta, um pouco incomodada com a sinceridade impiedosa de Damon.

Damon lançou um olhar de quem diz para o deixar continuar, mas temeu que depois do acontecido no jantar, Damon estivesse querendo terminar com ela. Inconscientemente lágrimas se formaram nos seus olhos e ela as conteve ao máximo para não as deixar cair e fazer notar a sua fraqueza.

-Quando você disse que me amava no meio de toda aquela confusão, eu tive certeza que não tinha sido da boca para fora, apenas para enfrentar o seu pai e o deixar irritado. Havia um fundo de verdade nisso e isso me deixou bem mais tranquilo para fazer o que eu tinha planejado para essa noite e não aconteceu como eu queria. - Damon falou, fazendo elevar o olhar e fitar Damon, que retirava algo do bolso do seu paletó e se colocar sobre um joelho na sua frente.

escancarou a boca, perplexa com o que estava acontecendo, vendo a caixa se abrir e revelar um lindíssimo solitário de Safira rodeado por 16 pequenos diamantes.


- Wilson, aceita se casar comigo? - Damon formulou as palavrinhas mágicas, como que tornando aquele sonho por fim em realidade.

levou uma mão à barriga, que borboletava de alegria, e outra à boca, buscando palavras para exprimir o que estava sentindo.
Uma sensação de náusea subiu em sua bílis e antes que passasse mal, ou desse a entender a Damon que sua demora era um sinal negativo ao seu pedido, pulou no pescoço de Damon.

-Sim, sim, sim, mil vezes sim! - Respondeu eufórica, recebendo de seguida um beijo ardente e intenso.

Quando se separaram, Damon retirou o anel da caixa e o deslizou pelo dedo anelar de , sentindo seu coração morto explodir de felicidade.

-Eu te amo. - Murmurou com medo, sendo que seria a segunda vez em toda a sua vida que dizia aquela palavra e esperava sinceramente que dessa vez não houvessem risadas histéricas e a ilusória frase de “eu nunca te amei de volta, Damon”.

Mas, nunca seria Katherine, pois a vampira mal chegava aos pés da humana que estava aceitando o seu pedido sincero de casamento e retribuindo com vivacidade o quanto amava Damon.

~~
-Onde ela está!? - Damon perguntou empurrando um pouco mais a estaca de madeira para perto do coração do vampiro na sua frente.

A duras penas descobrira que Katherine nunca estivera na tumba e que estivera manipulando sua mente e sua vida através de capangas. Sua admiração - ou como ele percebera tarde demais, obsessão - se tornara em puro ódio ao perceber que Katherine era uma vadia manipuladora que adorava jogar com os sentimentos das pessoas que a amavam como brinquedos divertidos que assim que perdessem a graça, perdiam o jogo e eram botados de lado como peças velhas.

-Ela foi atrás de uma humana, é tudo que sei, eu juro! - O vampiro confessou apavorado.

Damon franziu o cenho. Que humana seria tão importante assim para Katherine procurar? Logo o vislumbre da imagem triste e enraivecida de surgiu em sua mente o sobressaltando e criando um estranho sentimento dentro de si: pânico.
Damon afrouxou o seu aperto contra o vampiro e este respirou de alívio, mas mais rápido do que pudesse prever, Damon empurrou totalmente a estaca de madeira contra o coração do vampiro, o matando definitivamente.

Em velocidade vampiresca, Damon seguiu seus instintos onde estes o queriam levar. E não era em direção a Mystic Falls, onde provavelmente estava. Algo dentro dele gritava para ir para outra direção e ele não contrariou essa sua vontade repentina, forte e, ainda assim, estranha.
Em poucos minutos Damon parou à porta de um prédio. Este lhe pareceu familiar, mesmo que em sua memória não houvesse qualquer referência dele. O vampiro inspirou fundo e o doce e suave perfume de pairava no ar, inconfundível e bastante forte. Sinal de que ela estava por perto ou passara por ali há bem pouco tempo.

-Boa noite, senhor Salvatore. É uma grande surpresa vê-lo novamente. - O porteiro o recebeu com amabilidade e surpresa. - A senhora sua esposa subiu há alguns minutos... - Damon não esperou ele terminar e apressado, mas em passos humanos, Damon correu até as escadas de serviço e quando já estava fora do alcance ocular de humanos, ele aumentou sua velocidade seguindo o cheiro de até o seu apartamento.

Damon parou à porta, que estava entre-aberta, aguçando seus ouvidos e ouvindo um bater bastante fraco do coração da humana e o riso maléfico de Katherine. Ele não hesitou em entrar e ir até onde o coração estava batendo, quase parando, pulando em cima de Katherine e tentando espetar uma estaca de madeira em seu coração. Esta travou o ataque a tempo e empurrou Damon contra a parede do lado oposto, fugindo em seguida antes mesmo do vampiro poder contra acatar.

Damon quis ir atrás da vampira desgraçada, mas seu instinto o impediu, o fazendo olhar para a humana desacordada e se debruçando sobre ela, a pegando delicadamente em seus braços e olhando apavorado enquanto escutava o coração dele bater tão fraco que ameaçava parar a qualquer instante.
Sem perder tempo e numa tentativa de a salvar, Damon levou sua mão à boca e com os dentes aguçados rasgou sua pele fazendo com que gotas do seu sangue caíssem diretamente na boca de . Ficou atento ao coração fraco, rezando para que seu sangue curasse os ferimentos no corpo dela – como os ossos quebrados no pescoço e a hemorragia interna – mas de nada adiantou. O coração parou de bater em questão de segundo e foi como se seu mundo tivesse acabado.
Involuntariamente lágrimas resvalaram por seu rosto caindo no rosto de . Damon se inclinou e selou seus lábios nos dela em um beijo delicado mas não de despedida.

O choro do cachorro, imóvel do outro lado do quarto, despertou a atenção de Damon, que se ergueu e caminhou até o animal, o pegando em seus braços e o analisando. Sentiu um cheiro ácido de veneno e lamentou pelo pobre cachorro, sua única lembrança concreta e vívida dos cinco anos que Katherine apagou de sua mente.
Pousou o cachorro do lado da sua dona e sentou perto da cama, apoiando os cotovelos nos joelhos dobrados e levando as mãos à testa, deixando que as lágrimas lavassem a sua alma. Junto com as lágrimas várias lembranças vieram à tona.
Não sabia se tinham passado segundos ou horas, mas nada disso importava.

~~
-Consegui achá-lo. - O vampiro anunciou fazendo o sorriso de Katherine aumentar no seu rosto.

-Onde ele está? - Perguntou ansiosa por notícias.

-Eugene, Oregon. - Respondeu obediente.

-Ótimo! - Katherine disse antes de sair em busca daquele que para ele deveria continuar amando-a para sempre, não importando as circunstâncias.



Não foi difícil para Katherine achar Damon em Oregon. O cheiro característico dele facilitou seu encontro. Mas, Katherine não esperava ver o que encontrou. Damon, aquele que sempre a tratou como uma deusa, sempre fazendo suas vontades... O SEU Damon! Com uma reles humana? Ela não acreditava no que via. Isso não podia ficar assim... Ela não ia deixar!



-Lucy. - Aquela voz não havia como não ser conhecida, imediatamente o corpo de Lucy se imobilizou.

-Katherine. - Disse antes de se voltar para a vampira. - A que devo a honra de sua presença?

-Quero que faça algo para mim. - Respondeu de pronto.

-Diga. - Disse indiferente.

-Quero que apague a memória de um vampiro!

-Você sabe que isso não vai ser fácil. Manipular vampiros é muito mais difícil do que fazer o mesmo com humanos. Se for antigo é mais complicado ainda.

-Não me importa! Faz o que tiver que fazer, se for preciso algum sacrifício, diga-me! Mas, você vai ter que me ajudar com isso!

Lucy verificou em seu grimório as coisas necessárias para tal. Era necessário a morte de alguém que teve alguma ligação sanguínea, mesmo que não muito forte, com o vampiro.

-Já sei quem será o sacríficio! -Disse Katherine animada.
-Preciso estar frente a frente com o vampiro para fazer o feitiço, aliás, ele tem q estar inconsciente.

-Tudo bem! Vamos para Mystic Falls, depois Oregon.



Lucy e Katherine esperavam fora da casa onde Damon e a humana moravam. Ninguém estava em casa, o que facilitou para as duas. Era só imobilizá-lo antes de entrar na casa. Se a humana estivesse junto, a vampira não se importaria de matá-la.

Katherine sentiu a presença de Damon se aproximando, avisou Lucy que levou o corpo do sacríficio para trás da casa e começou a preparar o ritual. Deixou o campo livre para Katherine fazer a parte dela.

Katherine ficou parada em frente a porta da casa esperando que Damon a visse. Ele ficou surpreso por vê-la viva.

-Katherine? Não é possível! Você estava na tumba! - Disse surpreso, fazendo-a rir.

-Gostou da surpresa, meu amor? Já pode se livrar da trouxa que está usando para me esquecer...- Respondeu irônica. Ele fechou a cara.

- não é trouxa. E muito menos estou a usando. Caia fora daqui, ou não me responsabilizo por meus atos. - A vampira gargalhou e se aproximou lentamente dele, que ficou parado em posição de defesa.

-Cadê aquele amor que dizia sentir por mim, querido? Esperava uma recepção mais calorosa... - Provocou maliciosa, se aproximou ainda mais andando sensualmente.

-Não te amo mais! É a quem eu amo agora! Suma daqui! Você ficou anos fora da minha vida, devia ter continuado aonde quer que você estivesse!

O rosto de Katherine se contorceu de raiva. Agora era questão de honra tirá-lo daquele humana ridícula. A vampira não perdeu mais tempo e num piscar de olhos foi parar atrás de Damon, tirando de seu bolso uma injeção com verbena injetando-lhe no pescoço até ele cair desacordado.



Lucy pegou todas as ervas necessárias para o ritual depositando-as na bacia. Katherine pegou o corpo de Zach, o “tio” de Damon, e arrancou-lhe o coração, apertando-o fazendo o sangue jorrar por suas mãos e cair dentro da bacia. Lucy começou a falar as palavras estranhas, que Katherine havia se acostumado a não tentar entender, começando o ritual. Um vento forte passou pelo local arrastando várias folhas que estavam no chão. As velas depositadas ali se acenderam e então Lucy abriu os olhos.

Com ajuda de Katherine fez Damon beber o liquido e com as mãos sobre as têmporas de Damon continuou o feitiço. Em meio a tudo aquilo, Katherine pôde ver os olhos de Damon se abrirem e revirarem em órbitas diversas vezes. Por fim, Lucy soltou-o e disse:

-Está feito!

-Ótimo! Quero apenas mais uma coisa e depois está livre para ir. Quero que escreva uma carta com a letra dele para aquela infeliz. Vai ser como se ele a tivesse abandonado. - Terminou sorrindo maldosa.

~~


Damon adentrou a casa do irmão com ao colo. O dia já quase raiava e não havia mais tempo a perder.
Stefan seguiu o irmão, aturdido com a cena, esperando que alguma palavra fosse proferida por este.

-O que aconteceu? - O irmão questionou preocupado com o estado da humana.

-Katherine aconteceu. Pelos vistos ela está muito viva e fora da tumba e foi ela que apagou minha memória! - Damon bradou irônico e irritado.

-Como isso é possível? - Stefan perguntou mais para si do que para o irmão.

-Katherine destruiu a minha vida para que minha obsessão por ela nunca terminasse. Não se admire se amanhã ela aparecer aí e você não se lembrar mais quem é Elena. Se bem que no seu caso, não dá muito para esquecer, afinal ela é a cópia da Katherine! - Damon desbaratou, apoiando os cotovelos nos joelhos e segurando o queixo com as mãos.

-Precisaremos de Bonnie. - Stefan falou, saindo do cómodo e pegando em seu celular para falar com Elena.

Sabia que se telefonasse diretamente à bruxa, esta o mandava ir catar coquinhos, mas com Elena intervindo, a melhor amiga ponderaria sobre o assunto.
Minutos depois as duas chegavam a casa dos vampiros um pouco aturdidas com a situação.
Elena pelo fato de Katherine estar fora da tumba e ter causado todo esse pandemônio na vida de Damon e Bonnie pelo fato de Damon ter sido casado durante cinco anos com uma humana e também pelo mesmo motivo de Elena.

-Bonnie. - Damon a cumprimentou com a cabeça. O seu ar era abatido, coisa rara de se ver e de bastante se admirar.

-Vocês já sabem como isto se procede. Ela vira uma vampira novata sedenta e sai por aí matando todos. - Bonnie cruzou os braços ainda incerta de que ajudar Damon era o certo a se fazer.

-Eu me responsabilizo por ela, Bonnie. Não permitirei que nada de mal aconteça. A vigiarei 24 sobre 24 horas se preciso for. - Damon falou convito, como se jurasse à sua própria vida.

Bonnie olhou desconfiada para Elena, para Stefan, passou por Damon e por fim olhou para a humana, ainda desacordada. Não tardaria muito para acordar e para completar a transformação tendo de beber o sangue de um humano qualquer, como se usufruísse de um saco de comida.
Mas, ao mesmo tempo algo dentro dela a incentivava a confiar naquela nova vampira e Bonnie sempre seguia os seus instintos.

-Preciso de um objeto pessoal. - Falou estendendo a mão e suspirando fundo.

Damon soltou um pequeno sorriso e olhou para , buscando com o olhar algum objeto que ela com certeza nunca fosse retirar, até que achou um cordão pendurado no delicado pescoço, o qual ele puxou e revelou um anel com um solitário de safira rodeado de pequenos diamantes.
Aquele pequeno e simples objeto começou despoletando memórias que haviam sido trancafiadas em sua mente, mas nunca apagadas. Como um flash as imagens vinham em velocidades que Damon não podia acompanhar, mesmo sendo um vampiro, mas mesmo assim elas ficavam gravadas para mais tarde serem recordadas com calma.

Damon ficou olhando para com um sorriso triste, contendo as lágrimas, mas ao mesmo tempo aliviado pela maldição de Katherine ter acabado.
Retirou o anel da volta de prata e o entregou para Bonnie, que se prontificou a iniciar o ritual para tornar o simples anel no mais forte protetor solar para vampiros.

De repente o peito de buscou o ar com tanta força como se ela estivesse se afogando. Em sua mente a imagem do dia em que conhecera Damon e em que ele salvara Thor, latejavam vividamente como uma imagem real e quando abriu os olhos e se deparou com ele, foi como se o visse pela primeira vez.
Aos poucos outras lembranças foram vindo e ela não sabia mais como reagir. Ainda assim não desviou uma única vez o olhar dele, que a fitava com atenção, como se lesse a sua alma e percorresse cada canto como reconhecimento.

-Terminei. - Bonnie falou estendendo o anel para Damon.

Este o pegou, desviando pela primeira vez ,desde que ela acordara, o olhar sobre e fitou o anel em suas mãos.

-Quando você disse que me amava no meio de toda aquela confusão, eu tive certeza que não tinha sido da boca para fora, apenas para enfrentar o seu pai e o deixar irritado. - Repetiu as mesmas palavras que havia dito na praia antes de a pedir em casamento. - Havia um fundo de verdade nisso e isso me deixou bem mais tranquilo para te pedir em casamento e te dizer o quanto te amo, . E mesmo depois de tudo o que passamos, da minha memória ter sido manipulada, de termos sido afastados, eu continuo te amando e espero que um dia você possa me perdoar por ter abandonado você e Thor. - Falou entregando o anel para ela.

baixou o olhar e pegou o anel com cuidado o deslizando sobre seu dedo e respirando fundo para conter as lágrimas.

-Por favor vamos esquecer tudo de ruim que nos aconteceu e começar de novo. - Ela pediu e Damon sorriu largamente, a aconchegando em seus braços e a abraçando. - Eu senti tanto a sua falta. - Fungou. - E é claro que eu nunca deixei de te amar, Damon. Eu não corri mundo atrás de você apenas pelo divórcio, eu queria olhar mais uma vez na tua cara e te fazer dizer que não me amava mais como antes, pois só assim eu acreditaria que você realmente tinha me esquecido.

-Eu nunca mais vou te abandonar. Eu prometo. - Jurou, pegando delicadamente no rosto de e a beijando, matando toda a saudade esquecida e selando aquele compromisso.

FIM

N/A: