Angel of Mine








Capítulo 24 


O dia raiou tímido como se tivesse medo de aparecer em meio àquela guerra sobrenatural que decorria lá fora, invisível aos olhos humanos, mas perceptível à sensibilidade animal.




Todos os animais se escondiam ou se tornavam arreliosos, presenciando através dos seus instintos àquela batalha; uma pequena amostra do que realmente seria mais tarde.




Os Anjos Negros se divertiam a exterminar todas aquelas aberrações dos infernos – literalmente – e dividiam seu tempo entre proteger o prédio onde os quatro mais procurados no mundo sobrenatural estavam e em impedir que Nefilins chegassem até eles.




DEV e a sua trupe de guerreiros rebeldes conseguiram afugentar o restante dos Demônios aos primeiros raios de sol do dia e, assim, fortificar a linha protetora que impedia os Nefilins de passar pela sua barreira.




Sem cerimônias, o representante maior dos rebeldes apareceu na presença de Rixon, que permanecia agarrado a . Esta adormecera em seus braços depois de uma noite de choro.




Com cuidado ele saiu debaixo do corpo delgado e delicado da sua amada, substituindo o apoio do seu corpo por uma aconchegante, mas fria almofada, e se encaminhou até DEV.




–Está na hora de partirmos. – DEV avisou num sussurro e Rixon assentiu transmitindo a mesma mensagem a Patch.




Este abriu os olhos de imediato quando a mensagem gritou suave em sua mente.




Delicadamente ele se levantou da cama, vendo se remexer um pouco, mas sem acordar.




Se encaminhou até a cômoda do quarto, catando várias peças de roupa necessárias. Todas elas extra quentes. Ao chegar à gaveta das langeries, sentiu um incomodo em suas calças, mas logo tratou de o ignorar, não era momento para aquilo, ele precisava se concentrar na proteção de e as coisas não seriam nada fáceis.




Depois de separar as roupas, Patch foi até ao armário embutido na parede e retirou duas malas desportivas bem espaçosas e colocou as roupas bem dobradas. Dos cabides retirou vários agasalhos e da base do armário botas e outros calçados mais confortáveis, práticos e quentes.




Ao terminar as malas, Patch foi até a ponta da cama e acariciou os cabelos de , sussurrando seu nome e pedindo que esta acordasse.




–Anjo. Acorde. – Ele pediu mais uma vez vendo os olhos dela piscarem até por fim se entre abrirem e fitarem as orbes profundas de Patch.




Seu coração disparou involuntariamente e a adrenalina percorreu suas veias, alertando ao seu cérebro da perigosa proximidade entre os dois.




Como ele podia torturá-la desse jeito sabendo o quanto ela ainda o amava, o desejava… Isso não podia ser inocência e sim tortura da parte dele.




Patch acariciou mais uma vez o rosto aveludado de e dividiu o foco do seu olhar entre a cor mel brilhante dos seus olhos, envolta numa camada espessa e negra de pestanas e o inchaço matinal dos seus lábios rosados, respirando sofregamente como que pedindo para serem tomados num beijo ardente.




Mas logo ele despertou com outro chamado impaciente de Rixon e fitou com outro olhar, se afastando consideravelmente dela.




Isso era cruel. Ele era cruel para ela. Dar-lhe a fragrância de um doce e atirá-lo para bem longe de seguida.




–Devemos partir. Fiz suas malas. Pegue alguns pertences mais pessoais. – Ele informou imparcial, sem qualquer emoção em sua voz, era melhor assim, por mais que doesse.




assentiu com um leve e quase imperceptível movimento de cabeça se sentando na lateral da cama e baixando o olhar para o chão... Ela sentiu um nó na garganta, mas se segurou para não derramar mais nenhuma lágrima, durante a noite anterior que passou nos braços do Patch ela chegou a ter esperança de que as coisas finalmente pudessem se acertar entre eles, mas ver e sentir a frieza e o distanciamento dele agora mostrou o quanto estava enganada, nada tinha mudado, a não ser para pior.




Esperou que Patch saísse com suas malas e terminasse de quebrar seu coração, mais uma vez, e tomou forças para se recompor e pegar algumas fotos de seus pais e sua tia e outra com sua eterna irmã e amiga . Pegou a bíblia de seus pais – que ela mantivera no quarto – e uma caixa de jóias pertencente a seus pais e guardou em uma pequena bolsa junto com itens de higiene íntima e uma caixa de primeiros socorros.




Terminou de se vestir e de se arrumar e caminhou até a sala, onde todos a aguardavam, já prontos.




foi de imediato ao seu encontro, a abraçando com ternura e sussurrando palavras de conforto.




–Vai correr tudo bem. – Ela garantiu segurando o rosto da amiga com delicadeza e olhando em seus olhos.




retribuiu o abraço, mas logo foram interrompidas pelo enorme, assustador e protetor Anjo Negro com uma voz trovejante.




–Temos de partir. Agora! – Comentou imperceptível.




Patch e Rixon assentiram e pegaram nas malas de cada uma. Rixon foi se despedir de , sendo que estes já tinham conversado e esta já estava a par dos planos. Logo depois de um beijo demorado, Rixon sumiu das vistas de todos enquanto Patch hesitava em ir falar com ou não.




Ele a olhou por um momento e soube que se fosse se despedir não iria conseguir resistir quando o que mais queria agora era tomá-la em seus braços e garantir o quanto a amava... Para não cair em tentação e botar tudo a perder Patch decidiu sair dali logo...




lhe explicará o plano. – Falou secamente e partiu, deixando ambas as amigas a sós com DEV.




se amedrontou um pouco com aquela presença magnificente, mas permaneceu incrédula com a atitude fria de Patch. Se perguntava o que ela havia feito de errado para ser tratada daquela maneira depois da noite calma e perfeita em seus braços. Mas não teve tempo para mais nada.




DEV se colocou entre ambas e as agarrou pelos braços se desmaterializando e as levando junto consigo.




Uma sensação nauseante percorreu ambos os corpos das humanas e uma tontura invadiu suas mentes com uma pancada seca. Involuntariamente elas fecharam os olhos perdendo parte da viagem, mas sentindo seus corpos como sendo puxados por um vórtex de ar e calor que durou apenas 3 segundos.




Logo elas estavam de novo fora daquele vórtex e as sensações de náusea e tontura iam diminuindo gradativamente. Mas mesmo assim seus corpos estavam trêmulos como paus de bambu ao vento e mal se seguravam em pé.




DEV não esperou que elas se recompusessem e começou puxando elas por uma trilha.




e olhavam em volta tentando perceber onde se encontravam, mas uma densidade asfixiante de mato as rodeava e as deixava zonzas.




–Onde estamos? Aonde vamos? – perguntava ao tempo que sentia um tontura e tentava se manter em pé, enquanto o Anjo Rebelde as puxava, quase carregava, pela trilha.




Mas ele nada respondeu. O silêncio se sentia quase que de uma forma cortante.




–Ei, pode andar mais devagar, eu não estou aguentando! – reclamou se apoiando nas árvores por onde passava.




DEV por fim parou e as olhou friamente murmurando algo que ambas quase não escutaram, mas que devido ao eco feito pela área desértica fez o som chegar aos seus ouvidos: “humanas”.




Num segundo colocou ambas debaixo dos seus braços, como se carregasse dois sacos de batatas bem leves, as mantendo na horizontal e suspensas no ar. Ambas se debateram e reclamaram, mas este simplesmente as ignorou e continuou caminhando.




Por fim a trilha começou se desvendando e mostrando uma subida rochosa em declive. A montanha era tão alta que a certa altitude deixava de se ver o topo desta devido à formação de nuvens que condensavam no céu.




Mais de uma hora durou a viagem até ao topo e cada vez que subiam mais a névoa esbranquiçada e quase palpável se tornava cada vez mais espessa e gélida, as fazendo tremer de frio.




–A-inda fa-lta mui-to? – questionou mais uma vez esperando que dessa vez obtivesse resposta.




Sua voz entrecortada pelo frio se tornava rouca e áspera, arranhando sua garganta. Seus olhos ardiam dolorosamente a cada sopro do vento, fazendo lágrimas grossas resvalarem e congelarem a meio de seu rosto.




se concentrava em repartir o calor que seu corpo ainda conseguia produzir por seus membros, garantindo que estes não parassem a circulação e evitassem uma maior catástrofe.




Ao olhar em frente ela vislumbrou ao fundo, como uma miragem, uma cabana de madeira iluminada e em poucos minutos se viu dentro dela.




DEV jogou delicadamente os corpos das humanas em sofás perto de uma lareira previamente acesa que mantinha o aquecimento da sala e garantia o calor necessário para as humanas.




Aos poucos elas conseguiram voltar aos tons rosados e vivos de antes.




DEV se ausentou pelos aposentos da casa as deixando sozinhas. olhou em volta procurando por Rixon e estranhando ele ainda não ter chegado, mas tentou não entrar em pânico por isso, apesar de tudo ser assustador ela sabia que precisava se manter calma.




A certa altura o estômago de ambas roncou alto as fazendo se entre olharem.




–Ainda estou demasiado enjoada para comer algo. – se queixou.




–Afinal, onde estamos? Patch disse que você me explicaria tudo…




–Eu também não sei onde estamos. Rixon não falou sobre isso. Ele apenas disse que iríamos ficar em um abrigo com DEV enquanto eles despistavam os Nefilins sobre o nosso paradeiro. – contou.




assentiu em silêncio olhando a cabana em volta. Era muito charmosa, espaçosa e acolhedora. Quase parecia pertencer a alguém humano e feminino, pela forma como estava decorado com requinte e conforto.




Seus pensamentos queriam voltar para Patch, e o medo por toda aquela situação tentava dominá-la, mas ela decidiu se concentrar em qualquer outra coisa ou acabaria enlouquecendo...




–Se calhar devíamos procurar os quartos. Estou morrendo de cansaço e esses sofás não são lá muito confortáveis. – aconselhou e concordou satisfeita pela amiga mudar de assunto, e ajudando-a a se erguer.




Ambas percorreram os olhos pela sala vendo para que lado seguir. Subiram então umas escadas entre a lareira e a enorme cozinha e se depararam com um hall com quatro portas.




–Escolhemos uma porta e ficamos com o quarto. – sugeriu sapeca.




sorriu. Sempre que iam de férias, ou até mesmo quando alugaram o apartamento perto da Uni, elas faziam esse “joguinho” para não terem de brigar por um quarto... Foi bom por ao menos alguns instantes pensar que aquilo era só umas férias...




Ambas escolheram uma porta e logo as abriram, se deparando com os seus quartos.




–Ah, o seu é sempre o melhor. – emburrou espreitando para o quarto da amiga. –Sortuda!




–Se quiser podemos trocar. Ele é espaçoso demais. – deu de ombros e torceu o nariz ao olhar o quarto.




–Sério? – perguntou entusiasmada e confirmou com um meneio afirmativo de cabeça. –Eba! – a loira festejou trocando imediatamente de quartos.




. – a chamou quando esta já ia entrar no seu quarto simples, mas acolhedor. –Será que posso dormir com você, só por essa noite. – ela pediu no batente do seu quarto, fazendo sua carinha amedrontada e pidona.




sorriu e baixou o braço, cedendo passagem para a amiga. Ambas se jogaram na cama e se enrolaram nos edredons quentinhos... ficou feliz por estar ali, tudo era muito assustador e mesmo sabendo que ambas estavam sendo protegidas ela sabia que o perigo as rondava... Seus pensamentos foram para sua tia... Como ela estaria agora?




sentiu os olhos marejarem e os fechou com força fazendo uma prece para que tudo terminasse bem e que ninguém que ela amasse se machucasse.




percebeu o estado da amiga e sem dizer nada apenas a abraçou com força e elas ficaram assim em silêncio até finalmente adormecerem.




Aquela aparente calmaria não permaneceria por muito tempo e elas sabiam disso, uma estranha e inexplicável guerra sobrenatural estava chegando... O perigo se aproximava cada vez mais e ninguém fazia idéia de como aquilo iria acabar.


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N/Baby: 
Ufaa, finalmente conseguimos nos juntar para escrever.
Acho que o Sr. Tempo conspirou contra nós e contra essa fic.
Esse cap foi calminho e o próximo também será, mas logo mortes irão acontecer e mais assuntos secretos serão revelados.
Como por exemplo: Porque raios a é tão perseguida por todo esse mundo sobrenatural? Porque ela é o Tesouro e o que raios é, especificamente, o Tesouro!
Espero que continuem acompanhando e comentando. Muito obrigada a todas as leitoras fiéis da fic e obrigada por ter aceitado e abraçado esse romance sobrenatural tão bem desde o começo.
Kisses da Baby


N/May:
Oláá *-*
Nos desculpem pela demora, mas aí está mais um capítulo, um cap. meio de transição para a parte difícil que está chegando e esperamos de coração que estejam gostando *---*
Muito obrigada a todos que lêem, deixam seus reviews e suas recomendações e, por favor, comentem *--*
Bjokas... May