Love Sucks Saga







2.5


Ajeitei o cabelo nervosamente me mantendo em uma bolha sufocante de privacidade. Talvez nela eu conseguisse conter meus estúpidos instintos sexuais.
Paul dava sorrisinhos sedutores e cínicos, me vendo completamente desconcertada perto dele.


-Muito bom, você está aprendendo muito bem. - Falei assim que terminei de corrigir o exercício que lhe tinha passado.


Se eu podia ter mentido e fingido que não lembrava mais de Química Avançada, claro que sim, mas eu era totalmente masoquista e fraca, acabando por ceder aos inúmeros encantos de Paul.


-Não vai ter recompensa? - Perguntou me fazendo engolir em seco e me lembrar daquela tarde quente. E não era por causa do tempo.


Forcei uma careta confusa e ele soprou um sorriso, abanando a cabeça.


-Como eu era antes? - Escutei aquela pergunta ser feita inusitadamente e só segundos depois me apercebi que tinha sido eu a fazê-la.


Paul ergueu uma sobrancelha e sorriu torto, mordendo o lábio com vontade, como se a lembrança o deixasse vulnerável a qualquer tipo de sentimentos. Seu corpo se moveu uns bons centímetros em minha direção, fazendo meu corpo se encolher com medo do seu toque. Não por medo dele, mas por medo de que eu não me contivesse caso ele estivesse perigosamente perto de mim.


-Você era atrevida, destemida, lutadora, sedutora, irresistível... - Falou se aproximando aos poucos, como se cada palavra fosse um incentivo para anular o espaço que nos separava.


Prendi a respiração. Certamente estava com os olhos arregalados temerosa dos nossos próximos passos.
Eu me proibia de pensar, porque se eu deixasse que algum pensamento povoasse minha mente, eu estava perdida, bem como meu plano de vingança.


-Eu era uma vagabunda pelos vistos. - Falei recobrando o fôlego como se tivesse estado submersa em água por horas.


Me ergui de rompante, o deixando lá, em posição inclinada, me fitando com atenção, se deliciando com a tortura que ele estava me aplicando.


-Você era uma mulher. - Falou se erguendo e se aproximando de mim como um felino; passos mansos, olhar feroz. - E era isso que mais me atraia em você. Isso é que te diferenciava das outras garotas. Te destacava. Por isso eu gostava mais de você. Minha preferida... - Aquelas palavras provocaram um misto de sentimentos em mim: surpresa e repugnância.


-Não sou mais a mesma Paul, porque você não me deixa em paz? - Pedi quase suplicante.

Eu queria que ele rastejasse, esse era o meu objetivo, mas naquele momento era eu quem quase rastejava a seus pés, de novo. Meu plano estava saindo furado. Ele tinha um qualquer feitiço sobre mim; era uma maldição. Por mais que eu o quisesse odiar, eu só o desejava. Cada vez mais. Meu corpo me traia, não adiantava minha mente comandar. Era inevitável. E ele sabia disso.

-Você continua a mesma, . Eu sinto isso. Eu vejo você lutando contra você mesma. Suas palavras contradizem o seu olhar. Você me quer. - Ele falou dando mais um passo em minha direção e dessa vez ele me tinha encurralada, pois minhas costas haviam acabado de bater contra a parede.


-N- n- não. - Gaguejei engolindo em seco e fechando os olhos.


-Então me afaste. - Desafiou. - Olhe no meu olho e diga que não me deseja, que não me quer...


-Por favor Paul. - Pedi num murmúrio, sabendo perfeitamente que não tinha sanidade suficiente para mentir mais.


Os minutos pareceram incontáveis e eu permanecia de olhos fechados, rezando internamente para que ele se afastasse, mas isso não aconteceu. Ele não iria desistir. A decisão teria de ser minha e eu sabia que estava por um fio. Lentamente abri os olhos marejados, meu coração pulava feito louco no meu peito e era impossível que ele não o estivesse escutando.

Quando o fitei, percebi que os centímetros de à pouco pareciam claustrofobicamente menores, mas bastou meu olhar se cruzar diretamente com o dele para não serem necessárias quaisquer outras palavras.

Paul circundou seus braços em torno da minha cintura, me puxando contra o seu tronco trabalhado e duro e reivindicando meus lábios para si. Seus lábios foram vorazes, esfomeados, devorando os meus sem dó nem piedade e não se passou muito até que sua língua começasse acariciando meus lábios e forçando entrada, que eu nem tinha forças para recusar, o recebendo com uma sede aniquiladora e enroscando minha língua na dele como se fosse o primeiro prato de comida de um mendigo depois de meses à fome.

Havia urgência em cada milímetro dos nossos corpos.
Uma protuberância deliciosa cutucava minha barriga fazendo meu ventre se contrair e ansiar por ela.
Minhas mãos trêmulas me faziam parecer uma iniciante, perto daquilo que eu era de verdade. Elas percorriam seus braços, tateando o terreno, medrosas de avançar, ansiosas por explorar.
As suas eram mais experientes, parecia que ele tinha mais de duas pela maneira como eu as sentia em todos os lugares: ora segurando minha nuca e repuxando meus cabelos, ora deslizando por minhas costas por baixo da blusa, deixando uma trilha de fogo em minha pele, ora apalpando minhas coxas e puxando meu corpo mais contra o seu, me erguendo em seu colo e me prensando contra a parede, friccionando nossos sexos e me enlouquecendo por completo.
Não tinha mais volta a dar. Eu tinha perdido a guerra.


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Abri os olhos lentamente fitando aquela imagem com surpresa.
Seria aquilo uma miragem? Não, a imagem continua perfeita, não está se desvanecendo. Seria um sonho perfeito? Não, era real demais.
A minha mente criava milhões de suposições para explicar o que eu estava vendo, mas aquilo era verdade.
Uma enorme sensação de euforia tomou conta do meu peito e eu precisei esticar a mão e alcançar a imagem para ter certeza que eu não tinha pirado de vez.

Paul se remexeu na cama, suspirando pesadamente e puxando meu braço para o abraçar. Mordi os lábios para não gritar de alegria e mentalmente iniciei uma dancinha bastante idiota como que comemorando minha vitória.


-Que sorriso é esse? - Escutei a voz rouca dele me perguntar, antes mesmo de ele abrir completamente os olhos e me encarar.


-É que...Eu nunca esperava me sentir assim com você. É surreal. - Ludibriei, baixando o olhar para que ele não percebesse a mentira.


-Eu também não esperava me sentir assim... - Murmurou conectando nossas almas através de um olhar, puro e intenso, me deixando sem fôlego e com o coração a mil. - Eu quero você, , só você. - Arregalei os olhos e pisquei diversas vezes.


Me apoiei sobre um cotovelo na cama, para o olhar com seriedade e atenção. Meu coração falhava batidas e minha mente tentava desvendar aquelas palavras. Mesmo que elas parecessem tão óbvias, eu ainda achava que fosse alguma partida, uma armadilha...


-O que...O que você quer dizer com isso? - Perguntei meio atônita.

Paul se colocou na mesma posição que eu, enlaçando minha cintura com o seu braço e me puxando para ele, depositando pequenos e leves beijos no meu rosto, descendo por meu queixo e terminando em meus lábios.



-Eu quero que você seja a minha garota. - Falou me fazendo engasgar na minha respiração e o olhar tão espantada que meus olhos quase saíram da órbita.


-O quê?


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-OMG! - Ela quase gritou, mas eu tapei sua boca a tempo, olhando em volta pra ver se nenhum aluno tomava atenção à nossa conversa. - Você conseguiu! - Tornou a falar, dessa vez em um tom moderado, assim que soltei minha mão da sua boca.


-Shiiiii. Eu não consegui nada, Nika. Eu perdi! - Retruquei passando as mãos nos cabelos.


-Esquece essa vingança garota. Ele te pediu em namoro, que mais você pode querer? - Ela me deu um soco no braço e eu encolhi os ombros indecisa.


-Eu não sei como agir agora, Nika. Devo continuar fingindo que estou sem memória ou fingir que a recuperei, do nada! - Cruzei os braços, me encostando na parede do prédio lateral do colégio, onde os alunos se reuniam nos intervalos das aulas para rir e conversar besteiras.


-Eu acho que primeiro você deveria de falar com Seth. Afinal vocês ainda têm um rolo... - Nika sugeriu e eu mordi o lábio, me recordando desse pequeno pormenor.


Como eu iria explicar para Seth que eu estava namorando com Paul?

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Eu estava ferrada. Por que mesmo que eu fui me envolver com o Seth e o Paul ao mesmo tempo? Ah sim, pra fazer ciúmes no Paul e fazê-lo me desejar. Beleza, consegui. De forma meio torta, mas consegui. E agora?

A antiga simplesmente o chutaria e dane-se. Eu não era mais a mesma. Não vou dizer que virei santa e estou arrependida. Mas, nessa história toda, eu mudei. Tenho que assumir isso.

Seth era um menino-homem, fofo demais para ser machucado. Não queria fazê-lo sofrer, ele não merecia isso. Ele era bonzinho demais pra isso, inocente demais. Não queria destruir sua essência. Mas, como eu faria isso?

Minha perna balançava freneticamente de nervosismo e meus olhos focavam inteiramente no relógio de parede que pendia acima da lousa enorme da sala de aula, onde a professora de Geografia escrevia uma matéria qualquer que eu não prestava atenção.

Quer quisesse quer não, teria de falar com Seth o quanto antes. Porque se ele não descobrisse pela minha boca, ele descobriria pela boca dos outros, ou até mesmo pelos seus próprios olhos.

E, bom, era do meu caráter deixar que Seth descobrisse por ele mesmo, mas algo me impedia de agir assim. Desde aquele dia na floresta, algo tinha mudado em mim. E Seth realmente era tão puro que era incontestável para mim agir propositadamente para o magoar.

Assim que o sinal tocou, arrumei apressadamente as minhas coisas e saí correndo pelos corredores do colégio, procurando por Seth.

O achei junto da gangue, mas para a minha sorte, Paul ainda não estava reunido com eles e pela maneira carinhosa com que Seth me olhava, ainda não haviam se encontrado de todo.

Seth andou até mim quando eu parei a meio do caminho e o chamei com a mão. Fui andando para um local calmo e isolado onde pudéssemos conversar à vontade.


-Ei ! - Seth se aproximou sorridente, me pegando pela cintura e depositando docemente um beijo em meus lábios.


Forcei um sorriso e mantive meu olhar longe do dele, buscando as palavras certas para revelar a mais dura das verdades. Por fim, resolvi não ser direta.


-Preciso falar com você, Seth. - O sorriso em seu rosto morreu.


Ele certamente percebeu que algo tinha acontecido. Engoliu em seco e abanou a cabeça como se me dissesse para prosseguir. O problema era que eu não fazia idéia de como.


-O que anda rolando entre a gente foi muito bom... - Eu tentei começar, mas não conseguia continuar. Felizmente, ou infelizmente, ele percebeu o rumo da conversa.


-Mas...? - Sugeriu.


Cadê a coragem ? Cadê? Resolvi não comentar sobre o Paul, talvez a facada não fosse tão ruim.


-Eu acho que não consigo mais prosseguir com isso. - Mordi os lábios. Vi um relance de tristeza em seus olhos.


-Posso saber o por quê?

-Você é muito fofo, Seth! Demais, e eu acho que eu não sou a pessoa certa pra você. Prefiro terminar antes que eu te machuque. - Preferi falar uma verdade do que mentir.


-Sou eu quem tem de achar isso, , não você! - Ele falou um pouco chateado.


-Acredite em mim Seth, eu não mereço você. - Cruzei os braços e revirei os olhos.


Ele se aproximou de mim levando suas mãos ao meu rosto. Um de seus polegares acariciaram minha face enquanto disse firmemente:

-Eu não acredito nisso.


Suspirei buscando forças.


-Seth... Não faça isso ser mais difícil do que já está sendo. - Levei um de minhas mãos a uma das suas e olhei em seus olhos. - Por favor?


Percebi que aquilo mexeu com ele. Ele fechou os olhos e suspirou. Lentamente ele se inclinou pra me beijar e eu vi aquilo como um beijo de despedida. Dei-lhe esse momento e por fim ele se afastou suspirando.

-Até algum dia, .


-Até. -Depois disso ele virou as costas e foi embora, e só assim me permiti deixar que uma singela lágrima deslizasse pelo meu rosto, a qual tratei logo de a enxugar.


Me sentia tão ridícula agindo dessa maneira por causa de um garoto que eu sequer gostava. Se ele era boa pessoa, sim, mas em que isso me influenciava? NADA!
Ri da figura que fiz, chorando e demonstrando pena por alguém que eu apenas usei para atingir meus objetivos, mas ao mesmo tempo algo dentro de mim me repreendia por pensar dessa forma.
Logo tratei de afastar esse pensamentos da minha cabeça e tomar meu caminho para as aulas seguintes. Agora eu podia me sentir leve e aliviada por me ter livrado de um possível problema.
Agora eu era toda de Paul.


[Nota da Raquel: As meninas que amam o coisa-gostosa-de-mamae do Seth podem ficar tranquilas. A participação amorosa dele na vida da Alyenna acabou. Podem me agradecer por esse término “fofo”, eu não ia permitir que a maldade da Suh ferrasse com o coraçãozinho do meu bebê.]


POV Paul

Quando se perdeu na floresta por minha causa eu me senti um lixo. Tinha agido de forma ciumenta por causa daquele Cullen que ousou se aproximar de uma das garotas da reserva. E pior que ser uma das garotas da reserva, era ser . A minha garota.
Não importava mais o que eu quisesse, meu lobo só suportava o cheiro dela, só desejava o seu corpo e por mais que eu lutasse contra, era impossível.
Fiquei tão furioso e desiludido quando soube que ela tinha me desobedecido e ido se meter com os sanguessugas, como se ela soubesse perfeitamente com quem eu não queria que ela se metesse.
Isso me levou de tal modo à loucura que se eu não me afastasse de imediato dela, as coisas teriam corrido realmente mal.

No entanto, acabou que no final de tudo realmente se machucou. Sam bloqueia muito o que realmente aconteceu naquela noite na floresta quando ele e Jacob acharam ela perto da fronteira, onde os Cullen estavam prestes a pular. Misteriosamente e sem motivo aparente, Jacob nunca mais se transformou desde aquele dia. Entretanto Bella se casou e isso também mexeu com os miolos dele. Mas, quando tentamos bisbilhotar a mente de Sam enquanto lobos, ele nos proibiu veemente em tom alfa de não voltar a fazer isso, não sem antes deixar escapar um fragmento onde Jacob estava, em forma de lobo, agachado ao pé do corpo de ... Depois disso mais nada.

Infelizmente, ninguém mais estava transformado naquela altura para poder nos transmitir o que Sam se recusava a mostrar quando ele mesmo tinha relatado por palavras que nada demais tinha acontecido. No entanto todos sabíamos que ele estava mentindo e escondendo algo relacionado a Jacob.
Quando se recuperou foi um choque para mim descobrir que ela estava completamente desmemoriada e, pior de tudo, que ela perdera totalmente o interesse por mim. Foi como um ataque ao meu ego. Logo ela! De entre todas, logo ela tinha de ter perdido o interesse por mim.

E como se o destino quisesse se rir às minhas custas, ela tinha se interessado por Seth. Pelo boboca do Seth!
Tudo isso junto, me frustrou tanto que praticamente parei de procurar garotas e apenas me foquei em achar um jeito de reverter isso tudo.
Para não falar da chacota que os outros idiotas faziam de mim exatamente por esse motivo e, claro, por não parar de pensar em alegando que eu estava apaixonado enquanto eu os chamava de loucos. Não era paixão. Não podia ser. Eu era incapaz de me apaixonar por alguém. Para quê? Para me prender a um conto de fadas de quinta? Viver atrelado a alguém sem poder provar a fruta da vizinha? Para aguar como um cão esfomeado quando passa uma cadela apetitosa. E no entanto toda essa idéia não me parecia de todo absurda se me imaginar do lado de .

E claro, isso só me trouxe grandes picardias com Seth. Não que eu me sentisse inferior ao virgenzinho fofinho, ele pode ser um bombom, mas eu sou um bolo. Pra quê se deliciar uma só vez quando pode comer um bolo inteiro até se fartar? E NÃO ERA menina de bombons.
Na festa do lual eu estava mais do que decidido a fazer frente a Seth e ganhar para mim e lá eu percebi que ainda mexia com ela. Por mais que ela não se lembrasse de mim nem do que sentia por mim, dentro dela, bem lá no fundo, eu ainda mexia com ela.

Flashback on

-É engraçado como antes você ansiava por meu toque e hoje se afasta com repulsa. Será que seu sentimento por mim foi apagado junto com a sua memória? - Indaguei me fingindo de magoado.


-Não sei do que você está falando. - Se fez de desentendida, mas eu senti perfeitamente quando seu corpo vibrou ante o meu toque, como que me reconhecendo e me desejando intimamente.


-Claro que não sabe. E é isso que me atiça mais. Você não lembrar de nada. É como se você fosse uma nova pessoa... Uma nova conquista... - Fiz meu jogo, mas ela se afastou ofendida, me lançando um olhar que me pareceu confuso com algo que se passava dentro dela.


Distraída acabou trombando em Seth e ri quando percebi a cara furiosa dele.

-Eu avisei que não ia desistir. Ela ainda me quer. - Murmurei bem baixo, mas o suficiente para que ele escutasse e se exaltasse a ponto de Sam arrastar para longe dele e nos mandar aos dois para a floresta.

Flashback off
E depois disso foi um carrossel até chegar onde eu estava agora, na cama de , fazendo amor com ela mais uma vez naquela noite.
Dessa vez em comemoração por eu a ter pedido em namoro.
Sim, pedido em namoro. Depois de todo aquele meu blablabla de não atrelar e fruta alheia... Enfim, eu tinha cedido a porque para a ter pra mim eu tinha que garantir que mais ninguém a teria.

Nessa manhã, depois que saiu para a escola, decidi passar por casa primeiro para comer bem. Não estava muito afim de ir às primeiras aulas, sendo que agora eu tinha minha professora particular, e eu também queria ainda dormir mais um pouquinho.
Já era final da manhã, perto da hora do almoço, quando acordei decidido a ir buscar para um passeio íntimo. Estava chegando perto da escola quando vi Seth vageando a meio fio da floresta, mãos socadas nos bolsos e cabisbaixo. Nesse momento percebi que tinha terminado seu casinho com ele e apesar de estar feliz por isso, não consegui me sentir 100% feliz. Afinal aquele era meu irmão e os sentimentos eram partilhados em grupo como se fossem os nossos próprios.

Decidi não ir falar com ele no momento, mesmo que o meu eu-egoísta quisesse esfregar na cara dele que agora EU estava com ela.
Dei a volta à escola e pulei os muros que davam para a parte mais escondida do colégio, por entre umas árvores e o prédio traseiro, que quase nunca era frequentado.
Estava pronto a me esconder aí até que o sinal tocasse. Não queria trombar com o zelador ou com algum professor, no entanto tive de me esconder ainda mais, pois escutei vozes vindo na minha direção.

-Porque me arrastaram até aqui? - Escutei uma voz conhecida, mas pouco familiar perguntar.


-Roxie, temos algo a te confessar. - Dessa vez a voz era mais familiar. Era a de Shannika, melhor amiga de . Será que ela estava junto?


-Eu tenho, na verdade. - Era ela. As três estavam juntas. O que será que ela tinha a contar? Seria sobre o nosso namoro? Mulheres...


-Assim vocês estão me assustando. Tanto suspense... - Roxanne comentou e espreitei para ver onde elas estavam.


-Então, eu queria dizer que não te falamos nada antes não foi porque não confiássemos em você, mas é que...Foi necessário. Eu nem sequer contei à Nika, ela descobriu sozinha. - tagarelou nervosa, abanando muito as mãos.

-Fala logo! - Roxanne exigiu irritada.


-A mentiu sobre a perda de memória. Pronto, falei. - Shannika falou tudo tão rápido que eu mal consegui absorver o sentido daquela frase.


- Como é que é?- A outra perguntou esganiçada enquanto eu tentava processar o que ouvi. - Que história é essa?


Mas, bastou dois segundo para que meu cérebro processasse tudo e meu corpo começasse a tremer. Tentei me controlar pra tentar ouvir tudo.

-Eu menti esse tempo todo pra todo mundo. Naquela noite que eu fui parar na floresta, o Paul tinha me rejeitado e eu fiquei com muita raiva dele e quis que ele se sentisse culpado. Resolvi fingir que tinha perdido a memória pra esnobar ele pra fazê-lo correr atrás de mim. Acabou que deu certo e ele me pediu em namoro ontem. Foi isso - Aquela piranha desgraçada terminou de falar. Eu não conseguia acreditar em tudo aquilo. Desgraçada! Me fez esse tempo todo de bobo... E eu cai feito um patinho! Vadia!


Não aguentei mais ficar ali, se eu não saísse logo eu ia pular no pescoço dessa infeliz! Pulei o muro e corri em direção à floresta, me transformando antes mesmo de a alcançar e agradecendo por aquela parte ser tão escondida pelos muros da escola e as altas árvores da floresta que raramente alguém ia para lá ou alguém sequer podia me ver transformando.

Minha mente se conectou à dos meus irmãos que escutaram todos os meus pensamentos, inclusive a mais recente revelação de . Seth também estava lá e sua reação foi tão má quanto a minha. Mas, ele estava mais desiludido do que enraivecido. Essa parte cabia a mim.

A minha fúria era tão grande que eu tive que me segurar para não dar meia volta e ir atrás dela. Mas, a sorte dela era que era apenas uma estúpida humana. O que eu precisava agora era de vampiros. Muitos vampiros. Eu precisava matar!

Fim POV Paul