Angel of Mine








11º Capítulo

21 Anos Antes

Patch estava em uma enorme sala arredondada, de aspecto semelhante às salas de Parlamento dos humanos. As paredes eram feitas de pedra e o teto era tão alto que um humano normal não conseguiria ver o seu fim. Janelas eram escassas o que conferia uma luminosidade fraca à enorme sala.

Os Conselheiros se sentavam nas secretárias niveladas e unificadas que faziam lembrar as bancadas dos estádios das Universidades, vestidos com seus mantos negros com um chapéu que cobria seus rostos.
Na bancada central, bem no centro, um Conselheiro se destacava entre os outros. Era o Porta-voz.

-Essas serão as vossas novas listas. – Falou ao tempo que os Guardiões entregavam aos Anjos da Morte novas listas para eles.  -Estamos bastante satisfeitos com todos vocês e queremos parabenizar os cinco Anjos que mais almas trouxeram com sucesso para o Purgatório e impediram os demônios de tomar posse. Rixon, Louis, Patch, Marie e Donna.

Patch recebeu congratulações de seus colegas e se sentiu contente por isso, mas estava mais focado em ler a sua lista. Ela era extensa e isso lhe agradava. Mas algo lhe chamou a atenção. Um nome, escrito a vermelho e sublinhado, sem uma data para morrer.

O Anjo estranhou. Nunca havia visto um nome escrito em outra cor que não o preto e muito menos sublinhado. Menos ainda sem uma data específica para a sua morte.

-Ei, parceiro, vamos festejar? Donna e Marie nos chamaram para sair. – Rixon o cumprimentou, passando seus braços pelos ombros do amigo e dando leves palmadas no seu ombro.

-Não entendo qual o vosso gosto de se misturar com os humanos. – Patch estreitou os olhos inconformado.

-Eu te explico. Tem o gosto de mostrar para os alfacinha dos Anjinhos da Guarda que nós podemos fazer tudo o que eles não podem! – Rixon falou animado.

-Céus, quando essa rixa entre os Anjos da Morte e os Anjos da Guarda vai terminar? Cada trabalho tem suas vantagens e desvantagens. Não precisamos esfregar isso na cara uns dos outros. – Patch tentou argumentar.

-Precisamos! E chega de sermão e vem logo!

-Patch! – A voz de um dos Conselheiros soou.

-E, vou indo, acho que querem um particular com você. Depois aparece lá! – Rixon insistiu se afastando do amigo.

-Chamou, Meritíssimo. – Patch se aproximou, se colocando sobre um joelho no chão e com uma mão no peito.

-Chamamos. Você já viu sua lista?

-Já sim. – Ele assentiu.

-E não notou nada de diferente.

-Era mesmo sobre isso que eu queria pedir um esclarecimento. Tem aqui uma tal de… - Patch tirou a lista do bolso e buscou pelo nome. – .

-Certo. Patch você sabe que é um dos melhores, senão o melhor, Anjo do nosso “departamento”. – O Conselheiro fez aspas com as mãos. – Além de ser um dos mais fieis. Foi por todas essas qualidades que nós escolhemos você para ser o encarregado de levar a alma dessa moça. é uma peça muito importante e se cair nas mãos erradas, temo que se possa tornar perigosa para a nossa existência.
E quando eu falo da nossa existência, não estou apenas me cingindo a nós, ceifadores, mas a todos os Anjos.

Patch se surpreende com a importância dessa humana e mais se surpreende ao escutar a história que ela carrega. A do Tesouro. Algo que transcende em séculos e que pode ser uma tragédia se não for parada a tempo.

- tem de ser morta o quanto antes! Nossa Salvação depende disso! – Patch fala com convicção e orgulho por ser o escolhido para esse trabalho. -Será uma honra completar esse serviço, Meritíssimo. – Patch faz uma vênia.

-Ficamos satisfeitos com o seu entusiasmo. Mas temos de lhe avisar que outros irão tentar pegá-la antes de você.

-Peço então permissão para usar o meu “manto” para manter seu paradeiro oculto.

-Permissão concedida.

-Acho melhor eu partir agora mesmo então, quanto antes melhor... – Patch afirma já se preparando para sua missão.

-Você está certo, nascerá hoje, em algumas horas, é uma boa oportunidade, quanto antes você conseguir levar a alma dela, melhor!

Patch assente ainda um pouco surpreso com o poder que essa humana parece ter, sendo que ela ainda nem nasceu, mas satisfeito por ter recebido uma missão tão importante ele pede licença ao Conselheiro e então parte imediatamente.

Sempre de perto ele acompanha tudo até chegada da hora do nascimento da menina... Patch está ali, bem ao lado pronto para levar para o Purgatório a alma da pequena que acabou de nascer, mas ao se aproximar mais dela e ficar em sua frente ele pára!
Tudo parece mudar quando ele encara os olhos do bebê recém-nascido.
Patch sabe que precisa matar a menina, mas não consegue! É maior que ele, maior que sua necessidade de cumprir sua missão... Ele se desespera e fica confuso quando percebe que não consegue matá-la, por mais que tente e que saiba o quão necessário é a morte dela Patch não consegue nem se mover enquanto encara a bebê em sua frente!

Desnorteado ele desaparece dali tentando entender o que aconteceu, mas quanto mais pensa, mais dúvidas surgem, ele simplesmente não consegue sequer pensar em matar a menina.

Ainda completamente confuso e abalado Patch tenta se acalmar e decide continuar com seu trabalho, tem muitas outras almas para levar ao Purgatório e depois, quando esse estranho abalo sumir, ele voltará para e cumprirá sua missão. Enquanto isso ele decide mantê-la protegida de todos caídos, demônios e Nefilins, ocultando-a com seu “manto”.


6 Anos depois

Patch tinha acabado de cumprir mais uma missão levando mais uma alma ao Purgatório e está satisfeito. O sorriso em seu rosto demonstra isso.
Estava caminhando pelo “pátio” quando escuta alguns “parceiros de trabalho” tendo uma conversa que o chama atenção ao proferirem nomes que ele conhece muito bem...

Os Ceifadores estavam falando sobre duas almas que levariam em um acidente hoje e Patch se surpreende ao notar que eram o pai e a irmã de . Até hoje, anos depois de ter a missão de matar a menina, ele não conseguiu cumpri-la e isso o incomoda profundamente. Nunca ele tinha demorado tanto em cumprir algo, mas por mais que tentasse até hoje simplesmente não tinha conseguido matá-la, mas agora ele vê uma nova oportunidade...

-Eu estava ouvindo a conversa de vocês... – Patch se aproxima dos outros ceifadores que o olham curiosamente, ele nem se abala por confessar que estava prestando atenção na conversa alheia e continua. -Tenho uma proposta para fazer a vocês.

-E qual seria Patch? – Um deles toma a frente e ele sorri.

-Eu tenho interesse direto nessas duas almas que vocês vão levar hoje. Ou melhor, em alguém ligado a eles... Então eu fico com essas duas almas e dou em dobro a vocês. – Ele sugere e os ceifadores sorriem animados com a proposta e aceitam para deleite de Patch que agora vê mais uma oportunidade de finalmente matar e ele não pretende falhar dessa vez.  

Com tudo acertado na hora do acidente Patch está por perto e acompanha todos os acontecimentos, então leva as almas do pai e irmã de ao Purgatório, mas quando volta para pegar a dela, ele vê a mãe de desesperada gritando para que salvem sua filhinha.

Patch observa a menina presa dentro do carro, prestes a morrer, pensando como nada pode salvá-la por mais que a mãe implore. Ele sabe que sua missão ali é exatamente matá-la, mas então ao olhá-la intensamente ele sente a mesma confusão que lhe dominou no dia do nascimento dela... A mesma necessidade absurda de protegê-la e salvá-la.

E é exatamente isso que ele faz. Patch a socorre de imediato, partindo com facilidade os materiais deformados do carro que impediam que a menina se mexesse.
estava muito ferida, sua perna presa entre a porta traseira e o banco, mas Patch consegue retirar tudo com cuidado e habilidade.
Pega o pequeno corpinho da criança, sentindo uma enorme vontade de pegar para si todas as suas feridas e toda a sua dor, mas ao tê-la ali tão perto de si, ele sabe que é questão de tempo para que ela morra em seus braços. E o espetro da sua alma querendo abandonar o corpo é prova disso.

Desesperado, o anjo da morte a carrega apressado até perto da mãe e a larga no colo dela.
A mulher, mais preocupada com a filha, nem repara quando Patch desaparece bem ali na sua frente.
Ao chegar no seu canto habitual, onde ele descansava ou passava o tempo quando não tinha nada para fazer, Patch encontra Rixon o esperando. Pela cara do amigo, ele pode ver que esteve observando tudo.

-O que você está fazendo, Patch?

-Eu não sei, eu não sei. – O moreno nega com veemência e certo desespero.

-Você sabe que é errado salvar ela. Você não é nenhum anjinho bonzinho da guarda! É totalmente o oposto! Você tem o dever de matar ! – Rixon se exalta para o bem do amigo.

-Caramba! Eu sei! – Patch grita de volta furioso consigo mesmo.

-Patch…Nossa vida depende disso. Se é que podemos chamar nossa existência de vida. Se ela não morrer…se ela for achada e cair nas mãos erradas…pode despoletar uma rebelião. – Rixon tentava colocar aquilo que Patch precisava escutar para deixar suas fraquezas de lado e matar a garota.

-Enquanto ela tiver o meu manto ninguém a acha! – Patch afirmou convito. – Eu só…só preciso de mais um tempo. – Pediu e Rixon se sentou do lado do amigo, o abraçando de lado, como que lhe dando o seu apoio.


Mais meia dúzia de anos se passaram sem que Patch conseguisse realmente sequer tentar se aproximar da menina, mas ele sempre a tinha debaixo do olho.
Estava em mais uma de suas “vigílias” quando Rixon se aproxima com um largo sorriso no rosto.

-Tenho uma boa notícia para você.

-E qual seria ela? – Patch fala descrente.

A sensação de falhar o tem botado para baixo. Ele nunca foi fraco, nunca foi de errar um compromisso e muito menos de ter piedade. Então porque com aquela garota tudo isso parecia tão normal?

-Adivinhe quem eu tenho aqui na minha lista para levar alma?

-Sou um Ceifador e não um bruxo. – Patch continuou focado em , do seu posto.

-Blythe . – Ao escutar aquele nome Patch ergue de imediato o rosto e encara o amigo. – Você tem aqui de novo uma chance lhe batendo na porta, Patch. Por nossa amizade eu te cedo essa alma e você acaba de uma vez com aquela pirralha!

Patch fica em silêncio uns tempos. Sabia que mais cedo ou mais tarde a mãe de não iria aguentar. Assistia o dia-a-dia da garota e sabia o quanto a mãe desta estava depressiva. Ver as lágrimas da menina o deixavam de rastos, mas ele poderia acabar com o sofrimento de ambas de uma vez.

-Obrigado. – Patch agradece.


Durante dias, até à data do suicido, Patch repete para si mesmo, como um mantra, que ele vai finalmente conseguir matar . Tem a observado continuamente desde o acidente de propósito, para se habituar à sua presença para diminuir a vontade de a salvar toda a vez que ele a quer matar.


O grande dia chega e Patch acompanha de perto todo o percurso das duas humanas cujas almas levará dentro em breve.
Blythe está no cimo do parapeito, de costas para , que tenta convencê-la a descer dali.
O sofrimento e desespero da garota o abala, mas ele repete mentalmente que ela tem de morrer.
Nesse meio tempo em que ele repete para si esse mantra, Blythe desiste da sua vida e se atira do topo do prédio. , querendo salvar sua mãe, corre até o parapeito e se inclina para a frente, tentando alcançar a mãe, mas ela já estava fora do seu alcance.

Patch a chama de burra heróica, mas ao ver a rapidez com que ela se inclinou e se desequilibrou do parapeito, Patch tenta alcançá-la antes que ela caia.
Seu coração se acalma ao ver que a menina se conseguiu agarrar e depois de a puxar e a colocar em segurança, Patch some enfurecido.

Ao chegar de novo no seu “quarto” Patch começa destruindo tudo o que vê na sua frente. A raiva por ter falhado mais uma vez toma conta de si, o deixando cego, o que o faz não perceber de outra presença ali.
Quando pára de derrubar as coisas, Patch por fim olha sobre o ombro e encara um dos Guardiões.

E pensar que um dia ele sonhou chegar naquele posto e continuar a subir sempre até ser um dos Conselheiros. Com essa missão falha, todos os seus projetos caiam por terra.
O Guardião o acompanhou até a sala dos Conselheiros.
Frente a frente a eles, Patch se sentiu rebaixado. Ele falhara, malditamente ele falhara. Todo o seu ego caia em queda livre lá do alto ao tempo que escutava o porta-voz dos Conselheiros o repreendendo e afirmando que o vigiavam desde o primeiro momento em que ele não conseguira matar a bebê.

Patch não sabe o que dizer. Sabe que estão certos e que ele está errado. Mas o Conselho é imparcial e ameaça entregar o “serviço” a outro mais qualificado.
Patch se alerta e pede uma nova oportunidade. Fala que agora ele conseguirá fazer o serviço e que logo ela estará morta. O Conselho assente e Patch junta as suas coisas e se muda de vez para a Terra, para junto do seu amigo, Rixon.

Patch resolve tratar primeiro de todos os seus assuntos pendentes e de todas as almas que ele tem de levar para depois se dedicar a 100% a .
Lentamente ele se aproxima da menina mulher e observa de perto cada passo seu.
O homem em si não deixa de notar o quanto ela cresceu e está bonita, mas Patch se pune por pensar assim.
Para se abstrair ele vive a vida do amigo. Noitadas, mulheres, bebidas…

Mas uma noite em que um humano tenta raptá-la para a estuprar, Patch percebe que ela é ainda mais frágil do que ele podia imaginar e que ela corre mais perigo se ele não a estiver sempre a proteger.
Sua decisão final é a mais arriscada, mas a mais acertada também.

Patch se aproxima de verdade de , convivendo – se assim se poderia dizer – com ela e desde então tem vivido numa luta interna contra si mesmo para conseguir levar a alma dela e parar de a salvar.
E é nesse tempo, tão próximo dela, que ele percebe por fim os seus sentimentos. Algo que ele raramente escutou acontecer entre os filhos do Criador.

Mesmo sem querer admitir ou realmente acreditar, a verdade está em sua frente e Patch não tem mais como negar... Ele se apaixonou pela humana, por mais impossível que isso possa parecer, todo esse tempo tão perto de , e com a louca necessidade de protegê-la quando deveria matá-la, ele acabou se apaixonando por ela... E isso fica bem óbvio a cada vez que ele se vê perto dela, fica óbvio quando ele não se controla e a beija, e quando sente algo por dentro se aquecer toda vez que a chama de “Anjo”. 

Constatar isso deixa Patch desesperado e ao mesmo tempo furioso então agindo pelo impulso ele procura o Conselho e toma a difícil decisão de abandonar o caso de e passar o “serviço” para outros Ceifadores...

-Na verdade esperávamos por isso... – Um dos Conselheiros o olha decepcionado quando ele faz o pedido.

-Eu lamento muito, mas não fui capaz, nem serei, de matá-la e não posso mais nos prejudicar. – Patch sussurra tentando não pensar que ao fazer isso está entregando a outros a missão de matar , outros que ao contrário dele farão isso rapidamente, pensar que ela será morta e saber que não poderá fazer nada o deixa angustiado.

-Você está desistindo de . – O Conselheiro diz e Patch assente. - Então que fique bem claro que a partir desse momento ela não estará mais sendo protegida por seu manto.

Patch assente tentando não demonstrar o quanto isso o aflige.
Depois de alguns instantes de silêncio o Conselheiro manda ele se retirar dizendo que imediatamente outro Ceifador recebrá a missão e Patch desaparece rapidamente dali.

Alguns dias se passam, e Patch se mantêm afastado de por mais difícil que seja...

-Patch... – Rixon aparece ao seu lado o despertando de seus mais profundos pensamentos, todos relacionados a .

-O que foi Rixon? – Patch o olha sem interesse.

-Os demônios a acharam... – Rixon diz simplesmente e Patch se ergue, o corpo todo tenso por saber exatamente de quem o amigo está falando.

-E...

-Eu os mantive longe... – Rixon o interrompe vendo o desespero na expressão dele. -E nem deveria estar te contando isso, mas ela está correndo perigo, e dos grandes.

Patch resmunga tentando pensar com clareza, mas quando se da conta já está a caminho do apartamento de pronto para mais uma vez salvá-la.

Rixon observa o amigo sumir tendo a certeza de que Patch se envolveu mais do que deveria com a humana e sabendo que isso não é nada bom!

Por mais que saiba que não deveria estar fazendo isso, Patch não consegue mais se controlar, tentou evitar sentir o que sente por ela, tentou se afastar e tirar aquele sentimento tão humano de dentro dele, mas não suporta mais ficar parado enquanto ela corre perigo e está disposto a tudo para ajudá-la, mesmo que precise revelar algumas coisas para ela... Ele precisa manter a salvo, mesmo que isso acabe com ele!


N/Baby: OMG! Tantas revelações sobre o nosso anjinho. Ele realmente vive numa encruzilhada. E agora, o que será que irá acontecer? Tensoo, mto tensooo.
Amei demais escrever esse POV sobre o Patch. Nos faz conhecê-lo melhor e as suas intenções…mas nem tudo são mares de rosa. E isso vocês verão nos próximos caps.

Desculpem termos atrasado com os caps mas ambas as autoras tiveram imensos desencontros e depois a May ficou malzassa do joelho (espero que agora esteja melhor, amiga) e então atrasou mesmo. Mas saiu e com orgulho digo que esse cap é o meu favorito. Rsrsrsrsrs

Bom, e é isso. COMENTEM!

Kisses da Baby

N/May: Oláá *--*
Finalmente pudemos conhecer mais do Patch e saber exatamente o que ele quer, mas ainda tem algumas coisas para serem reveladas e mt coisa pela frente ainda ;)
Acabamos atrasando um pouco com o cap. por vários motivos, um deles, meu joelho que está me matando, eu tenho um problema nele há um tempo já :(
Mas aí está o cap. e esperamos que tenham gostado *-*
Bjokas... May