Finale 








CAPÍTULO 25

Eu estava sentada no chão do banheiro, minhas costas contra a Box.
Meus joelhos estavam dobrados, e mesmo que o aquecedor estivesse ligado, eu me
sentia fria e úmida. Uma garrafa vazia de devilcraft estava posta do meu lado. Era a
última do meu suprimento. Eu mal me lembrava de tê-la bebido. Uma garrafa inteira
tinha ido, e nada tinha feito por mim. Mesmo isso não poderia me fazer imune ao
desespero desalentador.
Eu confiava em Patch. Eu o amava demais para acreditar que ele me magoaria
dessa maneira. Tinha que haver uma razão, uma explicação.
Uma explicação. A palavra ecoava na minha cabeça, vazia e provocando.
Uma batida soou da porta.
- “Nós temos que dividir o banheiro, lembra? Eu tenho a bexiga do tamanho de um
esquilo,” Marcie disse.
Eu era lenta para me levantar. De todas as coisas absurdas para me preocupar,
eu imaginei se Dabria beijava melhor. Se Patch quisesse eu seria mais como ela. Astuta,
fria, sofisticada. Imaginei o exato momento que ele tinha voltado pra ela. Eu imaginava
que se ele não tinha terminado comigo ainda era porque ele sabia como eu ficaria
devastada.
Ainda.
Um pesado sentimento de incerteza pesou sobre mim.
Eu abri a porta e passei por Marcie. Eu tinha dado cinco passos pelo corredor
quando senti seus olhos nas minhas costas.
- “Você está bem?” ela perguntou.
- “Eu não quero falar sobre isso.”
- “Ei, espera aí. ? Você está chorando?”
Eu passei meus dedos sob meus olhos, surpresa por descobrir que eu estava
chorando. Todo o momento parecia congelado e distante. Como se estivesse
acontecendo muito longe, em um sonho.
Sem me virar eu disse, “Eu vou sair. Você pode me acobertar? Posso não chegar
pro toque de recolher.”



Eu parei uma vez no meu caminho para a casa do Patch. Eu desviei o
Volkswagen bruscamente para o acostamento, saí de dentro dele, e andei de ombros.
Estava completamente escuro e frio o bastante que eu desejava ter trazido meu casaco.
Eu não sabia o que diria quando visse ele. Eu não queria lançar uma explosão delirante.
Eu não queria me reduzir chorando, também.
Eu tinha trazido as fotos comigo, e no fim, eu decidi que elas poderiam fazer a
conversa. Eu as seguraria para ele e limitaria minha pergunta em um sucinto, “Por
quê?”
O frio que se instalou dentro de mim como uma geada derreteu no momento
que eu vi o Bugatti de Dabria estacionado do lado de fora do condomínio de Patch.
Travei a meia quadra de distância, engolindo em seco. Um nó de raiva cresceu na
minha garganta, e saí do carro.
Eu prendi minha chave na fechadura da casa e entrei. A única luz vinha de uma
lâmpada ligada no fim da mesa da sala de estar. Dabria estava andando pela janela da
varanda, mas parou quando me viu.
- “O que você está fazendo aqui?” ela perguntou, visivelmente assustada.
Eu sacudi minha cabe a iradamente. “Não. Essa fala minha. Essa a casa do
meu namorado, o que dessa pergunta minha, exclusivamente. Onde ele está?” Eu
demandei. Já caminhando para o corredor que leva ao quarto principal.
- “Não se incomode. Ele não esta aqui.”
Eu me virei. Dei a Dabria um olhar de incredulidade, nojo e ameaça, todos em
um só. “Então. O. Que. Você. Está. Fazendo. Aqui?” Eu enunciei cada palavra, eu podia
sentir a raiva borbulhando dentro de mim e eu não tentei acalmá-la. Dabria tinha
previsto isso.
- “Estou encrencada, .” Seu lábio estremeceu.
- “Eu mesma não poderia ter dito melhor.” Eu arremessei o envelope de fotos para ela.
Caíram perto dos pés dela. “Como se sente sabendo que você é uma ladra de
namorados? É isso que faz você se sentir bem, Dabria? Pegar o que não pertence a
você? Ou apenas o ato de destruir uma coisa boa que você gosta?”
Dabria curvou-se para recuperar o envelope, mas ela segurou meus olhos todo
o tempo. Suas sobrancelhas enrugaram-se com uma cautelosa dúvida. Eu não podia
acreditar que ela tinha a audácia de agir como se não soubesse.
- “Caminhonete no Patch.” Eu enfureci. “Você e ele, alguma noite dessa semana, juntos
na caminhonete dele. Você o beijou!”
Ela quebrou o contato visual apenas o bastante para espreitar dentro do
envelope. Ela sentou na almofada do sofá. “Você não...”
- “Oh, eu acho que sim. Você não tão difícil de descobrir. Você não tem senso de
respeito ou dignidade. Você leva o que você quer, e esquece todos os outros. Você
queria Patch, e parece que você conseguiu tê-lo.” Agora minha voz travou e meus
olhos queimaram. Eu tentei piscar as lágrimas para longe, mas elas estavam vindo
muito rápido.
- “Eu estou encrencada porque cometi um erro enquanto fazia um favor para Patch.”
Dabria disse numa voz suave, preocupada, claramente esquecida das minhas
acusações. “Patch me disse que Blakely está desenvolvendo devilcraft para Dante, e
que o laboratório precisa ser destruído. Ele disse que se eu me deparasse com
informações que pudessem levar ele a Blakely, ou ao laboratório, eu deveria dizer a ele
imediatamente.”



Duas noites atrás, bem tarde, um grupo de Nephilins veio até mim, querendo
que sua sorte fosse dita. Eu rapidamente soube que eles eram empregados como
guarda costas do exército do Mão Negra. Até aquela noite, eles tinham servido como
guardas de um Nephil muito poderoso e importante chamado Blakely. Eles prenderam
minha atenção. Eles continuaram me dizendo que o trabalho deles era entediante e
rotineiro, e as horas longas. Mais cedo naquela noite, eles tinham concordado em jogar
um jogo de pôquer para passar o tempo, embora jogos ou distrações de qualquer tipo
fossem proibidos.”
Um dos homens deixou seu posto para comprar um baralho. Eles jogaram
apenas poucos minutos antes de serem descobertos pelo comandante deles. Ele
imediatamente os demitiu e expulsou com desonra do exército. O líder dos soldados
demitidos, Hanoth, estava desesperado para ter seu emprego de volta. Ele tem família
aqui e se preocupa em ajuda-los, e a segurança deles se eles forem punidos ou
expulsos pelos crimes dele. Ele veio para mim, esperando que eu dissesse a ele se
haveria alguma chance dele ter seu emprego de volta.”
Eu disse a sorte dele primeiro. Senti um grande estimulo para dizer a Hanoth a
verdade: que seu ex-comandante procurou prender e torturar ele, e ele deveria deixar a
cidade imediatamente com sua família. Mas também que se eu dissesse isso a ele,
perderia toda a esperança de encontrar Blakely. Então eu menti. Menti por Patch.”
Eu disse a Hanoth que ele deveria resolver suas preocupações diretamente
com Blakely. Eu disse que se ele implorasse por perdão, Blakely o perdoaria. Eu sabia
que se Hanoth acreditasse na minha profecia, ele me levaria até Blakely. Eu queria fazer
isso por Patch. Depois de tudo que ele tem feito por mim, me dando uma segunda
chance quando ninguém mais deu” – seus olhos marejados piscaram para os meus –
era o mínimo que eu podia fazer. Eu o amo,” ela declarou simplesmente, encontrando
meu olhar duro, sem vacilar. “Sempre irei. Ele foi meu primeiro amor, e não vou
esquecê-lo. Mas ele ama você agora.” Ela deu um olhar desanimado. “Talvez chegue o
dia em que vocês não estejam tão s rios, e eu estarei esperando.”
- “Não conte com isso,” eu disse. “Continue falando. Chegue na parte em que você
explica essas fotos.” Eu olhei para o envelope no sofá. Ele parecia tomar muito espaço
na sala. Eu queria rasgar as fotos e arremessar o que restasse na lareira.
- “Hanoth pareceu acreditar na minha mentira. Ele partiu com seus homens, e eu os
segui. Tomei todo o cuidado pra não ser detetada. Eles me deixavam em
desvantagem, e se eles me pegassem, eu sabia que estaria em grande perigo.”
Eles deixaram Coldwater, sentido Nordeste. Eu os segui por mais de uma hora.
Eu achei que devia estar chegando perto de Blakely. As cidades tinham ficado pra trás
e nós estávamos longe na zona rural. Os Nephilins desceram uma estrada estreita, e eu
segui.
Aí então, que eu soube que tinha algo errado. Eles estacionaram no meio da
estrada. Quatro dos cinco saíram do carro. Eu os senti apressando-se para sair, aos
meus lados e atrás de mim, criando uma rede na escuridão para me cercar. Eu não sei
como eles descobriram que eu estava seguindo eles. Eu dirigi todo o caminho com os
faróis apagados e fiquei longe o bastante que eu quase perdi eles várias vezes.
Temendo que já fosse tarde demais, eu fiz a única coisa que eu podia. Corri a pé em
direção ao rio.


Finale






CAPÍTULO 25

Eu chamei Patch, dizendo tudo para ele em uma mensagem. Então eu atravessei
a correnteza do rio, esperando que a turbulência da água diminuísse a habilidade deles
de me ouvirem ou me sentirem.
Eles chegaram perto de mim muitas vezes. Eu tive que deixar o rio e correr para
a floresta. Eu não podia dizer em qual direção eu estava correndo. Mas mesmo se eu
corresse até uma cidade, eu não estaria a salvo. Se alguém testemunhasse Hanoth e
seus homens me atacando, os Nephilins apenas apagariam suas memórias. Então eu
corri o mais rápido e mais longe que eu pude.
Quando Patch finalmente ligou de volta, eu estava escondida numa serraria
abandonada. Eu não sei quanto tempo mais eu teria continuado correndo. Não muito.”
Lágrimas brilharam nos olhos dela. “Ele veio para mim. Ele me tirou de lá. Mesmo
quando eu falhei em encontrar Blakely.” Ela alisou o cabelo atrás da orelhas e fungou.
Ele me levou até Portland e garantiu que eu tivesse um lugar seguro para ficar. Antes
de eu sair da caminhonete dele, eu o beijei.” Os olhos dela encontraram os meus. Eu
não sabia dizer se eles brilhavam com um desafio ou um pedido de desculpas. “Eu
comecei, e ele imediatamente terminou. Eu sei o que parece nas fotos, mas era meu
modo de agradecer a ele. Tinha acabado antes de come ar. Ele fez questão disso.”
Dabria estremeceu de repente, como se fosse puxada por uma mão invisível.
Seus olhos rolaram e ficaram brancos por um momento, e então voltaram ao habitual
azul ártico. “Se você não acredita em mim, pergunte para ele. Ele estará aqui em menos
de um minuto.”


CAPÍTULO 26

Eu nunca acreditei que Dabria verdadeiramente tinha o dom da clarividência e profecia
não depois que ela tinha caído, de qualquer maneira – mas ela estava
fazendo um bom trabalho recentemente de convencer-me a mudar a minha opinião.
Menos de um minuto depois, a porta da garagem do Patch abriu com um zumbido
baixo, e ele apareceu no topo da escada. Ele parecia um pouco pior para o desgaste -
linhas de cansaço gravaram seu rosto, e seus olhos tinham uma ponta de cansaço - e
ver Dabria e eu de pé em um confronto em sua sala de estar não parece melhorar seu
humor.
Ele considerava-nos com olhos escuros, avaliando. "Isso não pode ser bom."
- "Eu vou primeiro", Dabria começou, sugando a respiração tremendo.
- "Nem perto", eu respondi. Eu encarei Patch diretamente, cortando Dabria de fora da
conversa. "Ela beijou você! E Dante, que tem seguido você, por sinal, pegou a câmera.
Imagine minha surpresa quando é isso que eu tenho uma completa visão de hoje mais
cedo. Você ao menos pensou em me contar?"
- "Eu disse a ela que eu beijei você, e que você me afastou", Dabria protestou
estridentemente.
- "O que você ainda está fazendo aqui?" Eu explodi com Dabria. "Isso é entre mim e
Patch. Saia já!"
- "O que você está fazendo aqui?" Patch ecoou para Dabria, seu tom de nitidez.
- "Eu - despedacei," ela estalou. "Eu estava com medo. Eu não conseguia dormir. Eu
não consigo parar de pensar Hanoth e nos outros Nephilins."
- "Você deve estar brincando comigo", eu disse. Eu olhei para Patch para aprovação,
esperando que ele não ia se cair na estratégia de donzela indefesa dela.
Dabria tinha vindo aqui esta noite à procura de uma determinado tipo de conforto, e
eu não aprovo. Nem um pouco.
- "Volte para o esconderijo," Patch ordenou Dabria. "Se você ficasse, você estaria
segura." Apesar de seu cansaço, as suas palavras adotaram uma nota dura. "Esta é a
última vez que eu vou dizer para você manter sua cabeça baixa e ficar fora de
problemas."
- "Por quanto tempo?" Dabria praticamente choramingou. "Estou sozinha lá. Todo
mundo na casa é humano. Eles olham para mim engraçado." Seus olhos insistiram com
ele. "Eu posso te ajudar. Desta vez eu não vou cometer erros. Se você me deixar ficar
aqui."
- "Vá," Patch ordenou-lhe bruscamente. "Você já despertou bastantes problemas. Com
, e com os Nephilins que você seguiu. Não podemos ter certeza de que
conclusões eles tiraram, mas uma coisa é certa. Eles sabem que você está atrás Blakely.
Se eles têm um cérebro pelo menos, eles também descobriram que significa que você
sabe por que Blakely é vital para a operação deles, e o que ele está fazendo naquele
laboratório secreto dele, onde quer que seja. Eu não ficaria surpreso se eles mudaram
toda a operação. E estamos de volta ao estágio um, menos perto de encontrar Blakely
e incapacitar o devilcraft,"Patch adicionou com frustração.
- "Eu só estava tentando ajudar", Dabria sussurrou, os lábios tremendo. Com um último
olhar para Patch que se assemelhava ao de um cachorro repreendido, ela saiu.
O que deixou eu e Patch sozinhos. Ele atravessou a sala sem hesitar, mesmo que eu
tenha certeza de que a minha expressão estava longe de ser convidativa. Ele descansou
sua testa contra a minha e fechou os olhos. Ele exalou, longo e lento, como sob um
peso de uma força invisível.
- "Eu sinto muito", ele disse calmamente e com remorso genuíno.
As palavras amargas, ‘Sente sobre o beijo, ou simplesmente sente por eu vi?"
Estavam na ponta da língua, pronta para sair, mas eu as engoli de volta. Eu estava
cansado de arrastar meu próprio peso invisível – compreendido com ciúmes e dúvida.
O arrependimento de Patch era tão forte que era quase palpável. Por mais que
eu não gostasse e desconfiasse de Dabria, eu não podia culpá-lo por salvar seu
traseiro. Ele era um homem melhor do que ele se deu crédito. Eu suspeitava que anos
atrás, um Patch muito diferente teria respondido com a situação de outra maneira. Ele
estava dando uma segunda chance Dabria - algo que ele, também, lutava diariamente.
- "Eu também sinto muito," eu murmurei no peito de Patch. Seus braços fortes
dobraram-me para um abraço. "Eu vi as fotos, e eu nunca estive tão chateada ou com
medo. O pensamento de perder você foi - inimaginável. Eu estava tão zangada com
ela. Eu ainda sou. Ela beijou você quando ela não deveria. E pelo que eu sei, ela vai
tentar de novo."
- "Ela não vai, porque eu vou deixar muito claro como as coisas estão a ser entre nós a
partir de agora. Ela cruzou a linha, e eu vou fazê-la pensar duas vezes antes de fazer
isso de novo," Patch disse com determinação. Ele inclinou meu queixo para cima e me
beijou, deixando os lábios permanecem quando ele falava. "Eu não estava esperando
para voltar para casa com você, mas agora que você está aqui, eu não tenho nenhuma
intenção de deixá-la ir."
Quente, a culpa dolorida passou por mim. Eu não poderia estar perto de Patch
e não sentir minhas mentiras penduradas entre nós. Eu menti para ele sobre devilcraft.
Eu ainda estava mentindo. Como eu poderia ter feito isso? Desgosto ferveu em mim,
cheio de vergonha e repugnância. Eu queria confessar tudo, mas por onde começar? Eu
tinha sido tão negligente, deixando as mentiras arderem fora de controle.
Eu abri minha boca para lhe dizer a verdade, quando mãos geladas pareceram
deslizar pelo meu pescoço e apertá-lo. Eu não podia falar. Eu mal podia respirar. Minha
garganta cheia de matéria espessa, como quando eu tinha tomado devilcraft pela
primeira vez. Uma voz externa penetrou em minha mente e raciocinou comigo.
Se eu dissesse a Patch, ele nunca confiaria em mim novamente. Ele nunca me
perdoaria. Eu só iria lhe causar mais dor, se eu dissesse a ele. Eu só tinha que passar
pelo Cheshvan, e então eu pararia de tomar devilcraft. Apenas um pouco mais. Apenas
mais algumas mentiras.
As mãos frias relaxaram. Eu respirei duramente.
- "Noite ocupada?" Eu perguntei a Patch, querendo avançar em nossa conversa
qualquer coisa para esquecer minhas mentiras.
Ele suspirou. "E não mais perto de derrubar o chantagista de Pepper. Eu fico
pensando que tem que ser alguém que eu observei, mas talvez eu esteja errado. Talvez
outro alguém. Alguém fora do meu radar. Eu tenho perseguido cada pista, mesmo
aqueles que parecem uma ligação. Tanto quanto eu posso dizer, todo mundo está
limpo."
- "Existe uma chance de Pepper está inventando? Talvez ele não esteja realmente
sendo chantageado." Foi a primeira vez que eu considerava isso. O tempo todo eu
tinha confiado na história dele, quando ele tinha provado ser qualquer coisa, menos
digno de confiança.
Patch franziu a testa. "É possível, mas eu não acho. Por que ter o trabalho de
fazer uma história tão elaborada?"
- "Porque ele precisa de uma desculpa para prender você no inferno", sugeri
calmamente, apenas agora pensando nisso. "E se os arcanjos o colocaram nisso? Ele
disse que está aqui na Terra em uma atribuição deles. Eu não acreditei nele primeiro,
mas que se ele realmente está? E se os arcanjos o deram a tarefa de te trancar no
inferno? Não é nenhum segredo que eles querem isso."
- "Legalmente, eles precisam de um motivo para me trancar no inferno." Patch coçou o
queixo, pensativo. "A menos que tenham ido tão longe ao fundo do poço, eles não se
incomodam mais em ficar dentro da lei. Eu definitivamente acho que há alguns ovos
podres no grupo, mas eu não acho que a população arcanjos inteira foi corrompida."
- “Se Pepper está em uma missão para um pequeno grupo de arcanjos, e os outros
descobrirem ou suspeitarem do jogo sujo, os empregados de Pepper tem o disfarce
perfeito: Eles podem alegar que ele foi desonesto. Eles tirar suas asas fora antes que
ele pudesse testemunhar, e estariam fora de perigo. Isso não parece tão absurdo para
mim. Na verdade, parece que o crime perfeito. "
Patch olhou para mim. A plausibilidade da minha teoria parecia resolver sobre
nós um frio nó na garganta.
- "Você acha que é Pepper está a trabalho de um grupo de arcanjos desonestos para se
livrar de mim de vez", disse ele lentamente esse último.
- "Você conhecia Pepper antes de você cair? Como ele era?"
Patch balançou a cabeça. "Eu o conhecia, mas não bem. Mais como eu sabia
dele. Ele tinha uma reputação como um liberal, especialmente frouxo em questões
sociais. Eu não estou surpreso que ele caiu nos jogos de azar, mas se bem me lembro,
ele estava envolvido em meu julgamento. Ele deve ter votado para me banir; estranho,
uma vez que está em desacordo com a sua reputação ".
- "Você acha que podemos fazer Pepper voltar-se contra os arcanjos? Sua vida dupla
pode ser parte de seu disfarce. . . em seguida, novamente, ele poderia estar
desfrutando de seu tempo aqui só um pouco demais. Se aplicarmos o tipo certo de
pressão, ele pode falar. Se ele nos diz que uma fação secreta dos arcanjos o enviou
aqui te prender no inferno, pelo menos, nós sabemos o que estamos enfrentando. "
Um sorriso pouco perigoso apertou a boca do Patch. "Eu acho que é hora de encontrar
Pepper."



Eu balancei a cabeça. "Tudo bem. Mas você vai jogar este jogo do lado de fora.
Eu não quero que você chegue perto de Pepper. De agora em diante, temos de
assumir que ele faria qualquer coisa te prender no inferno. "
As sobrancelhas de Patch se juntaram. "O que você está propondo, Anjo?"
- "Vou me encontrar com Pepper. E eu vou levar Scott comigo. Nem pense em discutir
comigo," eu disse em advertência antes que ele pudesse vetar a ideia. "Você levou
Dabria como reserva em mais ocasiões do que eu quero pensar. Você jurou para mim
foi um movimento tático e nada mais. Bem, agora é a minha vez. Estou levando Scott, e
ponto final. Até onde eu sei, Pepper não está segurando todos os bilhetes de ida para
o inferno com o nome Scott neles.”
A boca de Patch se diluiu e seus olhos escureceram, eu praticamente podia
sentir a objeção irradiando dele. Patch não tinha cordialidade pelo Scott, mas ele não
poderia jogar aquela carta, isso faria dele um hipócrita.
- “Você vai precisar de um plano reserva,” ele disse por fim. “Eu não vou deixar você
fora da minha vista se h alguma chance das coisas irem ralo abaixo.”
Sempre havia uma chance das coisas darem errado. Se eu tinha aprendido
alguma coisa durante meu tempo com Patch, foi isso. Patch sabia disso também, e eu
me perguntava se isso era parte do plano dele para me impedir de ir. Eu de repente me
senti como Cinderela, impedida de ir ao baile por um pequeno detalhe.
- “Scott é mais forte do que você tem dado crédito a ele,” eu argumentei. “Ele não vai
deixar nada acontecer comigo. Eu terei certeza que ele entenda que ele não pode
conta a uma nica alma que eu você ainda estamos muito juntos.”
Os olhos negros de Patch ferviam. “E eu terei certeza que ele entenda que se
um único cabelo da sua cabeça for perdido, ele terá que lidar comigo. Se ele tiver
alguma noção, uma ameaça que ele vai levar a sério.”
Eu sorri tensamente. “Então está decidido. Tudo que precisamos agora de um plano.”
A noite seguinte era sábado. Depois de contar pra minha mãe que eu ia ficar
todo o fim de semana na casa da e nós iriamos juntas para a escola na segunda,
Scott e eu fizemos uma viagem para o Devil’s Handbag. Nós não estávamos
interessados em músicas ou bebidas, e sim no porão. Eu tinha ouvido rumores sobre o
porão, um emergente paraíso de jogos de azar, mas nunca tinha realmente entrado.
Coisa que Pepper não poderia dizer o mesmo. Patch tinha nos suprido com uma lista
dos refúgios favoritos de Pepper, e eu esperava que Scott e eu tivéssemos sorte na
nossa primeira tentativa.
Ambos tentamos parecer sofisticados e sinceros, eu segui Scott pelo bar. Ele
estava mascando chiclete, parecendo tão relaxado e confiante como sempre. Eu, por
outro lado, estava suando tanto que sentia como se precisasse se outro banho.
Eu sacudi meu cabelo para um visual elegante e maduro. Atirada em algum
delineador líquido, batom, saltos de 10 centímetros e uma bolsa de ponta emprestada
por Marcie, eu tinha magicamente envelhecido 5 anos. Dado o físico totalmente
desenvolvido e intimidador de Scott, eu não acho que ele tenha que se preocupar em
mostrar a identidade. Ele usava aros de prata minúsculos em suas orelhas, enquanto
seu cabelo estava estreitamente cortado, ele conseguiu parecer ao mesmo tempo
resistente e bonito. Scott e eu éramos apenas amigos, mas eu podia facilmente
apreciar o que viu nele. Liguei meu braço através do dele, um sinal de ser sua
namorada, enquanto ele sinalizou para falar com o barman.



- “Nós estamos procurando o Storky,” Scott disse para o barman, inclinando-se para
manter sua voz baixa.
O barman, que eu nunca tinha visto antes, nos olhos astutamente. Eu encontrei
seu olhar, tentando manter meus olhos frios. Não pareça nervosa, eu disse para mim
mesma. E o que quer que você faça, não aparente como se tivesse algo a esconder.
- “Quem está procurando?” ele perguntou rispidamente por fim.
- “Nós soubéssemos que tem jogos de apostas altas essa noite,” Scott disse, pegando
uma pilha de centenas alinhadas perfeitamente dentro da sua carteira.
O barman elevou seus ombros e voltou para limpar o bar. “Não sei do que você
está falando.”
Scott colocou uma das notas no bar, cobrindo-a com a mão. Ele a deslizou em
direção ao barman. “Que pena. Tem certeza que não podemos convencer você a
repensar?”
O barman olhou a nota de cem dólares. “Eu já vi você por aí?”
- “Eu toco baixo no Serpentine. Eu também tenho jogava pôquer de Portland a
Concord, para Boston, e todo o resto.”
Um nó de reconhecimento. “É isso. Eu trabalhava de noite no Z Pool Hall no
Springvale.”
- “Boas lembranças do lugar,” Scott disse sem perder o ritmo. “Ganhei muito dinheiro.
Perdi ainda mais.” Ele sorriu como se partilhasse uma piada particular com o barman.
Deslizando sua mão com a de Scott, e olhando ao redor para ter certeza de que não
estava sob vigilância, o barman embolsou a nota. “Tenho que revistar vocês primeiro,”
ele nos disse. “Armas não são permitidas lá embaixo.”
- “Sem problemas.” Scott respondeu facilmente.
Eu comecei a suar ainda mais. Patch nos avisou que eles estariam à procura de
armas, facas, e qualquer outro objeto pontiagudo que pudesse ser usado como arma.
Então tivemos que ser criativos. O cinto segurando a calça de Scott, e escondido
embaixo de sua camisa, era da verdade um chicote encantado com devilcraft. Scott
tinha jurado de pés juntos que ele não estava ingerindo devilcraft, e que nunca tinha
ouvido falar da super bebida, mas eu percebi que poderia muito bem fazer uso do
chicote encantado que ele tinha tirado do carro de Dante por um capricho. O chicote
brilhava na sombra reveladora de um azul iridescente, mas desde que o barman não
levantasse a camisa de Scott, ele estaria seguro.
À convite do barman, Scott e eu caminhamos pelo bar, fomos para trás de uma
tela de privacidade e levantamos nossos braços. Eu fui primeiro, passando por um
breve, superficial tapinha para baixo. O barman se moveu para Scott, escovando a
parte de dentro de suas pernas e dando batidas nos braços e costas. Estava escuro
atrás do bar, e mesmo se Scott estivesse usando uma espessa camisa de algodão, eu
pensei ter visto o brilho do chicote vagamente através dela. O barman pareceu ter visto
também. Suas sobrancelhas se juntaram, e ele alcançou a camisa de Scott.
Eu deixei minha bolsa cair nos pés dele. Várias notas de cem dólares foram
derramadas. Só assim, a atenção do barman foi puxada para o dinheiro. “Oops,” eu
disse, fingindo um sorriso sedutor enquanto eu colocava as notas para dentro. “Esse
dinheiro está ardendo no buraco. Pronto para jogar, coisa gostosa?”
Coisa gostosa? Scott ecoou nos meus pensamentos. Ótimo. Ele sorriu e
inclinou-se para me beijar, forte, na boca. Eu estava tão surpresa com isso, que eu
congelei com o toque dele.



Relaxa. Ele falou na minha mente. Estamos quase dentro.
Dei um aceno com a cabe a quase impercetível. “Você vai ganha muito essa
noite, baby, eu posso sentir isso,” eu sussurrei,
O barman destrancou a grande porta de metal, e agarrando a mão de Scott, o
segui por uma escura e não convidativa escadaria que cheirava a mofo e água parada.
Ao fundo, nós seguimos o corredor em volta de várias curvas, até sairmos num lugar
aberto pouco decorado com mesas de pôquer. Uma única lâmpada pendurado em
cima de cada mesa, derramando a a mínima luz. Sem música, sem bebida, sem calor,
uma recepção acolhedora.
Uma mesa estava em uso – quatro jogadores – e eu instantaneamente achei
Pepper. Ele estava de costas para nós, e ele não se virou com a nossa aproximação.
Não é incomum. Nenhum dos outros jogadores olhos para nós também. Eles estavam
todos sintonizados com atenção para as cartas em suas mãos. Fichas de pôquer
ficaram em torres arrumadas no centro da mesa. Eu não tinha ideia de quanto dinheiro
estava envolvido, mas eu apostava que aquele que perdesse iria sentir, e
profundamente.
- “Estamos procurando por Pepper Friberg.” Scott anunciou. Ele manteve seu tom leve,
mas o modo que seus músculos incharam quando ele cruzou os braços enviaram uma
mensagem diferente.
- “Desculpe, querido, meu cartão de dança está completo para a noite,” Pepper atirou
de volta cinicamente, remoendo a mão que ele tinha sido abordado. Eu o estudei mais
de perto, achando que ele estava muito envolvido no jogo para este ser um disfarce.
De fato, ele parecia tão sugado que ele aparentemente não tinha percebido que eu
estava de pé do lado de Scott.
Scott pegou uma cadeira da mesa ao lado e abriu espaço para a direita ao lado
de Pepper. “Eu tenho dois p s esquerdos de qualquer modo. Seria melhor você dançar
com... .”
Agora Pepper reagiu. Ele colocou suas cartas viradas para baixo, virou o corpo,
cheio de si para me ver por si mesmo.
- “Olá, Pepper. Já faz um tempo.” Eu disse. “Da última vez que nos encontramos, você
tentou me sequestrar, não estou certa?”
- “Sequestro um crime federal para nós moradores da Terra,” Scott entrou na
conversa. “Alguma coisa me diz que visto com maus olhos no Céu, também.”
- “Mantenha sua voz baixa,” Pepper rosnou, nervosamente olhando os outros
jogadores.
Eu levantei minhas sobrancelhas, falando diretamente com os pensamentos de
Pepper. ‘Você não contou para seus amigos humanos o que você realmente é? Embora
eu ache que eles ficariam felizes em descobrir que suas habilidades no pôquer têm
muito mais a ver com controle mental do que sorte ou habilidade.’
- “Vamos lá pra fora,” Pepper me disse, dobrando o jogo.
- “Assim que você for,” Scott disse, levantando-o pelo cotovelo.
No beco atrás do Devil’s Handbag, eu falei primeiro. “Nós vamos simplificar
para você Pepper. Tão divertido quanto foi você ter me usado para chegar ao Patch, eu
estou pronta para seguir em frente. O modo que eu entendo, isso só vai acontecer
quando eu realmente descobrir quem está chantageando você,” eu disse, testando ele.
Eu queria contar a ele minha teoria: que ele estava bancando o garoto de recados para
um grupo secreto de arcanjos e precisava de uma desculpa meio decente para enviar
Patch para o inferno. Mas em nome de jogar seguramente, eu decidi adiar e ver como
isso o balançou.
Pepper olhou para mim, suas características tanto insatisfeitas quanto céticas.
Que história essa?”
- “O que ... onde nós entramos,” Scott entrou na conversa. “Estamos motivamos a
encontrar seu chantagista.”
Pepper estreitou os olhos ainda mais em Scott. “Quem é você?”
- “Pense em mim como a bomba relógio embaixo do seu assento. Se você não tomar a
decisão de concordar com os termos da , Eu farei isso por você.” Scott come ou a
arregaçar as mangas.
- “Você está me ameaçando?” Pepper perguntou incrédulo.
- “Aqui estão minhas condições,” eu disse, “encontraremos seu chantagista, e o
entregaremos à você. O que queremos em troca é simples. Faça um juramento para
deixar Patch em paz.” Bati um palito de dentes pontudo na palma carnuda de Pepper.
Desde que o barman tinha me revistado, era o melhor que eu podia fazer. “Um pouco
de sangue e algumas palavras sinceras devem fazer o truque.” Se eu o fizesse fazer um
juramento, ele teria que se esgueirar de volta para os arcanjos com o rabo entre as
pernas e confessar o fracasso. Se ele se recusasse, apenas daria mais validade a minha
teoria.
- “Arcanjos não juram votos de sangue,” Pepper zombou.
Aquecendo, eu pensei.
Será que eles enviam aos anjos caídos que estão no inferno um carninha?” Scott
perguntou.
Pepper olhou para nós como se estivéssemos loucos. “Sobre o que vocês estão
delirando?”
- “Como a sensação de ser peão dos arcanjos?” eu perguntei.
- “O que eles te oferecem em retorno?” Scott demandou?
- “Os arcanjos não estão aqui embaixo,” eu disse. “Você está sozinho. Você realmente
quer ir contra Patch sozinho?” ‘Qual é, Pepper,’ eu pensei. ‘Me diga o que eu quero
ouvir. Que essa história inventada de chantagem é uma desculpa para cumprir sua
missão para um grupo de arcanjos desonestos para se livrar de Patch.’
A expressão de Pepper de descrença se aprofundou, e eu aproveitei o seu
silêncio. “Você vai fazer o juramento agora, Pepper.”
Scott e eu nos aproximamos dele.
- “Sem juramento!” Pepper gritou. “Mas eu vou deixar Patch em paz – eu prometo!”
- “Se eu apenas pudesse confiar em você para manter sua palavra,” eu retornei. “O
problema é, que eu não acho que você é um cara muito honesto. De fato, eu acho que
toda essa coisa de chantagem é uma estratégia.”
Os olhos de Pepper se alargaram com o entendimento. Ele gaguejou em
descrença, seu rosto ficando rosa. “Deixa eu ver se eu entendi. Você acha que eu estou
atrás de Patch por me chantagear?” ele guinchou por fim.
- “É,” Scott forneceu. “Sim, nós achamos.”
- “É por isso que ele tem se recusado a me encontrar? Por que ele acha que eu quero
trancafiá-lo no inferno? Eu não estava ameaçando ele!” Pepper gritou, seu rosto
redondo ficando mais corado pelo momento. “Eu queria oferecer um emprego a ele.
Estive tentando conseguir o tempo todo!”



Scott e eu falamos ao mesmo tempo. “Um trabalho?” Nós compartilhamos um
olhar cético e apressado.
- “Você está falando a verdade?” eu perguntei a Pepper. “Você realmente tem um
emprego para Patch – só isso?”
- “Sim, sim, um trabalho,” Pepper rosnou. “O que você achou? Caramba, que bagunça.
Nada saiu como deveria.”
- “Qual o trabalho?” eu o interroguei.
- “Como se eu fosse te contar! Se você tivesse me ajudado a alcançar Patch em tempo,
eu não estaria em uma confusão. Essa coisa toda é sua culpa. Minha oferta de trabalho
para Patch, e Patch sozinho!”
- “Deixe-me ver se entendi,” eu disse. “Você não acha que Patch está te
chantageando?”
- “Por que eu imaginaria quando eu j sei quem est me chantageando?” ele disparou
de volta, irritado.
- “Você sabe quem é o chantagista?” Scott repetiu.
Pepper me lançou um olhar de repulsa. “Tire essa Nephil da minha frente. Se eu sei
quem está me chantageando?” ele bufou impacientemente. “Sim! Eu deveria encontra-
lo hoje a noite. E vocês nunca vão adivinhar quem .”
- “Quem?” eu perguntei.
- “Ha! Seria muito amável se eu pudesse te dizer, não seria? O problema é que o
chantagista me fez jurar não revelar sua identidade. Não se incomodem em sondar.
Meus lábios estão selados, literalmente. Eles disseram que ligaram com o local do
encontro vinte minutos antes de eu ter que estar lá. Se eu não acobertar essa bagunça
logo, os arcanjos vão estar no meu rastro.” Ele adicionou, torcendo suas mãos. Eu notei
que seu comportamento rapidamente mudou para medo na menção de outros
arcanjos.
Eu tentei permanecer estável. Não esse o movimento que eu esperava que ele
fizesse. Eu me perguntei se essa era uma tática para nos tirar do seu rastro – ou nos
levando para uma armadilha. Mas o suor brilhando em sua sobrancelha e o olhar
desesperado de seus olhos parecia genuíno. Ele queria que isso acabasse tanto quanto
nós queríamos.
- “Meu chantagista quer que eu encante objetos usando todos os poderes do Céu que
todos os arcanjos possuem.” Pepper limpou a testa cor de rosa com um lenço. “É por
isso que eles estão me ameaçando.”
- “Que objetos?” eu perguntei.
Pepper sacudiu a cabe a. “Eles vão trazê-los no encontro. Eles disseram que se eu os
encantasse de acordo com as suas especificações, eles me deixarão em paz. Eles não
entendem. Mesmo se eu encantasse os objetos, os poderes do Céu só podem ser
usados para o bem. Quaisquer que sejam as ideias do mal que eles estejam tramando,
não irão funcionar.”
- “Entretanto, você realmente está considerando fazer isso?” eu perguntei em
reprovação.
- “Eu preciso tirar eles das minhas costas! Os arcanjos não podem saber o que eu tenho
estado fazendo. Eu serei banido. Eles arrancarão minhas asas e tudo estará terminado.
Eu ficarei preso aqui embaixo para sempre.”
- “Nós precisamos de um plano,” Scott disse. “Vinte minutos entre a ligação e o
encontro não nos dão muito espaço de manobra.”



- “Quando seu chantagista ligar, concorde com o encontro,” eu instruí Pepper. “Se eles
disserem para você ir sozinho, diga que você irá. Soe tão complacente e cooperativo o
quanto você poder sem exagerar.”
- “E então o que?” Pepper perguntou, agitando os ombros como se para arejar suas
axilas. Eu tentei não encarar. Nunca poderia imaginar que o primeiro arcanjo que eu
encontraria seria um rato tão chorão e covarde. Muito para os arcanjos dos meus
sonhos – poderosos, inevitáveis, oniscientes, e talvez mais importante, exemplares.
Eu fixei meus olhos nos de Pepper. “E então eu e Scott iremos no seu lugar, derrubar o
chantagista, e os entregar para você.”


CAPÍTULO 27

-“O quê? Você não pode fazer isso!” Pepper cuspiu as palavras
veementemente. “Eles não vão ficar felizes, e irão se recusar a trabalhar comigo. Pior,
eles podem ir diretamente aos arcanjos!”
- “Seu chantagista não trabalha mais com você. De agora em diante, ele ou ela lida
diretamente conosco,” eu disse. “Scott e eu vamos recuperar os objetos que eles
querem que sejam encantados, e nós precisaremos da sua cooperação para avalia-los.
Se você puder nos dizer o que eles pretendem utilizando-os, a informação pode ser
valiosa.”
- “Como eu mesmo posso saber se posso confiar em você?” Pepper disse em um
estridente protesto.
- “Há sempre um juramento de sangue...” eu deixei a ideia balançar. “Eu vou jurar
minhas intenções, e você vai jurar ficar longe de Patch. A menos, é claro, que você
ainda seja bom demais para fazer um juramento.”
- “Isso é horrível,” Pepper disse, puxando a gola como se estivesse apertando-o. “Que
confusão.”
- “Scott e eu teremos uma equipe no local. Nada vai dar errado,” eu reassegurei a
Pepper, e então adicionei uma rápida instrução particularmente falando em sua mente:
Mantenha ele calmo enquanto eu ligo para Patch, você pode?’
Eu caminhei para o fim do beco antes de fazer a ligação. Folhas secas passaram
pelos meus pés, e eu me aconcheguei mais fundo no meu casaco para me aquecer. De
todas as noites para sair, eu tinha escolhido a mais fria. Geava um pouco na minha pele
e fez meu nariz escorrer. “Sou eu. Pegamos o Pepper.”
Eu ouvi o suspiro de alívio de Patch.
- “Eu não acho que sua vida dupla uma farsa,” eu continuei. “Ele tem um verdadeiro
problema com jogos de azar. Também não acho que ele está em uma missão dos
arcanjos para prender você no inferno. Ele deve ter descido aqui como uma atribuição
originalmente, mas ele desistiu em prol de se entregar ao estilo de vida humano. Agora
a grande notícia. Ele sabe que você não o está chantageando – todo esse tempo ele
tem tentado te oferecer um trabalho.”
- “Que trabalho?”



- “Ele não disse. Eu acho que ele largou isso. Ele tem problemas maiores para se
preocupar. Ele marcou de encontrar com o verdadeiro chantagista hoje a noite.” Eu não
disse o resto, mas eu não parava de pensar naquilo. Eu estava tão confiante de que
Dabria estava por detrás disto, que eu podia apostar minha vida. “Nós não sabemos a
hora ou o local do encontro ainda. Quando o chantagista ligar para Pepper, nós
teremos um espaço de vinte minutos. Precisaremos agir depressa.”
- “Você acha que uma armadilha?”
- “Eu acho que Pepper um covarde, e ele está contente que nós estamos indo e ele
não precisa.”
- “Estou pronto.” Patch disse sombriamente. “Assim que eu souber para onde estamos
indo, eu vou te encontrar lá. Faça uma última coisa por mim, Anjo.”
- “Diga.”
- “Eu quero te encontrar sã e salva quando isso acabar.”

A ligação veio dez minutos antes da meia noite. Pepper não poderia ter dado
respostas melhores se ele as tivesse ensaiado. “Sim, eu irei sozinho.” “Sim eu vou
encantar os objetos.” “Sim, eu posso estar no cemitério em vinte minutos.”
No instante em que ele desligou, eu disse, “Qual cemitério? O de Coldwater?”
Um aceno. “Dentro do mausoléu. Eu devo esperar lé para mais instruçes.”
Me voltei para Scott. “Só há um mausoléu no cemitério da cidade. Bem do lado do
túmulo do meu pai. Nós mesmos não poderíamos ter escolhido um lugar melhor. Há
árvores e lápides por todo lugar, e vai estar escuro. O chantagista não será capaz de
dizer que é você no mausoléu, e não Pepper, até que seja tarde demais.”
Scott puxou o capuz preto que ele estava carregando a noite inteira sobre sua
cabeça, deixando-o cobrir parte de seu rosto. “Eu sou muito mais alto do que Pepper.”
Ele disse duvidosamente.
- “Ande curvado. Seu moletom folgado o suficiente que eles não serão capazes de
notar a diferença distância.” Eu encarei Pepper. “Dê-me seu número. Mantenha a
linha disponível. Eu vou te ligar no minuto que tivermos seu chantagista.”
- “Eu tenho um mau pressentimento,” Pepper disse, enxugando as mãos em suas
calças.
Scott levantou seu capuz, revelando a Pepper seu cinto incomum, que estava
brilhando em um azul celeste. “Não estamos indo despreparados.”
Os lábios de Pepper se apertaram, mas não antes de um gemido de
desaprovação escapar. “Devilcraft. Os arcanjos nunca podem saber que eu estava
envolvido nisso.”
- “Assim que Scott imobilizar seu chantagista, Patch e eu vamos nos apressar. Isso tão
simples quanto parece,” eu expliquei para Pepper.
- “Como você sabe que eles não terão seu próprio plano B?” ele desafiou.
Uma imagem de Dabria atravessou minha mente. Ela só tinha um único amigo,
e mesmo assim estava colocando gentilmente. Pena que o único amigo seria
necessário para fazê-la cair hoje a noite. Mal podia esperar para olhar na cara dela
quando Patch espetasse um agudo, e esperançosamente áspero, objeto nas cicatrizes
de suas asas.
- “Se vamos fazer isso, temos que detonar,” Scott me disse, olhando para seu relógio.
Temos menos de quinze minutos.”



Eu agarrei a manga de Pepper antes que ele pudesse fugir. “Não esqueça sua
parte do acordo, Pepper. Uma vez que tivermos seu chantagista, Você e ele terminam
por aí.”
Ele acenou com a cabe a seriamente. “Eu vou deixar Patch em paz. Você tem
minha palavra.” Eu não gostei da faísca de malícia que parecia incendiam
momentaneamente o fundo dos seus olhos. “Mas eu não posso fazer nada se ele vier
me procurar,” ele adicionou enigmaticamente.



CAPÍTULO 28

Scott dirigiu seu carro por toda a cidade, enquanto eu carregava a espingarda.
Tinha abaixado o volume do rádio, com Radiohead tocando. Suas
feições duras, apareciam e desapareciam, enquanto passávamos por baixo dos postes
de luzes das ruas. Ele dirigia com as duas mãos no volante, em uma posição de 'dez
para as duas'.
- Nervoso? - Perguntei a ele.
- Não me insulte, . - Ele sorriu, mas não relaxou.
- Então, o que está acontecendo entre você e ? - Perguntei, tratando de
manter nossas mentes longe do que nos esperava. Não tinha necessidade de pensar
muito nas coisas, ou começar a imaginar os piores cenários. Éramos Scott, Patch e eu
contra Dabria. A derrota dela, não iria durar mais do que alguns segundos.
- Não fique toda amigável comigo.
- É uma pergunta válida.
Scott mexeu um pouco no rádio.
- Não sou o tipo de cara que beija e sai por aí contando.
- Então vocês já se beijaram. - Movi as sobrancelhas. - Algo mais que eu deva saber?
Estava a ponto de sorrir.
- Absolutamente não. - O cemitério apareceu na curva seguinte. E ele inclinou a cabeça
na direção do lugar. - Onde você quer que eu estacione?
- Aqui mesmo. Vamos caminhando pelo resto do caminho.
Scott concordou.
- Um monte de árvores. Bom para se esconder. Você vai ficar no estacionamento de
cima?
- Com vista do alto. Patch vai estar estacionado na porta sul. Não vamos te deixar fora
de nossas vistas.
- Você não vai.
Não fiz nenhum comentário sobre a rivalidade entre Patch e Scott. Patch
poderia pegar Scott com a mesma consideração que uma serpente debaixo dos seus
pés, mas se disse que estaria ali, ele faria.
Saímos do carro. Scott puxou seu capuz para poder esconder o rosto, e deixou
cair seus ombros.



- Como estou?
- Como o gêmeo de Pepper, perdido a muito tempo. Lembre, no momento que o
chantagista entrar no mausoléu, você algema ele com o chicote. Vou ficar esperando
sua ligação.
Scott me deu um pequeno soco, de boa sorte, suponho, e então correu em um
ritmo constante pelas portas do cemitério. Vi ele pular sobre elas como muita
facilidade e desaparecer na escuridão.
Liguei para Patch. Depois de várias tentativas, caiu no correio de voz. Impaciente,
deixei uma gravação: - Scott entrou. Vou para o meu posto. Me ligue no momento em
que receber isso. Preciso saber se você está na sua posição.
Desliguei, tremendo contra as rajadas do vento gelado. Os galho só que o
outono tinha deixado sem folhas se sacudia se sacudia com um som oco, trepidante.
Coloquei minhas mãos por baixo dos meus braços para entrar calor. Algo não estava
bem. Não era normal Patch ignorar uma ligação, sobre tudo, uma ligação minha,
durante uma situação de emergência. Queria falar sobre essa mudança inoportuna de
acontecimentos com Scott, mas ele já estava fora de vista. Se o perseguisse agora, me
arriscaria a colocar toda a operação por água abaixo. Ao invés disso, caminhei costa
acima pelo estacionamento que estava localizado em uma colina com vista para o
cemitério.
Uma vez em posição, olhei as fileiras de lápides torcidas abaixo, com a grama
escura crescendo tão alto que parecia preta. Anjos de pedra com as asas lascadas,
pareciam voar no ar por cima do solo. As nuvens escureciam a lua e duas das cinco
luzes no estacionamento não funcionavam. De um lado, o mausoléu branco irradiava
uma tênue luminescência fantasmagórica.
<< Scott! >>. Gritei, falando mentalmente para ele, colocando toda a minha energia
mental atrás dele. Apenas o vento assobiando, que pairava sobre a colina, me
respondeu, supus que estava fora do alcance. Eu não sabia até que ponto podia chegar
minha linguagem mental, mas parecia que Scott estava muito longe.
Uma parede de pedra rodeava o estacionamento, me abaixei atrás dela,
mantendo meus olhos fixos no mausoléu. Um cachorro preto, esguio, de repente pulou
por cima do muro, quase me fazendo cair pra trás. Um par de olhos selvagens me
olhavam do estreito rosto do animal. O cão selvagem caminhava ao longo da parede,
parando para rosnar territorialmente para mim. Graças a Deus.
Minha visão era melhor do que quando eu era humana, mas estava o suficientemente
longe do mausoléu para não conseguir distinguir tantos detalhes como eu gostaria. A
porta parecia fechada, mas isso fazia sentido, Scott tinha fechado ela quando ele
passou.
Contive a respiração, esperando que Scott saísse arrastando Dabria, atada e
indefesa. Os minutos passaram. Me mexia abaixada, tratando de conseguir que o
sangue fluísse em minhas pernas. Olhei meu celular. Não tinha chamadas perdidas. Só
pudia pensar que Patch estava ardendo ao plano e estava patrulhando a porta baixa do
cemitério.
Um pensamento horrível veio de repente. E se Dabria tivesse visto através do
disfarce de Scott? E se ela suspeitava que ele tinha trazido esforços? Meu estômago
caiu até os joelhos. E se ela tinha chamado Pepper para um novo lugar de encontro
depois que o Scott e eu tínhamos deixado o Devil's Handbag? De qualquer forma,
Pepper tinha como me contactar, trocamos números.



Estava ocupada com esses pensamentos inquietantes quando o cachorro preto
voltou, emitindo um rosnado ameaçador para mim, perto das sombras da parede.
Achatou seus ouvidos contra a cabeça e arqueou suas costas ameaçadoramente.
<< Fora! >>. Sussurrei para ele de novo, fazendo um gesto com as minhas mãos.
Dessa vez, ele me mostrou os pontiagudos dentes brancos arreganhados,
rasgando o solo ferozmente. Estava quase mudando para uma distância segura pela
parede, quando...
Um arame quente se agarrou a minha garganta por trás, bloqueando a minha
respiração. Cravei a unha no arame, sentindo ele se contrair mais e mais forte. Tinha
caído sentada, minhas pernas se sacudindo. Pela minha visão periférica, notei que uma
estranha luz azul emanava do arame. Parecia queimar minha pele como se tivesse sido
submergida em ácido. Meus dedos formavam bolhas onde roçavam no arame, fazendo
impossível de agarrar.
Meu agressor puxou o fio do arame de volta pra trás, mais forte. Luzes
explodiram através da minha visão. Uma armadilha!
O cachorro preto continuou latindo e e pulando freneticamente em círculos,
mas a imagem estava se dissolvendo rapidamente. Estava perdendo a consciência.
Invocando a pouca energia que ainda tinha, me concentrei no cachorro, falando na
mente dele. << Morde! Morde o meu agressor! >>
Estava muito fraca para tentar um truque mental na mente do meu agressor,
sabendo que ele iria sentir quando eu tentasse invadir a mente dele. Ainda que nunca
tivesse tentado invadir a mente de um animal, o cachorro era mais pequeno que um
Nephil ou um anjo caído, e se fosse possível obriga-lo, faria sentido que um animal um
pouco menor requeresse menos esforço...
<< Ataca! >>. Pensei na mente do cachorro outra vez, sentindo minha mente percorrer
um sonolento e escuro túnel.
Para meu assombro e incredulidade, o cachorro correu adiante e fundiu suas
garras na perna do meu agressor. Escutei alguns dentes cortarem os ossos, e a
maldição gutural de um homem. A familiaridade da voz me surpreendeu. Eu conhecia
essa voz. Confiava nessa voz.
Impulsionada pela traição e pela ira, comecei a agir. A mordida do cachorro era
distração suficiente para que meu agressor afrouxasse o controle sobre o arame. Fechei
minhas mãos por completo em volta do arame, ignorando a queimadura grande o
suficiente para puxar meu pescoço e girar para o lado. O cabo serpenteante caiu sobre
o chão e eu o reconheci imediatamente.
Era o chicote de Scott.


CAPÍTULO 29

Mas não era Scott que me atacava.
Lutando por ar enquanto inspirava de novo, vi Dante se mover para atacar,
imediatamente dei a volta e enfiei o pé no estômago dele. Ele voou para trás, batendo
no chão, parecendo desconcertado.
Os olhos dele endureceram instantaneamente. A mesma coisa fizeram os meus.
Ataquei ele, montando sobre seu peito e sem piedade, golpeando sua cabeça
repetidamente sobre o solo. Não o suficiente para deixar ele inconsciente; queria ele
atordoado, capaz de falar. Tinha um monte de perguntas que eu queria que ele
respondesse imediatamente.
<< Me traga o chicote! >>. Ordenei ao cachorro e coloquei a imagem na mente dele,
para que ele entendesse a direção.
O cachorro trotou obedientemente, arrastando o chicote entre os dentes,
aparentemente imune aos efeitos do devilcraft. Era possível que esse protótipo não
pudesse causar nenhum dano a ele? De qualquer maneira, não podia acreditar. Podia
falar com a mente dos animais. Ou pelo menos, com esse.
Virei Dante de barriga para cima e utilizei o chicote para amarrar seus pulsos.
Queimou os meus dedos, mas eu estava muito zangada para prestar atenção. Ele fez
um gemido de protesto.
De pé, dei um chute nas costelas dele, para que ele despertasse
completamente.
- É melhor que as primeiras palavras que saiam da sua boca sejam uma explicação. -
Disse a ele.
Com o rosto pressionado contra o chão, seus lábios se curvaram em um sorriso
intimidador.
- Não sabia que era você. - Disse inocentemente, zombando de mim.
Abaixei, prendendo os olhos dele nos meus.
- Se não quer falar comigo, vou te entregar ao Patch. Você e eu sabemos que dessa
forma vai ser muito mais desagradável.
- Patch. - Ele riu entre os dentes. - Chama ele. Vai em frente. Veja se ele te responde.
Um medo gelado vibrou em meu peito.
- O que você quer dizer?



- Solte as minhas mãos e talvez eu te diga, com riqueza de detalhes, o que fiz com ele.
Dei um tapa no rosto dele tão forte, que a minha própria mão doeu.
- Onde está Patch? - Perguntei outra vez, tratando de manter o panico fora da minha
voz, sabendo que isso só divertiria ainda mais a Dante.
- Você quer saber o que eu fiz ao Patch... ou ao Patch e ao Scott?
O chão pareceu se inclinar. Tínhamos caído em uma armadilha. Dante tinha
tirado Scott e Patch do caminho e logo tinha vindo por mim. Mas, por que?
Montei o quebra-cabeças por mim mesma.
- Você está chantageando Pepper Friberg. Isso é o que você está fazendo aqui no
cemitério, não? Não se incomode em responder. É a única explicação que faz sentido. -
Eu tinha pensado que era Dabria. Se não tivesse ficado tão obcecada com ela, talvez eu
poderia ter visto a imagem completa, talvez eu poderia ter estado aberta a outras
possibilidades, talvez poderia ter recorrido aos sinais de alerta...
Dante deu um longo suspiro, indescritível.
- Vou falar quando você desatar as minhas mãos. Não ao contrario.
Estava tão consumida pela raiva, que me surpreendi ao encontrar lágrimas ardendo por
trás dos meus olhos. Eu tinha confiado em Dante. Tinha deixado ele me treinar e me
assessorar. Tinha construído uma relação com ele. Tinha chegado a considerar ele como
um dos meus aliados no mundo Nephilim. Sem a orientação dele, eu não teria feito nem
a metade do que eu tinha conseguido.
- Por que fez isso? Por que chantagear Pepper? Por que? - Gritei quando Dante
simplesmente piscou sobre o meu silencio, com um ar satisfeito.
Não conseguia chutar ele de novo. Mal conseguia ficar de pé, estando tão
chocada com a escandalosa e recente traição. Me apoiei na parede de pedra,
respirando fundo para manter a mente centrada. Meus joelhos tremiam.
A parte posterior da minha garganta estava escorregadia e estreita.
- Desamarra as minhas mãos, . Não vou te machucar. Preciso que você se acalme,
isso é tudo. Queria falar e te explicar o que estou fazendo e por que. - Ele falava com
uma segurança tranquila, mas eu não ia cair nisso.
- Patch ou Scott estão machucados? - Perguntei a ele. Patch não podia sentir dor física,
mas isso não significava que Dante não estava usando algum tipo de protótipo novo
de devilcraft para fazer mal a ele.
- Não. Os amarraram da mesma maneira que você me amarrou. Estão irritados pelo
pouco que vi, mas ninguém está em perigo imediato. O devilcraft não é bom para eles,
mas pode durar um tempo mais sem efeitos negativos.
- Então vou te dar exatamente 3 minutos para responder a minhas perguntas antes de
ir atrás deles. Se não responder minhas perguntas satisfatoriamente nesse período,
chamarei os coiotes. Eles têm sido um estorvo por esses lugares, comendo gatos e
cachorros domésticos pequenos, sobre tudo com o inverno se aproximando e os
alimentos ficando escassos. Mas tenho certeza de que você assistiu os noticiários.
Dante bufou.
- Do que você está falando?
- Posso falar com a mente dos animais, Dante. O que explica o cachorro que te atacou
exatamente no momento que eu precisei. Tenho certeza de que os coiotes não se
importariam com um lanche fácil. Não posso te matar, mas isso não quer dizer que não
possa fazer que você se arrependa de ter cruzado o meu caminho. Primeira pergunta,
por que está chantageando Pepper Friberg? Os Nephilins não brincam com os arcanjos.



Dante fez uma careta quando ele tentou, sem sucesso, rodar sobre suas costas.
- Não pode desamarrar o chicote para que possamos ter uma conversa civilizada?
- Você jogou a civilização pela janela no momento em que tratou de me estrangular.
- Vou precisar muito mais do que 3 minutos para te explicar o que está acontecendo. -
Respondeu Dante, sem parecer no mínimo preocupado, pela minha ameaça. Decidi
mostrar a ele que eu realmente ia fazer o que estava falando.
<< Comida! >>. Disse ao cachorro preto, que tinha ficado por perto para observar o
processo com interesse. Com sua pele extra deitado pelo chão, eu percebi que o cão
era magro e um pouco desnutrido, e se precisava de mais provas da sua fome, o ritmo
e maneira ansiosa de lamber seus lábios tinham sido suficientes. Para esclarecer minha
ordem, enviei a mente dele uma imagem da carne de Dante, logo dei um passo para
trás, renunciando ao meu direito sobre ele. O cachorro logo se reincorporou e afundou
seus dentes na parte posterior do braço de Dante.
Dante amaldiçoou e se contorceu para tentar se livrar do aperto.
- Não podia ter Pepper bisbilhotando em meus planos! - Cuspiu finalmente. - Chama o
cachorro!
- Que planos?
Dante se retorceu, subindo o ombro para se esquivar do cachorro.
- Pepper foi enviado a terra pelos arcanjos para poder executar uma investigação sobre
Blakely e eu.
Criei o cenário na minha cabeça, depois assenti.
- Porque os arcanjos suspeitavam que o devilcraft não desapareceu com o Hanke que
você estava usando ele, mas eles queriam ter certeza antes de agir, certo? Faz sentido.
Continue falando.
- Assim que eu precisava de uma maneira de distrair Pepper, de acordo? Tira seu
cachorro de mim!
- Ainda não me disse por que estava chantageando ele.
Dante se retorceu de novo para evadir as ferozes mandíbulas do meu cachorro
preferido.
- Me dá um tempo aqui.
- Quanto mais rápido falar, mais em breve darei ao meu novo melhor amigo alguma
coisa para mastigar.
- Os anjos caídos precisam que Pepper encante vários objetos usando o poder do céu.
Sabem sobre o devilcraft, e sabem que Blakely e eu o controlamos, assim querem
aproveitar o poder do céu. Querem se assegurar que os Nephilins não tenham
oportunidade de ganhar a guerra. Estão chantageando a Pepper.
De acordo, isso também parecia plausível. Tinha só uma coisa que não fazia
sentido.
- Como é que você está nessa confusão?
- Estou trabalhando para os anjos caídos. - Ele disse tão baixo que tinha certeza que
tinha ouvido mal.
Me inclinei para mais perto.
- Você se importaria de repetir isso?
- Estou vendido, tá certo? Os Nephilins não vão ganhar essa guerra. - Ele agregou na
defensiva. - De qualquer forma que veja, quando tudo estiver dito e feito, os anjos
caídos vão sair disso com a cabeça em pé. E não só porque planejam aproveitar os
poderes do céu. Os arcanjos simpatizam com os anjos caídos. Os antigos laços são
profundos. Não é assim para nós. Os arcanjos consideram a nossa raça uma
abominação, sempre fizeram isso. Nos querem fora, e se isso significa aliar-se
temporariamente com os anjos caídos para conseguir, eles farão. Só aqueles de nós
que formarem uma aliança logo com os anjos caídos terão oportunidade de sobreviver.
Olhei fixamente para Dante, incapaz de digerir suas palavras. Dante Matterazzi,
confabulando com o inimigo. O mesmo Dante que esteve de pé ao lado do Mão
Negra. O mesmo Dante que me treinou fervorosamente. Não podia acreditar.
- E o nosso exército Nephilim? - Disse, minha ira ressurgindo.
- Estão condenados. Muito profundamente, você sabe. Não falta muito para que os
anjos caídos realizem seus movimentos e nos empurrem para a guerra. Fiz um acordo
de dar a eles o devilcraft. Eles terão os poderes do céu e do inferno e estarão
respaldados pelos arcanjos. Todo o assunto vai estar acabado em menos de um dia. Se
me ajudar que Pepper encante os objetos, responderei por você. Me assegurarei de
que alguns dos anjos caídos de mais influencia saibam que você ajudou e que é leal a
causa.
Dei um passo para trás, vendo Dante através de novos olhos. Nem sequer sabia
quem ele era. Ele não podia ser mais estranho para mim do que estava sendo nesse
momento.
- Eu não... toda essa revolução, foi mentira? - Finalmente eu consegui cuspir as
palavras.
- Instinto de sobrevivência. - Disse. - Fiz isso para salvar a mim mesmo.
- E o resto da raça Nephilim? - Balbuciei.
Seu silencio disse exatamente quanto estava preocupado pela sua segurança.
Um encolhimento de ombros desinteressado não poderia ter sido mais revelador. Dante
estava nisso, por si mesmo. E fim da história.
- Eles acreditam em você. - Disse, com um sentimento de mal estar crescendo no
profundo do meu coração. - Eles contam com você.
- Eles contam com você.
Estremeci. O impacto completo da responsabilidade que pesava sobre os meus
ombros parecia estar me esmagando nesse momento. Eu era a líder deles. Eu era o
rosto deles nessa campanha. E agora o meu mais confiável conselheiro estava
desertando. Se o exército tinha estado de pé antes com os pés fracos, um desses
joelhos tinha sido chutado para o lado.
- Não pode fazer isso comigo. - Disse ameaçadoramente. - Vou te expor. Vou dizer a
todos o que você realmente planeja. Não conheço tudo sobre a lei Nephilim, mas tenho
bastante certeza que eles têm um sistema para se ocupar dos traidores e de alguma
maneira duvido que seja judicial.
- E quem vai acreditar em você? - Disse Dante casualmente. Se discutir que você é a
verdadeira triadora, em quem você acha que eles vão acreditar?
Ele estava certo. Em quem acreditariam os Nephilins? Na jovem inexperiente
impostora colocada no poder por seu pai morto? Ou no forte, capaz e carismático
homem que tinha a aparência e as habilidades de um deus romano?
- Tenho fotos. - Disse Dante. - De você com o Patch. De você com o Pepper. Incluindo
algumas suas sendo amigável com a Dabria. Vou te acusar,. É simpatizante com a
causa dos anjos caídos. É assim que eu vou te apresentar. Eles vão te destruir.
- Não pode fazer isso. - Disse, com a fúria crepitando em meu peito.



- Está caminhando por um beco sem saída. Essa é a sua última oportunidade de dar a
volta. Vem comigo. É mais forte do que você pensa. Formaríamos uma equipe
indestrutível. Você poderia me ser útil.
Soltei uma risada áspera.
- Oh, acabei totalmente com você me usando! - Peguei uma grande rocha da parede
de ladrilhos, planejando esmagar ela sobre o cranio de Dante, deixar ele inconsciente e
recrutar a ajuda de Patch para decidir o que fazer com ele depois, quando uma cruel e
retorcida expressão transformou as obscuras feições de Dante, fazendo ele parecer
decididamente mais um demônio do que um legendário deus romano.
- Que desperdício de talento. - murmurou em um tom de repressão. Sua expressão era
muito petulante, dado que eu tinha capturado ele, e aí foi quando um terrível suspeita
começou a se formar na minha mente. O chicote que prendia seus pulsos, não estavam
causando bolhas a pele dele como tinha feito a minha. Além de ter o rosto colado ao
chão, ele não parecia estar incomodado.
O chicote estalou liberando os punhos de Dante, e em um instante ele ficou de
pé em um salto.
- Você realmente achou que eu permitiria que Blakely criasse uma arma que poderia
ser usada contra mim? - Ele zombou, seu lábio superior curvando sobre os dentes.
Dando uma ordem ao chicote, ele estalou para mim. Um calor abrasador cortou
através do meu corpo. Me lançando sobre os meus pés. Aterrizei fortemente e sem ar.
Tonta pelo impacto, eu escorreguei para trás, tentando me concentrar em Dante.
- Acho que gostaria de saber que tenho toda a intenção de tomar seu lugar como
comandante do exército Nephilim. - Dante sorriu sarcasticamente. - Tenho o apoio de
toda a raça de anjos caídos. E planejo liderar os Nephilins justo dentro das mãos dos
anjos caídos. Eles não saberão o que fiz até que seja tarde.
A única razão pela qual Dante estava me dizendo qualquer coisa sobre isso, era
que ele acreditava sinceramente que eu não tinha nenhuma chance de deter ele. Mas
não ia jogar a toalha, agora nem nunca.
- Você fez um juramento diante de Hank para ajudar a liderar o exército dele para a
liberdade, seu idiota arrogante. Se você roubar meu título, ambos veremos as
consequências de romper nossos votos. A morte, Dante. Não exatamente uma
complicação menor. - Lembrei a ele cinicamente.
Dante riu entre os dentes com zombaria.
- Sobre esse juramento, uma completa e total mentira. Quando disse isso a você,
pensei que convenceria você a confiar em mim. Não que precisasse fazer algum
esforço. Os protótipos de devilcraft que te dei, tinham feito um bom trabalho, fazendo
com que você confiasse em mim.
Não tinha tempo para que a decepção sobre ele se afundasse completamente. O
chicote enviou um segundo açoite através das minhas roupas. Impulsionada a agir
unicamente por meu instinto de sobrevivência, risquei sobre a parede, ouvindo o
cachorro latir e atacar atrás de mim e eu caí no lado oposto. A ladeira íngreme e
escorregadia pelo orvalho me enviou rodando e derrapando até as lápides costa
abaixo.


CAPÍTULO 30

No final da colina, olhei para cima, mas não vi Dante. O cachorro preto
brincava atrás de mim, girando com o que parecia ser ansiedade. Me sentei. Nuvens
densas ocultavam a lua, tremia violentamente enquanto o frio beliscava a minha pele.
De repente fiquei consciente do que estava ao meu redor, me coloquei de pé e corri
pela multidão de tumbas até o mausoléu. Para minha surpresa, o cachorro se apressou
mais, olhando para trás a cada pequeno passo para se assegurar de que eu estava
seguindo ele.
- Scott! - Gritei, me lançando pela porta aberta do mausoléu, me apressando para
entrar.
Não tinha janelas. Não pudia ver. Impacientemente, tateei com minhas mãos o
lugar, tratando de sentir o que me rodeava. Tateei um pequeno objeto e escutei ele se
afastar. Tocando o chão de pedra fria, agarrei a lanterna que Scott tinha levado com ele
e que obviamente tinha caído e liguei ela.
Lá. No canto. Scott estava sobre as suas costas, seus olhos estavam abertos, mas
aturdidos. Me apressei na direção dele, tirando o chicote azul brilhante que apertava
seus pulsos até que ele estava livre. A pele dele estava cheia de bolhas e molhada. Ele
deu um gemido de dor.
- Acho que Dante já foi, mas fique alerta. - Disse a ele. - Tem um cachorro guardando a
entrada... está do nosso lado. Fique aqui até que eu volte. Preciso encontrar Patch.
Scott gemeu de novo, mas dessa vez ele amaldiçoava Dante.
- Não vi ele vindo. - Murmurou.
Isso nos fazia dois.
Me apressei para sair, correndo a toda velocidade pelo cemitério, que tinha
ficado em uma perfeita escuridão. Fiz meu caminho por uma cerca de arbustos,
pegando meu atalho para o estacionamento. Saltei através da grelha de ferro e corri
até a caminhonete preta parada no estacionamento.
Vi o assustador azul brilhante atrás das janelas quando estava a alguns metros
de distância. Abrindo a porta, tirei Patch, e o encostei na calçada, e comecei o
trabalhoso processo de desamarrar o chicote, que serpenteava ao longo do peito dele,
mantendo seus braços ao longo do corpo, como um espartilho tortuoso. Seus olhos
estavam apagados, sua pele emanava um azul pálido. Finalmente soltei o chicote e
coloquei-o de lado, sem ter a consciência dos meus dedos queimados.
- Patch. - Eu disse, sacudindo ele. As lágrimas saíram dos meus olhos, e minha
garganta estava seca por causa das emoções. - Acorda Patch. - Sacudi ele mais forte. -
Você vai ficar bem. Dante já foi e já desamarrei o chicote. Por favor, acorda. - Aumentei
a minha voz. - Você vai ficar bem. Agora estamos juntos. Preciso que abra os olhos.
Preciso saber que está me escutando.
Seu corpo estava ardendo, o calor emanava de sua roupa, e tirei sua camisa.
Engoli em seco ao ver sua pele cheia de bolhas, com marcas onde o chicote tinha
estado. As piores feridas ondulavam como papel queimado e enegrecido. Só um
maçarico poderia produzir um dano igual.
Sabia que ele não podia sentir, mas eu sim. Minha mandíbula se apertou com
um ódio venenoso de Dante, incluindo quando as lágrimas caiam pelo meu rosto.
Dante tinha cometido um erro enorme e imperdoável. Patch era tudo para mim, e se o
devilcraft deixasse algum dano, faria com que Dante se arrependesse disso pelo resto
da sua vida, e posso dizer, que ela não seria longa o bastante. Mas minha raiva a ponto
de explodir foi posta de lado pelo sofrimento que me consumia ao olhar para Patch.
Dor, culpa e agitação como gelo frio caiam em pedaços dentro de mim.
- Por favor. - Murmurei, minha voz se quebrava. - Por favor Patch, acorda. - Roguei,
beijando sua boca e desejando milagrosamente que ele acordasse. Dei uma sacudida
forte na minha cabeça, para tirar os pensamentos ruins. Não iria permitir que eles se
formassem. Patch era uma anjo caído. Não podia ser machucado. Não dessa maneira.
Não importava quão potente fosse o devilcraft... não podia causar um dano
permanente ao Patch.
Senti os dedos dele agarrarem os meus, um momento antes que sua voz baixa
vibrasse fracamente na minha cabeça.
<< Anjo. >>
Somente com essa palavra, meu coração se encheu de alegria.
<< Estou aqui! Estou somente aqui! Eu te amo, Patch. Eu te amo muito! >> Solucei em
resposta. Antes que pudesse me conter, minha boca voou na dele. Estava montada
sobre seus lábios, meus cotovelos estavam plantados em cada lado de sua cabeça, sem
querer causar mais dano a ele, mas incapaz de me conter em abraça-lo. Então, ele me
abraçou forte, e caí sobre ele.
- Vou te machucar mais. - Gritei, me levantando de perto dele. - O devilcraft... sua
pele...
- Você é o que me faz sentir melhor, anjo. - Ele murmurou, se encontrando com a
minha boca e cortando efetivamente o meu protesto. Seus olhos se fecharam, as linhas
do cansaço e o estresse pressionavam seus traços, e ainda assim o modo como ele me
beijava, derretia qualquer outra preocupação. Relaxei na minha postura, me afundando
em cima da sua forma larga e inclinada. Sua mão se moveu para a parte de trás da
minha camisa, sentindo ela mais quente e sólida enquanto chegava mais perto.
- Eu estava apavorada com o que puderia acontecer com você. - Cuspi.
- Estava apavorado pensando a mesma coisa sobre você.
- O devilcraft... - Comecei.
Patch exalou debaixo de mim, e o meu corpo se fundiu com o dele. Sua respiração
levava alívio e emoções cruas. Seus olhos cheios de tudo e sinceridade, se encontraram
com os meus.



- Minha pele pode ser substituída. Mas você não, anjo. Quando Dante se foi, pensei que
tivesse terminado. Pensei que tivesse falhado com você. Nunca tinha rezado tanto na
minha vida.
Pisquei para tirar as lágrimas que estavam sobre os meus cílios.
- Se ele tivesse te tirado de mim... - Estava muito atordoada para terminar meu
pensamento.
- Ele tentou me tirar de você, e isso é razão suficiente para mim, para marcar ele como
um homem morto. Ele não vai se sair bem dessa. Já perdoei ele várias vezes por
pequenos tropeços em nome de ser civilizado e entender o seu papel como líder do
seu exército, mas essa noite ele deixou de lado as regras antigas. Usou devilcraft contra
mim. Não devo a ele nenhum gesto de cortesia. Na próxima vez que nos encontrarmos,
ele vai jogar com as minhas regras. - Apesar do evidente cansaço em cada músculo do
seu corpo, a decisão de sua voz não continha Vacilação ou compaixão.
- Ele trabalha para os anjos caídos Patch, eles o têm na palma da mão.
Nunca tinha visto Patch tão surpreso como nesse momento. Seus olhos se
ampliaram, digerindo essa nova notícia.
- Ele te disse isso?
Assenti seriamente.
- Ele disse que não há uma maneira de os Nephilins saírem vitoriosos dessa guerra que
se aproxima. Apesar de cada palavra convincente, contraditória e cheia de esperança,
ele tem estado traindo os Nephilins. - Adicionei amargamente.
- Ele disse o nome de algum anjo caído específico?
- Não. Ele tá nisso pra poder salvar a pele dele, Patch. Ele disse que quando a guerra
começar, os arcanjos ficarão do lado dos anjos caídos. Depois de tudo, a histeria deles
vem de muito tempo. É difícil dar as costas ao seu sangue, mesmo se for mal. E ainda
mais. - Dei uma profunda respiração. - O seguinte movimento de Dante é roubar meu
título como líder do exército da mão negra, e marchar com os Nephilins direto para as
mãos dos anjos caídos.
Patch estava em um silencio aturdido, mas vi seus pensamentos correrem tão
rápidos como o fogo por trás dos seus olhos negros, o que o faziam ver como a ponta
da navalha. Ele sabia, como eu, que se Dante conseguisse com êxito me tirar o título,
meu juramento ao Hank estaria rompido. Falhar só significava uma coisa: a morte.
- Dante também é o chantagista de Pepper. - Eu disse.
Patch deu um breve aceno com a cabeço.
- Imaginei isso quando ele me atacou. Como pagou sua dívida com Scott?
- Ele está no mausoléu, com um incrivelmente inteligente cachorro de rua que está
vigiando ele.
Patch levantou suas sobrancelhas.
- Devo perguntar?
Acho que o cachorro está competindo intensamente por seu trabalho como meu
anjo da guarda. Ele foi pra cima do Dante e essa é a razão por eu ter conseguido me
livrar.
Patch traçou a curva do meu rosto.
- Terei que agradecer a ele por salvar a minha garota.
Apesar das circunstâncias, sorri.
- Vai amar ele. Vocês dois compartilham o mesmo senso de moda.



Duas horas depois, estacionei a caminhonete de Patch na garagem dele. Patch
estava jogado no banco do passageiro, sua testa estava suada e sua pele continuava
irradiando o mesmo tom azul. Ele sorriu com um sorriso frouxo enquanto falava, mas
podia dizer que ele estava fazendo esforço; era um complô para me tranquilizar. O
devilcraft tinha deixado ele debilitado, mas a pergunta era por quanto tempo. Eu
estava agradecida que dante tinha explodido. Imaginei que tinha que agradecer ao
meu novo amigo cachorro por isso. Se Dante tivesse terminado o que começou,
estaríamos em mais perigo do que sofremos e teria sido difícil escapar. Uma vez mais,
direcionei minha gratidão ao cachorro de rua preto. Desleixado e assustadoramente
inteligente. E leal apesar de seu próprio detrimento.
Patch e eu tínhamos ficado no cemitério com Scott até ele se recuperar o
suficiente para dirigir para casa sozinho. E o cachorro preto, apesar de várias tentativas
para deixar ele, incluindo forçar para tirar ele do banco da caminhonete de Patch,
persistentemente ele pulava de novo para o interior. Nos rendendo, deixamos que ele
ficasse.
Levaria ele para um abrigo de animais depois que tivesse dormido o suficiente
para pensar claramente.
Mas tanto quanto queria pular na cama de Patch, no momento em que coloquei
meus pés dentro da casa dele, tinha muito trabalho para fazer. Dante estava 2 passos a
frente. Se descansássemos antes de tomar as medidas de contra ataque, talvez
teríamos que começar a levantar uma bandeira branca de rendição.
Entrei na cozinha de Patch, passando minhas mãos por trás do meu pescoço
como se o gesto me desse um novo e brilhante movimento. Em que Dante estaria
pensando agora? Qual seria seu próximo movimento? Ele tinha ameaçado me destruir
se eu o acusasse de traição, assim que ao menos ele tinha considerado que eu faria
isso. O que provavelmente significava que ele estava ocupado com uma das duas
coisas. Primeiro, elaborando um álibi irrefutável. E segundo, e o mais longe de
problemas, me desafiando a lutar para espalhar a notícia de que eu era uma traidora. O
pensamento congelou meus circuitos.
- Começa do início. - Disse Patch do sofá. Sua voz estava baixa, fatigada, mas seus
olhos queimavam com fúria. Ele colocou uma almofada embaixo da cabeça, e dirigiu
toda a sua atenção para mim. - Me diz exatamente o que aconteceu.
- Quando Dante me disse que estava trabalhando com os anjos caídos, ameacei
delatar ele, mas ele só riu, dizendo que ninguém acreditaria em mim.
- Não acreditariam. - Patch concordou.
Coloquei minha cabeça contra a parede, suspirando por causa da frustração.
- Ele me disse depois seus planos de ser o líder. Os Nephilins amam ele. Eles desejam
que ele seja o líder. Posso ver nos olhos deles. Não importa o quanto eu trate de
adivertir eles. Vão dar as boas vindas a ele como o novo líder de braços abertos. Não
vejo uma solução. Ele nos ganhou.
Patch não respondeu rapidamente, e quando falou sua voz era baixa.
- Se você atacar publicamente Dante, vai dar aos Nephilins uma desculpa para
realmente ir contra você, isso é certo. As tensões estão ao máximo e eles estão
procurando um dreno para as incertezas. Então denunciar Dante publicamente não é o
movimento que vamos fazer.
- Então, qual é? - Perguntei, girando para olhar diretamente para ele. Ele tinha
claramente alguma coisa em mente, mas eu nao conseguia imaginar o que era.



- Vamos deixar que Pepper se encarregue de Dante por nós.
Cuidadosamente examinei a lógica de Patch.
- E Pepper fará isso porque não pode se arriscar que Dante o delate para os arcanjos?
Mas então, Pepper não tem que fazer com que Dante desapareça?
- Pepper não vai sujar suas próprias mãos. Ele não quer deixar um rastro que conduza
de volta para ele,para que os arcanjos o encontrem. - A boca de Patch endureceu. -
Estou começando a ter uma idéia do que o Pepper queria de mim.
- Você acha que o Pepper espera que você faça com que o Dante desapareça para ele?
É essa a tal oferta de trabalho?
Os olhos negros de Patch me deixaram.
- Só tem uma maneira de averiguar.
- Eu tenho número de Pepper. Vou marcar um encontro agora mesmo. - Disse com
desgosto. E quando eu pensava que Pepper não podia ir mais baixo. Ao invés de ser
um homem que encara os seus próprios problemas, o covarde tratava de jogar todo o
risco para cima de Patch.
- Sabe, anjo, ele tem algo que poderia ser útil para nós. - Acrescentou Patch
pensativamente. - Poderíamos convencer ele a roubar do céu, se jogarmos bem. Tenho
tentado evitar a guerra, mas talvez seja hora de lutar. Vamos acabar com isso. Se você
derrotar os anjos caídos, seu juramento vai estar cumprido. - Os olhos dele fixaram os
meus. - E seremos livres. Juntos. Sem guerra. Sem Cheshvan.
Comecei a pensar em que ele estava pensando, quando a óbvia resposta me
pegou. Não podeira acreditar que não tinha pensado nisso antes. Sim, Pepper tinha
acesso a algo que podia nos dar um poder de negociação sobre os anjos caídos, e
proteger a fé em mim. Então realmente queríamos atravessar esse caminho? Era nosso
direito colocar toda a população de anjos caídos em perigo?
- Não sei, Patch...
Patch se levantou e pegou sua jaqueta de couro.
- Ligue para Pepper. Nos reuniremos com ele agora.
A parte de trás do posto de gasolina estava vazio. O céu estava escuro, e as
vitrines da loja estavam engorduradas. Patch estacionou sua moto e nós dois fomos.
Uma rápida e bochechuda forma se contornou fora das sombras, e depois de olhar
com receio em volta, correu com rapidez na nossa direção.
Os olhos de Pepper viajaram hipocritamente para o olhar de Patch.
- Você parece um pouco pior vestido, velho amigo. Creio que seja razoável dizer que a
vida na terra não tem sido amável.
Patch ignorou o insulto.
- Sabemos que Dante é o seu chantagista.
- Sim, é o Dante. o porco sujo. Me diga algo que eu não sei.
- Quero saber sobre o seu trabalho. - Pepper bateu seus dedos um no outro, seus
olhos penetrantes nunca deixando os de Patch.
- Sei que você e a sua namorada aqui mataram Hank Millar. Preciso de alguém
assim,sem piedade.
- Tivemos ajuda. Os arcanjos. - Relembrou Patch.
- Sou um arcanjo. - Pepper disse com mal humor. - Quero que Dante morra, e te darei
os instrumentos para fazer isso.
Patch assentiu com a cabeça.
- Faremos. A um preço justo.



Pepper piscou, surpreso. Não pensou que pudesse chegar a um acordo tão facilmente.
Ele limpou a garganta.
- O que você tem em mente?
Patch me olhou, e inclinei a cabeça. Era hora de arregaçar as mangas. Com um
pouco de tempo para pensar, Patch e eu decidimos que essa era uma carta que não
podíamos não ter em mãos.
- Queremos ter acesso a todas as penas de anjos caídos que tem no céu. - Anunciei.
O sorriso peculiar drenou os olhos de Pepper, e eu dei uma risada fria.
- Está louca? Não posso te dar isso. Precisa de todo o comité para liberar essas penas. E
o que você está planejando fazer? Queimar todas? Vai mandar todos os anjos caídos
para o inferno!
- Está realmente decepcionado com isso? - Perguntei com toda seriedade.
- A quem importa o que eu penso? - Ele grunhiu. - Existem regras. Existem
procedimentos. Só os anjos caídos que cometeram algum crime sério são enviados
para o inferno.
- Essas são suas opções. - Disse Patch friamente. - Ambos conhecemos os
procedimentos para liberá-las. Você tem tudo o que precisa. Elabore um plano e leve
aos superiores. Ou é isso, ou perde o direito sobre Dante.
- Uma pena possivelmente! Mas milhares? Nunca escaparia deles! - Protestou Pepper
estridentemente.
Patch deu um passo na direção dele, e Pepper foi pra trás com medo, seus
braços voando para proteger seu rosto.
- Olhe em volta. - Disse Patch, com uma voz rápida e letal. - Esse não é um lugar para
chamar de lar. Você vai ser o mais novo anjo caído, e eles vão fazer com que você se
lembre. Não vai durar nem uma semana na iniciação.
- I...i...iniciação? - O olhar obscuro de Patch enviou um calafrio pela minha espinha. -
Q...q...que tenho que fazer? - Pepper gemeu suavemente. - Não posso passar pela
iniciação. Não posso viver eternamente na terra. Preciso voltar ao céu quando eu
quiser.
- Consiga as penas.
- Não posso f...f...fazer isso. - Gaguejou Pepper.
- Não tem uma oportunidade. Vai conseguir essas penas, Pepper. E eu vou matar
Dante. Já pensou nesse plano?
Ele assentiu miseravelmente.
- Vou te trazer um punhal especial. Vai matar Dante. Se os arcanjos forem atrás de
você, e você tentar dar o meu nome, ela vai cortar a sua própria língua. O punhal está
encantado. Ele não vai deixar você me trair.
- Me parece bom.
- Se você quer continuar com isso, pode me contactar. Não enquanto estiver no céu.
Toda a comunicação vai ficar obscura até que termine. Se puder terminar. - Gemeu
desdenhosamente. - Vou te deixar saber quando eu tiver as penas.
- Precisamos delas para amanhã. - Ele disse a Pepper.
- Amanha? - Disse preocupado. - Você se dá conta do que está me pedindo?
- Na segunda a meia noite no mais tardar. - Disse Patch sem tempo para mais
protestos.
Pepper deu um piscar de olhos nada tranquilo.
- Vou trazer quantas eu puder.



- Vai precisar fazer um inventário. - Disse a ele.
- Temos um trato.
Pepper engoliu em seco.
- Todas e cada uma delas?
Essa era a ideia. Se Pepper conseguisse as penas, os Nephilins teriam uma
maneira de ganhar a guerra com só um golpe de inicio. Sendo que não poderíamos
aprisionar os anjos caídos em nosso próprio inferno, tínhamos que deixar seu calcanhar
de Aquiles, a forma angelical de suas penas, para nós. A cada anjo caído daria uma
opção: Liberar seu Nephilim do juramento ou fazer um novo juramento de paz, ou criar
um novo lar para eles em um lugar muito mais quente do que Coldwater.
Se nosso plano funcionasse, não iria importar se Dante me acusasse de traição, eu
ganharia a guerra, nada mais teria importância para os Nephilins. E apesar da falta de fé
deles em mim, queria ganhar isso por eles. Era o certo. Encontrei o olhar de Pepper.
- Todas elas.



CAPÍTULO 31

Scott me ligou assim que Patch e eu estávamos de volta ao condomínio.
Agora era domingo, apenas um pouco mais de três da manhã. Patch fechou a porta da
frente atrás de nós, e eu coloquei o telefone no viva voz.
- “Nós temos um problema,” Scott disse. “Eu tenho recebido uma porção de textos de
amigos dizendo que Dante vai fazer um anúncio público hoje a noite mais tarde no
Delphic, depois de fechar. Depois do que aconteceu essa noite, mais alguém acha isso
curioso?”
Patch praguejou.
Eu tentei me manter calma, mas as extremidades da minha visão foram tingidas
de preto.
- “Todos estão especulando, e teorias estão por todo lado,” Scott continuou. “Alguma
ideia do que se trata? O idiota fingia ser seu namorado e então wham. Mais cedo essa
noite. E agora isso.”
Eu coloquei minha mão na parede para apoio. Minha cabeça girava e meus
joelhos cederam. Patch pegou o telefone de mim.
- “Ela vai te ligar de volta, Scott. Nos avise se você ouvir mais alguma coisa.”
Eu afundei no sofá de Patch. Eu prendi minha cabeça entre os joelhos e dei
várias respira es rápidas. “Ele vai me acusar publicamente de traição. Hoje mais
tarde.”
- “Sim,” Patch concordou quietamente.
- “Eles vão me trancar na prisão. Eles vão me torturar e tentar uma confissão de mim.”
Patch se ajoelhou na minha frente e colocou suas mãos protetoramente nos
meus quadris. “Olhe para mim, Anjo.”
Meu cérebro automaticamente ligou-se em ação. “Nós temos que contatar
Pepper. Nós precisamos do punhal antes do que pensávamos. Nós precisamos matar
Dante antes dele fazer esse anúncio.” Um soluço escapou aturdido do meu peito. “E se
não conseguirmos o punhal a tempo?”
Patch puxou minha cabeça contra seu peito, gentilmente massageando os
músculos da parte de trás do pescoço que estavam tão rígidos que eu pensei que eles
iriam trincar. “Você acha que eu vou deixá-los colocarem a mão em você?” ele disse na
mesma voz macia.



- “Oh, Patch!” Eu joguei meus braços em volta do pesco o dele, lágrimas aquecendo
meu rosto. “O que nós vamos fazer?”
Ele inclinou meu rosto para olhar o dele. Ele roçou os polegares sob meus
olhos, para secar minhas lágrimas. “Pepper há-de vir. Ele vai me trazer o punhal, e eu
vou matar Dante. Você vai ter as penas e ganhar a guerra. E então eu vou te levar pra
longe. Algum lugar onde nós nunca ouviremos as palavras ‘Cheshvan’ ou ‘guerra’ de
novo.” Ele parecia que queria acreditar nisso, mas sua voz vacilou o suficiente.
- “Pepper nos prometeu as penas e o punhal na segunda meia noite. Mas e o anúncio
de Dante essa noite? Nós não podemos detê-lo. Pepper tem que trazer o punhal antes.
Nós temos que achar uma maneira de contatá-lo. Nós temos que arriscar.”
Patch ficou em silêncio, esfregando a mão na boca em pensamento. Por fim ele
disse, “Pepper não pode resolver o problema de hoje a noite – nós temos que fazer
isso nós mesmos.” Seus olhos, inabalados e determinados, uniram-se aos meus. “Você
vai solicitar um encontro urgente e obrigatório com o Nephilim mais importante,
marcar para hoje a noite, e roubar o estrondo de Dante. Todos estão esperando você
lançar uma ofensiva, para catapultar nossas raças numa guerra, e eles pensarão que é
isso – seu primeiro movimento militar. Seu anúncio vai superar o de Dante. Os
Nephilins virão, e por curiosidade, Dante também.
Na frente de todos, você deixará bem claro que está ciente de que há fações em favor
de colocar Dante no poder. Então você vai dizer a eles que vai colocar suas dúvidas
para descansar de uma vez por todas. Convença-os de que você quer ser a governante
deles, e que você acredita que você pode fazer um trabalho melhor do que Dante.
Então o desafie para um duelo de poder.”
Eu encarei Patch, confusa e duvidosa. “Um duelo? Com Dante? Não posso lutar
com ele – ele vai ganhar.”
- “Se nós conseguirmos atrasar o duelo até Pepper voltar, o duelo não ser nada mais
do que um truque armado para Dante e nos dar tempo.”
- “E se nós não conseguirmos atrasar o duelo?”
Os olhos de Patch cortaram drasticamente os meus, mas ele não respondeu
minha pergunta. “Nós temos que agir agora. Ele não tem nada a perder. Ele sabe que
se você o denunciar publicamente, ele apenas tem que acusar você. Confie em mim,
quando ele descobrir que você está desafiando ele para um duelo, ele vai estourar o
champagne. Ele é convencido, . E egoísta. Nunca vai passar pela cabeça dele que
você possa ganhar. Ele vai concordar com o duelo, achando que você apenas caiu com
um bolo no colo dele. Um pronunciamento público confuso de sua traição e um
julgamento arrastado... ou roubar seu poder com apenas um disparo de pistola? Ele vai
se chutar por não ter pensado nisso primeiro.”
Minhas articulações sentiam como se estivessem sendo substituídas por
borracha. “Se houver um duelo, nós lutaremos com armas?”
- “Ou espadas. Sua preferência. Mas eu fortemente sugeriria pistolas. Será mais fácil
para você aprender a atirar do que lutar com espada,” Patch disse calmamente,
claramente não ouvindo a angústia na minha voz.
Senti como se fosse vomitar. “Dante vai concordar com o duelo porque ele sabe
que pode me vencer. Ele é mais forte do que eu, Patch. Quem sabe quanto devilcraft
ele tem consumido? Não vai ser uma luta.”
Patch pegou minhas mãos trêmulas e deu um beijo suave em meus dedos.
Duelar saiu de moda centenas de anos atrás na cultura humana, mas ainda
socialmente aceitável para Nephilins. Aos olhos deles, é a maneira mais rápida e óbvia
de resolver um desentendimento. Dante quer ser líder do exército Nephilim, e você vai
fazer ele e qualquer outro Nephil acreditar que você deseja isso tanto assim.”
- “Por que nós apenas não contamos aos Nephilins mais importantes sobre as penas no
encontro?” meu coração cresceu com esperança. “Eles não vão se importar com mais
nada, quando eles souberem que eu tenho um modo infalível de ganhar a guerra e
reestabelecer a paz.”
- “Se Pepper falhar, eles verão isso como uma falha sua. Se aproximar não vai contar.
Ou eles vão aclamar você por obter as penas, ou vão crucificar você por cair. Até nós
termos certeza de que Pepper conseguiu, nós não podemos mencionar as penas.”
Eu passei minhas mãos pelo meu cabelo. “Não posso fazer isso.”
Patch disse, “Se Dante está trabalhando para os anjos caídos, e se ele ganhar poder, a
raça Nephilim está mais profundamente na escravidão do que jamais esteve antes. Eu
me preocupe que os anjos caídos usem devilcraft para fazer escravos Nephilins muito
depois que o Cheshvan acabar.”
Eu balancei minha cabe a miseravelmente. “Há muito na mesa. E se eu falhar?” e
inegavelmente eu iria.
- “Tem mais, . Seu juramento a Hank.”
O medo se formou como pedaços de gelo na boca do meu estômago. Mais
uma vez, eu lembrei de cada palavra que eu tinha dito a Hank Millar na noite que ele
tinha me pressionado para tomar as rédeas da sua insurreição condenada. ‘Eu vou
liderar seu exército. Se eu quebrar essa promessa, minha mãe e eu estaremos tão boas
quanto mortas.’ O que não me deixava muita escolha, deixava? Se eu quisesse ficar na
Terra com Patch, e preservar a vida da minha mãe, eu tinha que manter meu título
como líder do exército Nephilim. Não podia deixar Dante roubá-lo de mim.
- “Um duelo um espetáculo raro, e jogado por dois Nephilins de alto perfil, tais como
você e Dante, e esse ser um evento que não deve ser perdido,” Patch disse. “Estou
pensando pelo melhor, que nós sejamos capazes de impedir o duelo, e que Pepper não
vá falhar, mas acho que nós devemos nos preparar para o pior. O duelo pode ser nossa
única saída.”
- “Quão grande a plateia de que estamos falando?”
O olhar de Patch uma vez que encontrou o meu foi fresco e confiante. Mas por
um momento, eu vi compaixão tremer em seus olhos. “Centenas.”
Eu engoli em seco. “Eu não posso fazer isso.”
- “Eu vou treinar você, Anjo. Eu estarei do seu cada em cada passo do caminho. Você é
muito mais forte do que há duas semanas atrás, e tudo isso depois de algumas horas
de trabalho com um treinador que só estava fazendo o suficiente para fazer você achar
que ele estava investido. Ele queria que você pensasse que ele estava treinando você,
mas eu duvido muito que ele estava fazendo muito mais do que colocar seus músculos
a passar por um mínimo de resistência. Eu não acho que você percebeu o quão
poderosa você é. Com um treinamento de verdade, você pode vencer ele.” Patch
apertou minha nuca, puxando nossos rostos juntos. Ele olhou para mim com tanta
segurança e confiança que quase partiu meu coração. ‘Você pode fazer isso. É uma
tarefa que ninguém inveja, e eu a admiro ainda mais por considerar fazer isso,’ ele
falou na minha mente.
- “Não há outra maneira?” Mas eu tinha passado os últimos vários momentos
freneticamente analisando as circunstâncias de cada ângulo possível. Com a chance
questionável de sucesso do Pepper, combinada com o juramento que eu fiz para o
Hank, e a situação precária de toda a raça Nephilim, não havia outro jeito. Eu tinha que
passar por isso.
- “Patch, eu estou com medo,” eu sussurrei.
Ele me puxou para seus braços. Ele beijou o topo da minha cabeça e acariciou
meu cabelo. Ele não precisava dizer as palavras para mim para saber que ele estava
apavorado também. “Eu não vou deixar você perder esse duelo, Anjo. Não vou deixar
você encarar Dante sem saber que eu controlo o resultado. O duelo vai parecer justo,
mas não será. Dante selou seu destino no momento em que ele se voltou contra você.
Eu não vou deixa-lo fora de perigo.” Ele murmurou suas palavras endurecidas. “Ele não
vai sair dessa com vida.”
- “Você pode fraudar o duelo?”
A vingança latente em seu olhar me disse tudo o que eu precisava saber.
- “Se alguém descobrir – “ eu comecei.
Patch me beijou, forte, mas com um brilho divertido em seus olhos. “Se eu for
pego, isso vai significar o fim sobre beijar você. Você realmente acha que eu arriscaria
isso?” Seu rosto ficou s rio. “Eu sei que eu não posso sentir o seu toque, mas eu sinto
seu amor, . Dentro de mim. Isso significa tudo pra mim. Eu queria poder sentir
você do mesmo modo que você me sente, mas eu tenho seu amor. Nada vai ter mais
importância do que isso. Algumas pessoas vivem suas vidas inteiras sem sentir as
emoções que você tem me dado. Não há arrependimento nisso.”
Meu queixo estremeceu. “Eu estou com medo de perder você. Estou com medo de
falhar ou do que vai acontecer conosco. Eu não quero fazer isso,” eu protestei, mesmo
eu sabendo que não havia alçapão mágico para escapar por ele. Eu não poderia correr;
eu não poderia me esconder. O juramento que eu tinha feito para Hank iria me
encontrar, não importa o quanto eu tentasse desaparecer. Eu tinha que permanecer no
poder. Enquanto o exército existisse, eu tinha que ver isso. Eu apertei as mãos de Patch.
Prometa que você vai estar comigo o tempo todo. Prometa que você não vai me fazer
passar por isso sozinha.”
Patch inclinou meu queixo para cima. “Se eu pudesse fazer isso passar, eu faria. Se eu
pudesse ficar no seu lugar, eu não hesitaria. Mas sou deixado com uma escolha, e ela é
ficar do seu lado até o fim. Eu não vou vacilar, Anjo, posso te prometer isso.” Ele correu
suas mãos pelos meus braços, inconsciente de que sua promessa fez mais para me
aquecer do que seu gesto. Isso quase me trouxe às lágrimas. “Eu vou começar a
espalhar notícias de que você chamou um encontro urgente para hoje a noite. Eu vou
ligar para Scott primeiro, e dizer-lhe para passar a palavra adiante. Não vai demorar
muito para as notícias se espalharem. Dante vai ter ouvido seu anúncio antes do fim de
uma hora.”
Meu estômago deu um solavanco nauseado. Eu mordi o interior da minha
bochecha, então me forcei a acenar com a cabeça. Eu poderia muito bem aceitar o
inevitável. Quanto mais cedo eu confrontasse o que estava por vir, mais cedo eu
poderia formular um plano para vencer o meu medo.
- “O que eu posso fazer para ajudar?” eu perguntei.
Patch me estudou, franzindo a testa. Ele acariciou o polegar sobre o meu lábio,
e depois sobre toda a minha bochecha. “Você fria como gelo, Anjo.” Ele inclinou sua
cabe a para o corredor mais fundo na casa. “Vamos colocar você na cama. Eu vou
acender a lareira. O que você precisa agora é de calor e descanso. Eu vou preparar um
banho quente, também.”
Com certeza, calafrios enormes acumularam meu corpo. Era como se, em um
instante, todo o calor tivesse sido sugado de mim. Eu acho que eu estava entrando em
choque. Meus dentes batiam, as pontas dos meus dedos vibraram com um tremor
estranho e involuntário.
Patch me pegou e me levou de volta para o seu quarto. Ele empurrou a porta
com o ombro, desforrou o edredom, e colocou-me suavemente em sua cama. “Uma
bebida?” ele perguntou. “Chá de ervas? Caldo?”
Olhando para o rosto dele, tão zeloso e ansioso, a culpa rodou dentro de mim.
Eu sabia bem então que Patch faria qualquer coisa por mim. Sua promessa de ficar do
meu lado era tão boa para ele como um juramento. Ele parte de mim, e eu era parte
dele. Ele faria o que quer que fosse – o que quer que fosse – que precisasse para me
manter aqui com ele.
Eu me forcei a abrir minha boca antes que eu me acovardasse. “Tem algo que
eu preciso te contar,” eu disse, minha voz soando fina e frágil. Eu não tinha planejado
chorar, mas as lágrimas brotaram nos meus olhos. Eu fui tomada de vergonha.
- “Anjo?” Patch disse, seu tom questionando.
Eu tinha dado o primeiro passo, mas agora eu congelei. Uma voz de justificativa
percorreu minha mente, dizendo que eu não tinha direito de descarregar isso em
Patch. Não em seu atual estado enfraquecido. Se eu me importava com ele, eu devia
manter minha boca fechada. Sua recuperação era mais importante do que tirar umas
mentirinhas do meu peito. Já senti aquelas mesmas mãos geladas deslizarem até
minha garganta.
- “É – Não nada.” Eu corrigi. “Eu só preciso dormir. E você precisa ligar para Scott.” Eu
me virei para o travesseiro, então ele não poderia me ver chorar. As mãos geladas
pareciam muito reais, prontas para fecharem em meu pescoço se eu dissesse demais,
se eu contasse meu segredo.
- “Eu preciso ligar pra ele, verdade. Mas mais importante do que isso, eu preciso que
você me diga o que está acontecendo,” Patch disse, apenas preocupação suficiente
entrando em seu tom de voz para me dizer que eu tinha passado do ponto onde eu
poderia usar uma simples distração para sair dessa.
As mãos frias se enrolaram em volta da minha garganta. Eu estava muito
assustada para falar. Com muito medo das mãos, de como elas me machucariam.
Patch clicou no abajur de cabeceira, puxando delicadamente meu ombro,
tentando ver meu rosto, mas eu só me torci mais longe. “Eu te amo,” eu sufoquei. A
vergonha me inchou. Como eu podia dizer essas palavras e mentir para ele?
- “Eu sei. Assim como eu sei que você está escondendo alguma coisa. Não hora para
segredos. Nós chegamos longe demais para voltar por esse caminho,” Patch me
lembrou.
Eu assenti, sentindo as lágrimas rolarem pela fronha. Ele estava certo. Eu sabia
disso, mas isso não fazia mais fácil confessar tudo. Eu não sabia se eu poderia. Aquelas
mãos invernais, fechando minha garganta, minha voz...
Patch escorregou na cama ao meu lado, me arrastando contra ele. Eu sentia sua
respiração atrás do meu pescoço, o calor da sua pele tocando a minha. O joelho dele
se encaixou perfeitamente na curva do meu. Ele beijou meu ombro, seu cabelo preto
caindo na minha orelha.



Eu – menti – para – você, eu confessei em seus pensamentos, sentindo como se eu
tivesse que empurrar as palavras para fora através de uma parede de tijolos. Eu fiquei
tensa, para as mãos frias que iam se apoderar de mim, mas para minha surpresa, seu
aperto pareceu enfraquecer com a minha confissão. Seu toque frio escorregou e
vacilou. Estimulada por este pequeno avanço, eu pressionei. ‘Eu menti para a única
pessoa cuja confiança significa mais para mim do que qualquer coisa. Eu menti para
você, Patch, e eu não sei se eu posso me perdoar’.
Ao invés de exigir uma explicação, Patch continuou um rastro de beijos lentos,
constantes no meu braço. Não estava, até que ele deu um beijo no inteiro do meu
pulso e falou. “Obrigado por me contar.” Ele disse quietamente.
Rolei, piscando em surpresa. “Você não quer saber sobre o que eu menti?”
- “Eu quero saber o que eu posso fazer para você se sentir melhor.” Ele esfregou os
ombros em círculos, dando-me certa tranquilidade.
Eu não me sentiria melhor até que eu desabafasse. Não era responsabilidade de
Patch aliviar o meu fardo – era minha, e sentia cada última angústia de culpa como se
me espetasse com uma lâmina de ferro.
- “Eu tenho tomado – devilcraft.” Eu não podia imaginar que minha vergonha poderia
crescer, mas parecia inchar dentro de mim o triplo do tamanho. “Todo esse tempo eu
tenho tomado. Eu nunca tomei o antídoto que você pegou do Blakely. Eu fiquei com
ele, me dizendo que eu tomaria mais tarde, depois do Cheshvan, quando eu não
precisasse mais ser sobre-humana, mas isso era uma desculpa. Eu nunca tive a intenção
de tomar. Todo esse tempo eu tenho estado dependendo do devilcraft. Estou
apavorada de não ser forte o suficiente sem ele. Eu sei que eu tenho que para, e eu sei
que é errado. Mas ele me dá habilidades que eu não posso obter sozinha. Eu enganei
sua mente fazendo você pensar que eu bebi o antídoto, e - eu nunca estive mais
arrependida na minha vida!”
Eu baixei meus olhos, incapaz de suportar a decepção e desgosto que com
certeza iriam ascender no rosto de Patch. Era horrível o bastante saber a verdade, mas
me ouvir dizer em voz alta cortou o núcleo. Quem eu era afinal? Eu não me reconhecia
e esse era o pior sentimento que eu tinha experimentado. Em algum lugar no caminho,
eu tinha me perdido. E tão fácil quanto era culpar o devilcraft, eu tinha feito a escolha
de roubar a primeira garrafa de Dante.
Por fim Patch falou. Sua voz estava tão firme, tão cheia de uma quieta
admiração, que me fez imaginar se ele podia ter sabido do meu segredo todo o tempo.
Você sabia, a primeira vez que eu te vi, eu pensei: eu nunca tinha visto nada mais
cativante e bonita?”
- “Por que você está me contando isso?” eu disse miseravelmente.
- “Eu vi você, e queria estar perto de você. Eu queria que você me deixasse entrar. Eu
queria conhecer você de um modo que ninguém mais podia. Eu queria você, toda
você. Esse desejo quase me deixou louco.” Patch pausou, inalando suavemente,
enquanto expirava em mim. “E agora que eu tenho você, a nica coisa que me apavora
é ter que voltar para aquele lugar. Ter que desejar você de novo, sem esperança do
meu desejo ser suprido. Você é minha, Anjo. Cada parte de você. Eu não vou deixar
nada mudar isso.”
Eu apoiei meu peso no meu cotovelo, encarando ele. “Eu não mereço você,
Patch. Não importa o que você diga. É a verdade.”



- “Você não me merece,” ele concordou. “Você merece alguém melhor. Mas você está
presa comigo, e assim como você pode superar isso.” Me escorregando para baixo dele
em um ágil movimento, e rolou por cima de mim, seu olhar negro todo pirata. “Eu não
tenho a intenção de te deixar ir facilmente, é algo para se ter em mente. Eu não me
importo se é outro homem, sua mãe, ou as forças do inferno tentando nos separar, eu
não estou facilitando e eu não estou dizendo adeus.”
Eu pisquei minhas pálpebras molhadas. “Eu não vou deixar nada ficar entre nós
também. Especialmente o devilcraft. Eu tenho o antídoto na minha bolsa. Eu vou toma-
lo agora. E, Patch?” eu adicionei com uma emoção sincera. “Obrigada... por tudo. Eu
não sei o que eu faria sem você.”
- “Ainda bem,” ele murmurou. “Porque eu não vou deixar você sair!”
Eu afundei de volta na cama dele, feliz por ser obrigada.


CAPÍTULO 32

Com certeza, a informação da minha solicitação de encontrar os Néphilins superiores
se espalhou. No domingo a tarde, os canais Nephilins
zumbiam com expectativa e especulação. Eu estava recebendo toda a pressão, e as
notícias do anúncio de Dante tinham sido um fiasco. Eu tinha roubado o show, e Dante
não podia colocar qualquer protesto. Eu não tinha dúvida de que Patch estava certo –
Dante iria colocar seus planos em espera até que ele pudesse ver meu próximo
movimento.
Scott ligava a cada hora com uma atualização, que normalmente era pra me
dizer as mais recentes teorias que os Nephilins estavam produzindo em relação ao meu
primeiro ataque combativo contra os anjos caídos. Emboscadas, destruição das vias de
comunicação, envio de espiões e sequestrar os comandantes dos anjos caídos todos
tinham entrado na lista glorificada. Como Patch tinha previsto, os Nephilins tinham
rapidamente concluído a guerra era a única razão de eu ter convocado a reunião. Eu
me perguntava se Dante tinha chegado na mesma conclusão. Eu desejava poder dizer
sim, eu o havia enganado, mas a experiência me disse que ele era astuto o bastante
para saber melhor – ele sabia que eu tramava alguma coisa.
- “Boas novas,” Scott disse animadamente pelo telefone. “Os figurões – os Nephilins
mais importantes – aceitaram sua solicitação para uma reunião. Eles determinaram a
localização, e não é no Delphic. Além disso, eles estão mantendo as coisas cômodas.
Como esperado, é uma festa somente para convidados. Vinte Nephilins no máximo.
Sem furos, muitos guardas. Cada Nephil convidado será examinado antes de entrar. A
boa notícia é, eu estou na lista de convidados. Demorou algumas trocas de ideias, mas
eu estarei lá com você.”
- “Apenas me diga o local,” eu disse, tentando não soar enjoada.
- “Eles querem se encontrar na antiga casa de Hank Millar.”
Minha espinha se arrepiou. Eu nunca seria capaz de apagar aqueles olhos azuis
árticos quando o nome dele viesse à mente.
Eu deixei seu fantasma de lado e me foquei. Uma sofisticada casa colonial
georgiana numa área humana respeitada. Não parecia sombrio o suficiente para um
encontro secreto Nephilim. “Por que lá?”



- “Os superiores pensaram que isso mostrava um gesto de respeito ao Mão Negra. Boa
ideia, eu digo. Ele come ou toda essa bagunça,” Scott adicionou maliciosamente.
- “Continue falando assim, que eles irão te tirar da lista de convidados.”
- “A reunião foi marcada para s dez da noite. Mantenha seu telefone próximo, no caso
de eu saber mais alguma coisa. Não esqueça de agir surpresa quando eles ligarem com
os detalhes. Não pode tê-los pensando que já tem um problema com um espião. Mais
uma coisa. Me desculpe sobre Dante. Eu me sinto responsável. Eu apresentei você. Se
eu pudesse, eu desmembraria ele. E em seguida, amarraria um tijolo em cada um dos
seus membros, os levaria ao mar, e os jogaria lá. Cabeça erguida. Eu estou nas suas
costas.”
Eu desliguei e me voltei na direção de Patch, que estava encostado na parede
me observando atentamente durante toda a conversa.
- “A reunião hoje a noite,” eu disse a ele. “Na antiga casa dos Millar.” Eu não teria
coragem de terminar o pensamento que estava rolando na minha mente. Uma casa
particular? Rastreamentos? Guardas? Como diabos Patch entraria? Para meu grande
desânimo, parecia que eu estava indo sem ele hoje à noite.
- “Funciona,” Patch disse calmamente. “Eu estarei lá.”
Eu admirava sua confiança fria, mas eu não via como ele possivelmente iria se
esgueirar despercebido. “A casa vai estar altamente guardada. No minuto que você por
o pé no quarteirão, eles saberão. Talvez se eles tivessem selecionado um museu ou um
tribunal, mas não isso. A casa dos Millar é grande, mas não tão grande. Eles vão ter
cada centímetro quadrado coberto.”
- “Que é exatamente o que eu planejei. Eu já resolvi os detalhes. Scott vai me deixar
entrar.”
- “Não vai funcionar. Eles estarão esperando anjos caídos espiões, e mesmo se Scott
destrancar a janela para você, eles vão ter pensado nisso. Não apenas vão capturar
você, como vão saber que Scott é um traidor – “
- “Eu vou possuir o corpo de Scott.”
Eu vacilei. Vagarosamente, sua solução se formou na minha mente. Claro. Era
Cheshvan. Patch não teria problema em tomar o controle do corpo de Scott. E a partir
de uma perspectiva externa, não haveria como dizer a diferença entre os dois. Patch
seria bem vindo na reunião, sem olharem para ele. Era o disfarce perfeito. Com apenas
um pequeno probleminha. “Scott nunca vai concordar com isso.”
- “Ele já concordou.”
Olhei de volta em descrença. “Concordou?”
- “Ele vai fazer isso por você.”
Minha garganta de repente se fechou. Não havia nada no mundo que Scott
tinha lutado mais do que manter anjos caídos longe de possuí-lo. Eu percebi naquele
momento apenas o quanto minha amizade significava para ele. Para ele fazer isso – a
única coisa que ele abominava – não haviam palavras. Só uma profunda, dolorida
gratidão por Scott e a determinação de não falhar com ele.
- “Hoje a noite, eu preciso que você seja cuidadoso,” eu disse.
- “Eu serei cuidadoso. E eu não vou ultrapassar minhas boas vindas. No minuto que
você estiver fora da reunião segura, e eu tiver ficado tempo suficiente pra saber tudo o
que eu puder, Scott terá seu corpo de volta. Eu terei certeza de que nada aconteça com
ele.”
Eu apertei Patch em um abra o feroz. “Obrigada,” eu sussurrei.



Mais tarde naquela noite, às nove horas, eu parti da casa de Patch. Eu saí
sozinha, dirigindo um carro alugado como solicitação dos meus Nephilins. Eles
pontilharam cada caminho que eu cruzei o que não dava qualquer chance de algum
Nephilim intrometido ter me seguido, ou pior, qualquer anjo caído que possa ter
apanhado ao vento a reunião de hoje a noite super secreta.
As ruas estavam escuras e escorregadias como a neblina de um filme. Meus
faróis varreram a parte negra do pavimento que rolava por cima das colinas e nas
curvas. Eu tinha o aquecedor acionado, mas nunca expulsava completamente os
calafrios dos meus ossos. Eu não sabia o que esperar dessa noite, e isso fazia desse um
plano difícil. Eu teria que reproduzir as coisas de ouvido, minha maneira menos favorita
de agir. Eu queria entrar na casa dos Millar com algo para segurar além dos meus
próprios instintos, mas isso era tudo o que eu tinha. Finalmente eu estacionei em
frente à antiga casa de Marcie.
Eu sentei no carro um momento, olhando para as colunas brancas e as
pequenas portas pretas. A relva estava perdida sob folhas secas. Ramos marrons, os
restos de hortênsias, sobressaíam duplos de vasos de terracota acompanhando a
varanda. Jornais em vários estados de decomposição enchiam a passagem. A casa tinha
sido desocupada depois da morte de Hank e não parecia tão atraente e elegante como
eu me lembrava. A mãe de Marcie havia se mudado para um apartamento no rio, e
Marcie, bem, Marcie tinha levado a frase ‘mi casa es su casa’ de coração.
Luzes fracas brilhavam atrás de janelas drapeadas, e enquanto eles não
revelavam as silhuetas, eu sabia que os mais poderosos e influentes líderes Nephilim
do mundo estavam sentados logo atrás da porta da frente. Esperando para formar
julgamentos das notícias que eu estava prestes a entregar. Eu também sabia que Patch
estaria lá, se certificando que nenhum perigo sobreviesse a mim.
Apegada a esse pensamento, respirei irregularmente e marchei até a porta da
frente.
Eu bati.
A porta da frente se abriu, e eu fui conduzida para dentro por uma mulher alta
cujos olhos permaneceram em mim tempo suficiente para confirmar minha identidade.
Seu cabelo tinha sido penteado para trás numa trança apertada, e não havia nada
mesmo notável ou memorável em seu rosto.
Ela murmurou um educado mas reservado, “Olá,” e então, com um gesto rígido
de sua mão, me direcionou para mais fundo na casa.
A batida dos meus sapatos ecoou pelo corredor mal iluminado. Passei por
retratos da família Millar, sorrindo através do vidro empoeirado. Um vaso de lírios
mortos estava na mesa de entrada. A casa inteira tinha cheiro de guardado*. Eu segui
o rastro de luzes para a sala de jantar.

(*Cheiro de guardado: o termo em inglês é bottled up, que seria engarrafado. Mas
achei cheiro de guardado mais apropriado. Pra quem não sabe o que é, significa o
mesmo que cheiro de mofo.)

Assim que eu passei pelas portas francesas, a conversa abafada morreu. Haviam
seis homens e cinco mulheres em cada lado sentados em uma longa, mesa de mogno
polido. Mais alguns Nephilins ficaram em torno da mesa, parecendo agitados e
apreensivos. Eu quase dei uma segunda olhada quando eu vi a mãe de Marcie. Eu sabia
que Susanna Millar era Nephilim, mas sempre senti como um pensamento intangível à
deriva nos fundos da minha mente. Vê-la aqui essa noite, convocada numa reunião
secreta de imortais, fez ela se sentir de repente... ameaçada. Marcie não estava com ela.
Talvez Marcie não tinha querido vir, mas uma explicação mais plausível era que ela não
tinha sido convidada. Susanna parecia o tipo de mãe que se inclinava para trás, para
manter sua filha fora do menor tipo de complicação.
Encontrei o rosto de Scott no grupo. Sabendo que Patch estava possuindo ele,
o barulho do meu estômago deu um alívio momentâneo. Ele chamou minha atenção e
inclinou sua cabeça, um aceno secreto de encorajamento. Um profundo sentimento de
certeza e segurança me inundou. Eu não estava nessa sozinha. Patch estava na
retaguarda. Eu devia ter sabido que ele encontraria um jeito de estar aqui, não importa
o risco.
E então lá estava Dante. Ele sentou na ponta da mesa, usando uma camiseta de
caxemira preta e uma carranca pesada. Seus dedos se juntaram ao longo de sua boca,
e quando os olhos dele prenderam os meus, seus lábios se contraíram com um sorriso
de desdém. Suas sobrancelhas se levantaram num discreto mas evidente desafio. Eu
desviei o olhar.
Voltei minha atenção para a mulher idosa num vestido de coquetel roxo e
diamantes sentada na outra ponta da longa mesa. Lisa Martin. Segundo Hank, ela era a
Nephil mais influente e respeitada que eu tinha encontrado. Eu não gostava ou
confiava nela. Sentimentos que eu teria que reprimir pelos próximos vários minutos, se
eu quisesse passar por isso.
- “Estamos tão alegre que você instigou essa reunião, .” Sua voz quente, real e de
aceitação escorria como mel em meus ouvidos. Meu coração acelerado diminuiu. Se eu
poderia ter ela do meu lado, eu já estava a meio caminho.
- “Obrigada,” eu consegui por fim.
Ela gesticulou para o assento vazio ao seu lado, acenando para sentar-me.
Eu fui para a cadeira, mas eu não sentei. Eu estava com medo de que perderia
meus nervos se fizesse. Inclinando minhas mãos na mesa para apoio, eu ignorei as
gentilezas e me lancei para o verdadeiro significado da minha visita.
- “Eu estou ciente de que nem todos nessa sala pensam que eu sou a melhor pessoa
para liderar o exército do meu pai,” eu disse sem rodeios. A palavra “pai” tinha um
gosto amargo na minha boca, mas me lembrei da advertência de Patch para conectar-
me a Hank de qualquer maneira que eu pudesse essa noite. Nephilins adoravam ele, e
se eu pudesse usar essa aprovação, mesmo uma aprovação clandestina, eu deveria.
Eu fiz contato visual com todos sentados na mesa, e alguns atrás dela. Eu tinha
que mostrar a eles que eu tinha força moral e coragem, e acima de tudo, que eu estava
descontente com sua falta de apoio. “Sei que alguns de você já vieram com uma lista
de homens e mulheres mais adequados para essa tarefa.” Eu pausei de novo, voltando
todo o peso do meu olhar em Dante. Ele segurou meu olhar, mas eu vi ódio crepitar
por trás de seus olhos castanhos. “E eu sei que Dante Matterazzi está no topo da lista.”
Um murmurinho circundou a sala. Mas ninguém contestou minha afirmação.
- “Eu não chamei vocês aqui essa noite para discutir meu primeiro ataque ofensivo na
guerra contra os anjos caídos. Eu chamei vocês aqui pois sem um líder forte e sua
aprovação daquele indivíduo, não haverá uma guerra. Os anjos caídos vão nos separar.
Nós precisamos de unidade e solidariedade,” eu incitei para eles com convicção. “Eu
acredito que eu sou a melhor líder, e meu pai pensava do mesmo modo. Claramente,
eu não tenho convencido vocês. E é por isso que, essa noite, eu estou desafiando
Dante Matterazzi para um duelo. O vencedor lidera esse exército de uma vez por
todas.”
Dante disparou de pé. “Mas nós estamos namorando!” Sua expressão pintou um
retrato perfeito de choque misturado com orgulho ferido. “Como você pode sugerir
duelar comigo?” ele disse, sua voz flácida com a humilhação.
Eu não esperava que ele alegasse nosso completamente falso relacionamento,
construído sob a base fraca de um acordo falado e nunca realizado – um
relacionamento que eu tinha esquecido imediatamente, e que agora azedou meus
ossos, mas isso não iria me surpreender no silêncio. Eu disse friamente, “Eu estou
disposta a derrubar qualquer um – é isso que liderar os Nephilins significa pra mim. Eu
tenho a honra de desafiar você para um duelo, Dante.”
Nenhum Nephil falou. A surpresa registrada em suas expressões, rapidamente
foi seguida de satisfação. Um duelo. O vencedor leva tudo. Patch estava certo –
Nephilins ainda estavam totalmente enraizados num mundo arcaico, regrados por
princípios darwinistas. Eles ficaram satisfeitos com o rumo dos acontecimentos, e
estava bem claro pelos olhos de adoração que eles lançaram na direção de Dante que
nenhum Nephil na sala duvidava quem seria o vencedor.
Dante tentou manter seu rosto impassível, mas eu vi ele sorrir suavemente da
minha insensatez e da sua boa sorte. Ele pensou que eu tinha errado, tudo bem. Mas
seus olhos imediatamente se estreitaram com desconfiança. Aparentemente ele não ia
pegar a isca precipitadamente.
- “Não posso fazer isso,” ele anunciou. “Isso seria traição.” Seus olhos varreram a sala,
como se para determinar se suas palavras galantes lhe deram mais alguma aprovação.
Eu tenho dado minha fidelidade para , e eu não poderia pensar em fazer
qualquer ato que contradiria isso.”
- “Como sua comandante, eu estou ordenando que você duele,” eu retorqui
secamente. Eu ainda era líder desse exército, droga, e eu não iria deixar ele me
enfraquecer com palavras suaves e bajulação. “Se você realmente o melhor líder, eu
vou me afastar. Eu quero o que melhor para o meu povo.” Eu tinha ensaiado as falas
centenas de vezes, e enquanto eu estava dando um discurso bem ensaiado, eu quis
dizer cada palavra. Eu pensei em Scott, Marcie, milhares de Nephilins que eu nunca
conheci, mas ainda me importava porque eu sabia que eles eram bons homens e
mulheres que não mereciam ser escravizados por anjos caídos todo ano. Eles mereciam
uma luta justa. E eu ia fazer o meu melhor para dar a eles uma.
Eu estava errada antes – vergonhosamente errada. Eu tinha evitado lutar pelos
Nephilins por medo dos arcanjos. Ainda mais condenável, eu tinha usado a guerra
como desculpa para tomar mais devilcraft. Todo esse tempo eu tinha estado mais
preocupada comigo mesma do que com as pessoas que eu tinha sido encarregada de
liderar. Isso terminava agora. Hank tinha confiado a mim seu cargo, mas eu não estava
fazendo isso por ele. Eu estava fazendo isso porque era a coisa moral a se fazer.
- “Eu acho que tem um ponto forte,” Lisa Martin falou. “Não há nada mais sem
inspiração do que a liderança se propagar. Talvez o Mão Negra estava certo sobre ela.”
Deu de ombros. “Talvez tenha cometido um erro. Vamos resolver o problema com
nossas próprias mãos e acabar com isso de uma vez por todas. Então nós podemos ir
para a guerra contra nossos inimigos, unidos atrás de um líder forte.”



Eu dei a ela um aceno de apreciação. Se eu tinha ela do meu lado, os outros
teriam que entrar na fila.
- “Eu concordo,” um Nephil falou do outro lado da sala.
- “Eu também.”
Mais ratificações zumbiam através da sala de jantar.
- “Todos a favor, só para saber,” disse Lisa.
Um por um, mãos disparam. Patch prendeu seus olhos com os meus, então
levantou seu braço. Eu sabia que matava ele por ter que fazer isso, mas nós estávamos
sem alternativas. Se Dante me tirasse do poder, eu morreria. Minha única chance era
lutar, e tentar o meu melhor para ganhar.
- “Nós temos uma maioria,” Lisa disse. “O duelo ser realizado ao nascer do sol de
amanhã, segunda-feira. Eu vou mandar a informação com o local, assim que for
determinado.”
- “Dois dias,” Patch imediatamente interveio, falando na voz de Scott. “ nunca
disparou um revólver antes. Ela vai precisar de tempo para treinar.”
Eu também precisava dar tempo a Pepper de retornar do Céu com sua adaga
encantada, esperançosamente fazendo do duelo uma questão discutível.
Lisa sacudiu a cabe a. “Muito tempo. Anjos caídos podem vir até nós qualquer
dia agora. Nós não temos ideia por que eles tem esperado, mas nossa sorte não pode
durar.”
- “E eu nunca disse nada sobre revolveres,” Dante falou, olhando para mim e Patch
astutamente como se tentasse adivinhar o que íamos fazer. Ele observou meu rosto
para qualquer indicio de emoção. “Eu prefiro espadas.”
- “É um pedido de Dante,” Lisa expôs. “O duelo não foi ideia dele. Ele tem o direito de
escolher a arma. Está decidido por espadas, então?”
- “Mais elegante,” Dante explicou, espremendo cada última gota de aprovação dos
seus colegas Nephilins.
Eu endureci, resistindo à vontade de enviar para Patch um pedido de ajuda.
- “ nunca tocou numa espada na vida dela,” Patch argumentou, de novo falando
através da voz de Scott. Não será uma luta justa se ela não puder treinar. Dê a ela até
ter a de manhã.”
Ninguém se apressou para apoiar o pedido de Patch. O desinteresse na sala era
tão espesso, que eu poderia ter estendido a mão e apertá-lo. Meu treinamento era a
menor das suas preocupações. De fato, quanto mais cedo Dante estivesse no poder, a
atitude indiferente deles disse, melhor.
- “Você está tomando para si mesmo treiná-la Scott?” Lisa perguntou a Patch.
- “Ao contrário de alguns de vocês, eu não me esqueci que ela ainda nossa líder,”
Patch respondeu num tom frio.
Lisa inclinou a cabeça como se quisesse dizer, Muito bem. “Então está decidido.
Duas manhãs a partir de agora. Até lé , desejo o melhor a vocês dois.”
Eu não andava. Com o duelo para rolar adiante, e minha parte nesse plano
perigoso mantida, me deixei sair. Eu sabia que Patch teria que ficar um pouco mais,
para avaliar a reação da sala e possivelmente ouvir por acaso informações vitais, mas
eu me vi desejando que ele se apressasse.
Essa não era uma noite que eu queria estar sozinha.


CAPÍTULO 33

Sabendo que Patch estaria ocupado até o último Nephilim deixar a antiga casa dos Millar,
eu dirigi até a casa da . Eu estava usando minha jaqueta jeans
com dispositivo de rastreamento e sabia que Patch seria capaz de me encontrar de eu
precisasse dele. Ao mesmo tempo, havia uma coisa que eu precisava tirar do meu
peito.
Eu não poderia mais fazer isso por conta própria. Eu tinha tentado manter
segura, mas eu precisava da minha melhor amiga.
Eu tinha que contar tudo a ela.
Imaginando que a porta da frente não era o melhor modo de chegar até
essa hora da noite, eu escolhi meu caminho cuidadosamente através de seu quintal,
pulei a cerca de arame, e bati na janela do quarto dela.
Um momento depois as cortinas foram lançadas de lado e o rosto dela
apareceu atrás do vidro. Mesmo que a hora estivesse perto da meia noite, ela não tinha
colocado o pijama. Ela levantou a janela alguns centímetros. “Cara, você escolheu uma
hora ruim para aparecer. Eu achei que você fosse Scott. Ele está a caminho a qualquer
momento.”
Quando eu falei, minha voz soou rouca e trêmula. “Nós precisamos conversar.”
não ficou parada. “Eu vou ligar para Scott e cancelar.” Ela abriu a janela
completamente para me convidar para entrar. “Me diga o que está se passando na sua
cabeça, babe.”
Para o crédito dela, não gritou, soluçou histericamente, ou fugiu do quarto
no momento em que eu terminei de contar a ela os segredos fantásticos que eu tinha
mantido para mim mesma nos últimos seis meses. Ela tinha vacilado uma vez quando
eu tinha explicado que Nephilins eram as proles de humanos e anjos caídos, mas por
outro lado, a expressão dela tinha ficado livre de horror e descrença. Ela ouviu
atentamente enquanto eu descrevia duas raças guerreiras de imortais, o papel de Hank
Millar em tudo, e como ele tinha depositado sua bagagem no meu colo. Ela até mesmo
conseguiu sorrir levemente enquanto eu tirei os disfarces sobre as identidades
verdadeiras de Patch e Scott.
Quando eu terminei, ela meramente levantou a cabeça, me examinando. Depois
de um momento, ela disse, “Bem, isso explica muito.”



Era minha vez de pestanejar. “Sério? É tudo que você tem a dizer? Você não
está, eu não sei... atordoada? Confusa? Desorientada? Histérica?”
bateu em seu queixo contemplativamente. “Eu sabia que Patch era de
algum modo muito hard core para ser humano.”
Eu estava começando a me perguntar se ela já tinha me ouvido dizer que eu
não era humana. “E sobre mim? Você está completamente tranquila com a ideia não
apenas de eu ser uma Nephilim, mas que eu supostamente devo estar liderando todos
os outros Nephilins por aí” – eu empurrei meu dedo na janela – “numa guerra contra
anjos caídos. Anjos caídos, . Como na Bíblia. O Céu tem banido malfeitores.”
- “Na verdade, eu acho que bem incrível.”
Eu franzi minha sobrancelha. “Eu não acredito que você está sendo tão calma sobre
isso. Eu esperava algum tipo de reação. Eu esperava uma explosão. Baseada em
experiências passadas, eu esperava agitação de braços e uma dose saudável de
palavrões, no mínimo. Eu poderia muito bem contar isso para uma parede de tijolos.”
- “Babe, você está me fazendo soar como uma diva.”
Isso trouxe uma sutileza aos meus l bios. “Você quem disse, não eu.”
- “Eu só acho que é realmente estranho que você disse que a maneira mais fácil de
identificar um Nephilim é por sua altura, e você, minha amiga, não é
extraordinariamente alta,” disse . “Agora eu, por exemplo. Eu sou alta.”
- “Estou tenho altura m dia porque Hank – “
- “Entendi. Você já explicou a parte sobre fazer o juramento para se tornar Nephilim
enquanto você era humana, daí o físico na média, mas ainda é meio que uma porcaria,
certo? Quero dizer, se o Voto de Transição tivesse feito você alta? E se tivesse feito
você tão alta quanto eu?”
Eu não sabia onde estava indo com isso, mas eu senti que ela estava
perdendo o foco. Isso não era sobre quão alta eu era. Isso era sobre abrir a mente dela
para um mundo imortal que não deveria supostamente existir – e eu tinha acabado de
estourar a bolha pouco segura em que ela estava vivendo.
- “O seu corpo se cura rapidamente agora que você uma Nephilim?” continuou.
Porque se você não consegue essa recuperação, você realmente está enganada.”
Eu endureci. “, eu não te contei sobre nossas capacidades de cura acelerada.”
- “Huh. Eu acho que você não contou.”
- “Como você poderia saber, então?” Eu encarei , revendo cada palavra da nossa
conversa. Eu definitivamente não tinha contado pra ela. Meu cérebro pareceu lutar para
frente em câmera lenta. E então, assim, o entendimento chegou para mim muito rápido
para digeri-lo. Eu cobri minha boca com minha mão. “Você ... ?”
sorriu. “Eu te disse que eu estava guardando segredos de você.”
- “Mas – não pode ser – não é – “
- “Possível? É, isso foi o que eu pensei da primeira vez também. Eu achei que eu estava
passando por algum tipo de segundo lance da menstruação. Essas duas últimas
semanas que se passaram eu tenho estado cansada e com cólica e totalmente
chateada com o mundo. Então, na semana passada, eu cortei meu dedo enquanto
cortava uma maçã. Se curou tão rápido que eu quase pensei que eu tinha imaginado
estar ver sangue. Coisas mais estranhas aconteceram depois disso. Na educação física,
eu servi (bati) a bola de vôlei tão forte que atingiu a parede dos fundos do lado oposto
da quadra. Durante os pesos, eu não tinha problema em levantar o que os caras mais
volumosos da classe estavam levantando. Eu escondi, claro, porque eu não queria
chamar atenção para mim até eu descobrir o que estava acontecendo com o meu
corpo. Confie em mim, . Eu sou cem por cento Nephilim. Scott entendeu isso
imediatamente. Ele tem me ensinado as cordas e me ajudando a lidar com a ideia
de que 17 anos atrás, minha mãe fez o ato com um anjo caído. Ajudou saber que Scott
passou por uma mudança física similar e compreensão sobre seus próprios pais.
Nenhum de nós pode acreditar que levou tanto tempo para você descobrir isso.” Ela
socou meu ombro.
Eu senti meu maxilar pendurado estupidamente. “Você. Você – realmente uma
Nephilim.” Como eu não pude ter visto isso? Eu devia ter detetado isso em um
instante – eu poderia com qualquer outro Nephil, ou anjo caído para esse efeito. Era
porque era mesmo minha melhor amiga no mundo, e tinha sido por tanto tempo,
que eu não podia vê-la de outra forma?
- “O que Scott tem te contado sobre a guerra?” eu perguntei por fim.
- “Era uma das razões que ele estava vindo hoje a noite, para me trazer a par da
situação. Parece que você está num grande problema, Senhora Abelha Rainha. Líder do
exército do Mão Negra?” soltou um assobio apreciativo. “Maldição, garota.
Certifique-se de manter seu resumo.”


CAPÍTULO 34

Eu estava apenas de tênis, shorts e uma regata quando encontrei Patch cedo na
manhã seguinte num pedaço rochoso do litoral. Era segunda, o prazo de Pepper.
Também era um dia de escola. Mas eu não podia me preocupar com nenhuma dessas
coisas agora. Treino primeiro, estresse mais tarde.
Eu envolvi minhas mãos em bandagens, prevendo que a versão de treinamento
de Patch colocaria vergonha na de Dante. Meu cabelo estava puxado para trás em uma
apertada trança francesa, e meu estômago estava vazio exceto por um copo de água.
Eu não tinha ingerido devilcraft desde sexta, e isso mostrava. Eu tinha uma dor de
cabeça do tamanho de Nebrasca na cabeça, e minha visão entrava e saía de foco
quando eu virava minha cabeça muito bruscamente. Uma fome irregular arranhava
dentro de mim. A dor era tão feroz, que eu não podia recuperar meu fôlego.
Mantendo minha promessa para Patch, eu tinha tomado o antídoto diretamente
após confessar meu vício, mas aparentemente a medicação demorou um pouco para
seguir seu curso. Provavelmente não ajudou eu ter bombeado grandes quantidades de
devilcraft a minha dieta semana passada.
Patch usava um jeans escuro e uma camisa que combinava e abraçava sua
forma. Ele descansou suas mãos nos meus ombros, me encarando. “Pronta?”
Apesar do clima sombrio, eu sorri e estalei meus dedos. “Pronta para lutar com
meu namorado deslumbrante? Oh, eu diria que eu estou pronta para isso.”
Divertimento suavizou seus olhos.
- “Vou tentar controlar onde colocar minhas mãos, mas no calor das coisas, quem sabe
o que pode acontecer?” eu adicionei.
Patch sorriu. “Parece promissor.”
- “Tudo bem, treinador. Vamos fazer isso.”
Com a minha palavra, a expressão de Patch se tornou focada e metódica. “Você
não tem sido treinada na esgrima, e eu estou apostando que Dante teve mais do que
de sua parcela justa de prática ao longo dos anos. Ele é tão velho quanto Napoleão, e
provavelmente saiu do ventre de sua mãe acenando com uma espada de couraça. Sua
melhor opção é tirar a espada dele no início e mover rapidamente para um combate
corpo a corpo.”
- “Como eu vou fazer isso?”



Patch pegou dois pedaços de pau perto dos seus pés que ele tinha cortado
aproximadamente do comprimento de uma espada padrão. Ele arremessou um pelo ar,
e eu peguei. “Puxe sua espada antes de você come ar a lutar. Leva mais tempo para
sacar a espada do que para ser atingido.”
Eu fingi tirar a minha espada de uma bainha invisível no meu quadril, e a
segurei pronta.
- “Mantenha os pés ligeiramente afastados em todos os momentos,” Patch instruiu,
envolvendo-me em um lento e relaxado esquivo. Você não quer perder seu equilíbrio e
jornada. Nunca deixe seus pés juntos, e sempre mantenha a lâmina próxima do seu
corpo. Quanto mais você se inclinar ou esticar, mais fácil ser para Dante te bater.”
Nós trabalhamos o jogo de pernas e equilíbrio por vários minutos, o choque
brusco de nossas espadas improvisadas soando acima da maré baixa.
- “Mantenha o olhar atento nos movimentos de Dante,” Patch disse. “Ele vai se instalar
em um padrão de imediato, e você vai começar a aprender quando ele se lançar para
um ataque. Quando ele fizer, lance um ataque preventivo.”
- “Certo. Vai precisar de uma dramatização para isso aí.”
Patch escorregou seu pé para frente rapidamente, balançando sua espada sobre
a minha tão violentamente, que o bastão vibrou em minhas mãos. Antes que eu
pudesse me recuperar, ele fez um segundo golpe rápido, enviando a espada para fora
de meu controle.
Peguei minha espada, limpei meu rosto, e disse, “Eu não sou forte o suficiente.
Eu não acho que um dia eu serei capaz de fazer isso com Dante.”
- “Você vai, uma vez que você tiver enfraquecido ele. O duelo está programado para
acontecer amanhã ao nascer do sol. Seguindo a tradição, será em um lugar aberto,
algum lugar remoto. Você vai forçar Dante numa posição onde o sol nascente esteja
nos olhos dele. Mesmo se ele tentar reverter suas posições, ele é alto o bastante que
irá sombrear os raios solares da sua visão. Use a altura dele para sua vantagem. Ele
mais alto do que você, e isso irá expor as pernas dele. Um ataque duro mesmo no
joelho vai desequilibrar ele. Assim que ele perder sua posição, ataque.”
Desta vez eu refiz o movimento anterior de Patch, forçando-o a perder o
equilíbrio com um golpe em seu joelho, seguida por uma rápida sucessão de ataques e
socos. Eu não tirei a espada dele, mas eu enfiei a ponta da minha própria espada
contra sua barriga exposta. Se eu pudesse fazer isso com Dante, este seria o ponto
decisivo do duelo.
- “Muito bom,” Patch disse. “O duelo inteiro provavelmente irá levar menos do que
trinta segundos. Cada movimento conta. Seja cautelosa e equilibrada. Não deixei Dante
incitá-la a cometer um erro imprudente. Esquivar e contornar vão ser suas maiores
defesas, especialmente numa clareira aberta. Você terá bastante espaço para evitar a
espada dele, deslizando para fora de seu caminho rapidamente.”
- “Dante sabe que ele , tipo, um zilhão de vezes melhor do que eu.” Eu arqueei minhas
sobrancelhas. “Alguma palavra sábia de aconselhamento para lidar com a falta total e
absoluta de confiança?”
- “Deixe o medo ser sua estratégia. Finja estar mais apavorada do que você realmente
está para acalmar Dante numa falsa sensação de superioridade. Arrogância pode ser
mortal.” Os cantos da boca dele subiram. “Mas você não me ouviu dizer isso.”



Baixei a simulação da espada sobre meus ombros como um taco de beisebol.
Então, basicamente, o plano tirar a espada dele, desferir um golpe fatal, e reivindicar
minha posição de direito como líder dos Nephilins.”
Um aceno. “Doce e simples. Outras dez horas disso, e você ser uma profissional.”
- “Se nós iremos fazer isso por dez horas, eu vou precisar de um pequeno incentivo
para ficar motivada.”
Patch enganchou seu cotovelo no meu pescoço e me arrastou para um beijo.
Toda vez que você tirar minha espada, eu te devo um beijo. Como isso soa?”
Mordi o lábio para não rir. “Isso soa muito obsceno.”
Patch balançou as sobrancelhas. “Olha a mente de quem foi pra sarjeta. Dois
beijos por retirada. Alguma objeção?”
Eu me revesti de um rosto inocente. “Absolutamente nenhuma.”
Patch e eu não paramos de duelar até o por do sol. Nós destruímos cinco
conjuntos de espada, e paramos apenas para almoçar e para eu receber meus beijos
premiados – alguns dos quais duraram tempo suficiente para chamar a atenção de
vagabundos e uns poucos corredores. Tenho certeza de que nós parecíamos insanos,
correndo sobre rochas escarpadas, enquanto balançávamos espadas de madeira um
para o outro com força suficiente para deixar hematomas e, muito provavelmente,
alguns casos de hemorragia interna. Felizmente, minha cura acelerada cicatrizou o pior
dos meus ferimentos e não interferiu com nosso treinamento.
Ao anoitecer, nós dois estávamos cobertos de suor e eu estava completamente
cansada. Em apenas doze horas, eu duelaria com Dante pra valer. Sem espadas
improvisadas, de preferência lâminas de aço afiado o suficiente para cortar um
membro. O pensamento era sóbrio o bastante para fazer minha pele formigar.
- “Bom, você conseguiu,” eu felicitei Patch. “Eu estou tão treinada como eu jamais
estarei – uma magra, média máquina lutadora de espada. Eu devia ter feito de você
meu personal trainer desde o primeiro dia.”
Um sorriso malandro veio tona, lento e perverso. “Ninguém é páreo para Patch.”
(obs: em inglês fica um jogo de palavras que rimam: No match for Patch.
Sacaram? hehehehehehhe)
- “Mmm,” eu concordei, olhando para ele timidamente.
- “Por que você não volta para minha casa para tomar um banho, e eu vou pegar algo
pra viagem no Borderline?” Patch sugeriu medida que nos arrastávamos até a
barragem rochosa em direção ao estacionamento.
Ele disse isso casual o bastante, mas as palavras chamaram meus olhos
diretamente aos dele. Patch tinha trabalhado como ajudante de garçom no Borderline
da primeira vez que nos encontramos. Eu não podia passar dirigindo pelo restaurante
agora e não pensar nele. Eu fiquei comovida de que ele se lembrava, e por saber que o
restaurante mantinha lembranças especiais para ele também. Eu me forcei colocar todo
meu pensamento no duelo de amanhã, e a pequena chance de sucesso de Pepper, fora
da minha mente; essa noite eu queria desfrutar da companhia de Patch sem me
preocupar com o que seria de mim – de nós – se eu tivesse que duelar e Dante
ganhasse.
- “Posso colocar um pedido de tacos?” eu perguntei suavemente, lembrando da
primeira vez que Patch tinha me ensinado a fazê-los.
- “Você leu minha mente, Anjo.”



Eu me deixei no condomínio de Patch. No banheiro, eu tirei minhas roupas fora
e desembaracei minha trança. O banheiro de Patch era magnifico. Profundos azulejos
azuis e toalhas pretas. Uma banheira independente que caberiam facilmente duas
pessoas. Sabão em barra que cheirava a baunilha e canela.
Eu entrei no chuveiro, deixando a água bater ao longo da minha pele. Eu pensei
em Patch de pé neste mesmo chuveiro, braços apoiados contra a parede enquanto a
água derramava sobre seus ombros. Eu pensei nas pérolas de água agarradas na pele
dele. Pensei nele usando as mesmas toalhas que eu estava prestes a envolver em torno
do meu próprio corpo. Eu pensei na cama dele, a poucos metros. De como os lençóis
segurariam seu cheiro.
Uma sombra deslizou pelo espelho do banheiro.
A porta do banheiro estava encostada, a luz vinda do quarto. Prendi minha
respiração, esperando por outra sombra, esperando a hora de dizer que eu tinha
imaginado ter visto uma. Essa era a casa de Patch. Ninguém sabia disso. Nem Dante,
nem Pepper. Eu tinha sido cuidadosa – ninguém tinha me seguido essa noite.
Outra nuvem negra pairava sobre o espelho. O ar estalava com uma energia
sobrenatural.
Eu desliguei a água e amarrei a toalha em volta do meu corpo. Eu procurei por
uma arma: eu tinha a escolha de um rolo de papel higiênico ou um vidro de sabonete
para mãos.
Eu cantarolei baixinho sob minha respiração. Não havia razão para deixar o
intruso saber que eu estava com eles.
O intruso se aproximou da porta do banheiro; seu poder sobressaltou meus
sentidos com eletricidade, os pelos dos meus braços de pé alertas como bandeiras
duras. Eu continuei a cantarolar. Pelo canto do olho, eu vi a maçaneta da porta se virar,
eu estava cheia de esperar.
Eu empurrei meu pé descalço contra a porta com um grunhido de esforço. Ela
se separou, quebrando as dobradiças enquanto voava para fora, derrubando quem
estava atrás dela. Eu avancei pela entrada, mostrei meus punhos, pronta para atacar.
O homem no chão se enrolou como uma bola para proteger seu corpo. “Não,”
ele resmungou. “Não me machuque!”
Lentamente, eu baixei os punhos. Eu inclinei a cabeça para o lado para ver
melhor.
- “Blakely?”

CAPÍTULO 35

-“O que você está fazendo aqui?” eu demandei, me enrolando na toalha de
banho para me manter coberta. “Como você encontrou esse lugar?”
Arma. Eu precisava de uma. Meus olhos escanearam o meticuloso quarto de Patch. Blakely podia parecer comprometido agora, mas ele tinha estado manipulando devilcraft por meses. Eu não confia que ele não tivesse alguma coisa afiada e perigosa – e azulada – escondida debaixo de sua capa de chuva.
- “Eu preciso da sua ajuda,” ele disse, levantando suas palmas enquanto engatinhava sobre seus pés.
- “Não se mexa,” eu retruquei. “De joelhos. Mantenha suas mãos onde eu possa vê-las.”
- “Dante tentou me matar.”
- “Você é imortal, Blakely. Você também é companheiro de equipe de Dante.”
- “Não mais. Agora que eu desenvolvi protótipos de devilcraft o suficiente, ele me quer morto. Ele quer controle exclusivo do devilcraft. Ele usou uma espada que eu aprimorei especificamente para matar você, e tentou usar contra mim. Eu quase não escapei.”
- “Dante mandou você fazer uma espada que poderia me matar?”
- “Para o duelo.”
Eu não sabia ainda qual era a finalidade do jogo de Blakely, mas eu não esqueci de Dante usar métodos proibidos – e letais – para ganhar o duelo. “É tão boa quanto você diz? Isso vai me matar?”
Blakely me olhou diretamente nos olhos. “Sim.”
Eu tentei processar essa informação calmamente. Eu precisava encontrar um modo de desclassificar Dante de usar essa espada. Mas uma coisa de cada vez. “Mais.”
- “Eu suspeito que Dante está trabalhando para anjos caídos.”
Eu não pisquei um olho. “O que faz você dizer isso?”
- “Todos esses meses, ele nunca me permitiu fazer uma arma que mataria anjos caídos. Preferencialmente, eu tenho desenvolvido uma série de protótipos que foram supostamente destinadas a matar você. Se elas podem matar você, elas podem matar qualquer Nephil. Uma vez que os anjos caídos são o inimigo, por que eu tenho estado desenvolvendo armas que machucam Nephilins?”
Eu lembrei da minha conversa com Dante no Rollerland, mais de uma semana atrás. “Dante me disse que com tempo suficiente, você seria capaz de desenvolver um protótipo forte o bastante para matar um anjo caído.”
- “Eu não saberia. Ele nunca tinha me dado a chance.”
Numa jogada arriscada, eu decidi confessar tudo para Blakely. Eu ainda não confiava nele, mas se eu desse um pouco (de confiança), ele poderia também. E agora, eu precisava saber tudo que ele sabia. “Você está certo. Dante está trabalhando para os anjos caídos. Eu sei que isto é um fato.”
Por um momento, ele fechou seus olhos, levando a dura verdade. “Eu nunca confiei em Dante, não do início. Trazer ele a bordo foi ideia do seu pai. Eu não poderia convencer Hank a não fazer isso então, mas eu posso vingar seu nome agora. Se Dante é um traidor, eu devo isso ao seu pai, destruí-lo.”
Se por nada mais, eu tinha que dar ao Hank crédito por inspirar lealdade.
Eu disse, “Fale-me mais sobre essa super bebida de devilcraft. Uma vez que Dante está trabalhando para os anjos caídos, por que ele teria que desenvolver algo que ajude nossa raça?”
- “Ele nunca distribuiu a bebida para outros Nephilins como ele me disse que iria. Isso apenas o fortalecia. E agora ele tem todos os protótipos. O antídoto, também.” Blakely apertou entre seus olhos. “Tudo em que eu trabalhei – ele roubou.”
Meu cabelo úmido agarrou na minha pele, e água gelada escorria pelas minhas costas. Arrepios se destacaram em minha carne, tanto do frio quanto das palavras de Blakely. “Patch estará aqui a qualquer minuto. Como você foi aparentemente inteligente o bastante para encontrar a casa dele, eu acho que você está procurando por ele.”
- “Eu quero acabar com Dante.” Sua voz vibrou com convicção.
- “Você quer dizer que quer que Patch acabe com ele para você.” O que havia com malfeitores que tentavam contratar meu namorado como um mercenário? Claro, ele trabalhou como um em uma vida passada, mas isso estava começando a ficar ridículo – e irritante. O que aconteceu com cuidar dos próprios problemas? “O que faz você pensar que ele fará isso?”
- “Eu quero que Dante passe o resto da sua vida no tormento. Isolado do mundo, torturado por romper um ponto. Patch é o único em quem eu confio para fazer isso. Preço não é um problema.”
- “Patch não precisa de dinheiro – “ eu parei, segurando o pensamento. Uma ideia simplesmente veio até mim, e ela era tão desonesta quanto manipuladora. Eu não queria levar vantagem de Blakely, mas então de novo, ele dificilmente tinha sido gracioso para mim no passado. Eu lembrei a mim mesma que quando a situação ficou crítica, ele havia dirigido uma faca aprimorada com devilcraft dentro de mim, me introduzindo num vício tóxico. “Patch não precisa do seu dinheiro, mas ele precisa do seu depoimento. Se você concordar em confessar com crimes de Dante no duelo de amanhã na frente de Lisa Martin e outros Nephilins influentes, Patch matará Dante para você.” Só porque Patch já tinha prometido para Pepper matar Dante não significa que nós não poderíamos tirar vantagem das circunstâncias e da nossa posição para ganhar algo de Blakely também. A expressão “dois coelhos com uma cajadada só” não tinha vindo do nada, no fim das contas.
- “Dante não pode ser morto. Aprisionado eternamente, sim, mas não morto. Nenhum dos protótipos funciona contra ele. Ele é imune porque o corpo dele”
Esse é um trabalho que Patch pode lidar,” eu disparei de volta sucintamente. “Se você quer Dante morto, considere feito. Você tem seus contatos, Patch tem os dele.”
Blakely me estudou com o olhar contemplativo, perspicaz. “Ele conhece um arcanjo?” ele adivinhou por fim.
- “Você não ouviu isso de mim. Mais uma coisa, Blakely. Isso é importante. Você mantem influência suficiente sobre Lisa Martin e outros Nephilins poderosos para volta-los contra Dante? Porque se não, cairemos ambos amanhã.”
Ele apenas debateu por um minuto. “Dante encantou seu pai, Lisa Martin, e muitos outros Nephilins desde o começo, mas ele não tem a história com eles que eu tenho. Se eu chama-lo de traidor, eles escutarão.” Blakely alcançou seu bolso e me ofereceu um pequeno cartão. “Eu preciso recuperar alguns itens importantes antes de eu me realocar para meu esconderijo. Esse é meu novo endereço. Dê-me um ponto de partida, e então traga Patch. Nós resolveremos os detalhes essa noite.”
Patch chegou minutes depois que Blakely saiu. As primeiras palavras que saíram da minha boca foram, “Você nunca vai acreditar em quem parou por aqui.” Com esse gancho cativante, eu lancei minha história, retransmitindo para Patch cada palavra da minha conversa com Blakely.
- “O que você acha disso?” Patch perguntou quando eu terminei.
- “Eu acho que Blakely é nossa última esperança.”
- “Você confia nele?”
- “Não. Mas o inimigo do seu inimigo...”
- “Você fez ele jurar que irá depor amanhã?”
Meu coração afundou. Eu não tinha pensado nisso. Foi um erro involuntário, mas isso me fez imaginar se eu um dia seria uma líder digna. Eu sabia que Patch não esperava perfeição de mim, mas eu queria impressioná-lo da mesma forma. Uma voz estúpida na minha cabeça perguntou se Dabria teria cometido o mesmo erro. Duvido. “Quando nós encontrarmos com ele essa noite, será a primeira coisa de que vou cuidar.”
- “Faz sentido que Dante queira controlar devilcraft exclusivamente,” Patch refletiu. “E se Dante achou que Blakely suspeitava dele trabalhar para anjos caídos, ele o mataria para manter seu segredo a salvo.”
Eu disse, “Você acha que Dante me contou sobre devilcraft aquele dia no Rollerland porque ele antecipou que eu contaria a você, e você iria atrás de Blakely? Eu sempre tenho me perguntado por que ele me contou. Olhando para trás, quase parece que ele tinha uma estratégia: você arrebatar Blakely e enterrá-lo à luz do dia, deixando Dante sozinho para controlar o devilcraft.”
- “Que era exatamente o que eu tinha planejado. Até Marcie prejudicar esses planos.”
- “Dante tem me prejudicando desde o começo,” eu percebi.
- “Não mais. Nós temos o depoimento de Blakely.”
- “Isso significa que nós vamos encontrar ele?”
Patch tinha colocado suas chaves da moto no balcão da cozinha não havia cinco minutos, e ele as alcançou novamente. “Nenhum momento monótono, Anjo.”
O endereço que Blakely tinha me dado nos levou para uma loja de tijolos vermelhos caseira em um bairro mais antigo. Duas janelas sombreadas ladeavam a porta da frente. A propriedade extensa parecia engolir todo o pequeno chalé.
Patch dirigiu em volta do quarteirão duas vezes, olhos aguçados, então estacionou na rua fora do alcance dos postes. Ele deu três batidas contínuas na porta da frente. Uma luz acesa atrás da janela da sala de estar, mas não havia outros sinais de que alguém estava em casa.
- “Fique aqui,” Patch me disse. “Eu vou dar a volta por trás.”
Eu esperei na varanda, olhando atrás de mim para a rua. Estava muito frio para os vizinhos estarem fora caminhando com o cachorro, e nenhum carro passou.
A fechadura da porta da frente caiu, e Patch abriu a porta de dentro. “A porta de trás estava bem aberta. Tenho um mau pressentimento,” ele disse.
Eu entrei, fechando a porta atrás de mim. “Blakely?” eu chamei suavemente. A casa era pequena o bastante para fazer levantar minha voz desnecessariamente.
- “Ele não está neste primeiro piso,” Patch disse. “Mas há escadas que levam para um porão.”
Nós descemos as escadas que no fim tinham uma sala iluminada. Eu respirei fundo enquanto meus olhos se focavam numa trilha de líquido vermelho manchada no carpete. Marcas de mãos vermelhas pintavam a parede e levavam para a mesma direção – um quarto escuro em frente. Nas sombras granuladas, eu pude apenas fazer o contorno de uma cama – e o corpo de Blakely dobrado ao lado dela.
O braço de Patch imediatamente disparou, me bloqueando. “Vá lá pra cima,” ele ordenou.
Sem pensar, eu abaixei o braço de Patch e corri para Blakely. “Ele está ferido!”
O branco dos olhos de Blakely crepitava um azul etéreo. Sangue escorria de sua boca, gorgolejando enquanto ele tentava falar sem sucesso.
- “Dante fez isso?” Patch perguntou a ele, seguindo diretamente atrás de mim.
Eu me agachei, checando os sinais vitais de Blakely. Seu batimento cardíaco zumbia fraco e irregular. Lágrimas ardiam em meus olhos. Eu não sabia se eu estava chorando por Blakely, ou pelo que sua morte significaria para mim, mas eu suspeitava, egoistamente, que era a segunda opção.
Blakely tossiu sangue, sua voz gasta. “Dante sabe – das penas dos anjos caídos.”
Eu dei na mão de Patch um aperto entorpecente. ‘Como Dante pode saber sobre as penas? Pepper não teria contado a ele. E nós somos os únicos outros dois que sabemos. ’
Se Dante sabe sobre as penas, ele vai tentar interceptar Pepper no seu caminho de volta pra Terra, ’ Patch respondeu tensamente. ‘Nós não podemos deixa-lo pegar as penas. ’
- “Lisa Martin – aqui – logo,” Blakely disse numa voz rouca, cada palavra um esforço.
- “Onde é o laboratório?” eu perguntei a Blakely? “Como nós podemos destruir o suprimento de devilcraft de Dante?”
Ele balançou sua cabeça de forma rígida, como se eu tivesse feito a pergunta errada. “A espada dele – ele – não sabe. Menti. Mata – ele também,” ele engasgou com a voz rouca, mais sangue caindo sobre seus lábios. O sangue tinha virado de vermelho para um azul ardente.
- “Okay, eu entendo,” eu disse, acariciando seu ombro para consolá-lo. “A espada que ele vai duelar amanhã vai matar ele também, só que ele não sabe disso. Isso é bom, Blakely. Agora me diga onde é o laboratório.”
- “Tentei – contar – você,” ele resmungou.
Eu balancei os ombros de Blakely. “Você não me contou. Onde é o laboratório?” Eu não acreditava que destruir o laboratório mudaria o resultado do duelo de amanhã – Dante teria muito devilcraft em seu sistema quando nós lutássemos, mas não importa o que acontecesse comigo, se Patch pudesse destruir o laboratório, o devilcreaft desapareceria de uma vez por todas. Eu me sentia pessoalmente responsável por colocar os poderes do inferno de volta, bem, no inferno.
Nós temos que ir Anjo, ’ Patch falou nos meus pensamentos. ‘Lisa não pode nos ver aqui. Não vai parecer bom. ’
Eu sacudi Blakely mais forte. “Onde é o laboratório?”
Suas mãos que pareciam torrões relaxaram. Seus olhos, vidrados num tom arrepiante de azul, olharam distraidamente para mim.
- “Não podemos desperdiçar mais tempo aqui,” Patch me disse. “Temos que assumir que Dante vai atrás de Pepper e das penas.”
Sequei meus olhos com as palmas das minhas mãos. “Nós vamos apenas deixar Blakely aqui?”
O som de um carro parando soou na rua. “Lisa,” Patch disse. Ele abriu a janela do quarto, me colocou na janela, e saltou bem ao meu lado. “Quaisquer últimas homenagens aos mortos devem ser ditas agora.”
Lançando um olhar triste em torno de Blakely, eu simplesmente disse, “Boa sorte na próxima vida.”
Eu tinha o pressentimento que ele precisava disso.
Nós saímos em disparada pelas ruas amadeiradas na motocicleta de Patch. A lua nova de Cheshvan tinha começado a quase duas semanas atrás, e agora pairava como uma sobrecarga como uma alta esfera fantasmagórica, que olhos atentos, arregalados não poderiam escapar. Eu tremia e me aconcheguei contra Patch. Ele disparou nas curvas estreitas tão rápido que galhos de árvores começaram a se confundir em flashes de dedos esqueléticos que estendiam a mão para me pegar numa armadilha.
Já que gritar em cima do barulho do vento era impraticável, recorri à fala mental.
Quem poderia ter contado a Dante sobre as penas? ’ eu perguntei a Patch.
Pepper não arriscaria. ’
Nem nós. ’
Se Dante sabe, podemos assumir que os anjos caídos sabem também. Eles vão fazer tudo o que eles podem para nos impedir de conseguir essas penas, Anjo. Nenhuma ação será descartada. ’
Sua advertência veio bem clara: Nós não estávamos seguros.
Nós temos que avisar a Pepper, ’ eu disse.
Se nós ligarmos para ele, os arcanjos interceptarão, nós nunca vamos conseguir as penas. ’
Eu olhei a hora no meu celular. Onze. ‘Nós demos a ele até meia noite. Ele está quase sem tempo. ’
Se ele não ligar logo, Anjo, nós teremos que presumir o pior e chegar a um novo plano. ’
Sua mão subiu na minha coxa, apertando-a. Eu sabia que estávamos compartilhando o mesmo pensamento. Nós tínhamos esgotado todos os planos. O tempo acabou. Ou nós temos as penas...
Ou a raça Nephilim perderia mais do que a guerra. Eles estariam na escravidão dos anjos caídos pela eternidade.

CAPÍTULO 36

Um to que sem som tocava no meu bolso. Patch imediatamente guiou a
motocicleta para o acostamento, e eu atendi a ligação com uma prece em meu
coração.
- “Eu tenho as p-p-penas,” Pepper disse, sua voz alta e trêmula.
Eu expirei em alívio e bati na mão de Patch (high five), enrolando meus dedos
entre os dele, prendendo nossas mãos juntas. Nós tínhamos as penas. Nós tínhamos a
adaga. O duelo de amanhã de manhã não era mais necessário – oponentes mortos não
empunhavam espadas, encantadas ou de outro modo.
- “Bom trabalho, Pepper,” eu disse, “Você está quase acabando. Nós precisamos que
você entregue as penas e a adaga, e então você pode deixar isso pra trás. Patch vai
matar Dante assim que ele receber a adaga. Mas você precisa saber que Dante está
atrás das penas também.” Não houve tempo para trazer isso a ele gentilmente. “Ele as
quer tanto quanto nós. Ele está procurando você, então não deixe sua guarda baixa. E
não deixe ele obter as penas, ou a adaga.”
Pepper fungou. “Eu estou com m-m-medo. Como você sabe que Dante não vai me
encontrar? E se os arcanjos notarem que as penas estão faltando.” Seu volume subiu
para um grito. “E se eles descobrirem que fui eu?”
- “Acalme-se. Tudo vai ficar bem. Nós vamos fazer a transferência no Parque de
Diversões do Delphic. Nós podemos encontrar você em cerca de quarenta e cinco
minutos – “
- “Isso quase uma hora! Eu não posso ficar com as penas tanto tempo! Eu tenho que
despejá-las. Esse era o acordo. Você nunca disse nada sobre ser babá delas. E eu?
Dante está atrás de mim. Se você quer que eu segure essas penas, eu quero que Patch
vá atrás de Dante e se certifique de que ele não vai me ameaçar.”
- “Eu expliquei isso,” eu disse impacientemente. “Patch vai matar Dante assim que nós
tivermos a adaga.”
- “Muito benefício me fará se Dante me encontrar primeiro! Eu observo Patch por aí,
nesse minuto, indo atrás de Dante. De fato, eu não te dar a adaga até eu ter a prova de
que Patch tem Dante!”
Eu empurrei o telefone para longe para salvar meus tímpanos dos gritos
histéricos de Pepper. “Ele está quebrando,” eu disse a Patch preocupantemente.

Patch pegou o telefone de mim. “Ouça, Pepper. Leve as penas e a adaga para o Parque de Diversões do Delphic. Eu terei dois anjos caídos que encontrarão você nos portões. Eles vão garantir que você chegue de forma segura dentro do meu estúdio. Só não diga a eles o que você está carregando.”
A resposta de Pepper chiou estalada pelo telefone.
Patch disse, “Coloque as penas no meu estúdio. Então fique parada até chegarmos lá.”
Um gemido alto.
- “Você não vai deixar as penas desprotegidas,” Patch argumentou, cada palavra respirada com intenções assassinas. “Você vai sentar no meu sofá e garantir que elas ainda estejam lá quando nós chegarmos.”
Mais grasnados frenéticos.
- “Pare de choramingar. Eu vou perseguir Dante agora, se é isso que você quer, em seguida vir buscar a adaga, que você vai ficar até que eu encontre você no estúdio. Vá para o Delphic e faça exatamente como eu te disse. Mais uma coisa. Pare de chorar. Você está dando a arcanjos de todos os lugares uma má reputação.”
Patch desligou e passou o telefone de volta pra mim. “Mantenha os dedos cruzados para que isso funcione.”
- “Você acha que Pepper vai ficar com as penas?”
Ele arrastou as mãos pelo rosto, um som escapando de sua garganta que parecia uma meia risada áspera, meio um gemido. “Nós vamos ter que nos dividir, Anjo. Se caçarmos Dante juntos, corremos o risco de deixar as penas desprotegidas.”
- “Vá procurar Dante. Eu cuido de Pepper e das penas.”
Patch me estudou. “Eu sei que você vai. Mas eu ainda não gosto da ideia de deixar você sozinha.”
- “Eu vou ficar bem. Eu vou vigiar as penas, e vou ligar pra Lisa Martin imediatamente. Eu digo a ela o que eu tenho, e ela me ajudará a executar nosso plano. Nós vamos terminar a guerra e libertar os Nephilins.” Eu apertei a mão de Patch tranquilizadoramente. “É isso. O fim está próximo.”
Patch esfregou o queixo, claramente infeliz, pensando profundamente. “Para minha própria paz de espírito, leve Scott com você.”
Um sorriso irônico se arrastou pela minha boca. “Você confia em Scott?”
- “Eu confio em você,” ele respondeu numa voz rouca que me fez sentir quente e instável por dentro.
Patch me apoiou em uma árvore e me beijou, com força.
Eu recuperei meu fôlego. “Meninos de todos os lugares, tomem nota: Isso foi um beijo.”
Patch não sorriu. Seus olhos escureceram com alguma coisa que eu não poderia nomear, mas isso colocou um peso no meu estômago. Seu maxilar travou, os músculos ao longo do braço enrijeceram bem visivelmente. “Nós vamos estar juntos no fim disso.” Uma nuvem de inquietação passou sobre sua expressão.
- “Se eu tenho alguma coisa a dizer sobre isso, é sim.”
- “O que quer que aconteça essa noite, eu te amo.”
- “Não fale desse jeito, Patch,” eu sussurrei, a emoção pegando minha voz. “Você está me assustando. Nós vamos ficar juntos. Você vai achar Dante, então me encontrar no estúdio, onde nós vamos acabar com essa guerra juntos. Não há nada mais simples.”
Ele me beijou de novo, delicadamente sobre cada pálpebra, então em cada bochecha, e por último, um selinho suave em meus lábios. “Eu nunca serei o mesmo,” ele disse em um tom grave. “Você tem me transformado.”
Eu cruzei meus braços em volta do pescoço dele e apertei meu corpo firme para ele. Eu me agarrei a ele, tentando expulsar o frio que bateu em meus ossos. “Beije-me de um modo que eu nunca vou esquecer.” Eu chamei os olhos dele para os meus. “Beije-me de uma forma que vai ficar comigo até eu ver você de novo.” Porque nós vamos nos ver em breve.
Os olhos de Patch passaram em mim com calor em silêncio. Meu reflexo rodou neles, cabelos ruivos e lábios em chamas. Eu era conectada a ele por uma força que eu não podia controlar, um fio minúsculo que amarrava minha alma à dele. Com a lua em suas costas, as sombras pintadas as cavidades leves sobre seus olhos e maçãs do rosto, fazendo-o parecer incrivelmente bonito e igualmente diabólico.
Suas mãos seguraram meu rosto, segurando-me imóvel antes dele. O vento emaranhava meu cabelo em torno de seus pulsos, entrelaçando-nos juntos. Seus polegares se moviam pela minha bochecha em uma carícia lenta e íntima. Apesar do frio, uma queimadura constante enrolava dentro de mim, vulnerável ao seu toque. Seus dedos traçaram mais baixo, mais baixo, deixando uma dor quente, deliciosa. Eu fechei meus olhos, minhas articulações derretendo. Ele me iluminou como uma chama, leve e quente queimando a uma profundidade que eu nunca tinha compreendido.
Seu polegar acariciou meu lábio, uma macia, e sedutora provocação. Eu dei um suspiro de prazer acentuado.
Beijar você agora?’ ele perguntou.
Eu não podia falar; um aceno murcho foi minha resposta.
Sua boca, quente e ousada, encontrou a minha. Todo o jogo o havia deixado, e ele me beijou com seu próprio fogo negro, profundo e possessivo, consumindo meu corpo, minha alma, e colocando a perder todas as noções passadas do que significava ser beijada.


Capítulo 37

Eu ouvia a barracuda de Scott roncar na estrada na minha direção antes que os
faróis brilhassem na escuridão. Eu sinalizei para baixo e me lancei no banco do carona.
- “Obrigada por vir.”
Ele manobrou o carro no sentido inverso e se foi da mesma forma que se aproximou. “Você manteve sua ligação breve. Me diga o que eu preciso saber.”
Eu expliquei a situação tão rapidamente, ainda de forma abrangente, quanto possível. Quando eu terminei, Scott deixou sair um assobio de surpresa. “Pepper tem a pena de cada anjo caído, da eternidade?”
- “Surreal, certo? Ele deveria nos encontrar no estúdio de Patch. É melhor ele não ter deixado as penas desprotegidas,” eu murmurei principalmente para mim.
- “Eu posso te levar seguramente até embaixo do Delphic. Os portões do parque estão fechados, então vamos entrar em túneis usando os elevadores de carga. Depois disso, nós vamos ter que usar meu mapa. Eu nunca tinha estado na casa do Patch.”
Os “túneis” se referiam à rede subterrânea complicada, passagens labirínticas que operavam como ruas e bairros debaixo do Delphic. Eu não tinha ideia de que eles existiam até eu conhecer Patch. Eles serviam como residência principal para anjos caídos vivendo em Maine, e até recentemente, Patch tinha vivido entre eles.
Scott conduziu a Barracuda abaixo numa estrada de acesso pequeno da entrada principal do parque. A estrada abria para uma doca de carregamento de caminhões com rampas, e um armazém. Nós entramos no armazém pela porta lateral, cruzamos um local aberto empilhado de uma parede à outra com caixas, e por fim alcançamos os elevadores de carga. Uma vez dentro, Scott ignorou os botões normais indicando os primeiro, segundo, e terceiro andares, e apertou um pequeno botão amarelo despercebido na parte inferior do painel. Eu sabia que existiam entradas para os túneis por todo o Delphic, mas esta era minha primeira vez usando esta em particular.
O elevador, que era quase tão grande quanto meu quarto, ressoou para baixo, e mais baixo, finalmente moendo até parar. A pesada porta de aço subiu, e Scott e eu saímos em uma doca de carregamento. O chão e as paredes estavam sujos, e a única luz vinha de uma única lâmpada balançando como um pêndulo acima.
- “Qual caminho?” eu perguntei, olhando o túnel à frente.
Eu estava grata por ter Scott como guia através do submundo do Parque de Diversões do Delphic. Estava imediatamente evidente que ele percorria os túneis regularmente; ele guiou num ritmo apressado, varrendo os corredores úmidos, como se estivessem estado há muito tempo na memória. Nós fizemos referência ao mapa, usando para fazer nosso caminho debaixo do Arcanjo, a mais nova montanha russa do Delphic. De lá, eu assumi, olhando para baixo dos corredores aleatoriamente, até que finalmente chegamos ao que eu reconheci como a entrada dos antigos alojamentos de Patch.
A porta estava trancada por dentro.
Eu bati nela. “Pepper, é . Abra.” Eu dei a ele alguns momentos, então tentei novamente. “Se você não está abrindo porque sente mais alguém, é Scott. Ele não vai bater em você. Agora abra a porta.”
- “Ele está sozinho?” Scott perguntou quietamente.
Eu assenti. “Deveria estar.”
- “Eu não sinto ninguém,” Scott disse ceticamente, dobrando sua orelha em direção à porta.
- “Anda logo, Pepper,” eu chamei.
Ainda nenhuma resposta.
- “Nós vamos ter que arrombar a porta,” eu disse a Scott. “Quando contar até três. Um, dois – três.”
Em uníssono, Scott e eu aterrissamos chutes fortes à porta.
- “De novo,” eu resmunguei.
Continuamos a dirigir nossas solas na madeira, golpeando-a até que ela se estilhaçou e a porta bateu para dentro. Eu atravessei o hall de entrada até a sala de estar, procurando por Pepper.
O sofá tinha sido esfaqueado múltiplas vezes, enchendo de vômito cada incisão. Molduras que antes tinham decorado as paredes agora estavam quebradas no chão. A mesa de vidro foi derrubada de lado, com uma rachadura sinistra no centro. Roupas do guarda-roupa de Patch tinham sido arrastadas e jogadas como confete. Eu não sabia se isso era evidência de uma luta recente, ou se foi deixado por uma partida apressada de Patch quase duas semanas atrás, quando Pepper havia contratado capangas para destruir o lugar.
- “Você pode ligar para Pepper?” Scott sugeriu. “Você tem o número dele?”
Eu soquei o número de Pepper em meu telefone, mas ele não atendeu. “Onde ele está?” eu exigi iradamente para ninguém em particular. Tudo estava andando com a parte dele do acordo. Eu precisava daquelas penas, e precisava delas agora. “E que cheiro é esse?” eu perguntei, franzindo o nariz.
Eu caminhei para os fundos da sala de estar. Com certeza, eu detectei um cheiro nocivo, picante flutuando no ar. Um cheiro apodrecido. Um cheiro quase como piche quente, mas não completamente.
Alguma coisa estava queimando.
Eu corri de cômodo a cômodo tentando encontrar as penas. Elas não estavam aqui. Eu abri a porta do antigo quarto de Patch e foi imediatamente dominado pelo cheiro de queimado de material orgânico.
Sem parar para pensar, eu corri para a parede oposta do quarto – aquela que abria para mostrar uma passagem secreta. No momento em que eu abri a porta para correr, uma tempestade de fumaça preta rolou para dentro do quarto. O mau cheiro, gorduroso e carbonizado era insuportável.
Selando minha boca e nariz com a gola da minha camisa, eu chamei Scott, “Eu vou entrar.”
Ele atravessou a porta atrás de mim, batendo a fumaça com a mão.
Eu tinha estado lá embaixo na passagem uma vez antes, quando Patch tinha momentaneamente detido Hank Millar antes de eu mata-lo, e tentei lembrar-me do caminho. Caindo de joelhos para evitar o pior da fumaça, eu rastejei rapidamente, tossindo e engasgando cada vez que eu respirava. Finalmente minhas mãos atingiram uma porta. Eu apalpei a argola de puxar e a empurrei. A porta se abriu lentamente, enviando uma nova onda de fumaça para o corredor.
A luz do fogo ardente brilhou através da fumaça, chamas saltando e dançando como um show de mágica requdo meu como um escudo. O calor do fogo grelhava nossos rostos.
Só levei um momento para gritar em terror.



CAPÍTULO 38

Eu disparei sobre os meus pés primeiro. Alheia ao calor, eu passei pelo fogo
enquanto as faíscas choviam como fogos de artifício. Eu agarrei o monte imponente de
penas, gritando em pânico. Apenas duas das penas de Patch dos seus dias como
arcanjo sobraram. Uma pena nós tínhamos para segurança. A outra tinha sido levada e
cuidadosamente guardada pelos os arcanjos quando eles tinham banido Patch do Céu.
A pena estava em algum lugar na pilha diante de mim.
A pena de Patch podia estar em qualquer lugar. Talvez já queimada. Haviam
tantas. E mesmo um maior número de manchas cinza flutuando como pedaços
chamuscados de papel em volta da fogueira.
- “Scott! Me ajude a encontrar a pena de Patch!” Pensar. Eu tinha que pensar. Pena do
Patch. Eu tinha visto antes. “É preta, toda preta,” eu soltei. “Comece procurando – eu
vou buscar cobertores para abafar o fogo!”
Eu corri de volta para o estúdio de Patch, a fumaça formando uma tela em
meus olhos. De repente eu cheguei bruscamente, detectando outro corpo no túnel,
logo a frente. Eu pisquei contra a fumaça remoendo meus olhos.
- “É tarde demais,” Marcie disse. Seu rosto estava inchado de tanto chorar, e a ponta do
nariz dela brilhava vermelho. “Você não pode extinguir o fogo.”
- “O que você fez?” eu gritei para ela.
- “Eu sou a herdeira legítima do meu pai. Eu deveria estar liderando os Nephilins.”
- “Herdeira legítima? Você está se escutando? Você quer esse emprego? Eu não – o seu
pai obrigou isso a mim!”
O lábio dela vacilou. “Ele me amava mais. Ele teria me escolhido. Você roubou isso de
mim.”
Eu disse, “Eu não quero esse trabalho, Marcie. Quem colocou essas ideias na sua
cabeça?”
Lágrimas caíram do rosto dela, e sua respiração tornou-se irregular. “Foi ideia da minha
mãe eu morar com você – ela e os amigos Nephilins dela queriam que eu mantivesse
o olho em você. Eu concordei em fazer isso porque eu pensei que você sabia algo
sobre a morte do meu pai que você não estava me contando. Se eu me aproximasse de
você, eu pensei que talvez –“ Pela primeira vez, eu percebi a adaga perolada nas mãos
dela. Ela brilhava num branco brilhante, como se os raios mais puros de sol estivessem
presos sob a superfície. Essa só poderia ser a adaga encantada de Pepper. O imbecil
não tinha sido cuidadoso o bastante, e tinha permitido que Marcie o seguisse até aqui.
Ele tinha despejado as penas e a adaga e trancado, deixando-as cair na posse de
Marcie.
Eu estendi a mão para ela. “Marcie – “
- “Não toque em mim!” ela gritou. “Dante me disse que você matou meu pai. Como
você pôde fazer isso? Como você pôde! Eu tinha certeza que foi Patch, mas todo o
tempo foi você!” ela gritou histericamente.
Apesar do calor, um arrepio de medo subiu até minha espinha.
- “Eu – posso explicar.” Mas eu não achava que eu poderia. A expressão de Marcie,
selvagem e exausta deu a entender que ela estava girando em choque. Eu duvidava
que ela se importaria em como que o pai dela tinha forçado minha mão quando ele
tinha tentado enviar Patch ao inferno. “Me dê a adaga.”
- “Fique longe de mim!” ela raspou para fora do alcance. “Dante e eu vamos contar
para todos. O que os Nephilins vão fazer com você quando eles souberem que você
assassinou o Mão Negra?”
Eu estudei-a cuidadosamente. Dante deve ter apenas sabido que eu tinha
matado Hank. Caso contrário, ele teria dito aos Nephilins há muito tempo atrás. Patch
não tinha desistido do meu segredo, o que deixava Pepper. De alguma forma, Dante
tinha chegado a ele.
- “Dante estava certo,” Marcie cuspiu, uma raiva fria borbulhando em sua voz. “Você
roubou o título de mim. Era para ser meu. E agora eu fiz o que você não podia – eu
libertei os Nephilins. Quando esse fogo terminar, cada anjo caído na Terra será
acorrentado no inferno.”
- “Dante está trabalhando para os anjos caídos,” eu disse, a frustração aguçando meu
tom.
- “Não,” Marcie disse. “Você está.”
Ela bateu a lâmina de Pepper para mim, e eu pulei para trás, tropeçando. A
fumaça me pressionava, obscurecendo completamente minha visão.
- “Dante sabe que você queimou as penas?” eu gritei para Marcie, mas ela não deu
nenhuma resposta. Ela tinha ido.
Dante tinha mudado sua estratégia? Depois de uma colheita inesperada de
cada pena de anjos caídos, e, portanto, a vitória infalível para os Nephilins, ele tinha
decidido tomar partido de sua raça no fim das contas?
Não havia tempo para debater isso. Eu já tinha desperdiçado muito tempo
precioso. Eu tinha que ajudar Scott a encontrar a pena de Patch. Correndo de volta
para a câmera ardente, tossi e amordacei meu caminho para a entrada.
- “Todas estão ficando pretas por causa das cinzas,” Scott gritou para mim por cima do
ombro. “Todas elas parecem iguais.” Suas bochechas brilhavam vermelhas com o calor.
Brasas giraram em torno dele, ameaçando incendiar seu cabelo, que ficou preto de
fuligem. “Nós temos que sair daqui. Se ficarmos mais tempo, nós seremos pegos pelo
fogo.”
Eu corri para ele agachada, tentando evitar o calor, que explodiu
incessantemente. “Primeiro, nós encontramos a pena de Patch.” Joguei as pilhas de
penas queimando atrás de mim. Scott estava certo. A fuligem gordurosa preta
manchava cada pena. Eu fiz um som alto de desespero. “Se nós não acharmos, ele ser
enviado para o inferno!”



Eu espalhava punhados de penas, rezando para que eu soubesse que a dele
estivesse à vista. Rezando para que ela já não estivesse queimada. Eu não deixaria
meus pensamentos e voltarem para o pior. Ignorando a fumaça que arranhava meus
olhos e pulmões, eu peneirei as penas com mais urgência. Eu não poderia perder
Patch. Eu não perderia Patch. Não assim. Não no meu turno.
Meus olhos lacrimejaram, lágrimas transbordando. Eu não podia ver claramente.
O ar estava muito quente para respirar. A pele do meu rosto parecia derreter, e meu
couro cabeludo parecia que estava pegando fogo. Eu mergulhei minhas mãos no
monte de penas, desesperada para encontrar uma pena preta sólida.
- “Eu não vou deixar você queimar,” Scott o barulho pisou fora do barulho crepitante
das chamas. Ele rolou para trás sobre seus joelhos, me arrastando com ele. Eu arranhei
impiedosamente suas mãos. ‘Não sem a pena de Patch. ’
O fogo clamava em meus ouvidos, e minha concentração estava murcha, sem
oxigênio suficiente. Limpei a palma da minha mão em meus olhos, só para esfregar
mais fuligem. Tateei as penas, os meus braços sentido como se estivessem ligados a
um peso de cinquenta quilos. Minha visão alternou. Mas me recusei a passar até que eu
tivesse a pena do Patch.
- “Patch,” eu murmurei, assim como uma brasa caiu na manga da minha camisa,
inflamando o tecido. Antes que eu pudesse levantar a mão para abafá-la, a chama
disparou para o meu cotovelo. O calor incendiou minha pele, tão brilhante e
angustiante, que eu gritei e me encolhi de lado. Foi então que eu vi que meu jeans
também estava em chamas.
Scott berrou ordens atrás de mim. Algo sobre deixar a câmara. Ele queria fechar
a porta e prender o fogo dentro.
Eu não poderia deixa-lo fazer isso. Eu tinha que salvar a pena de Patch.
Eu perdi meu sendo de direção, tropeçando para frente cegamente. Chamas
brilhantes eclipsavam minha visão.
A voz de Scott, tão urgente, se dissolvia no nada.

Mesmo antes de eu abrir meus olhos, eu sabia que eu estava em um carro em
movimento. Eu senti a pancada irregular dos pneus saltando sobre os buracos, e um
motor rugiu em meus ouvidos. Sentei-me preguiçosamente contra a porta do carro,
minha cabeça apoiada na janela. Havia duas mãos desconhecidas no meu colo, e me
assustou quando elas se moveram ao meu comando. Virei-as lentamente no ar,
olhando para o papel preto estranho enrolado fora delas.
Carne enegrecida.
Uma mão apertou meu braço em consolação.
- “Tudo bem,” Scott disse do banco do motorista de sua Barracuda.”Vai curar.”
Eu balancei a cabeça, dizendo que ele tinha entendido mal. Lambi meus lábios
ressecados. “Nós temos que voltar. Vire o carro. Nós temos que salvar Patch.”
Scott não disse nada, apenas me lançou um olhar de soslaio de incerteza.
Não.
Era mentira. Um medo profundo e inimaginável me engoliu. Minha garganta
estava espessa, escorregadia e quente. Isso era mentira.
- “Eu sei que você se importava com ele,” Scott disse quietamente.



Eu o amo! Eu sempre vou amá-lo! Eu prometi a ele que nós estaríamos juntos!
Eu gritei dentro da minha cabeça, porque as palavras eram muito irregulares para
saírem. Elas arranhavam como unhas na minha garganta.
Eu voltei minha atenção para fora da janela. Eu encarei a noite, o borrão das
árvores e campos e cercas, em um momento, passaram para o seguinte. As palavras na
minha garganta se enrolaram num grito, todos os cantos vivos e a dor gelada. O grito
ficou pendurado lá, inchado e machucando enquanto meu mundo se desvendava e
deslizava para fora de órbita.
Uma pilha de metal retorcido bloqueou a estrada à frente.
Scott desviou para passar por isso, diminuindo enquanto nós passávamos. Eu
não esperei o carro parar; eu me joguei para fora, correndo. A motocicleta de Patch.
Espancada e golpeada. Eu olhei boquiaberta para ela, piscando repetidamente,
tentando ver uma imagem diferente. O metal demolido, torcido sobre si mesmo,
parecia que o motorista correu em alta velocidade e então pulou através de um buraco
no vento.
Eu aterrei minhas mãos nos meus olhos, esperando limpar a imagem horrível.
Eu procurei na estrada, pensando que ele deve ter batido. No impacto, seu corpo deve
ter sido arremessado à distância. Eu corri mais longo, um pouco mais longe,
procurando a vala, os matos, às sombras ao longo das árvores. Ele poderia estar logo à
frente. Eu chamei o nome dele. Eu andava de um lado à outro na estrada, minhas mãos
tremendo enquanto eu arava meu cabelo.
Eu não ouvi que Scott veio atrás de mim. Eu dificilmente senti seus braços em
volta dos meus ombros. O sofrimento e a angústia me sacudiram, uma presença viva,
tão real e assustadora. Encheram-me de tal frio, que doía para respirar.
- “Sinto muito,” ele disse roucamente.
- “Não me diga que ele se foi,” eu retruquei. “Ele bateu a moto dele e continuou
andando. Ele disse que me encontraria no estádio. Ele não quebraria sua promessa.” Eu
disse as palavras porque eu precisava ouvi-las.
- “Você está tremendo. Deixa eu te levar de volta pra minha casa, sua casa, a casa dele
onde você quiser.”
- “Não,” eu gritei. “Nós vamos voltar para o estádio. Ele está lá. Você vai ver.” Eu saí de
seu abraço, mas me senti insegura. Minhas pernas arrastavam um passo entorpecido
após o outro. Um pensamento selvagem, imperdoável me pegou. E se Patch tivesse
ido?
Meus pés se voltaram para a motocicleta.
- “Patch!” eu chorei, caindo de joelhos. Eu estiquei meu corpo sobre sua moto, soluços
estranhos, poderosos rompendo do fundo do meu peito. Eu estava escorregando,
resvalando na mentira.
Patch.
Eu pensei no nome dele, esperando, esperando. Eu soluçava seu nome, me
ouvindo fazer barulhos incontroláveis de angústia e desespero.
As lágrimas rolaram pelo meu rosto. Meu coração estava por um fio. A
esperança que eu agarrava sem restrições, estava à deriva fora de alcance. Senti minha
alma quebrar, peças irreparáveis de mim voando para fora.
A pouca luz que foi deixada dentro de mim se apagou.








LER MAIS CAPÍTULOS