Finale







CAPÍTULO 20

A noite de quinta chegou, e com ela, a completa transformação da fazenda.
Guirlandas de folhas de outono em vermelho, dourado e castanho,
derramadas fora do beiral. Sacas de espigas de milho secas emolduravam a porta.
Parecia que Marcie tinha comprado cada abóbora de toda Maine, e as alinhou ao longo
de toda calçada, a garagem e cada centímetro quadrado da varanda. Foram esculpidas
algumas lanternas de abóbora, piscando luz de velas em suas expressões assustadoras.
Uma parte vingativa de mim queria dizer que uma loja de artesanato tinha sido jogada
em nosso gramado, mas na verdade ela tinha feito um bom trabalho.
Dentro, música assombrada tocava do aparelho de som. Caveiras, morcegos,
teias de aranha e fantasmas se confundiam com os móveis. Marcie tinha alugado uma
máquina de gelo seco – como se nós não tivéssemos neblina de verdade o suficiente
no jardim.
Eu tinha duas sacolas de papel nos meus braços cheias de itens que última hora
que estavam faltando, e eu os levei até a cozinha.
- “Voltei!!” eu gritei. “Copos plásticos, um saco de anéis de aranha, dois sacos de gelo,
e mais confetes de esqueleto – como você pediu. A soda ainda está no porta malas.
Algum voluntário pra me ajudar a trazê-las para dentro?”
Marcie escorregou do quarto, e eu fiz meu queixo cair. Ela usava um sutiã de
vinil preto e calças legging correspondentes. Nada mais. Suas costelas apareciam
através de sua pele e ela tinha coxas que nem palitos de picolé . “Coloque a soda na
geladeira, o gelo no freezer, e espalhe os confetes de esqueleto na mesa de jantar, mas
não deixe cair na comida. Só isso por enquanto. Esteja por perto caso eu precise de
mais alguma coisa. Eu tenho que terminar minha fantasia.”
- “Bem, isso um alívio. Por um minuto, eu achei que isso fosse tudo que você estava
planejando usar.” Eu disse, gesticulando para o vinil acanhada.
Marcie olhou para baixo. “E . Eu sou a Mulher Gato. Eu só preciso colar as
orelhas de feltro preto na minha cabeça.
- “Você vai usar sutiã na festa? Só sutiã?”
- “Um top.”
Oh, essa vai ser boa. Mal posso esperar pelo comentário da . “Quem o
Batman?”



- “Robert Boxler.”
- “Então isso significa que Scott se salvou?” Essa era mais uma pergunta retórica.
Apenas para dar uma facada notória na uma reviravolta.
Marcie deu de ombros numa caminhada pouco pomposa. “Que Scott?” ela
disse, e marchou escada acima.
- “Ele escolheu ao invés de você!” Eu disse triunfantemente atrás dela.
- “Eu não ligo.” Marcie cantou de volta. “Você provavelmente fez a cabe a dele. Não
segredo que ele faz tudo o que você diz. Coloque a soda na geladeira antes da virada
do século.”
Eu dei língua para ela, mesmo sabendo que ela não podia ver. “Eu tenho que me
aprontar também, você sabe!”
Às 19:00 os primeiros convidados chegaram. Romeu e Julieta, Cleopatra e Mark
Anthony, Elvis e Priscila. Até mesmo vidros de ketchup e mostarda passeavam pela
porta da frente. Eu deixei Marcie bancar a anfitriã e fui para a cozinha, empilhando no
meu prato ovos cozidos, coquetel de salsichas e milho doce. Eu estava muito ocupada
concedendo as ordens pré-festa de Marcie para jantar. Isso, e a nova fórmula de
devilcraft que Dante tem me dado, parecia reduzir meu apetite após as primeiras horas
que eu tomava.
Eu tinha feito um trabalho razoavelmente bom racionando isso e ainda tinha o
suficiente para os próximos dias. Os suores noturnos, dores de cabeça e estranhas
sensações de formigamento que me apanhavam nos momentos mais estranhos
quando eu comecei a tomar a nova fórmula tinham ido embora. Eu tinha certeza que
isso significava que os perigos do vício tinham passado e eu tinha aprendido a usar
devilcraft seguramente. Moderação era a chave. Blakely pode ter tentado me ligar ao
devilcraft, mas eu era forte o suficiente para definir meus próprios limites.
Os efeitos do devilcraft eram inacreditáveis. Eu nunca tinha me sentido tão
excecional fisicamente e mentalmente. Eu sabia que eu teria que parar de tomar isso
eventualmente, mas com o estresse, perigos do Cheshvan e a guerra iminente, eu
estava alegre de eu estar sendo cautelosa. Se mais algum dos meus duvidosos
soldados Nephilins me atacasse, dessa vez eu estaria preparada.
Depois de me encher de aperitivos e Sprite servida em um caldeirão preto, eu
acotovelei o caminho até a sala de estar, procurando ver se e Scott tinham
chegado. As luzes tinham esmaecido, todos estavam fantasiados, e eu tinha dificuldade
em encontrar rostos na multidão. Mais, eu espiei a lista de convidados. Foi fortemente
ponderada em favor dos amigos de Marcie.
- “Adorei a fantasia, . Mas você não passa de um demônio.”
Olhei para o lado para Morticia Addams. Eu olhei confusa, e depois sorri. “Oh,
hey, Bailey. Quase não te reconheci com o cabelo preto.” Bailey sentava do meu lado
na aula de matemática, e nós éramos amigas desde o ginásio. Eu peguei minha cauda
de diabo, com uma pequena pontinha no fim, para salvá-la do cara atrás de mim, que
ficava acidentalmente pisando nela, e disse, “Obrigada por vir esta noite.”
- “Você terminou o dever de matem tica? Eu não entendi nada do que o Sr. Huron
tentou nos ensinar hoje. Toda vez que ele começava a resolver um problema no
quadro, ele parava na metade, apagava o que tinha feito, e começava de novo. Eu acho
que ele não sabe o que está fazendo.”
- “Yeah, provavelmente vou passar horas fazendo isso amanhã.”



Os olhos dela se iluminaram. “Nós devíamos nos encontrar na biblioteca e fazer
juntas.”
- “Eu prometi pra minha mãe que limparia o celeiro depois da escola.” Eu encobri.
Verdade seja dita, dever de casa tinha se esvaído da minha lista de prioridades para
fazer mais tarde. Era difícil me preocupar com a escola quando eu temia que qualquer
dia agora o sinistro cessar fogo entre anjos caídos e Nephilins estourasse. E eu daria
qualquer coisa para descobrir qual.
- “Oh. Talvez da próxima vez.” Bailey disse, soando desapontada.
- “Você viu ?”
- “Ainda não. De quem que ela vem?”
- “De babá. Seu par Michael Myers de Halloween.” Eu expliquei. “Se você a vir, diga
que eu a estou procurando.”
Quando eu atravessei a sala de estar, eu esbarrei em Marcie e seu par, Robert
Boxler.
- “Como está a comida?” Marcie me perguntou autoritariamente.
- “Minha mãe está cuidando disso.”
- “Música?”
- “Derrick Coleman o DJ.”
- “Você está trabalhando na multidão? Todos estão se divertindo?”
- “Acabei de terminar a ronda.” Mais ou menos.
Marcie me olhou com criticismo. “Onde está seu par?”
- “Isso importa?”
- “Eu soube que você está namorando um cara novo. Fiquei sabendo que ele não vai
escola. Quem é ele?”
- “Quem te disse isso?” O boato sobre Dante e eu estava rolando afinal de contas.
- “Isso importa?” ela repetiu sarcasticamente. Ela torceu o nariz em desgosto. “Do quê
você está vestida?”
- “Ela é uma diaba.” Robert disse. “Tridente, chifres e vestido vermelho de vampiro.”
- “Não esqueça as botas pretas de combate,” eu disse, mostrando-as. Eu tinha que
agradecer a por elas, assim como pelos laços vermelhos de glitter.
- “Estou vendo.” Marcie disse. “Mas o tema da festa são casais famosos. Um diabo não
sai com ninguém.”
Foi quando Patch apareceu na porta da frente. Tive que conferir duas vezes para
ter certeza de que era ele. Eu não esperava que ele viesse. Nós não tínhamos resolvido
nossa briga, e eu orgulhosamente me recusei a dar o primeiro passo, me forçando a
trancar meu celular em uma gaveta toda vez que eu era seduzida a ligar para ele e me
desculpar, apesar da minha crescente angustia dele nunca ligar também. Meu orgulho
imediatamente se transformou em alívio quando o vi. Eu odiava brigar. Eu odiava não
ter ele por perto. Se ele estava disposto a consertar isso, eu também estava.
Um sorriso iluminou meu rosto quando vi a fantasia dele: jeans escuros, camisa
preta e máscara preta. Este último ocultava tudo menos seu semblante fresco e
taxativo.
- “Lá está meu par.” Eu disse. “Elegantemente atrasado.”
Marcie e Robert se viraram. Patch me deu um pequeno aceno e colocou a
jaqueta de couro em uma pobre novata que Marcie tinha enganado com a tarefa de
pegar os casacos. O preço que algumas garotas pagariam para ir a uma festa dos
populares era quase vergonhoso.



- “Não é justo,” Robert disse tirando sua máscara de Batman. “O cara não se aprontou.”
- “O que quer que você faça, mas não chame ele de ‘cara’.” Eu disse para Robert,
sorrindo para Patch enquanto ele fazia seu caminho.
- “Eu conheço ele?” Marcie perguntou. “Quem ele deveria ser?”
- “Ele um anjo,” Eu disse. “Um anjo caído.”
- “Não com isso que um anjo caído se parece!” Marcie protestou.
Mostra o quanto você sabe. Eu pensei, enquanto Patch pendurou seu braço em volta
do meu pescoço e me puxou para um beijo leve.
Tenho sentido sua falta,’ Ele falou nos meus pensamentos.
Sinto o mesmo. Não vamos mais brigar. Podemos deixar isso pra trás?’
Considere feito. Como está indo a festa?’ Ele perguntou.
Eu ainda não quis pular do telhado.’
Estou feliz em ouvir isso.’
- “Oi,” Marcie disse para Patch, o tom dela mais galanteador do que eu poderia
imaginar com o par dela a centímetros de distância.
- “Hey,” Patch retornou, estendendo o reconhecimento com um breve aceno.
- “Eu conheço você?” ela perguntou, inclinando a cabeça curiosamente para o lado.
Você vai ao Coldwater High School?”
- “Não.” Ele disse sem elaborar.
- “Então como você conhece ?”
- “Quem não conhece ?” ele retornou suavemente.
- “Esse é meu par, Robert Boxler,” Marcie disse a ele com um ar de superioridade. “Ele
o quarterback do time de futebol.”
- “Impressionante.” Patch respondeu, seu tom educado o suficiente para retornar se
estivesse interessado. “Como está a temporada, Robert?”
- “Nós temos tido uns jogos difíceis, mas não nada que não possamos nos
recuperar.” Marcie cortou, dando tapinhas no peito de Robert consoladoramente.
- “Qual academia você frequenta?” Robert perguntou a Patch, olhando o físico dele
com admiração. E inveja.
- “Não tenho tido muito tempo ultimamente para academia.”
- “Bom, você está ótimo, man. Se você quiser levantar pesos com alguém, me chame.”
- “Boa sorte com o restante da temporada,” Patch disse a Robert, dando a ele um
daqueles apertos de mão complicados que todos os garotos parecem saber
instintivamente.
Patch e eu fomos vagamos para dentro da casa, nos enrolando através dos
corredores e quartos, tentando encontrar um canto isolado. No fim das contas ele me
puxou para o lavabo, chutou a porta fechando-a, e a trancou. Ele se inclinou para mim
contra a parede e passou o dedo em uma das minhas orelhas vermelhas de diabo, seus
olhos profundamente negros com o desejo.
- “Bela fantasia,” ele disse.
- “Idem. Posso dizer que você pensou muito na sua.”
Ele curvou a boca em divertimento. “Se você não gosta, eu posso tirar.”
Eu bati no meu queixo pensativamente. “Essa deve ser a melhor proposta que eu tive
esse noite.”
- “Minhas ofertas sempre são as melhores, Anjo.”



- “Antes da festa come ar, Marcie me pediu para amarrar a parte de trás de seu traje de
Mulher Gato.” Eu levantei e abaixei minhas mãos com um gesto de peso. “Entre as duas
ofertas, uma decisão difícil.”
Patch tirou a máscara dele e sorriu suavemente no meu pescoço, colocando
meu cabelo atrás dos meus ombros. Ele tinha um cheiro incrível. Ele era caloroso,
sólido e muito próximo. Meu coração batia mais rápido, espremendo com a culpa. Eu
tinha mentido para Patch. Eu não podia esquecer. Eu fechei meus olhos, deixando a
boca dele explorar a minha, tentando me perder no momento. Durante todo tempo, as
mentiras batiam, batiam, batiam, em minha cabeça. Eu tinha tomado devilcraft, e tinha
enganado a mente dele. Eu ainda estava tomando devilcraft.
- “O problema da sua fantasia , que não esconde sua identidade muito bem.” Eu disse,
me afastando. “E nós não deveríamos ser vistos juntos em público, lembra?”
- “Apenas parei por um minuto. Não podia perder a festa da minha garota.” Ele
murmurou. Ele abaixou sua cabeça e me beijou de novo.
- “ ainda não está aqui,” eu disse. “Tentei o celular dela. E o de Scott. Fui
encaminhada para o correio de voz nas duas vezes. Eu devo me preocupar?”
- “Talvez eles não queiram ser incomodados,” ele falou no meu ouvido, sua voz
profunda e grave. Ele puxou meu vestido mais pra cima da minha perna, acariciando
seu polegar sobre minha coxa nua. O calor se sua carícia anulou o peso da minha
consciência. A sensação me fez estremecer. Fechei meus olhos de novo, dessa vez
involuntariamente. Todos os nós soltos. Minha respiração era um pouco mais rápida.
Ele sabia como me tocar.
Patch me levantou para a borda da pia, com as mãos espalmadas sob meus
quadris. Eu fiquei calorosa e tonta por dentro, e quando ele colocou sua boca na
minha, eu podia jurar que saíram faíscas. O toque dele me queimava com paixão. O
palpitante, inebriante calor líquido de estar perto dele nunca envelhecia, não importa
quantas vezes nos tocamos, flertamos ou beijamos. Se qualquer coisa, que se
intensificou com essa faísca elétrica. Eu queria Patch, e eu não confiava em mim mesma
quando eu queria.
Eu não sei quanto tempo a porta do banheiro ficou aberta antes que eu
percebesse. Eu me afastei de Patch, com a boca aberta. Minha mãe ficou como uma
sombra na entrada, resmungando sobre como a fechadura nunca tinha funcionado
corretamente, e ela estava querendo consertar há séculos, quando seus olhos se
ajustaram à escuridão, porque ela parou a meia desculpa.
Sua boca se fechou. Seu rosto empalideceu... então corou em um profundo,
vermelho escaldante. Eu nunca a havia visto tão enfurecida. “Fora!” ela apontou seu
dedo longe. “Fora da minha casa nesse instante, e não pense em voltar, ou tocar na
minha filha de novo!” ela sibilou para Patch, p lida.
Eu saltei da pia. “Mãe – “
Ela se virou para mim. “Nenhuma palavra de você!” ela balbuciou. “Você disse
que tinha terminado com ele. Você disse que esse – esse lance – entre você e ele –
tinha acabado. Você mentiu para mim!”
- “Eu posso explicar,” eu comecei, mas ela tinha se voltada para Patch.
- “É isso que você faz? Seduz mo as jovens em suas próprias casas, com as suas mães a
metros de distância? Você deveria se envergonhar de si próprio!”
Patch entrelaçou sua mão na minha, agarrando-a firmemente. “Pelo contrário, Blythe.
Sua filha é tudo para mim. Completamente e totalmente. Eu a amo – simples assim.”



Ele falou calma e seguramente, mas seu maxilar estava tão rígido como se fosse
esculpido de pedra.
- “Você destruiu a vida dela! No momento que ela te conheceu, tudo desmoronou.
Você pode negar o quanto quiser, mas eu sei que você estava envolvido no sequestro
dela. Saia da minha casa.” Ela rosnou.
Eu me agarrei à mão de Patch ferozmente, murmurando ‘Sinto muito, muito
mesmo’ de novo, e de novo, na mente dele. Eu passei a vista trancada contra minha
vontade numa cabana distante. Hank Millar foi o mentor da minha prisão, mas minha
mãe não sabe disso. A mente dela ergueu uma muralha em volta das lembranças dele,
prendendo tudo de bom, e jogando fora o resto. Eu culpava Hank, e culpava o
devilcraft. Ela colocou na cabeça que Patch tinha sido responsável pelo meu sequestro,
e isso era tão verdade para ela como o nascer do sol de manhã.
- “Eu deveria ir,” Patch me disse, dando em minha mão um aperto tranquilizador. ‘Te
ligo mais tarde’, ele adicionou privadamente em meus pensamentos.
- “Eu acho que sim!” minha mãe retrucou, os ombros subindo com o esforço de
respirar pesadamente.
Ela deu um passo para o lado, permitindo que Patch saísse, mas fechou a porta antes
que eu pudesse escapar.
- “Você está de castigo.” Ela disse com voz de ferro. “Aproveite a festa enquanto ela
dura, pois este vai ser seu último evento social por um bom, bom tempo.”
- “Você está mesmo interessada em me ouvir?” eu atirei de volta, enfurecida pelo
modo como ela havia tratado Patch.
- “Eu preciso de um tempo para esfriar. É de seu interesse me dar algum espaço. Posso
estar com espírito para falar amanhã, mas essa é a última coisa em que estou
interessada agora. Você mentiu para mim. Você agiu pelas minhas costas. Pior, eu tive
que encontrar você tirando sua roupa com ele no nosso banheiro. Nosso banheiro! Ele
quer uma coisa de você, , e ele vai levar para onde quer que possa conseguir. Não
h nada de especial em perder sua virgindade num banheiro.”
- “Eu não estava – nós não estávamos – minha virgindade?” Eu balancei minha cabe a e
fiz um gesto de aversivo. “Esquece. Você está certa – você não quer ouvir. Você nunca
quer. Não quando se trata de Patch.”
- “Está tudo bem aqui?”
Minha mãe e eu nos viramos para encontrar Marcie do lado de fora da porta. Ela
segurava um caldeirão vazio nos braços e atrelou seus ombros se desculpando.
Desculpe interromper, mas ficamos sem olhos de monstro, também conhecidos como
uvas sem casca.”
Minha mãe colocou um pouco de cabelo no rosto dela, tentando se recompor.
e eu está vamos terminando. Eu posso ir até a loja rapidinho comprar umas uvas.
Mais alguma coisa que tenhamos pouco?
- “Molho de queijo nacho,” Marcie disse numa tímida voz de ratinho, como se ela
odiasse impor a bondade da minha mãe. “Mas você realmente não precisa se
preocupar. Quero dizer, é só molho de queijo nacho. Não haverá nada para
acompanhar os salgadinhos, claro, e é o meu favorito, mas realmente e
verdadeiramente – não grande coisa.” Um pequeno suspiro escapou dela.
- “Ótimo. Uvas e molho nacho. Mais alguma coisa?” minha mãe perguntou.
Marcie abra ou o caldeirão e sorriu. “Não, é só isso.”



Minha mãe pescou as chaves no bolso e saiu, cada movimento seu duro e
rígido. Marcie, no entanto, ficou.
- “Você sempre pode enganar a mente dela, sabe. Fazer ela pensar que Patch nunca
esteve aqui.”
Eu voltei os olhos frios para Marcie. “O quanto você ouviu?”
- “O bastante para saber que você está em uma profunda encrenca.”
- “Eu não vou enganar a mente da minha própria mãe.”
- “Se você quiser, eu posso falar com ela.”
Eu soltei um riso. “Você? Minha mãe não pro que você acha, Marcie. Ela pegou você
sob alguma forma equivocada de hospitalidade. E provavelmente para provar alguma
coisa para sua mãe. A única razão para você estar vivendo debaixo desse teto é que é
assim que minha mãe pode jogar na cara da sua mãe: ela era a melhor amante, agora
ela a melhor mãe.” Era uma coisa horrível de se dizer. Tinha soado melhor na minha
cabeça, mas Marcie não me deu tempo de alterar minha declaração.
- “Você está tentando fazer me sentir mal, mas não vai funcionar. Você não vai arruinar
minha festa.” Mas eu acho que vi a oscila são em seu l bio. Com uma inspiração, ela
parecia se recompor.
De repente, como se não tivesse acontecido, ela disse numa voz bizarramente
alegre. “Eu acho que hora de jogar Bob-for-a-Date.”
- “Bob o quê?”
- “É como pegar maçãs, exceto que cada maçã tem o nome de alguém da festa
atrelado. Quem quer que você tire é seu próximo encontro às cegas. Nós jogamos todo
ano na minha festa de Halloween.”
Eu fiz uma careta. Nós não tivemos essa ideia do jogo de antemão. “Parece brega.”
- “É um encontro s cegas, . E já que você está de castigo pela eternidade, o que
você tem a perder?” Ela me puxou para a cozinha, em direção gigante banheira de
água com maçãs vermelhas e verdes flutuando nela. “Hey, todo mundo, ouçam!”
Marcie chamou por cima da m sica. “Hora de jogar Bob-for-a-Date. vai
primeiro.”
Aplausos eclodiram através da cozinha, junto com vaias e alguns gritos e
assobios de incentivo. Fiquei ali, com a boca movendo-se, mas sem emitir palavras,
amaldiçoando Marcie fluentemente em minha mente.
- “Eu não acho que eu seja a melhor pessoa para isso.” Eu gritei por cima do barulho.
Posso passar?”
- “Sem chance.” Ela me deu o que parecia um empurrou brincalhão, mas foi forte o
bastante para me fazer cair de joelhos em frente à banheira de maçãs.
Eu lancei para ela um olhar de pura indignação. Eu vou fazer você pagar por isso, eu
disse a ela.
- “Puxe o cabelo pra trás. Ninguém quer desagradáveis cabelos dispersos flutuando na
água.”
De acordo, a multidão rugiu um coletivo “Booo!”
- “Maçãs vermelhas correspondem aos nomes dos meninos,” Marcie adicionou. “Maçãs
verdes das meninas.”
Tudo bem! Tanto faz! Apenas acabe logo com isso, eu disse para mim mesma. Não
era como se eu tivesse alguma coisa a perder: começando amanhã, eu estava de
castigo. Não haveriam encontros às cegas no meu futuro, com jogo ou sem.



Eu mergulhei meu rosto na água fria. Meu rosto esbarrou em uma maçã após a
outra, eu não podia afundar meus dentes em nenhuma delas. Eu subi para pegar ar, e
meus ouvidos zumbiam com vaias e assobios zombeteiros.
- “Me deem um tempo,” eu disse. “Eu não tenho feito isso desde os 5 anos. Isso j diz
muito sobre esse jogo!” eu adicionei.
- “ não tem um encontro s cegas desde que ela tinha 5 anos,” Marcie disse,
interpretando mal o que quis dizer e acrescentando seu próprio comentário.
- “Você ser a próxima,” eu disse a Marcie, encarando-a de joelhos.
- “Se houver próxima. Me parece que você vai ficar sugando o rosto com maçãs a noite
toda,” ela retornou docemente, e a multidão gritou em diversão.
Eu mergulhei minha cabeça na banheira, atirando meus dentes nas maçãs. Água
caiu sobre a borda, encharcando a frente da minha fantasia vermelha de diabo.
Cheguei bem perto de pegar uma maçã com a mão e apertá-la em minha boca, mas
percebi que Marcie desqualificaria o movimento. Eu não estava com disposição para
fazer tudo de novo. Assim como eu estava prestes a subir para pegar outro fôlego,
meus dentes da frente prenderam uma maçã vermelho sangue.
Eu surgi, sacudindo a água do meu cabelo ao som de aplausos e mais aplausos.
Eu joguei a maçã na Marcie e agarrei uma toalha, acariciando meu rosto para secá-lo.
- “E o sortudo que conseguiu um encontro s cegas com nossa rata afogada aqui ...”
Marcie retirou um tubo selado do miolo da maçã. Ela desenrolou o papel que estava
dentro do tubo, e enrugou o nariz. “Baruch? Só Baruch? Ela pronunciava tipo Bar-ooch.
Estou falando certo?” Ela perguntou ao público.
Nenhuma resposta. As pessoas já estavam indo embora agora que o
entretenimento imediato havia acabado. Eu estava agradecida que Bar-ooch, seja lá
quem ele fosse, parecia ser uma inscrição falsa. Ou isso, ou ele estava muito
envergonhado de ter um encontro comigo.
Marcie me encarou, como se esperasse que eu conhecesse o rapaz.
- “Ele não um dos seus amigos?” perguntei a ela enquanto eu torcia as pontas do
meu cabelo na toalha.
- “Não. Achei que fosse um dos seus.”
Eu estava a ponto de imaginar se esse seria mais um de seus jogos bizarros,
quando as luzes da casa piscaram. Uma vez, duas vezes, então elas se apagaram
completamente. A música desapareceu no silêncio assustador. Houve um momento de
confusão assustada e, em seguida, a gritaria começou. Perplexos e confusos no início,
aumentando a nota para arrepiar os cabelos de terror. Os gritos antecederam o
barulho inconfundível de corpos sendo jogados contra as paredes da sala.
- “!” Marcie chorou. “O que está acontecendo?”
Eu não tive a chance de responder. Apenas uma força invisível me fazia recuar um
passo, paralisando-me. Uma energia fria e nítida enrolava o meu corpo. O ar estalava e
flexionava com o poder de vários anjos caídos. Sua súbita aparição na casa da fazendo
era tão tangível como uma rajada de vento ártico. Eu não sabia quantos eram, ou o que
eles queriam, mas eu podia senti-los entrar mais profundamente para dentro da casa,
espalhando para preencher todos os quartos.
- “, . Saia para brincar.” Uma voz masculina cantou. Estranha e
assustadoramente falsa.
Eu dei duas respirações superficiais. Pelo menos agora eu sabia o que eles
queriam.



- “Eu vou te achar minha querida, meu bichinho,” ele continuou a cantarolar em uma
voz fria.
Ele estava perto, bem perto. Eu me rastejei atrás do sofá da sala, mas alguém
chegou antes de mim no esconderijo.
- “? É você? O que está acontecendo?” Andy Smith me perguntou. Ele sentava
duas cadeiras atrás de mim em matemática e era amigo da Marcie, namorado da
Addyson. Eu podia sentir o calor de seu suor transpirando.
- “Quieto.” Eu o instruí suavemente.
- “Se você não vier at mim, eu vou até você.” O anjo caído cantou.
Seu poder mental me cortava como uma faca quente. Engoli em seco enquanto
ele se sentia dentro da minha mente, sondando todas as direções, analisando meus
pensamentos para determinar onde eu estava escondida. Levei paredes e mais paredes
para detê-lo, mas ele passava por elas como se eu tivesse as construído de poeira.
Tentei me lembrar de cada mecanismo de defesa que Dante havia me ensinado contra
invasão de mente, mas o anjo caído se moveu muito rápido. Ele sempre estava dois –
perigosos – passos a frente. Um anjo caído nunca teve esse efeito em mim antes. Havia
apenas uma maneira de descrevê-lo. Ele estava dirigindo toda sua energia mental em
mim através de uma lente de aumento, ampliando o efeito.
Sem aviso, um brilho laranja queimou minha mente. Uma grande fornalha de
energia explodiu pela minha mente. Eu sentia que o calor disso derreteria minhas
roupas. Chamas crepitavam através do tecido, limpando minha pele com um tormento
quente. Em uma agonia inimaginável, eu me enrolei em uma bola. Eu coloquei minha
cabeça entre os joelhos, rangendo os dentes para não gritar. O fogo não era real. Tinha
que ser um engana – mente. Mas eu realmente não acredito nisso. O calor fervia tanto,
que eu realmente tinha certeza de que ele tinha acendido fogo em mim.
- “Pare!” Eu finalmente chorei, me lan ando para o exterior e me contorcendo no chão
qualquer coisa para sufocar as chamas devorando minha carne.
Naquele instante, o calor ardente desapareceu, apesar de eu não ter visto a
água que com certeza tinha apagado ele. Eu deitei de costas, meu rosto banhado de
suor. Doía respirar.
- “Saiam todos,” o anjo caído comandou.
Eu quase havia esquecido que tinham outras pessoas na sala. Eles nunca
esqueceriam isso. Como poderiam? Eles entendiam o que estava acontecendo? Eles
sabiam que isso não era encenado para a festa? Eu rezei para que alguém fosse buscar
ajuda. Mas a casa da fazenda era muito remota. Levaria tempo para trazer ajuda.
E a única pessoa que poderia ajudar era Patch, e não havia como eu alcançar
ele.
Pernas e pés se embaralhavam pelo chão, correndo para a saída. Andy Smith se
esquivou de trás do sofá e saiu freneticamente pela porta.
Eu levantei minha cabeça apenas alto o bastante para ver o anjo caído. Estava
escuro, mas eu vi uma silhueta imponente, esquelética e seminua. E dois olhos
selvagens e brilhantes.
O anjo caído com peito nu do Devil’s Handbag e da floresta me observou. Seus
hieróglifos desfigurados pareciam contrair e relaxar sobre sua pele, como se fosse
ligado por fios invisíveis. Na verdade, eu tinha certeza que elas se moviam conforme
sua respiração. Eu não podia tirar meus olhos do seu ferimento, pequeno e bruto em
seu peito.



- “Eu sou Baruch.” Ele pronunciou Bar-rewk.
Eu fugi para o canto da sala, fazendo uma careta de dor.
- “Cheshvan come ou, e eu não tenho um vassalo Nephil.” Ele disse. Ele manteve seu
tom coloquial, mas não havia brilho em seus olhos. Nenhum brilho, nenhum calor.
Tanta adrenalina fez minhas pernas se sentirem inquietas e pesadas. Eu não
tinha muitas opções. Eu não tinha força o suficiente para passar por ele. Eu não poderia
lutar com ele – se eu tentasse, ele chamaria seus colegas e eu estaria em desvantagem
em segundos. Eu amaldiçoei minha mãe por ter expulsado Patch. Eu precisava dele. Eu
não poderia fazer isso sozinha. Se Patch estivesse aqui, eu saberia o que fazer.
Baruch traçou sua língua da parte de dentro do seu l bio. “A líder do exército
do Mão Negra, e o que eu vou fazer com ela?”
Ele mergulhou na minha mente. Eu o sentia fazer isso, mas eu estava impotente
para evitar isso. Eu estava muito exausta para lutar. A última coisa que eu sabia, era que
eu tinha rastejado obedientemente e deitado nos seus pés como um cachorro. Ele
chutou minhas costas, olhando predatoriamente para mim. Eu queria negociar com ele,
mas meus dentes estavam cerrados com tanta força, que era como se minha
mandíbula tivesse sido costurada.
Você não pode discutir comigo, ele assobiou hipnoticamente na minha mente. Você
não pode me recusar. O que quer que eu mande, você deve fazer.
Eu tentei sem sucesso impedir a entrada da voz dele. Se eu pudesse quebrar
esse controle, eu poderia revidar. Era minha única chance.
- “Como a sensação de se um Nephil novo?” ele murmurou numa voz fria e de
desprezo. “O mundo não lugar para um Nephil sem um mestre. Eu vou te proteger de
outros anjos caídos, . De agora em diante, você pertence a mim.”
- “Eu não pertenço a ninguém.” Eu cuspi, as palavras saindo de mim com um esforço
extenuante.
Ele exalou, lento e deliberado. Saiu como um castigo assobiado entre os dentes.
Eu vou te quebrar meu bichinho. Apenas veja se não vou.” Ele rosnou.
Eu olhei para ele. “Você cometeu um grande erro vindo aqui esta noite, Baruch.
Você cometeu um grande erro vindo atrás de mim.”
Ele sorriu, um flash de afiados dentes brancos. “Eu vou gostar disso.” Ele deu
um passo mais perto, poder irradiando dele. Ele era quase tão forte como Patch, mas
havia uma ponta sanguinária em seu poder que eu nunca tinha sentido com Patch. Eu
não sabia há quanto tempo Baruch tinha caído do Céu, mas eu sabia que, sem sombra
de dúvidas ele havia se entregado ao mal, de todo coração.
- “Faça seu juramento de fidelidade, .” Ele ordenou.

CAPÍTULO 21

Não ia fazer o Juramento. E não ia permitir que ele tirasse palavras da minha boca. Não importava
quanta dor ele impusesse sobre mim, eu ia ficar forte. Mas
uma defesa resistente não seria suficiente para suportar isso. Precisava de uma
ofensiva, e rápido.
Compense os truques da mente dele com os seus, ordenei a mim mesma.
Dante havia me dito que os truques da mente eram a minha melhor arma. Ele tinha
dito que eu era melhor nisso do que quase todos os Nephils que ele conhecia. Eu tinha
enganado Patch. E ia enganar Baruch agora. Criaria minha própria realidade e colocaria
com tanta força dentro da cabeça dele, que ele não ia sabrão que tinha golpeado ele.
Apertando os olhos fechados para bloquear os cantos corruptos de Baruch
ordenando que eu fizesse o juramento, me lancei para dentro da cabeça dele. Minha
maior segurança vinha de saber que eu tinha consumido o devilcraft hoje de manhã.
Não confiava na minha própria força, mas o devilcraft me convertia em uma versão
mais forte de mim mesma. Incrementava meus talentos naturais, incluindo minhas
aptidões para truques mentais.
Voei pelos corredores escuros e torcidos da mente de Baruch, plantando uma
explosão depois da outra. Trabalhei o mais rápido que pude, sabendo que se
cometesse um erro, dava ele uma razão para pensar que estava construindo seus
pensamentos, se deixasse uma evidencia da minha presença...
Escolhi a única coisa que sabia que poderia deixar Baruch alarmado. Nephilim.
<< O exército de Mão Negra. >> Pensei explosivamente na cabeça de Baruch. Enchi
seus pensamentos com uma imagem de Dante entrando rapidamente na casa, seguido
de 20, 30, ou 40 Nephilins. Coloquei a imagem do olhar enfurecido e os punhos
apertados dos soldados em seu subconsciente. Para deixar mais convincente, fiz com
que Baruch visse os seus homens sendo arrastados pelos Nephilins.
Apesar de tudo isso, senti a resistência de Baruch. Ele se manteve calado no
mesmo lugar, não reagindo como deveria por estar rodeado de Nephilins. Temi que
ele suspeitasse que tinha alguma coisa errada e fui em frente.
<< Se meche com a nossa líder, meche com a gente também, com todos nós. >>
Lancei as palavras venenosas de Dante na mente de Baruch. << não vai jurar
lealdade agora. Nem agora, nem nunca. >>



Criei uma imagem do Dante pegando um poker lareira, e fundindo nas
cicatrizes das asas de Baruch. Coloquei a imagem bem nítida dentro da cabeça dele.
Escutei Baruch cair de joelhos antes de abrir os meus olhos. Ele estava de
quatro, com os ombros encolhidos. Uma expressão de choque dominava suas feições.
Seus olhos estavam vidrados e saliva saia do canto da boca dele. Suas mãos se
deslizaram para as costas, agarrando o ar. Ele estava tentando tirar o poker lareira.
Exalei de alívio. Ele tinha caído. Tinha acreditado no meu truque da mente.
Uma figura se moveu perto da porta.
Fiquei de pé, e peguei o verdadeiro poker lareira. Levantei sobre o meu ombro
me preparando para dar um golpe, quando Dabria entrou no meu campo visual. Na
semi escuridão, seu cabelo brilhava como um branco glacial. Sua boca era uma linha
severa.
- Fez um truque mental nele? - Adivinhou. - Genial. Mas temos que sair daqui agora. -
Ela me disse.
Quase ri, fria e incrédula.
- O que você tá fazendo aqui?
Ela caminhou sobre o corpo imóvel de Baruch.
- Patch me pediu que te levasse para um lugar seguro.
Neguei com a cabeça.
- Você tá mentindo. Patch não te enviou. Ele sabe que você é a última pessoa com
quem eu iria. - Apertei mais forte o poker lareira. Se ela desse outro passo, colocaria o
objeto nas cicatrizes das asas dela. E como Baruch, ela ficaria em um estado próximo
ao coma, até que encontrasse uma maneira de tirar ele das costas dela.
- Ele não tinha muitas opções. Entre perseguir os outros anjos caídos que invadiram a
sua festa e apagar a memória dos seus amigos cheios de pânico que estão correndo
pelas ruas enquanto conversamos, diria que ele está um pouco preocupado. Por acaso
vocês não tem uma palavra como código secreto para situações como essa? -
Perguntou Dabria sem quebrar a sua fria compostura. - Quando estava com Patch, nós
tínhamos uma. Confiava em qualquer um enviado por Patch.
Não tirei meus olhos dela. << Palavra de código secreto? >> Ai meu Deus, Ela
era boa pra se enfiar debaixo da minha pele.
- Na verdade, nós temos um código secreto. - Eu disse. - É Dabria é uma sanguessuga
patética que não sabe quando seguir em frente. - Cobri minha boca. - Oh. Acabo de
notar por que o Patch esqueceu de compartilhar o nosso código secreto. - Minhas
palavras estavam cheias de desdém. - com você.
Os lábios dela se apertaram ainda mais.
- Ou me diz para que você veio de verdade, ou vou colocar essa coisa tão fundo nas
suas cicatrizes, que vai ser o seu novo e permanente apêndice. - Eu disse.
- Não tenho que suportar isso. - Disse Dabria, girando. Segui ela pela casa vazia até o
caminho da entrada.
- Sei que você está chantageando Pepper Friberg - Eu disse. Se ela tinha ficado
surpresa, ela não demonstrou. Seu caminhar não se sobressaltou. - Ele pensa que Patch
está chantageando ele, e está fazendo tudo o que pode para colocar Patch no caminho
mais rápido para o inferno. Os créditos vão pra você, Dabria. Você diz que ainda ama o
Patch, mas tem um bem engraçado de demonstrar. Por sua causa, ele tá correndo
perigo de ser exilado. Esse é o seu plano? Se você não pode ter ele, ninguém vai ter?



Dabria apertou um botão em uma das suas chaves e as luzes do mais exótico carro que
eu já vi se ascenderam.
- Que é isso? - Perguntei. Ela me deu uma olhada condescendente.
- Meu Bugatti.
Um Bugatti. Ostentoso, sofisticado e único da sua classe. Exatamente como
Dabria.
Ela foi para detrás do volante.
- Talvez você queira tirar esses anjos caídos da sua sala de estar antes que a sua mãe
volte. - Ela fez uma pausa. - E deveria verificar a validade das suas acusações.
Ela comçou a fechar a porta, mas eu abri rapidamente.
- Você tá negando que tá chantageando Pepper? - Perguntei enojada. - Eu vi vocês
dois discutindo atrás do Devil's Handbag.
Dabria enrolou um cachecol em volta da sua cabeça, jogando as pontas sobre
os seus ombros.
- Não deveria escutar atrás das portas, . E Pepper é um arcanjo que você deveria
manter distância. Ele não joga limpo.
- Eu também não.
Ela olhou fixamente para mim.
- Não que seja da sua conta, mas Pepper me procurou aquela noite porque ele sabe
que eu tenho conexões com o Patch, e incorretamente pensou que eu o ajudaria. - Ela
ligou o carro, apertando o acelerador para apagar a minha resposta.
Olhei enojada para ela, sem acreditar que sua interação com Pepper tinha sido
assim,tão inocente. Dabria tinha um sólido registro de mentiras. E ainda por cima, não
gostávamos uma da outra. Ela era a desagradável lembrança de que Patch tinha estado
com alguém antes de mim. Não seria tão irritante se ela ficasse no passado que era
onde ela pertencia. Ao invés disso, ela continuava a aparecer como o vilão com
múltiplas vidas de um filme de serial killer.
- Não é uma boa juíza de caráter. - Ela disse, colocando o Bugatti em marcha.
Saltei para frente, colocando as mãos no capo. Não tinha terminado com ela ainda.
- Quando se trata de você, não me equivoco. - Gritei sobre o motor. - Você é uma
daninha, traiçoeira, egoísta, egocêntrica narcisista.
- A mandíbula de Dabria se apertou visivelmente. Ela tirou alguns cabelos soltos do
rosto, saiu do carro e caminhou até mim, até ficar na mesma altura que eu.
- Quero limpar o nome de Patch também, sabe? - Disse com sua fria voz de bruxa.
- Agora essa é uma frase digna de Oscar.
Ela me olhou fixamente.
- Disse a Patch que você era imatura e impulsiva e que não podia esquecer o ciúme do
que ele e eu tivemos para fazer esse trabalho.
Minhas bochechas coraram e peguei o braço dela com força antes que pudesse evitar.
- Não fale para o Patch nada sobre mim de novo. Ou melhor, não fale mais com ele, e
ponto.
- Patch confia em mim. Isso deveria ser suficientemente bom para você.
- Patch não confia em você. Ele está te usando. Ele te tem em uma cadeia, mas ao final,
você é descartável. E assim que você não for mais útil, acabou.
A boca de Dabria se apertou em algo feio.
- Já que estamos dando conselhos uma a outra, aqui vai o meu. Me solta. - Seus olhos
se transformaram em advertência.



Ela estava me ameaçando.
Estava escondendo alguma coisa.
Ia desenterrar o segredo dela e ia fazê-la cair.
CAPÍTULO 22


Depois de tirar a poeira da estrada que o carro de Dabria levantou, eu corri para dentro.
Minha mãe estaria em casa a qualquer momento e não só teria que dar muitas explicações
sobre o fim da festa, mas também precisava me desfazer do corpo de Baruch. Se ele
realmente acreditava que eu o tinha acertado com um poker lareira nas cicatrizes das asas,
deixaria o corpo dele em um estado quase de coma por algumas horas a mais,
e então seria bem mais fácil de mover ele. Finalmente, um golpe de sorte.
Encontrei Patch na sala, abaixado perto do corpo de Baruch. O alívio se
apoderou de mim quando o vi.
- Patch! - Exclamei, enquanto corria.
- Anjo. - Seus rosto estava cheio de preocupação.
Ele se levantou, abriu os braços enquanto eu me apertava neles. Me abraçou
forte. Assenti com a cabeça para acalmar qualquer preocupação que ele pudesse ter
sobre o meu bem estar e engoli o nó na minha garganta.
- Estou bem. Não estou machucada. Enganei a mente dele para que pensasse que
estava tendo um ataque dos Nephilins. E fiz ele acreditar que tinha afundado um poker
lareira nas cicatrizes dele.- Deixei escapar um suspiro trêmulo. - Como sabia que os
anjos caídos tinham acabado com a festa?
- Sua mãe me expulsou, mas não ia te deixar sem proteção. Montei guarda na rua.
Tinha uma grande quantidade de carros vindo na direção da sua casa, mas pensei que
fosse por causa da festa. Quando vi o povo saindo correndo pela porta como se
tivessem visto um monstro, vim o mais rápido que pude. Tinha um anjo caído fazendo
guarda do lado de fora da sua porta, que pensou que eu tinha aparecido para roubar.
Não preciso dizer que tive que apunhalar ele, e alguns outros, nas cicatrizes das asas.
Espero que sua mãe não note que eu peguei alguns galhos das árvores do lado de
fora. Funcionaram perfeitamente como estacas. - A boca dele se torceu com travessura.
- Ela vai estar em casa a qualquer momento.
Patch assentiu.
- Eu cuido do corpo. Pode fazer com que a eletricidade funcione? A caixa de fusíveis
está na garagem. Verifique se algum dos interruptores desligou. Se cortaram os fios da
casa, vamos ter muito mais trabalho em nossas mãos.



- Estou indo. - Me detive na metade do caminho para a garagem e voltei. - Dabria
apareceu. Veio com uma historinha que você tinha pedido pra ela me tirar da casa.
Acha que ela podia estar ajudando eles?
Para minha surpresa, ele disse: - Eu liguei pra ela. Ela estava por perto. Persegui
os anjos caídos e pedi pra ele te tirar daqui.
Fiquei sem palavras, tanto por não acreditar quanto por irritação. Não sabia se
estava mais chateada por que a Dabria tinha falado a verdade, ou por que ela estava
certamente seguindo o Patch, já que estar "por perto" era difícil de conseguir já que
minha rua era de 1 KM de comprimento, e nossa casa era a única no caminho e acabava
em um beco sem saída no bosque. Provavelmente ela tinha um dispositivo de
rastreamento nele. Quando ele tinha ligado para ela, provavelmente ela estava
estacionada a uns 30 metros atrás e estava usando um binóculo.
Não duvidava que Patch tinha sido fiel a mim. Do mesmo modo, não duvidava
que Dabria esperava mudar isso.
Calculando que agora não era o momento certo para começar uma discussão,
disse a ele: - O que vamos dizer a minha mãe?
- Eu... eu vou me encarregar disso. - Patch e eu demos a volta e vimos a imagem
parecida com um rato perto da porta. Marcie estava ali contorcendo as mãos. Como se
pressentisse o quão fraca isso a deixava, ela deixou as mãos caírem para os lados.
Tirando o cabelo dos seus ombros, levantou o queixo e disse com mais confiança em si
mesma: - A festa foi idéia minha, o que faz disso tanto minha bagunça quanto sua. Vou
dizer a sua mãe que alguns perdedores apareceram de penetra na festa e começaram
os móveis. Fizemos a única coisa responsável: acabamos com a festa.
Eu notei que Marcie estava se esforçando para não olhar o corpo de Baruch deitado de
bruços sobre o tapete. Se não o via, não podia ser real.
- Obrigada Marcie. - Eu disse, e disse sério.
- Não soe tão surpresa. Estou nisso também, você sabe. Não sou... quero dizer... sou... -
Ela respirou fundo. - Sou uma de vocês.
Abriu a boca para dizer algo mais, mas logo fechou. Não a culpava. 'Não
humana', eram palavras difíceis de pensar, quanto mais falar em voz alta.
Uma batida na porta principal fez com que eu e Marcie dessemos um pulo.
Trocamos um breve olhar de incerteza antes que Patch falasse.
- Finjam que nunca estivemos aqui. - Disse, lançando Baruch nos ombros e saindo pela
porta traseira.
<< E anjo? >> Acrescentou falando na minha mente. << Apague a memória de
Marcie de ter me visto aqui essa noite. Temos que manter o nosso
relacionamento em segredo. >>
<< Vou fazer. >> Respondi.
Marcie e eu fomos abrir a porta. Acabei de girar a maçaneta quando entrou
se apressando, soltando a mão de Scott.
- Sinto chegar tarde. - Anunciou . - Tivemos uma pequena emerg... - Ela
compartilhou um olhar secreto de cumplicidade com Scott e os dois caíram na risada.
- Distração. - Concluiu Scott por ela. se ventilou com a mão.
- Pode falar isso outra vez?
Quando Marcie e eu simplesmente nos olhamos em um silencio sombrio,
olhou em volta, se dando conta pela primeira vez que a casa estava vazia e destruída.
- Espera. Onde está todo mundo? A festa não pode já ter acabado.



- Tivemos uns penetras na festa. - Disse Marcie.
- Estavam com máscaras de Halloween. - Eu expliquei. - Podia ter sido qualquer um.
- Começaram a destruir os móveis.
- Mandamos todo mundo pra casa. - Acrescentei.
examinou os danos muda em um estado de comoção.
<< Penetras na festa? >> Scott falou na minha mente, claramente ele não estava
engolindo as minhas habilidades de atuação e estava percebendo que tinha mais coisa
na história.
<< Anjos caídos. >> Respondi. << Um em particular fez todo o possível para me
fazer jurar lealdade. Está tudo bem. >> Acrescentei rapidamente quando vi o rosto
dele se contorcer de ansiedade. << Ele não conseguiu. Preciso que você tire
daqui. Se ela ficar, vai começar a fazer perguntas que não vou poder responder. E
tenho que limpar tudo antes que a minha mãe volte pra casa. >>
<< Quando vai contar pra ela? >>
Estremeci, a pergunta direta de Scott me pegou com a guarda baixa.
<< Não posso contar a . Não se quero manter ela a salvo. UM conselho que estou
te pedindo pra levar em conta também. Ela é minha melhor amiga, Scott. Nada pode
acontecer com ela. >>
<< Ela merece saber a verdade. >>
<< Ela merece mais do que qualquer pessoa, mas agora, o mais importante pra mim é
a segurança dela. >>
<< O que você acha que é mais importante pra ela? >> Scott disse. <<Ela se preocupa
com você e confia em você. Mostra a ela o mesmo respeito. >>
Não tinha tempo para discutir. << Por favor, Scott. >> Supliquei.
Ele me deu uma longa e considerável olhada. Me dei conta que ele não estava
contente, mas também notei que ele ia me deixar ganhar essa batalha, pelo menos por
agora.
- Acabei de ter uma idéia. - Ele disse a . - Vou te compensar. Vamos ver um filme.
Você escolhe. Sem influenciar sua opinião, mas tem um novo filme de super heróis que
quero ver. Tem criticas ruins, o que é sempre um sinal de que o filme vai ser bom.
- Deveríamos ficar e ajudar a limpar esse desastre. - Disse - Vou verificar
quem fez isso e vou ensinar boas maneiras para essas pessoas. Talvez um peixe morto
possa ser encontrado dentro dos armários deles. É melhor que fiquem de olhos em
seus pneus, por que eu tenho uma faca que está sempre ansiosa para furar algumas
borrachas.
- Tire essa noite de folga - Disse a ela. - Marcie vai me ajudar a limpar, não é, Marcie? -
Coloquei meu braço sobre seu ombro e falei muito docemente, mas tinha uma nota de
arrogância que subtraia das minhas palavras.
capturou meu olhar, e compartilhamos um momento de entendimento.
- Bom, isso não é muito generoso da sua parte? - disse a Marcie. - O coletor fica
debaixo da pia. Os sacos de lixo também. - Ela deu um soco no ombro de Marcie. -
Divirtam-se, e não quebrem muitas unhas.
Quando a porta se fechou atrás deles, Marcie e eu nos jogamos contra a parede. Ao
mesmo tempo demos um suspiro de alívio.
Marcie sorriu primeiro.
- Sorte minha, azar o seu.
Eu limpei minha garganta.



- Obrigada pela sua ajuda essa noite. - Disse a ela, e honestamente eu estava falando
sério. Pelo menos uma vez na vida, Marcie tinha sido... amável, me dei conta com um
susto. E ia compensar ela apagando sua memória.
Ela desgrudou da parede, tirando o pó das mãos.
- A noite ainda não terminou. O coletor fica debaixo da pia?


CAPÍTULO 23


A manhã seguinte chegou rápido. A batida na janela do meu quarto serviu como um
despertador, dei a volta para ver Dante atrás do vidro, agachado sobre
o galho de uma árvore, me chamando para fora. Levantei os 5 dedos sinalizando que
sairia nesse número de minutos.
Tecnicamente estava de castigo. Mas não imaginava que a desculpa serviria
para Dante.
Lá fora, o ar escuro da manhã tinha o fresco sabor do outono e friccionei
minhas mãos com força para esquentá-las. A lua ainda estava no céu. Ao longe, uma
coruja piava lastimadamente.
- Um carro sem placa e com equipamento de radar passou várias vezes pela sua casa
essa manhã.- Dante me disse, soprando as suas mãos. – Tenho quase certeza de que
era um policial. Cabelos escuros e alguns anos mais velho do que eu, pelo que pude
perceber. O que você acha disso?
- Detetive Basso. O que eu fiz dessa vez pra estar no radar dele?
- Não. – Disse, pensando que agora não era o momento para contar a minha
vergonhosa história com a polícia local. – Provavelmente era o final do turno dele e ele
tava procurando alguma coisa para matar o tempo. Não vai atrapalhar ninguém
passando dos limites de velocidade aqui, isso você pode ter certeza.
Um sorriso irônico torceu a boca de Dante.
-Não em carros, de todo jeito, estrela do atletismo. Está pronta pra isso?
-Não. Isso serve de alguma coisa?
Ele se abaixou e amarrou o cadarço do tênis.
- É hora do trabalho. Você já sabe o que tem que fazer.
Eu sabia, e muito bem. O que Dante não sabia era que meu trabalho também
consistia em fantasiar que eu estava jogando facas, dardos e outras coisas em suas
costas enquanto corria pelo terreno de bosque, seguindo ele até o fundo da nossa
isolada aérea de treinamento. O que era para ficar animado, verdade?
Quando estava completamente ensopada de suor, Dante me fez realizar uma
série de estiramentos com a intenção de me deixar mais ágil. Tinha visto Marcie fazer
alguns desses mesmos exercícios em sua casa. Ela já não estava mais na equipe de
líderes de torcidas, mas aparentemente manter a habilidade de abrir as pernas era
importante para ela.

- Qual é o plano pra hoje? – Perguntei, sentada no chão com as minhas pernas
abertas em um amplo V. Me dobrei pela cintura, descansando a minha cabeça no
joelho, sentindo uma dor no tendão.
- Possessão.
- Possessão? – Repeti desconcertada.
- Sim, os anjos caídos podem nos possuir, é justo que nós possamos possuir eles
também. Quer melhor guerra do que ser capaz de controlar mente e corpo do seu
inimigo? – Continuou Dante.
- Não sabia que possuir anjos caídos era uma opção.
- Agora é... agora que temos o devilcraft. Nunca antes tínhamos sido o suficientemente
fortes. Tenho treinando um grupo seleto de Nephilins, inclusive eu, em segredo.
Dominar essa habilidade vai ser um ponto importante na guerra, . Se pudermos
fazer isso com êxito, vamos ter uma oportunidade.
- Você tem treinado? Como? – A possessão só era possível durante o Cheshvan. Como
podiam estar treinando durante meses?
- Temos treinado em anjos caídos. – Um sorriso malvado brilhou em seus olhos. – Te
disse, somos mais fortes do que nunca fomos, um anjo caído vagando sozinho, não
pode enfrentar um grupo dos nossos. Temos recolhido eles das ruas pela noite e
levado para o centro de treinamento que o Hank organizou.
- Hank estava envolvido nisso? – Parecia que os segredos dele nunca iam deixar de
aparecer.
- Escolhemos os solitários, os introvertidos, os que nós achamos que ninguém vai
sentir falta. Os alimentamos com um protótipo especial de Devilcraft, que faz com que
seja possível a possessão por curtos períodos de tempo, mesmo não sendo Cheshvan.
E então praticamos neles.
- Onde estão agora?
- Detidos no centro de treinamento. Estamos mantendo uma vareta de metal
encantada com devilcraft cravada nas cicatrizes das asas dele quando não estamos
praticando com eles. Isso os deixa completamente imobilizados. Como ratos de
laboratório a nossa disposição.
Tinha certeza de que Patch não sabia de nada disso. Tinha que contar a ele.
- Quantos anjos caídos têm detidos? E onde fica o centro de treinamento?
- Não posso te dizer o endereço. Quando estabelecemos o centro, Hank, Blakely e eu
decidimos que seria mais seguro se mantivéssemos em segredo. Com Hank morto,
Blakely e eu somos os únicos Nephilins que sabemos onde fica. É melhor assim. Se
relaxa com as regras, acaba conseguindo traidores. As pessoas fazem qualquer coisa
por ganancia, incluindo trair a sua própria raça. É a natureza dos Nephilins, do mesmo
jeito que é a natureza dos humanos. Estamos eliminando a tentação.
- Você vai me levar ao centro de treinamento pra praticar? – Estava certa de que havia
um protocolo pra isso também. Teria que ir com os olhos vendados, ou apagariam a
rota da minha memória. Mas talvez pudesse encontrar uma maneira de evitar isso.
Talvez Patch e eu pudéssemos encontrar o caminho para o centro de treinamento
juntos...
- Não é necessário. Trouxe um dos ratos de laboratório comigo.
Meus olhos se cravaram nas árvores.



- Onde?
- Não se preocupe... a combinação de devilcraft e a vareta nas cicatrizes das asas
manteve ela cooperando. - Dante desapareceu atrás de uma rocha, mas logo voltou
arrastando um anjo caído do sexo feminino, que não parecia ter mais de 13 em anos
humanos. Suas pernas, eram dois palitos sobressaindo uma calça curta para fazer
ginástica, não podiam ser mais grossas que meus braços.
Dante jogou-a, seu corpo frouxo caiu na terra como um saco de lixo. Desviei o
olhar da vareta saindo das suas cicatrizes nas costas. Sabia que ela não podia sentir
nada, mas a imagem fez que os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficassem
eriçados de todas as maneiras.
Tinha que lembrar que ela era o inimigo. Agora eu tinha uma participação
pessoal na guerra: me negava a jurar lealdade a qualquer anjo caído. Todos eram
perigosos. Até o último deles tinha que ser detido.
- Uma vez que eu tirar a vareta, você só vai ter 2 segundos antes que ela começa a
brigar. Este devilcraft em particular tem um efeito medianamente curto e não
permanecerá em seu corpo. Em outras palavras, não baixe a guarda.
- Ela vai saber que eu tô possuindo ela?
- Oh, ela vai saber. Ela tem passado por isso umas cem vezes. Quero que você a possua
e ordene algumas ações por alguns minutos para que você se acostume com a
sensação de manipular um corpo. Me avisa quando você estiver pronta pra sair do
corpo dela, porque eu vou deixar a vareta a postos.
- Como vou entrar no corpo dela? - Perguntei, com meus braços ficando arrepiados.
Me sentia fria, não só pelo frio no ar. Não queria possuir um anjo caído. Mas ao mesmo
tempo, precisava dar ao Patch a maior quantidade de informações possíveis de como
funcionava o processo. Não podíamos resolver um problema que não
compreendíamos.
- Ela vai estar fraca por causa do devilcraft, o que vai ajudar. E já entramos no
Cheshvan, o que significa que os caminhos para possessão estão abertos de par em
par. Tudo o que você tem que fazer é enganar ela com a mente. Ter o controle dos
pensamentos dela. Fazê-la acreditar, que ela quer que você a possua. E quando ela
baixar a guarda, tudo vai ficar muito fácil. Você vai voar pra ela rapidamente. Vai ser
sugada pro corpo dela tão rápido que você nem vai perceber a transição. Em seguida,
você vai estar no controle.
- É tão jovem.
- Não deixe que isso te engane. É tão astuta e perigosa como o resto deles. Pegue...
tome um pouco de devilcraft, que vai fazer a sua primeira tentativa um pouco mais
fácil.
Não peguei o frasco imediatamente. Meus dedos formigavam com desejo, mas
os mantive dos meus lados. Já tinha tomado muito devilcraft. Tinha prometido pra mim
mesma que ia parar e que eu falaria a verdade pra Patch. Até agora, não tinha feito
nem uma coisa nem outra.
Olhei o frasco com o líquido azul brilhante, e uma fome feroz pareceu roer
através do meu estômago. Não queria o devilcraft, mas ao mesmo tempo, precisava
dele desesperadamente. Minha cabeça girou, me fazendo sentir tonta sem ele. Tomar
só mais um pouco não poderia ser tão ruim. Antes que pudesse me deter, estendi a
mão e peguei o frasco. Minha boca já salivava.
- Deveria tomar tudo?



- Sim.




Inclinei o frasco, com o devilcraft queimando pela minha garganta. Tossi e
cuspi, desejando que Blakely pudesse achar uma maneira de fazer o líquido com um
sabor melhor. Seria útil também se pudesse minimizar os efeitos secundários.
Imediatamente depois de beber a dose, senti uma forte dor de cabeça. A experiencia
me dizia que só iria piorar com o passar do dia.
- Pronta? - Perguntou Dante.
Não fui rápida em assentir para afirmar. Dizer que tinha pouca vontade de
possuir a menina era muita subestimação. Eu tinha sido possuída uma vez... por Patch,
em uma tentativa desesperada de me salvar de ser assassinada por Chauncey Langeais,
um parente perdido faz muito tempo, que não sentia nenhum afeto familiar por mim.
Enquanto ficava alegre por Patch ter me protegido, a violação que tinha sentido ao ser
possuída, não era algo que quisesse experimentar outra vez. Ou fazer alguém mais
passar por isso.
Meus olhos percorreram a menina. Ela tinha sofrido com isso, centenas de vezes
antes, e aqui estava eu a ponto de fazê-la passar por tudo isso outra vez.
- Pronta. - Disse pesadamente por fim.
Dante tirou a vareta das cicatrizes das asas da menina, com cuidado para que
suas mãos não tocassem a parte de baixo embebida com o líquido azul brilhante.
- Em qualquer momento. - Murmurou com advertência. - Se prepare. Seus
pensamentos emitirão impulsos magnéticos. Assim que você sentir a atividade mental,
você entra na cabeça dela. Não perca tempo tentando convencer ela que da possessão.
O silêncio flutuava, espesso e tenso. Dei um passo para mais perto da menina,
tentando me esforçar para detetar qualquer informação mental. Os joelhos de Dante
estavam dobrados, como se ele esperasse poder começar a agir a qualquer momento.
Um ganido agudo de um cervo, cruzou a escura extensão por cima da gente. Um fraco
sinal de energia apareceu no meu radar, e essa foi toda a advertência que tive, antes
que a menina se lançasse pra cima de mim, mostrando os dentes e com as unhas
prontas pra arranhar, como um animal selvagem.
Nossas costas se chocaram contra a terra. Meus reflexos eram agudos e eu girei
sobre ela. Me lancei sobre os seus pulsos, esperando fixa-los por cima da cabeça dela,
mas ela se safou de mim em uma única manobra. Deslizei sobre a terra, ouvindo-a
aterrissar a alguns metros de distância. Olhei pra cima, bem a tempo de vê-la voar no
ar, vindo pra cima de mim.
Me enrolando como uma bola, girei para fora do seu alcance.
- Agora. – Gritou Dante. De rabo de olho, o vi levantando a vareta, se preparando para
atacar a menina caso eu falhasse.
- Fechei meus olhos, me focando em seus pensamentos. Podia senti-los zumbindo de
várias maneiras, como insetos frenéticos. Afundei na cabeça dela, triturando tudo que
encontrava na minha frente. Juntei seus pensamentos em uma massa gigante e
sussurrei um hipnótico: Me deixe entrar, me deixe entrar agora!
- Muito mais rápido do que esperava as defesas da menina se fundiram. Justo como
Dante tinha dito, me senti deslizando para ela, como se minha alma tivesse sido
sugada por um poderoso campo de força. Não ofereceu resistência. A sensação era
como um sonho, tonto, escorregadio e borrado nas bordas. Não houve um momento
para definir quando senti a mudança, simplesmente pisquei e vi o mundo de um
ângulo diferente.



Estava dentro dela, corpo, mente e alma, possuindo ela.
- ? – Perguntou Dante, cerrando os olhos para mim com ceticismo.
- Estou dentro. – Minha voz me deu um susto; ordenei a resposta, mas tinha saído em
outra voz. Mais alta e mais doce do que podia ter esperado de um anjo caído. Por
outro lado, ela era tão jovem...
- Está sentindo alguma resistência? Alguma reação dela? – Perguntou Dante.
- Sacudi minha cabeça negando. Não estava pronta para me ouvir falar com a voz dela
outra vez. Por mais que Dante quisesse que eu praticasse dando ordens ao corpo dela,
eu queria sair.
- Me apressei para completar uma pequena lista de exercícios, ordenando ao corpo do
anjo que corresse a uma curta distância, que saltasse de um galho de uma árvore caída,
que desamarrasse e amarrasse de volta os cordões do seus sapatos. Dante estava certo,
eu tinha todo o controle. E sabia que em algum lugar lá no fundo, estava arrastando
ela contra a vontade de seus movimentos. Poderia ter ordenado que ela apunhalasse a
si mesma nas cicatrizes das asas que ela não faria nenhuma objeção, só iria obedecer.
- << Já fiz.>> Falei na mente de Dante. << Agora vou sair. >>
- Um pouco mais. – Ele acrescentou. – Você precisa de mais prática. Quero que isso
seja pra você como sua segunda natureza. Realize os exercícios uma vez mais.
- Ignorando o pedido dele, ordenei que o corpo dela que expulsasse o meu, e outra
vez, a transição foi tão fácil quanto abrupta.
Xingando baixinho, Dante colocou de novo a vareta nas cicatrizes das asas do
anjo. Seu corpo desabou, como se ela estivesse morta, seus braços e pernas batendo
no chão em ângulos raros. Queria parar de olhar, mas não podia. Fiquei me
perguntando, como tinha sido sua existência na terra antes. Se alguém procurava por
ela. Se alguma vez seria livre de novo. E quão sombria deveria ser sua perspectiva.
- Isso não durou o suficiente. - Me disse Dante, claramente chateado. - Você não me
ouviu dizer pra praticar os exercícios mais uma vez? Sei que é um pouco incomodo no
começo...
- Como funciona? - Perguntei. - Dois objetos não podem ficar no mesmo espaço ao
mesmo tempo. Então, como funciona a possessão?
- Tudo se resume ao domínio quântico, função de onda e dualidade partícula-onda.
- Não tive teoria quântica ainda. - Eu disse com um toque de rancor. - Traduz pra uma
língua que eu consiga entender.
- Pelo que posso dizer, tudo é demais. Funciona a um nível sub atômico. Dois objetos
podem sim existir no mesmo lugar ao mesmo tempo. Não estou certo de que alguém
realmente possa entender como isso funciona. É simplesmente assim,
- É tudo o que você pode me dizer?
- Tenha um pouco de fé, .
- Bom, vou te dar um pouco de crédito. Mas quero uma coisa me troca. - Disse,
olhando para Dante astutamente. - Você é bom com vigilância. né?
- Você pode fazer pior.
- Tem um arcanjo picareta vagabundeando pelo bairro, chamado Pepper Friberg.
Dizendo ele, que um anjo caído está chantageando ele, e tenho quase certeza de que
sei quem é. Quero que você me traga a evidência que preciso para pegar ela.
- Pegar ela?
- As mulheres podem ser muito astutas também.
- O que isso tem a ver com liderar os Nephilins?



- Isso é pessoal.
- Certo. - Disse Dante lentamente. - Me diga o que eu tenho que saber.
- Patch me disse que alguns dos anjos caídos aí fora podem chantagear Pepper por
muitas coisas - páginas do Livro de Enoch, vislumbres do futuro, perdão total de um
crime passado, informação considerada sagrada e secreta, ou mesmo ser elevado a
anjo guardião - a lista do que um arcanjo pode prover, pode continuar, imagino.
- O que mais Patch disse?
- Não muito. Também quer encontrar o chantagista. Sei que ele tem seguido pistas e
seguindo pelo menos um suspeito. Mas tenho quase certeza de que ele está
bisbilhotando nos lugares errados. Na outra noite, vi a ex dele conversando com o
Pepper atrás do Devil's Handbag. Não consegui escutar o que diziam, mas parecia
confiante. E Pepper parecia furioso. Seu nome é Dabria.
Me surpreendeu ver uma sombra de reconhecimento nublar a expressão de
Dante. Ele cruzou os braços sobre o peito.
- Dabria?
Gemi.
- Não me diga que também a conhece. Eu juro, ela está em todas as partes. Se você me
disser que acha que ela é charmosa, vou chutar a sua bunda bem na beira de um
precipício imenso.
- Não é isso. - Dante sacudiu a cabeça, a pena se arrastando por seu rosto. - Não quero
ser a pessoa que vai te contar isso.
- Me contar o que?
- Conheço Dabria, não pessoalmente, mas... - A compaixão em sua voz se afundou. Ele
me olhou como se estivesse a ponto de me contar uma notícia horrível.
Eu tinha sentado sobre um tronco caído para contar minha história pra ele, mas agora
já estava de pé.
- Só me diga, Dante.
- Tenho espiões trabalhando pra mim. Gente que contratei para manter um olho nos
anjos caídos influentes. - Confessou Dante, quase arrependido. - Não é um segredo
que Patch é altamente respeitado na comunidade dos anjos caídos. Ele está sempre
pronto, é inteligente e ágil. É um bom líder. Os anos como mercenário, deram mais
experiencia a ele do que a maioria dos meus homens e eu temos juntos.
- Você tem espionado o Patch? - Disse. - Por que não me contou?
- Confio em você, mas não descarto a possibilidade de que ele exerça algum tipo de
influencia sobre você.
- Influencia? Patch nunca tomou decisões por mim, sou capaz de fazer isso sozinha.
Estou no comando dessa operação. Se quisesse enviar espiões, teria feito eu mesma. -
Disse, minha irritação parecendo evidente.
- Bom ponto.
Caminhei até a árvore seguinte, de costas para Dante.
- Vai me dizer por que está divulgando tudo isso?
Ele suspirou com relutância.
- Enquanto espiava Patch, Dabria apareceu mais de uma vez em nosso radar.
Cerrei meus olhos. Desejando poder dizer a ele que parasse por ali mesmo. Não
queria ouvir mais nada. Dabria seguia Patch para todos os lados, eu sabia disso. Mas o
tom da voz de Dante, sugeria que ele tinha notícias muito mais devastadoras para



oferecer, do que me dizer que Patch tinha uma acusadora que por acaso era sua
magnífica ex.
- Faz duas noites, eles estiveram juntos. Tenho evidencia. Muitas fotos.
Apertei minha mandíbula e de a volta.
- Quero ver.
- ...
- Posso lidar com isso. - Retruquei. - Quero ver essa prova que seus homens, meus
homens, conseguiram.
Patch com Dabria. Busquei na minha memória, tratando de determinar em que
noite isso poderia ter acontecido. Me sentia desesperada, ciumenta e instável. Patch
não tinha feito isso. Havia uma explicação. Daria a ele o benefício da dúvida. Já
tínhamos passado por muitas coisas, para que eu voasse da pra cima da primeira
conclusão que aparecesse no meu caminho.
Tinha que manter a calma. Seria um absurdo julgar ele tão rápido. Dante tinha
fotos? Bem. Analisaria por mim mesma.
Dante pressionou seus lábios juntos, então assentiu.
- Vou enviar elas para a sua casa hoje a tarde.


CAPÍTULO 24


Passei pela rotina do dia, mas fiz tudo mecanicamente. Não
conseguia tirar a imagem de Patch e Dabria juntos da minha cabeça. Não tinha
pensado em perguntar os detalhes pro Dante, e agora minhas perguntas sem
respostas pareciam fazer buracos no meu cérebro. Estiveram juntos. Tenho
fotos.
O que isso significava? Juntos, como? Seria ingênua por perguntar? Não.
Eu confiava em Patch. Estava tentada a ligar pra ele, mas, não fiz. Eu ia esperar
até ver as fotos. Se fossem culpados... eu saberia de imediato.
Marcie entrou na cozinha, e se sentou na borda da mesa.
- Estou procurando uma companheira de compras para hoje, depois da
escola.
Empurrei minha taça de cereal. Estava perdida nos meus pensamentos a tanto tempo,
que já não tinha mais nenhuma possibilidades de salva-lo.
- Sempre saio para fazer compras as quintas a tarde. – Disse Marcie. – É
como um ritual.
- Quer dizer uma tradição. – Eu corrigi.
- Preciso de um novo casaco pro outono. Algo quente e de lã, mas
elegante. – Disse, franzindo o cenho ligeiramente em contemplação.
- Obrigada pela oferta, mas tenho muito exercício de trigonometria para
fazer.
- Ah, vamos. Você não fez tarefa a semana toda, por que começar agora?
E eu realmente preciso de uma segunda opinião. É uma compra importante. E
justo quando você estava começando a agir com naturalidade. – Murmurou.
Levantei da minha cadeira e coloquei a minha taça de cereal na
geladeira.
- As adulações sempre me convencem.
- Vamos nora, não quero discutir. – Ela se queixou. – Só quero que você
venha fazer compras comigo.
- E eu quero passar em trigonometria. E ainda por cima, eu to de castigo.
- Não se preocupe, eu já falei com a sua mãe. Ela teve tempo para se
acalmar e voltar a razão. Você não está mais de castigo. Vou esperar por 30
min. Depois da aula. Isso vai dar tempo suficiente para você terminar
trigonometria.
Cerrei meus olhos especulativamente para ela.
- Você ta brincando com a mente da minha mãe?
- Sabe o que eu acho? Que você está com ciúmes de que sua mãe e eu
estejamos unidas.
Ugh.
- Não é só matemática, Marcie. Também preciso pensar. Sobre o que
aconteceu a noite, e como prevenir para que não aconteça outra vez. Não vou
jurar fidelidade. – Disse com determinação. – E não quero que mais Nephilins
façam isso também.
Marcie fez um som de exasperação.
- Você é igual ao meu pai. Só por uma vez, deixe de ser tão...
- Nephil? – Sugeri. – Um fenômeno anormal e um acidente da natureza?
Focada?
Marcie apertou suas mãos tão fortes, que ficaram vermelhas de sangue.
Por fim levantou o queixo. Desafio e orgulho brilharam em seus olhos.
- Sim. Um mutante, um monstro, um fenômeno. Como eu.
Levantei minhas sobrancelhas..
- Então, isso é tudo? Finalmente vai aceitar o que você é?
Um tímido sorriso apareceu no seu rosto.
- Bom, sim.
- Eu gosto mais dessa versão de você. – Eu disse.
- Gosto mais dessa versão de você. – Marcie se levantou, pegando sua bolsa da
mesa. – Temos um chamado para ir a compras ou o que?
Não tinham passado duas horas depois que o sinal tinha tocado, e
Marcie já tinha gastado quase 400 dólares em um casaco de lã, uns jeans e
alguns acessórios. Eu não tinha gastado 400 nem com todo o meu guarda
roupas em um ano. Eu imaginei o que teria acontecido comigo se eu tivesse
crescido na casa de Hank; não pensaria duas vezes antes de gastar todo o meu
cartão de crédito durante uma tarde. Na verdade, eu gostaria de ter um cartão
de crédito.
Macie dirigia, já que ela já tinha reclamado duas vezes que não queria ser
vista no meu carro, e eu não a culpava, essa tinha sido uma mensagem clara. Ela
tinha dinheiro e eu não. Hank tinha me deixado o seu maldito exército e para
ela a sua herança. Dizer que era injusto, não era o suficiente.
- Podemos fazer uma parada rápida? – Perguntei a Marcie. – Está um
pouco longe do caminho, mas preciso pegar uma coisa na casa do meu amigo,
Dante. – Me senti tonta diante da ideia de ver as fotos de Patch e Dabria, mas
queria acabar com isso de uma vez. Não tinha paciência para esperar até que
Dante me entregasse. Já que não tinha como saber se ele já tinha feito, então
resolvi ser proativa.
- Dante? Conheço ele?
- Não. Ele não vai pra escola. Pega a próxima a direito. Ele mora perto de
Casco Bay. – Disse a ela.
A ironia desse momento não podia passar despercebida. Durante o
verão, acusei Patch de se envolver com Marcie. Agora, alguns meses depois, eu
estava no banco do passageiro do carro dela, indo investigar a mesma história..
só que com uma garota diferente.
Pressionei a unha da mão entre os meus olhos. Talvez devesse deixar
passar. Talvez isso dissesse muito sobre as minhas inseguranças e simplesmente
deveria confiar em Patch incondicionalmente. O ponto era, eu confiava nele.
E então, lá estava Dabria.
Até por que, se Patch fosse inocente, e eu esperava com todas as minhas
forças que ele fosse, não tinha nada de mal em ver as fotos.
Marcie seguiu minhas instruções até a casa de Dante e imediatamente
fez um som de apreciação quando viu a arquitetura.
- Esse Dante, amigo seu, tem estilo. – Disse ela, varrendo com os olhos a
excelência da casa estilo Rainha Anne, localizado atrás de um gramado.
- Os amigos dele deixaram tudo que tinham pra ele. – Disse. – Não se
preocupe em sair, simplesmente vou correr até a porta e pegar o que preciso.
- De jeito nenhum, tenho que ver o interior. – Disse ela saindo, antes que
eu pudesse detê-la. – Dante tem namorada? – Colocou seus óculos de sol em
cima da cabeça, admirando descaradamente, a riqueza dele.
Sim, eu pensei. E obviamente estava fazendo um trabalho incrível para
manter a farsa. Incluindo minha meia irmã, que dormia no mesmo corredor que
eu, não sabia nada sobre o meu novo ‘namorado’.



Subimos no alpendre e tocamos a campainha. Esperamos e tocamos
outra vez. Colocando as mãos em volta dos meus olhos, olhei pela janela a sala
escura. Que sorte a minha, passar quando ele não estava em casa.
- Yuhu! Meninas, estão procurando o jovem que mora aí?
Marcie e eu viramos para encontra uma senhora de pé na calçada. Tinha
colocado umas pantufas rosadas, rolinhos rosados no cabelo e um pequeno
cachorro preto ao extremo de uma coleira.
- Estamos procurando Dante. – Eu disse. – A senhora é vizinha dele?
- Me mudei com a minha filha e o marido dela no começo do verão. Na
rua de baixo. – Ela disse, sinalizando a rua atrás dela. – Meu marido, John,
faleceu. Que Deus o tenha, e agora está em um asilo, ou fica na casa do meu
filho. Ele nunca abaixa o assento do vaso. – Nos informou.
<< Do que ela está falando? >> Perguntou Marcie nos meus
pensamentos. << E, ooooi, esse cachorro precisa de um banho. Posso sentir
o cheiro dele daqui. >>
Coloquei um sorriso agradável no rosto, e desci os degraus da varanda.
- Sou . Sou amiga do rapaz que vive aqui, Dante Materazzi.
- Materazzi? Sabia! Sabia que ele era italiano! Um nome como esse grita
italiano. Eles estão invadindo nossas costas. – Disse a mulher. – Quando nos
dermos conta, vou compartilhar o meu jardim com o próprio Mussolini. – Como
para confirmar o que ela estava dizendo, o cachorro deu um grunhido de
consentimento.
Marcie e eu nos olhamos, e ela deixou seus olhos só na parte branca. Eu
disse a mulher: - A senhora viu Dante hoje?
- Hoje? Por que veria ele hoje? Acabo de te dizer que ele se mudou. Faz
dois dias. Foi no meio da noite, só como um italiano faria. Dissimulado e astuto
como um mafioso siciliano. Com más intenções, tô dizendo pra vocês.
- Deve estar equivocada. Dante ainda mora aqui. – Eu disse tentando
manter um tom cordial.
- Ah, esse rapaz está nas últimas. Sempre isolado e tão pouco amigável.
Desde o dia em que chegou. Nem sequer disse um oi. Um rapaz como ele, em
um bairro como esse bom e respeitável, não é nada bom. Só durou um mês, e
não posso dizer que estou triste por vê-lo partir. Deveria haver leis contra os
inquilinos neste bairro, que tiram o piso do valor das casas como eles fazem.
- Dante não está alugando. Ele é o dono. Os amigos dele deixaram de
herança.
- Foi isso que ele te disse? – Ela sacudiu a cabeça, me olhando com seus
olhos azuis aguçados, como se eu fosse a pessoa mais estúpida do mundo. –
Meu genro é o dono dessa casa. Tem estado na família dele por anos. Ele só iria
alugar durante o verão, antes que a economia entrasse em colapso. Antes,
quando se podia fazer dinheiro com o turismo. Agora temos que aluga-la para
italianos mafiosos.
- Deve estar equivocada... – Comecei a dizer pela segunda vez.



- Revise os registros do condado! Eles não mentem. Não posso dizer o
mesmo dos sombrios italianos.
O cachorro corria em círculos em volta das pernas da mulher, atando ela
com a coleira. De vez em quando parava e dava a Marcie um grunhido gutural
de advertência. Depois voltava a correr em círculos. A mulher se desatou
sozinha e caminhou rua a baixo.
Fiquei olhando para ela. Dante era o dono da casa, não estava alugando.
Uma sensação esquisita de apossou do meu peito. Se Dante tivesse ido,
como ia conseguir mais devilcraft? Quase não tinha sobrado nada. Só me
restava o suficiente para um dia. Dois se eu dividisse ao meio.
- Bom, acho que alguém está mentindo. – Disse Marcie. – Acho que é ela.
Nunca confio nos velhos, principalmente nos mal humorados.
Quase não a escutei. Tratei de ligar para o celular de Dante, rezando para
que ele respondesse, mas não obtive resposta. Nem sequer o correio de voz
dele.

Ajudei a Marcie a levar suas bolsas para dentro, minha mãe desceu as
escadas e se juntou a nós.
- Um de seus amigos deixou isso aqui. – Ela disse, me entregando um
envelope de papel. – Disse que seu nome era Dante. Deveria conhecer ele? –
Insistiu.
Tratei de não ficar ansiosa quando peguei o envelope.
- É um amigo de Scott. – Expliquei.
Minha mãe e Marcie, mantiveram seus olhos sobre o envelope, olhando
cheias de expectativa.
- Provavelmente é algo que quer que eu entregue a Scott. – Menti, sem
querer gerar atenção extra para a situação.
- Parecia maior que seus amigos. Não estou totalmente a vontade sobre
o fato de você sair com meninos mais velhos que você. – Disse minha mãe.
- Como disse, é um amigo de Scott. – Respondi evasivamente.
No meu quarto, respirei fundo e tirei o selo do envelope. Tirei várias
fotografias ampliadas. Todas em preto e branco.
As primeiras foram tiradas a noite. Patch passeando por uma rua deserta.
Patch fazendo vigilância na sua moto. Patch falando em um telefone público.
Nada de novo, já que eu sabia que ele estava trabalhando para encontrar o
chantagista de Pepper.
A foto seguinte era de Patch e Dabria.
Estavam na nova caminhonete Ford F-150 preta do Patch. Uma pequena
garoa atravessava o farol acima deles. Dabria tinha seus braços ao redor do
pescoço dele, com um tímido sorriso dançando em seus lábios. Estavam presos
em um abraço e Patch não parecia estar oferecendo resistência.
Passei as últimas três imagens rapidamente. Meu estômago revirou e
sabia que eu ia vomitar. Beijos.



Dabria beijando Patch. Ali mesmo, nas fotos.




 



Finale 






CAPÍTULO 20

A noite de quinta chegou, e com ela, a completa transformação da fazenda.
Guirlandas de folhas de outono em vermelho, dourado e castanho,
derramadas fora do beiral. Sacas de espigas de milho secas emolduravam a porta.
Parecia que Marcie tinha comprado cada abóbora de toda Maine, e as alinhou ao longo
de toda calçada, a garagem e cada centímetro quadrado da varanda. Foram esculpidas
algumas lanternas de abóbora, piscando luz de velas em suas expressões assustadoras.
Uma parte vingativa de mim queria dizer que uma loja de artesanato tinha sido jogada
em nosso gramado, mas na verdade ela tinha feito um bom trabalho.
Dentro, música assombrada tocava do aparelho de som. Caveiras, morcegos,
teias de aranha e fantasmas se confundiam com os móveis. Marcie tinha alugado uma
máquina de gelo seco – como se nós não tivéssemos neblina de verdade o suficiente
no jardim.
Eu tinha duas sacolas de papel nos meus braços cheias de itens que última hora
que estavam faltando, e eu os levei até a cozinha.
- “Voltei!!” eu gritei. “Copos plásticos, um saco de anéis de aranha, dois sacos de gelo,
e mais confetes de esqueleto – como você pediu. A soda ainda está no porta malas.
Algum voluntário pra me ajudar a trazê-las para dentro?”
Marcie escorregou do quarto, e eu fiz meu queixo cair. Ela usava um sutiã de
vinil preto e calças legging correspondentes. Nada mais. Suas costelas apareciam
através de sua pele e ela tinha coxas que nem palitos de picolé . “Coloque a soda na
geladeira, o gelo no freezer, e espalhe os confetes de esqueleto na mesa de jantar, mas
não deixe cair na comida. Só isso por enquanto. Esteja por perto caso eu precise de
mais alguma coisa. Eu tenho que terminar minha fantasia.”
- “Bem, isso um alívio. Por um minuto, eu achei que isso fosse tudo que você estava
planejando usar.” Eu disse, gesticulando para o vinil acanhada.
Marcie olhou para baixo. “E . Eu sou a Mulher Gato. Eu só preciso colar as
orelhas de feltro preto na minha cabeça.
- “Você vai usar sutiã na festa? Só sutiã?”
- “Um top.”
Oh, essa vai ser boa. Mal posso esperar pelo comentário da . “Quem o
Batman?”



- “Robert Boxler.”
- “Então isso significa que Scott se salvou?” Essa era mais uma pergunta retórica.
Apenas para dar uma facada notória na uma reviravolta.
Marcie deu de ombros numa caminhada pouco pomposa. “Que Scott?” ela
disse, e marchou escada acima.
- “Ele escolheu ao invés de você!” Eu disse triunfantemente atrás dela.
- “Eu não ligo.” Marcie cantou de volta. “Você provavelmente fez a cabe a dele. Não
segredo que ele faz tudo o que você diz. Coloque a soda na geladeira antes da virada
do século.”
Eu dei língua para ela, mesmo sabendo que ela não podia ver. “Eu tenho que me
aprontar também, você sabe!”
Às 19:00 os primeiros convidados chegaram. Romeu e Julieta, Cleopatra e Mark
Anthony, Elvis e Priscila. Até mesmo vidros de ketchup e mostarda passeavam pela
porta da frente. Eu deixei Marcie bancar a anfitriã e fui para a cozinha, empilhando no
meu prato ovos cozidos, coquetel de salsichas e milho doce. Eu estava muito ocupada
concedendo as ordens pré-festa de Marcie para jantar. Isso, e a nova fórmula de
devilcraft que Dante tem me dado, parecia reduzir meu apetite após as primeiras horas
que eu tomava.
Eu tinha feito um trabalho razoavelmente bom racionando isso e ainda tinha o
suficiente para os próximos dias. Os suores noturnos, dores de cabeça e estranhas
sensações de formigamento que me apanhavam nos momentos mais estranhos
quando eu comecei a tomar a nova fórmula tinham ido embora. Eu tinha certeza que
isso significava que os perigos do vício tinham passado e eu tinha aprendido a usar
devilcraft seguramente. Moderação era a chave. Blakely pode ter tentado me ligar ao
devilcraft, mas eu era forte o suficiente para definir meus próprios limites.
Os efeitos do devilcraft eram inacreditáveis. Eu nunca tinha me sentido tão
excecional fisicamente e mentalmente. Eu sabia que eu teria que parar de tomar isso
eventualmente, mas com o estresse, perigos do Cheshvan e a guerra iminente, eu
estava alegre de eu estar sendo cautelosa. Se mais algum dos meus duvidosos
soldados Nephilins me atacasse, dessa vez eu estaria preparada.
Depois de me encher de aperitivos e Sprite servida em um caldeirão preto, eu
acotovelei o caminho até a sala de estar, procurando ver se e Scott tinham
chegado. As luzes tinham esmaecido, todos estavam fantasiados, e eu tinha dificuldade
em encontrar rostos na multidão. Mais, eu espiei a lista de convidados. Foi fortemente
ponderada em favor dos amigos de Marcie.
- “Adorei a fantasia, . Mas você não passa de um demônio.”
Olhei para o lado para Morticia Addams. Eu olhei confusa, e depois sorri. “Oh,
hey, Bailey. Quase não te reconheci com o cabelo preto.” Bailey sentava do meu lado
na aula de matemática, e nós éramos amigas desde o ginásio. Eu peguei minha cauda
de diabo, com uma pequena pontinha no fim, para salvá-la do cara atrás de mim, que
ficava acidentalmente pisando nela, e disse, “Obrigada por vir esta noite.”
- “Você terminou o dever de matem tica? Eu não entendi nada do que o Sr. Huron
tentou nos ensinar hoje. Toda vez que ele começava a resolver um problema no
quadro, ele parava na metade, apagava o que tinha feito, e começava de novo. Eu acho
que ele não sabe o que está fazendo.”
- “Yeah, provavelmente vou passar horas fazendo isso amanhã.”



Os olhos dela se iluminaram. “Nós devíamos nos encontrar na biblioteca e fazer
juntas.”
- “Eu prometi pra minha mãe que limparia o celeiro depois da escola.” Eu encobri.
Verdade seja dita, dever de casa tinha se esvaído da minha lista de prioridades para
fazer mais tarde. Era difícil me preocupar com a escola quando eu temia que qualquer
dia agora o sinistro cessar fogo entre anjos caídos e Nephilins estourasse. E eu daria
qualquer coisa para descobrir qual.
- “Oh. Talvez da próxima vez.” Bailey disse, soando desapontada.
- “Você viu ?”
- “Ainda não. De quem que ela vem?”
- “De babá. Seu par Michael Myers de Halloween.” Eu expliquei. “Se você a vir, diga
que eu a estou procurando.”
Quando eu atravessei a sala de estar, eu esbarrei em Marcie e seu par, Robert
Boxler.
- “Como está a comida?” Marcie me perguntou autoritariamente.
- “Minha mãe está cuidando disso.”
- “Música?”
- “Derrick Coleman o DJ.”
- “Você está trabalhando na multidão? Todos estão se divertindo?”
- “Acabei de terminar a ronda.” Mais ou menos.
Marcie me olhou com criticismo. “Onde está seu par?”
- “Isso importa?”
- “Eu soube que você está namorando um cara novo. Fiquei sabendo que ele não vai
escola. Quem é ele?”
- “Quem te disse isso?” O boato sobre Dante e eu estava rolando afinal de contas.
- “Isso importa?” ela repetiu sarcasticamente. Ela torceu o nariz em desgosto. “Do quê
você está vestida?”
- “Ela é uma diaba.” Robert disse. “Tridente, chifres e vestido vermelho de vampiro.”
- “Não esqueça as botas pretas de combate,” eu disse, mostrando-as. Eu tinha que
agradecer a por elas, assim como pelos laços vermelhos de glitter.
- “Estou vendo.” Marcie disse. “Mas o tema da festa são casais famosos. Um diabo não
sai com ninguém.”
Foi quando Patch apareceu na porta da frente. Tive que conferir duas vezes para
ter certeza de que era ele. Eu não esperava que ele viesse. Nós não tínhamos resolvido
nossa briga, e eu orgulhosamente me recusei a dar o primeiro passo, me forçando a
trancar meu celular em uma gaveta toda vez que eu era seduzida a ligar para ele e me
desculpar, apesar da minha crescente angustia dele nunca ligar também. Meu orgulho
imediatamente se transformou em alívio quando o vi. Eu odiava brigar. Eu odiava não
ter ele por perto. Se ele estava disposto a consertar isso, eu também estava.
Um sorriso iluminou meu rosto quando vi a fantasia dele: jeans escuros, camisa
preta e máscara preta. Este último ocultava tudo menos seu semblante fresco e
taxativo.
- “Lá está meu par.” Eu disse. “Elegantemente atrasado.”
Marcie e Robert se viraram. Patch me deu um pequeno aceno e colocou a
jaqueta de couro em uma pobre novata que Marcie tinha enganado com a tarefa de
pegar os casacos. O preço que algumas garotas pagariam para ir a uma festa dos
populares era quase vergonhoso.



- “Não é justo,” Robert disse tirando sua máscara de Batman. “O cara não se aprontou.”
- “O que quer que você faça, mas não chame ele de ‘cara’.” Eu disse para Robert,
sorrindo para Patch enquanto ele fazia seu caminho.
- “Eu conheço ele?” Marcie perguntou. “Quem ele deveria ser?”
- “Ele um anjo,” Eu disse. “Um anjo caído.”
- “Não com isso que um anjo caído se parece!” Marcie protestou.
Mostra o quanto você sabe. Eu pensei, enquanto Patch pendurou seu braço em volta
do meu pescoço e me puxou para um beijo leve.
Tenho sentido sua falta,’ Ele falou nos meus pensamentos.
Sinto o mesmo. Não vamos mais brigar. Podemos deixar isso pra trás?’
Considere feito. Como está indo a festa?’ Ele perguntou.
Eu ainda não quis pular do telhado.’
Estou feliz em ouvir isso.’
- “Oi,” Marcie disse para Patch, o tom dela mais galanteador do que eu poderia
imaginar com o par dela a centímetros de distância.
- “Hey,” Patch retornou, estendendo o reconhecimento com um breve aceno.
- “Eu conheço você?” ela perguntou, inclinando a cabeça curiosamente para o lado.
Você vai ao Coldwater High School?”
- “Não.” Ele disse sem elaborar.
- “Então como você conhece ?”
- “Quem não conhece ?” ele retornou suavemente.
- “Esse é meu par, Robert Boxler,” Marcie disse a ele com um ar de superioridade. “Ele
o quarterback do time de futebol.”
- “Impressionante.” Patch respondeu, seu tom educado o suficiente para retornar se
estivesse interessado. “Como está a temporada, Robert?”
- “Nós temos tido uns jogos difíceis, mas não nada que não possamos nos
recuperar.” Marcie cortou, dando tapinhas no peito de Robert consoladoramente.
- “Qual academia você frequenta?” Robert perguntou a Patch, olhando o físico dele
com admiração. E inveja.
- “Não tenho tido muito tempo ultimamente para academia.”
- “Bom, você está ótimo, man. Se você quiser levantar pesos com alguém, me chame.”
- “Boa sorte com o restante da temporada,” Patch disse a Robert, dando a ele um
daqueles apertos de mão complicados que todos os garotos parecem saber
instintivamente.
Patch e eu fomos vagamos para dentro da casa, nos enrolando através dos
corredores e quartos, tentando encontrar um canto isolado. No fim das contas ele me
puxou para o lavabo, chutou a porta fechando-a, e a trancou. Ele se inclinou para mim
contra a parede e passou o dedo em uma das minhas orelhas vermelhas de diabo, seus
olhos profundamente negros com o desejo.
- “Bela fantasia,” ele disse.
- “Idem. Posso dizer que você pensou muito na sua.”
Ele curvou a boca em divertimento. “Se você não gosta, eu posso tirar.”
Eu bati no meu queixo pensativamente. “Essa deve ser a melhor proposta que eu tive
esse noite.”
- “Minhas ofertas sempre são as melhores, Anjo.”



- “Antes da festa come ar, Marcie me pediu para amarrar a parte de trás de seu traje de
Mulher Gato.” Eu levantei e abaixei minhas mãos com um gesto de peso. “Entre as duas
ofertas, uma decisão difícil.”
Patch tirou a máscara dele e sorriu suavemente no meu pescoço, colocando
meu cabelo atrás dos meus ombros. Ele tinha um cheiro incrível. Ele era caloroso,
sólido e muito próximo. Meu coração batia mais rápido, espremendo com a culpa. Eu
tinha mentido para Patch. Eu não podia esquecer. Eu fechei meus olhos, deixando a
boca dele explorar a minha, tentando me perder no momento. Durante todo tempo, as
mentiras batiam, batiam, batiam, em minha cabeça. Eu tinha tomado devilcraft, e tinha
enganado a mente dele. Eu ainda estava tomando devilcraft.
- “O problema da sua fantasia , que não esconde sua identidade muito bem.” Eu disse,
me afastando. “E nós não deveríamos ser vistos juntos em público, lembra?”
- “Apenas parei por um minuto. Não podia perder a festa da minha garota.” Ele
murmurou. Ele abaixou sua cabeça e me beijou de novo.
- “ ainda não está aqui,” eu disse. “Tentei o celular dela. E o de Scott. Fui
encaminhada para o correio de voz nas duas vezes. Eu devo me preocupar?”
- “Talvez eles não queiram ser incomodados,” ele falou no meu ouvido, sua voz
profunda e grave. Ele puxou meu vestido mais pra cima da minha perna, acariciando
seu polegar sobre minha coxa nua. O calor se sua carícia anulou o peso da minha
consciência. A sensação me fez estremecer. Fechei meus olhos de novo, dessa vez
involuntariamente. Todos os nós soltos. Minha respiração era um pouco mais rápida.
Ele sabia como me tocar.
Patch me levantou para a borda da pia, com as mãos espalmadas sob meus
quadris. Eu fiquei calorosa e tonta por dentro, e quando ele colocou sua boca na
minha, eu podia jurar que saíram faíscas. O toque dele me queimava com paixão. O
palpitante, inebriante calor líquido de estar perto dele nunca envelhecia, não importa
quantas vezes nos tocamos, flertamos ou beijamos. Se qualquer coisa, que se
intensificou com essa faísca elétrica. Eu queria Patch, e eu não confiava em mim mesma
quando eu queria.
Eu não sei quanto tempo a porta do banheiro ficou aberta antes que eu
percebesse. Eu me afastei de Patch, com a boca aberta. Minha mãe ficou como uma
sombra na entrada, resmungando sobre como a fechadura nunca tinha funcionado
corretamente, e ela estava querendo consertar há séculos, quando seus olhos se
ajustaram à escuridão, porque ela parou a meia desculpa.
Sua boca se fechou. Seu rosto empalideceu... então corou em um profundo,
vermelho escaldante. Eu nunca a havia visto tão enfurecida. “Fora!” ela apontou seu
dedo longe. “Fora da minha casa nesse instante, e não pense em voltar, ou tocar na
minha filha de novo!” ela sibilou para Patch, p lida.
Eu saltei da pia. “Mãe – “
Ela se virou para mim. “Nenhuma palavra de você!” ela balbuciou. “Você disse
que tinha terminado com ele. Você disse que esse – esse lance – entre você e ele –
tinha acabado. Você mentiu para mim!”
- “Eu posso explicar,” eu comecei, mas ela tinha se voltada para Patch.
- “É isso que você faz? Seduz mo as jovens em suas próprias casas, com as suas mães a
metros de distância? Você deveria se envergonhar de si próprio!”
Patch entrelaçou sua mão na minha, agarrando-a firmemente. “Pelo contrário, Blythe.
Sua filha é tudo para mim. Completamente e totalmente. Eu a amo – simples assim.”



Ele falou calma e seguramente, mas seu maxilar estava tão rígido como se fosse
esculpido de pedra.
- “Você destruiu a vida dela! No momento que ela te conheceu, tudo desmoronou.
Você pode negar o quanto quiser, mas eu sei que você estava envolvido no sequestro
dela. Saia da minha casa.” Ela rosnou.
Eu me agarrei à mão de Patch ferozmente, murmurando ‘Sinto muito, muito
mesmo’ de novo, e de novo, na mente dele. Eu passei a vista trancada contra minha
vontade numa cabana distante. Hank Millar foi o mentor da minha prisão, mas minha
mãe não sabe disso. A mente dela ergueu uma muralha em volta das lembranças dele,
prendendo tudo de bom, e jogando fora o resto. Eu culpava Hank, e culpava o
devilcraft. Ela colocou na cabeça que Patch tinha sido responsável pelo meu sequestro,
e isso era tão verdade para ela como o nascer do sol de manhã.
- “Eu deveria ir,” Patch me disse, dando em minha mão um aperto tranquilizador. ‘Te
ligo mais tarde’, ele adicionou privadamente em meus pensamentos.
- “Eu acho que sim!” minha mãe retrucou, os ombros subindo com o esforço de
respirar pesadamente.
Ela deu um passo para o lado, permitindo que Patch saísse, mas fechou a porta antes
que eu pudesse escapar.
- “Você está de castigo.” Ela disse com voz de ferro. “Aproveite a festa enquanto ela
dura, pois este vai ser seu último evento social por um bom, bom tempo.”
- “Você está mesmo interessada em me ouvir?” eu atirei de volta, enfurecida pelo
modo como ela havia tratado Patch.
- “Eu preciso de um tempo para esfriar. É de seu interesse me dar algum espaço. Posso
estar com espírito para falar amanhã, mas essa é a última coisa em que estou
interessada agora. Você mentiu para mim. Você agiu pelas minhas costas. Pior, eu tive
que encontrar você tirando sua roupa com ele no nosso banheiro. Nosso banheiro! Ele
quer uma coisa de você, , e ele vai levar para onde quer que possa conseguir. Não
h nada de especial em perder sua virgindade num banheiro.”
- “Eu não estava – nós não estávamos – minha virgindade?” Eu balancei minha cabe a e
fiz um gesto de aversivo. “Esquece. Você está certa – você não quer ouvir. Você nunca
quer. Não quando se trata de Patch.”
- “Está tudo bem aqui?”
Minha mãe e eu nos viramos para encontrar Marcie do lado de fora da porta. Ela
segurava um caldeirão vazio nos braços e atrelou seus ombros se desculpando.
Desculpe interromper, mas ficamos sem olhos de monstro, também conhecidos como
uvas sem casca.”
Minha mãe colocou um pouco de cabelo no rosto dela, tentando se recompor.
e eu está vamos terminando. Eu posso ir até a loja rapidinho comprar umas uvas.
Mais alguma coisa que tenhamos pouco?
- “Molho de queijo nacho,” Marcie disse numa tímida voz de ratinho, como se ela
odiasse impor a bondade da minha mãe. “Mas você realmente não precisa se
preocupar. Quero dizer, é só molho de queijo nacho. Não haverá nada para
acompanhar os salgadinhos, claro, e é o meu favorito, mas realmente e
verdadeiramente – não grande coisa.” Um pequeno suspiro escapou dela.
- “Ótimo. Uvas e molho nacho. Mais alguma coisa?” minha mãe perguntou.
Marcie abra ou o caldeirão e sorriu. “Não, é só isso.”



Minha mãe pescou as chaves no bolso e saiu, cada movimento seu duro e
rígido. Marcie, no entanto, ficou.
- “Você sempre pode enganar a mente dela, sabe. Fazer ela pensar que Patch nunca
esteve aqui.”
Eu voltei os olhos frios para Marcie. “O quanto você ouviu?”
- “O bastante para saber que você está em uma profunda encrenca.”
- “Eu não vou enganar a mente da minha própria mãe.”
- “Se você quiser, eu posso falar com ela.”
Eu soltei um riso. “Você? Minha mãe não pro que você acha, Marcie. Ela pegou você
sob alguma forma equivocada de hospitalidade. E provavelmente para provar alguma
coisa para sua mãe. A única razão para você estar vivendo debaixo desse teto é que é
assim que minha mãe pode jogar na cara da sua mãe: ela era a melhor amante, agora
ela a melhor mãe.” Era uma coisa horrível de se dizer. Tinha soado melhor na minha
cabeça, mas Marcie não me deu tempo de alterar minha declaração.
- “Você está tentando fazer me sentir mal, mas não vai funcionar. Você não vai arruinar
minha festa.” Mas eu acho que vi a oscila são em seu l bio. Com uma inspiração, ela
parecia se recompor.
De repente, como se não tivesse acontecido, ela disse numa voz bizarramente
alegre. “Eu acho que hora de jogar Bob-for-a-Date.”
- “Bob o quê?”
- “É como pegar maçãs, exceto que cada maçã tem o nome de alguém da festa
atrelado. Quem quer que você tire é seu próximo encontro às cegas. Nós jogamos todo
ano na minha festa de Halloween.”
Eu fiz uma careta. Nós não tivemos essa ideia do jogo de antemão. “Parece brega.”
- “É um encontro s cegas, . E já que você está de castigo pela eternidade, o que
você tem a perder?” Ela me puxou para a cozinha, em direção gigante banheira de
água com maçãs vermelhas e verdes flutuando nela. “Hey, todo mundo, ouçam!”
Marcie chamou por cima da m sica. “Hora de jogar Bob-for-a-Date. vai
primeiro.”
Aplausos eclodiram através da cozinha, junto com vaias e alguns gritos e
assobios de incentivo. Fiquei ali, com a boca movendo-se, mas sem emitir palavras,
amaldiçoando Marcie fluentemente em minha mente.
- “Eu não acho que eu seja a melhor pessoa para isso.” Eu gritei por cima do barulho.
Posso passar?”
- “Sem chance.” Ela me deu o que parecia um empurrou brincalhão, mas foi forte o
bastante para me fazer cair de joelhos em frente à banheira de maçãs.
Eu lancei para ela um olhar de pura indignação. Eu vou fazer você pagar por isso, eu
disse a ela.
- “Puxe o cabelo pra trás. Ninguém quer desagradáveis cabelos dispersos flutuando na
água.”
De acordo, a multidão rugiu um coletivo “Booo!”
- “Maçãs vermelhas correspondem aos nomes dos meninos,” Marcie adicionou. “Maçãs
verdes das meninas.”
Tudo bem! Tanto faz! Apenas acabe logo com isso, eu disse para mim mesma. Não
era como se eu tivesse alguma coisa a perder: começando amanhã, eu estava de
castigo. Não haveriam encontros às cegas no meu futuro, com jogo ou sem.



Eu mergulhei meu rosto na água fria. Meu rosto esbarrou em uma maçã após a
outra, eu não podia afundar meus dentes em nenhuma delas. Eu subi para pegar ar, e
meus ouvidos zumbiam com vaias e assobios zombeteiros.
- “Me deem um tempo,” eu disse. “Eu não tenho feito isso desde os 5 anos. Isso j diz
muito sobre esse jogo!” eu adicionei.
- “ não tem um encontro s cegas desde que ela tinha 5 anos,” Marcie disse,
interpretando mal o que quis dizer e acrescentando seu próprio comentário.
- “Você ser a próxima,” eu disse a Marcie, encarando-a de joelhos.
- “Se houver próxima. Me parece que você vai ficar sugando o rosto com maçãs a noite
toda,” ela retornou docemente, e a multidão gritou em diversão.
Eu mergulhei minha cabeça na banheira, atirando meus dentes nas maçãs. Água
caiu sobre a borda, encharcando a frente da minha fantasia vermelha de diabo.
Cheguei bem perto de pegar uma maçã com a mão e apertá-la em minha boca, mas
percebi que Marcie desqualificaria o movimento. Eu não estava com disposição para
fazer tudo de novo. Assim como eu estava prestes a subir para pegar outro fôlego,
meus dentes da frente prenderam uma maçã vermelho sangue.
Eu surgi, sacudindo a água do meu cabelo ao som de aplausos e mais aplausos.
Eu joguei a maçã na Marcie e agarrei uma toalha, acariciando meu rosto para secá-lo.
- “E o sortudo que conseguiu um encontro s cegas com nossa rata afogada aqui ...”
Marcie retirou um tubo selado do miolo da maçã. Ela desenrolou o papel que estava
dentro do tubo, e enrugou o nariz. “Baruch? Só Baruch? Ela pronunciava tipo Bar-ooch.
Estou falando certo?” Ela perguntou ao público.
Nenhuma resposta. As pessoas já estavam indo embora agora que o
entretenimento imediato havia acabado. Eu estava agradecida que Bar-ooch, seja lá
quem ele fosse, parecia ser uma inscrição falsa. Ou isso, ou ele estava muito
envergonhado de ter um encontro comigo.
Marcie me encarou, como se esperasse que eu conhecesse o rapaz.
- “Ele não um dos seus amigos?” perguntei a ela enquanto eu torcia as pontas do
meu cabelo na toalha.
- “Não. Achei que fosse um dos seus.”
Eu estava a ponto de imaginar se esse seria mais um de seus jogos bizarros,
quando as luzes da casa piscaram. Uma vez, duas vezes, então elas se apagaram
completamente. A música desapareceu no silêncio assustador. Houve um momento de
confusão assustada e, em seguida, a gritaria começou. Perplexos e confusos no início,
aumentando a nota para arrepiar os cabelos de terror. Os gritos antecederam o
barulho inconfundível de corpos sendo jogados contra as paredes da sala.
- “!” Marcie chorou. “O que está acontecendo?”
Eu não tive a chance de responder. Apenas uma força invisível me fazia recuar um
passo, paralisando-me. Uma energia fria e nítida enrolava o meu corpo. O ar estalava e
flexionava com o poder de vários anjos caídos. Sua súbita aparição na casa da fazendo
era tão tangível como uma rajada de vento ártico. Eu não sabia quantos eram, ou o que
eles queriam, mas eu podia senti-los entrar mais profundamente para dentro da casa,
espalhando para preencher todos os quartos.
- “, . Saia para brincar.” Uma voz masculina cantou. Estranha e
assustadoramente falsa.
Eu dei duas respirações superficiais. Pelo menos agora eu sabia o que eles
queriam.



- “Eu vou te achar minha querida, meu bichinho,” ele continuou a cantarolar em uma
voz fria.
Ele estava perto, bem perto. Eu me rastejei atrás do sofá da sala, mas alguém
chegou antes de mim no esconderijo.
- “? É você? O que está acontecendo?” Andy Smith me perguntou. Ele sentava
duas cadeiras atrás de mim em matemática e era amigo da Marcie, namorado da
Addyson. Eu podia sentir o calor de seu suor transpirando.
- “Quieto.” Eu o instruí suavemente.
- “Se você não vier at mim, eu vou até você.” O anjo caído cantou.
Seu poder mental me cortava como uma faca quente. Engoli em seco enquanto
ele se sentia dentro da minha mente, sondando todas as direções, analisando meus
pensamentos para determinar onde eu estava escondida. Levei paredes e mais paredes
para detê-lo, mas ele passava por elas como se eu tivesse as construído de poeira.
Tentei me lembrar de cada mecanismo de defesa que Dante havia me ensinado contra
invasão de mente, mas o anjo caído se moveu muito rápido. Ele sempre estava dois –
perigosos – passos a frente. Um anjo caído nunca teve esse efeito em mim antes. Havia
apenas uma maneira de descrevê-lo. Ele estava dirigindo toda sua energia mental em
mim através de uma lente de aumento, ampliando o efeito.
Sem aviso, um brilho laranja queimou minha mente. Uma grande fornalha de
energia explodiu pela minha mente. Eu sentia que o calor disso derreteria minhas
roupas. Chamas crepitavam através do tecido, limpando minha pele com um tormento
quente. Em uma agonia inimaginável, eu me enrolei em uma bola. Eu coloquei minha
cabeça entre os joelhos, rangendo os dentes para não gritar. O fogo não era real. Tinha
que ser um engana – mente. Mas eu realmente não acredito nisso. O calor fervia tanto,
que eu realmente tinha certeza de que ele tinha acendido fogo em mim.
- “Pare!” Eu finalmente chorei, me lan ando para o exterior e me contorcendo no chão
qualquer coisa para sufocar as chamas devorando minha carne.
Naquele instante, o calor ardente desapareceu, apesar de eu não ter visto a
água que com certeza tinha apagado ele. Eu deitei de costas, meu rosto banhado de
suor. Doía respirar.
- “Saiam todos,” o anjo caído comandou.
Eu quase havia esquecido que tinham outras pessoas na sala. Eles nunca
esqueceriam isso. Como poderiam? Eles entendiam o que estava acontecendo? Eles
sabiam que isso não era encenado para a festa? Eu rezei para que alguém fosse buscar
ajuda. Mas a casa da fazenda era muito remota. Levaria tempo para trazer ajuda.
E a única pessoa que poderia ajudar era Patch, e não havia como eu alcançar
ele.
Pernas e pés se embaralhavam pelo chão, correndo para a saída. Andy Smith se
esquivou de trás do sofá e saiu freneticamente pela porta.
Eu levantei minha cabeça apenas alto o bastante para ver o anjo caído. Estava
escuro, mas eu vi uma silhueta imponente, esquelética e seminua. E dois olhos
selvagens e brilhantes.
O anjo caído com peito nu do Devil’s Handbag e da floresta me observou. Seus
hieróglifos desfigurados pareciam contrair e relaxar sobre sua pele, como se fosse
ligado por fios invisíveis. Na verdade, eu tinha certeza que elas se moviam conforme
sua respiração. Eu não podia tirar meus olhos do seu ferimento, pequeno e bruto em
seu peito.



- “Eu sou Baruch.” Ele pronunciou Bar-rewk.
Eu fugi para o canto da sala, fazendo uma careta de dor.
- “Cheshvan come ou, e eu não tenho um vassalo Nephil.” Ele disse. Ele manteve seu
tom coloquial, mas não havia brilho em seus olhos. Nenhum brilho, nenhum calor.
Tanta adrenalina fez minhas pernas se sentirem inquietas e pesadas. Eu não
tinha muitas opções. Eu não tinha força o suficiente para passar por ele. Eu não poderia
lutar com ele – se eu tentasse, ele chamaria seus colegas e eu estaria em desvantagem
em segundos. Eu amaldiçoei minha mãe por ter expulsado Patch. Eu precisava dele. Eu
não poderia fazer isso sozinha. Se Patch estivesse aqui, eu saberia o que fazer.
Baruch traçou sua língua da parte de dentro do seu l bio. “A líder do exército
do Mão Negra, e o que eu vou fazer com ela?”
Ele mergulhou na minha mente. Eu o sentia fazer isso, mas eu estava impotente
para evitar isso. Eu estava muito exausta para lutar. A última coisa que eu sabia, era que
eu tinha rastejado obedientemente e deitado nos seus pés como um cachorro. Ele
chutou minhas costas, olhando predatoriamente para mim. Eu queria negociar com ele,
mas meus dentes estavam cerrados com tanta força, que era como se minha
mandíbula tivesse sido costurada.
Você não pode discutir comigo, ele assobiou hipnoticamente na minha mente. Você
não pode me recusar. O que quer que eu mande, você deve fazer.
Eu tentei sem sucesso impedir a entrada da voz dele. Se eu pudesse quebrar
esse controle, eu poderia revidar. Era minha única chance.
- “Como a sensação de se um Nephil novo?” ele murmurou numa voz fria e de
desprezo. “O mundo não lugar para um Nephil sem um mestre. Eu vou te proteger de
outros anjos caídos, . De agora em diante, você pertence a mim.”
- “Eu não pertenço a ninguém.” Eu cuspi, as palavras saindo de mim com um esforço
extenuante.
Ele exalou, lento e deliberado. Saiu como um castigo assobiado entre os dentes.
Eu vou te quebrar meu bichinho. Apenas veja se não vou.” Ele rosnou.
Eu olhei para ele. “Você cometeu um grande erro vindo aqui esta noite, Baruch.
Você cometeu um grande erro vindo atrás de mim.”
Ele sorriu, um flash de afiados dentes brancos. “Eu vou gostar disso.” Ele deu
um passo mais perto, poder irradiando dele. Ele era quase tão forte como Patch, mas
havia uma ponta sanguinária em seu poder que eu nunca tinha sentido com Patch. Eu
não sabia há quanto tempo Baruch tinha caído do Céu, mas eu sabia que, sem sombra
de dúvidas ele havia se entregado ao mal, de todo coração.
- “Faça seu juramento de fidelidade, .” Ele ordenou.



CAPÍTULO 21

Não ia fazer o Juramento. E não ia permitir que ele tirasse palavras da minha boca. Não importava
quanta dor ele impusesse sobre mim, eu ia ficar forte. Mas
uma defesa resistente não seria suficiente para suportar isso. Precisava de uma
ofensiva, e rápido.
Compense os truques da mente dele com os seus, ordenei a mim mesma.
Dante havia me dito que os truques da mente eram a minha melhor arma. Ele tinha
dito que eu era melhor nisso do que quase todos os Nephils que ele conhecia. Eu tinha
enganado Patch. E ia enganar Baruch agora. Criaria minha própria realidade e colocaria
com tanta força dentro da cabeça dele, que ele não ia sabrão que tinha golpeado ele.
Apertando os olhos fechados para bloquear os cantos corruptos de Baruch
ordenando que eu fizesse o juramento, me lancei para dentro da cabeça dele. Minha
maior segurança vinha de saber que eu tinha consumido o devilcraft hoje de manhã.
Não confiava na minha própria força, mas o devilcraft me convertia em uma versão
mais forte de mim mesma. Incrementava meus talentos naturais, incluindo minhas
aptidões para truques mentais.
Voei pelos corredores escuros e torcidos da mente de Baruch, plantando uma
explosão depois da outra. Trabalhei o mais rápido que pude, sabendo que se
cometesse um erro, dava ele uma razão para pensar que estava construindo seus
pensamentos, se deixasse uma evidencia da minha presença...
Escolhi a única coisa que sabia que poderia deixar Baruch alarmado. Nephilim.
<< O exército de Mão Negra. >> Pensei explosivamente na cabeça de Baruch. Enchi
seus pensamentos com uma imagem de Dante entrando rapidamente na casa, seguido
de 20, 30, ou 40 Nephilins. Coloquei a imagem do olhar enfurecido e os punhos
apertados dos soldados em seu subconsciente. Para deixar mais convincente, fiz com
que Baruch visse os seus homens sendo arrastados pelos Nephilins.
Apesar de tudo isso, senti a resistência de Baruch. Ele se manteve calado no
mesmo lugar, não reagindo como deveria por estar rodeado de Nephilins. Temi que
ele suspeitasse que tinha alguma coisa errada e fui em frente.
<< Se meche com a nossa líder, meche com a gente também, com todos nós. >>
Lancei as palavras venenosas de Dante na mente de Baruch. << não vai jurar
lealdade agora. Nem agora, nem nunca. >>



Criei uma imagem do Dante pegando um poker lareira, e fundindo nas
cicatrizes das asas de Baruch. Coloquei a imagem bem nítida dentro da cabeça dele.
Escutei Baruch cair de joelhos antes de abrir os meus olhos. Ele estava de
quatro, com os ombros encolhidos. Uma expressão de choque dominava suas feições.
Seus olhos estavam vidrados e saliva saia do canto da boca dele. Suas mãos se
deslizaram para as costas, agarrando o ar. Ele estava tentando tirar o poker lareira.
Exalei de alívio. Ele tinha caído. Tinha acreditado no meu truque da mente.
Uma figura se moveu perto da porta.
Fiquei de pé, e peguei o verdadeiro poker lareira. Levantei sobre o meu ombro
me preparando para dar um golpe, quando Dabria entrou no meu campo visual. Na
semi escuridão, seu cabelo brilhava como um branco glacial. Sua boca era uma linha
severa.
- Fez um truque mental nele? - Adivinhou. - Genial. Mas temos que sair daqui agora. -
Ela me disse.
Quase ri, fria e incrédula.
- O que você tá fazendo aqui?
Ela caminhou sobre o corpo imóvel de Baruch.
- Patch me pediu que te levasse para um lugar seguro.
Neguei com a cabeça.
- Você tá mentindo. Patch não te enviou. Ele sabe que você é a última pessoa com
quem eu iria. - Apertei mais forte o poker lareira. Se ela desse outro passo, colocaria o
objeto nas cicatrizes das asas dela. E como Baruch, ela ficaria em um estado próximo
ao coma, até que encontrasse uma maneira de tirar ele das costas dela.
- Ele não tinha muitas opções. Entre perseguir os outros anjos caídos que invadiram a
sua festa e apagar a memória dos seus amigos cheios de pânico que estão correndo
pelas ruas enquanto conversamos, diria que ele está um pouco preocupado. Por acaso
vocês não tem uma palavra como código secreto para situações como essa? -
Perguntou Dabria sem quebrar a sua fria compostura. - Quando estava com Patch, nós
tínhamos uma. Confiava em qualquer um enviado por Patch.
Não tirei meus olhos dela. << Palavra de código secreto? >> Ai meu Deus, Ela
era boa pra se enfiar debaixo da minha pele.
- Na verdade, nós temos um código secreto. - Eu disse. - É Dabria é uma sanguessuga
patética que não sabe quando seguir em frente. - Cobri minha boca. - Oh. Acabo de
notar por que o Patch esqueceu de compartilhar o nosso código secreto. - Minhas
palavras estavam cheias de desdém. - com você.
Os lábios dela se apertaram ainda mais.
- Ou me diz para que você veio de verdade, ou vou colocar essa coisa tão fundo nas
suas cicatrizes, que vai ser o seu novo e permanente apêndice. - Eu disse.
- Não tenho que suportar isso. - Disse Dabria, girando. Segui ela pela casa vazia até o
caminho da entrada.
- Sei que você está chantageando Pepper Friberg - Eu disse. Se ela tinha ficado
surpresa, ela não demonstrou. Seu caminhar não se sobressaltou. - Ele pensa que Patch
está chantageando ele, e está fazendo tudo o que pode para colocar Patch no caminho
mais rápido para o inferno. Os créditos vão pra você, Dabria. Você diz que ainda ama o
Patch, mas tem um bem engraçado de demonstrar. Por sua causa, ele tá correndo
perigo de ser exilado. Esse é o seu plano? Se você não pode ter ele, ninguém vai ter?



Dabria apertou um botão em uma das suas chaves e as luzes do mais exótico carro que
eu já vi se ascenderam.
- Que é isso? - Perguntei. Ela me deu uma olhada condescendente.
- Meu Bugatti.
Um Bugatti. Ostentoso, sofisticado e único da sua classe. Exatamente como
Dabria.
Ela foi para detrás do volante.
- Talvez você queira tirar esses anjos caídos da sua sala de estar antes que a sua mãe
volte. - Ela fez uma pausa. - E deveria verificar a validade das suas acusações.
Ela comçou a fechar a porta, mas eu abri rapidamente.
- Você tá negando que tá chantageando Pepper? - Perguntei enojada. - Eu vi vocês
dois discutindo atrás do Devil's Handbag.
Dabria enrolou um cachecol em volta da sua cabeça, jogando as pontas sobre
os seus ombros.
- Não deveria escutar atrás das portas, . E Pepper é um arcanjo que você deveria
manter distância. Ele não joga limpo.
- Eu também não.
Ela olhou fixamente para mim.
- Não que seja da sua conta, mas Pepper me procurou aquela noite porque ele sabe
que eu tenho conexões com o Patch, e incorretamente pensou que eu o ajudaria. - Ela
ligou o carro, apertando o acelerador para apagar a minha resposta.
Olhei enojada para ela, sem acreditar que sua interação com Pepper tinha sido
assim,tão inocente. Dabria tinha um sólido registro de mentiras. E ainda por cima, não
gostávamos uma da outra. Ela era a desagradável lembrança de que Patch tinha estado
com alguém antes de mim. Não seria tão irritante se ela ficasse no passado que era
onde ela pertencia. Ao invés disso, ela continuava a aparecer como o vilão com
múltiplas vidas de um filme de serial killer.
- Não é uma boa juíza de caráter. - Ela disse, colocando o Bugatti em marcha.
Saltei para frente, colocando as mãos no capo. Não tinha terminado com ela ainda.
- Quando se trata de você, não me equivoco. - Gritei sobre o motor. - Você é uma
daninha, traiçoeira, egoísta, egocêntrica narcisista.
- A mandíbula de Dabria se apertou visivelmente. Ela tirou alguns cabelos soltos do
rosto, saiu do carro e caminhou até mim, até ficar na mesma altura que eu.
- Quero limpar o nome de Patch também, sabe? - Disse com sua fria voz de bruxa.
- Agora essa é uma frase digna de Oscar.
Ela me olhou fixamente.
- Disse a Patch que você era imatura e impulsiva e que não podia esquecer o ciúme do
que ele e eu tivemos para fazer esse trabalho.
Minhas bochechas coraram e peguei o braço dela com força antes que pudesse evitar.
- Não fale para o Patch nada sobre mim de novo. Ou melhor, não fale mais com ele, e
ponto.
- Patch confia em mim. Isso deveria ser suficientemente bom para você.
- Patch não confia em você. Ele está te usando. Ele te tem em uma cadeia, mas ao final,
você é descartável. E assim que você não for mais útil, acabou.
A boca de Dabria se apertou em algo feio.
- Já que estamos dando conselhos uma a outra, aqui vai o meu. Me solta. - Seus olhos
se transformaram em advertência.



Ela estava me ameaçando.
Estava escondendo alguma coisa.
Ia desenterrar o segredo dela e ia fazê-la cair.