Love Sucks Saga






2.6 

Me sentia muito mais leve ao sair do colégio. Havia terminado na boa com o Seth, contei a Roxanne toda a farsa... Parecia que um peso tinha sido tirado de meus ombros. Agora eu podia ir linda e bela atrás do meu, agora oficialmente MEU, Paul.
Falando nele, ele estava encostado num poste logo na saída do colégio. Não sei porque resolveu faltar, mas isso agora não interessava. Eu só queria chegar logo até ele e poder beijar aquela boca maravilhosa. Mas, parecia que todos os alunos do colégio resolveram sair ao mesmo tempo que eu e ficar no nosso caminho. Argh!
Após conseguir me esquivar de todos aqueles idiotas, pude analisar melhor Paul. Ele estava muito gato numa bermuda marrom meio surrada e estava totalmente sem camisa. Vou ter que ter uma conversinha com ele... Não quero todas essas piriguetes olhando o tanquinho do MEU homem. Mas, ao analisá-lo melhor percebi que quanto mais eu me aproximava, mais a cara dele fechava. Nem parecia que tinha me pedido em namoro ontem. O que será que houve?

-Ei amor. - Resolvi cumprimentar primeiro, antes de saber o que ele tinha, mas meu beijo ficou no ar, quando ele desviou o rosto prontamente e fechou suas mãos de aço em volta dos meus braços, me afastando, mas sem me largar.

Meu coração deu um solavanco no peito tentando imaginar o porquê da frieza dele, bem como porque seus olhos estavam faiscando de raiva e seus lábios estavam comprimidos em uma linha curva, insatisfeita.

-Ei, está tudo bem? - Perguntei gaguejando e engolindo em seco.

Ele deu um sorriso pequeno e irônico e me fitou com tanto desprezo que senti meu estômago embrulhar.

-Como você pode ser tão falsa? - Perguntou me soltando e mantendo as mãos o mais longe de mim possível, mas caminhando em minha direção de forma tão ameaçadora que eu precisei recuar. 

-Do que você está falando? - Minha voz perdeu a força e as palavras não soaram mais do que um sussurro, tentando entender o que tinha acontecido para ele estar falando e reagindo daquela maneira comigo.

Paul riu alto, um riso seco, cruel e arrepiante. Esse riso chamou a atenção dos alunos, que ficaram nos olhando tentando entender o que estava acontecendo.

-PÁRA DE SER CÍNICA! - Ele gritou furioso, me olhando com uma expressão tão assustadora que eu quase comecei chorando de medo.

-Paul, eu juro que não estou entendendo. O que está acontecendo? - Tentei manter a calma, apesar de tudo.

-Eu ouvi tudo, , eu ouvi muito bem o seu planinho escroto de vingança. Sua tentativa de me fazer rastejar por você. DE ME FAZER DE IDIOTA! - Falou bem alto tomando de vez a atenção de todo mundo, que já se reunia perto de nós numa espécie de rodinha, onde nós éramos o centro.

-Paul, se acalme. Vamos conversar em outro local. - Mesmo que sua frase tenha feito minha espinha gelar por ter sido descoberta, pedi olhando em volta e vendo todos os alunos cochichando, mas ele me ignorou.

-Como você pode ser tão baixa, . Brincar com a própria saúde? Fingir perda de memória? - Ele falou em alto e bom som, não querendo saber se era palco para espetáculo e escândalo ou não. - Tudo isso para quê? Para eu fuder você outra vez? - Riu com escárnio. - Como você é baixa! Se quer tanto dar para os outros, vai pra esquina rodar bolsinha que é mais fácil! - Zombou, fazendo todo o mundo rir junto e apontar o dedo para mim.

-Paul, por favor, me escuta. Não é nada disso. - Falei tentando ignorar os outros. O único que me importava ali era Paul.

-Escutar o quê? Suas mentiras? Vai tentar me seduzir de novo, usando roupinhas de vagabunda júnior e fazendo strip-tease? Se for isso vá, faça isso. Faça isso aqui e agora. Se for bom ainda pode ganhar uns trocados. Vai que você gosta e decide fazer carreira? Jeito de puta você já tem.

As palavras de Paul eram como farpas em meu peito. As lágrimas já deslizavam pela minha cara e a humilhação tomava conta de cada célula do meu corpo. Os outros alunos riam alto com os celulares nas mãos, enviando torpedos e me filmando, mandando eu me despir e me insultando de tudo que eram nomes.
Busquei o olhar das minhas amigas, mas nenhuma delas estava presente, me fazendo ofegar e tentar achar uma forma de sair dali o quanto antes. Mas, antes que eu pudesse tentar falar de novo com Paul para me desculpar pela burrada que fiz e pedir que ele esquecesse tudo isso e que me perdoasse para que o nosso namoro pudesse dar certo, senti algo se quebrar contra as minhas costas.
Me voltei para ver o que era e percebi de imediato ser um ovo.
Um grupo de alunos que não estava ali antes, trazia em suas mãos ovos, tomates e um sorriso de deboche na cara. Naquele momento percebi a intenção deles e tentei fugir, mas uma mão quente e conhecida puxou meu braço e me manteve no centro do círculo.
-Você tem muita sorte de eu não te encher de porrada, . Nunca mais olhe de novo na minha cara. - Paul murmurou em meu ouvido, me jogando aos “leões” e me abandonando ali, no meio do circo, sendo alvo de comida e humilhações.

Me agachei no chão, protegendo meu rosto e minha cabeça ao mesmo tempo que soluçava alto, sentindo uma enorme vontade de vomitar e de gritar.
VAGABUNDA. CACHORRA. PIRANHA. VADIA. OFERECIDA. APRENDIZ DE PUTA.
Eram tantos os insultos, tanta a chacota, os risos, tanta a agressão que eu sentia quase como se fosse físico. Os ovos e tomates pareciam como pedras em meu corpo, mas o que mais me magoava e humilhava foram as palavras de Paul. O que ele me disse não teria tanta importância para mim se fosse dito pela boca de outra pessoa. Mas, foi pela dele.
Nunca mais olhe de novo na minha cara.”

O nojo com que ele falara, a sua expressão nauseada e enfurecida, o ódio em seu olhar. Eram como murros em meu estômago e peito, roubando o meu ar e me fazendo querer vomitar. Juntando a humilhação pública, estava sendo insuportável para mim.
Eu só queria que acabasse, que acabasse logo e como que ouvindo minhas preces o apito do zelador e os seus gritos dispersaram os alunos e toda a multidão que tinha se aglomerado para ver o escândalo.

-! - Escutei os gritos aflitos de Shannika e Roxanne, que me alcançaram por fim e me ajudaram a erguer do chão.

-O que aconteceu? - Nika perguntou me puxando para um abraço quando me escutou chorando convulsivamente.

-Pa- aul escu- tou tudo. - Contei entre soluços limpando dos meus braços a meleca de ovo e tomate que escorria numa fórmula gosmenta.

-Como assim? Como ele escutou? Ele não estava por perto. - Nika se questionou me ajudando a tirar o que a gente podia do meu corpo.

-Não importa, Nika. Ele me escutou. Ele me humilhou e incitou todos a me humilharem. Ele disse coisas tão cruéis. Doeu muito. - Choraminguei passando a mão no peito.

-Ele não podia ter feito isso com você. - Roxanne se manifestou revoltada.

-Meninas, o Diretor quer falar com vocês. - O zelador comunicou com um ar pesaroso, não entendendo o porquê da humilhação. - Apanhei alguns dos responsáveis pelo roubo de alimentos do refeitório e eles já estão na diretoria. Não se preocupe que isso vai ser resolvido, está bem?

-E onde o senhor andava quando isso tudo começou? - Shannika perguntou irritada.

-Estava prestando serviços na outra ala da escola...E isso não lhe diz respeito, mocinha! Agora vamos. - O zelador nos guiou, infelizmente, pois eu só queria ir pra casa me limpar depois de tudo aquilo.

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-Não é possível. Eu continuo sem acreditar! - Mamãe se indignou com uma mão na cintura e outra massageando as têmporas, caminhando de um lado para o outro feito uma barata tonta.

-Eu não sei a quem essa menina saiu. Desde pequena sempre trazendo problemas. Isso foi o limite! - Papai bradou irritado, seu rosto vermelho e cheio de veias, seus olhos esbugalhados.

-Em que você estava pensando, garota? A Reserva inteira está comentando. - Falou lamentando. - Rindo da gente, Peter! - Comentou magoada. - O que a gente faz?

-Manda ela para Atlanta. É a única solução. Só o irmão para dar um pouco de juízo nessa garota. - Papai falou e eu me ergui do sofá indignada, finalmente me pronunciando depois de todo o sermão.

-Eu não vou para lado nenhum! - Falei um tom mais alto, enfrentando meu pai, coisa que eu raramente fazia.

-Ah vai sim mocinha! Isto se não quiser ir para uma casa corretiva. - Estendeu o dedo na minha direção, me fazendo encolher.

-Isso não é justo...

-JUSTO!? - Mamãe se exaltou. - E o que você fez com a gente? Mentir. Você mentiu para o médico. Você enganou todos. Você jogou o nome da nossa família na lama! O que estão te chamando por aí... - Fez uma pausa dramática, inspirando fundo e contendo o choro. - Estão me acusando de ser uma péssima mãe, de ter criado um monstro... A única pessoa que você respeitou sempre foi seu irmão. Sempre escutou os conselhos dele. Você irá sim para Atlanta ou então eu te boto no olho da rua para NUNCA mais você voltar. - Abanei a cabeça sentindo meu rosto se molhar com minhas lágrimas.

Sabia que não podia dizer nada sobre o assunto e o que mais me custava era que tudo isso era por causa de Paul. Não, por minha causa. Por ter sido TÃO burra em ter acreditado em Paul e por ter me desviado do propósito de me vingar dele.
Corri para o meu quarto me trancando nele, pegando no telefone de casa e discando o número de casa de Shannika, visto que o celular dela estava desligado há dias.

-Alô?

-Nika. - Falei aliviada por ter sido ela a atendar. - Não diga o meu nome, só me escuta. - Pedi e ela assentiu com um som indistinto. - Meus pais querem me mandar para Atlanta. Minha casa foi pichada me insultando. Paul me humilhou e eu estou com muita raiva. Eu nunca devia ter deixando que ele me seduzisse. Devia ter prosseguido com o meu plano de vingança e fazê-lo rastejar aos meus pés, implorando que eu voltasse para ele para no final eu rejeitá-lo.

-Esse era o seu plano? - Ela soltou uma risadinha.

-Mais ao menos... Ah, o que importa? Importa que agora eu preciso que ele arque com as consequências do que me fez.

-Olha, vou ter de desligar. Meus pais estão no meu pé. Eles não querem que eu fale com você. Desculpe. Tchau. - Se despediu desligando de seguida o telefone e me deixando com o meu na mão, triste por estar sendo barrada do apoio das minhas amigas.

Roxanne também tinha sido proibida de falar comigo e juntando ao fato de eu não poder mais botar os pés na escola por medo de linchamento, já que por celular eu era bombardeada com torpedos ofensivos e cheios de ódio de gente que NADA tem a ver com a minha vida.
Eu tinha a reputação destruída e isso não tinha mais volta. Não tinha ninguém mais a quem recorrer. Meus pais estavam furiosos e envergonhados de mim. Minhas amigas proibidas de falar comigo e o garoto que eu amava me odiava e tinha me botado nessa roubada.
Talvez a única solução fosse mesmo ir para Atlanta e começar de novo.

Afundei o rosto na almofada a encharcando com as minhas lágrimas e abafando os gritos nela. Mas isso era insuficiente.
Me ergui de rompante caminhando até minha bolsa e procurando pelo estojo de maquiagem e o vasculhando com cuidado. Lá achei o que queria. O bisturi que roubara do hospital e que nunca tivera a oportunidade de voltar a utilizar. Aliás, desde que saí do hospital não voltara mais a me cortar, mas hoje eu precisava desesperadamente de o fazer. Precisava aliviar a raiva contida e a dor que se acumulava como uma bola de neve.
Peguei uma toalha e a coloquei sobre a cama me sentando em cima dela e fazendo pequenos cortes pelo lado de dentro das coxas. Pequenos, mas um pouco mais profundos que o recomendável. E a cada corte eu continha um grito e apertava a almofada com tanta força que cheguei a furá-la com as minhas unhas. Mas, só assim eu sentia um certo alívio interior. E no entanto, ainda era insuficiente.

POV Jacob Black 

Sabe aquele ditado popular que diz que “um desastre nunca vem só” ou então aquele que diz “se algo corre mal, não espere que melhore, espere que piore”, etc?
Bom, minha vida se resumia a basicamente isso. Um desastre atrás do outro, sempre um pior que o anterior. E tudo isso desde que me transformara em um lobo do tamanho de um cavalo.
E se as coisas tivessem parado por aí, tudo bem, eu realmente não me importaria, mas juntando a isso o fato da minha melhor amiga, e a garota por quem eu estava apaixonado, namorar com um vampiro, meu maior inimigo natural e mortal, as coisas realmente ficaram fora do meu limite de controle. E, cara, eu realmente preferia que tudo tivesse parado por aí! Mas, os malditos ditados tinham de se reafirmar e tinham de tornar a minha vida num martírio ainda pior do que ao que eu já estava passando.

Eu devia de ter me mantido bem longe de La Push para sempre e nunca cogitar a hipótese de retornar. Teria evitado uma nova dor de cabeça, mil vezes pior do que a rejeição da Bella e o seu estúpido noivado com o sanguessuga purpurinado. Podia ter evitado um imprinting!
Há semanas que tinha abandonado La Push a fim de descontar a minha raiva em corridas pelo continente americano, caçadas selvagens e uma vida de lobo solitário.
De alguma forma eu tinha conseguido cortar completamente comunicações com o bando e apenas me conectar quando eu realmente queria me comunicar e avisar que, onde quer que eu estivesse, eu estava bem.
Mas, naquele dia eu resolvi voltar. Por alguma necessidade estúpida eu quis voltar. Não me lembro mais se foi por causa de Bella, se foi pela saúde fragilizada do meu velho ou por outro motivo qualquer.
Flashback ON 

Eu havia alcançado solo Quileute quando senti a mente de Sam tentar invadir a minha. Ele sabia que eu estava por perto, pois Seth tinha cruzado comigo, horas antes, e estava em meu alcance e com certeza o tinha alertado sobre o meu retorno.
Quando nos encontramos apenas os dois transformados, deixei que sua mente se conectasse com a minha para me colocar a par de algumas novidades.
O tempo tinha fechado e chovia fortemente e Sam acabara de me contar que Bella iria se casar essa semana. A raiva cresceu dentro de mim quando ele avisou que o cabeça de fósforo iria transformá-la na lua-de-mel e que os outros lobos queriam quebrar o tratado e aniquilar de uma vez por todas os Cullens.
Minha mente ficou turva quando o vento soprou na minha direção trazendo consigo o cheiro ácido e enjoativamente doce dos vampiros. E estes eram uns vampiros bem específicos.
Expulsei de uma vez por todas Sam da minha mente e corri na direção do cheiro. Ele me levava perto da fronteira onde outro cheiro mais suave se propagava, quase inodoro de tão suave que era comparado ao dos vampiros. E esse cheiro suave só podia indicar uma coisa: HUMANOS!
Essa constatação fez meus sentidos se apurarem e minha corrida acelerar ainda mais. Senti Sam correr do meu lado, tentando me alcançar e aposto que em sua mente ele gritava apelos para que eu parasse, pois eu sentia com toda a sua força ele tentando infiltrar em minha mente. 

Travei o passo quando avistei Emmett querendo pular o pequeno riacho e passar para o lado de cá, quebrando assim o tratado, mas Jasper e Rosalie o seguraram enquanto eu e Sam rosnávamos alto.

- está mal! Ajudem-na. - O grandalhão pedia parecendo verdadeiramente preocupado e por momentos deixei que Sam entrasse em minha cabeça.

Trate da humana. - Pedi querendo pular o rio e destroçar cada um daqueles sanguessugas fedorentos, mas dei brecha suficiente para que Sam desse uma ordem alpha em mim, coisa que eu pensei que não surtia mais efeito desde que eu partira e me desconectara do grupo, mas que naquele momento estava me quebrando.

Não ouse quebrar o tratado! Leve a humana daqui agora! - Sua ordem reverberou em minha mente num eco duplo, me vergando à sua ordem.

Indignado e furioso eu me afastei, o expulsando de vez da minha mente para que não houvessem mais deslizes desses e para que eu pudesse xingar bastante, é claro. Me aproximei do corpo caído e fixei meus olhos nela, que pestanejavam fracos, e foi quando tudo aconteceu.
Eu não entendia tudo o que se passava dentro de mim naquele momento, algo me fazia ter sensações intensas em relação àquela garota, como se minha vida dependesse dela e eu fizesse de tudo para que ela ficasse bem e fosse feliz. Era uma sensação semelhante à que Sam teve quando olhou Emily pela primeira vez e quando Jared cruzou de novo o seu olhar com o de Kim, depois de se transformar. Só que eu o sentia mil vezes mais forte porque dessa vez estava acontecendo comigo. Justamente comigo que sempre o repudiei. Agora eu entendia meus irmãos, não tinha como não olhar para aquele rosto e não querer ver um sorriso em suas bochechas, mais gratificante somente se eu fosse o motivo dele. Como alguém podia amar e ter tamanha devoção por alguém em tão poucos segundos? É o que quem nunca passou por isso se pergunta. Era o que eu perguntava até pouco tempo atrás. Mas, agora era diferente. Eu sentia na pele todas aquelas sensações, eu já não conseguia saber o que estava acontecendo ao meu redor. Minha visão se focava única e simplesmente na garota a minha frente, meu imprinting.

Minha atenção foi tomada de volta quando Sam rosnou alto e tomou a frente quando Emmett ameaçou silenciosamente pular para este lado nos acusando de estarmos mais preocupados em mantê-los longe das nossas terras do que em cuidar de . Esse era o seu nome...
Instintivamente me coloquei em estado de defesa perto do corpo do meu imprinting e rosnei em ameaça, dando um pré-aviso de que se ele ousasse se aproximar eu não hesitaria em estilhaçá-lo.
Jasper e Rosalie o puxaram de volta, o impedindo de quebrar o tratado, enquanto Carlisle tentava acalmar Sam e amenizar a situação.
O Dr. Caninos soprou algumas recomendações médicas as quais eu sinceramente ignorei, pois não conseguia parar de admirar , que retribuía com seu olhar fraco. Mas, quando seus olhos se fecharam por completo eu realmente tomei sentido da situação. Me destransformei de imediato quando vi que ela estava entrando em hipotermia e havia perdido os sentidos. Precisava aquecê-la com o calor do meu corpo e levá-la o quanto antes para longe dessa tempestade que estava rebentando no céu. Em forma lupina eu era bem mais rápido, mas com ela desacordada desse jeito não havia como carregá-la.
Só deu tempo de vestir a bermuda que eu tinha amarrada em volta do meu tornozelo e corri com ela em meus braços, a apertando contra mim e a aquecendo.
Sam corria ao meu lado e quando chegamos perto da vila, Sam me travou e se destransformou.

-Vá atrás do seu pai, Jake. Ele precisa de você. Eu cuido dela. - Sam falou, mas eu recuei com ela em meus braços.

Ele me olhou confuso, os olhos estreitos me analisavam e em segundos a sombra de entendimento se espelhava em seu rosto.

-Não fala disso para ninguém Sam. É um pedido de irmão! Eu preciso de lidar com outras coisas. - Pensei no casamento de Bella e em que eu precisava de impedi-la de cometer uma loucura.

Não mais pelos mesmos motivos de antes, orgulho ferido, mágoa e dor de rejeição, mas por amizade. E por honra. Aqueles sanguessugas não podiam sair impunes disso! Mesmo que fosse decisão dela, eles não podiam pegar na vida dela e destruí-la. Eu precisava impedir. Ou eu deixaria que a guerra rebentasse sobre essas terras e destruiria Edward Cullen com as minhas próprias mãos.
Sam assentiu com a cabeça ao meu pedido, mesmo que não entendendo 100% da situação e eu passei para os seus braços, me sentindo igual a uma criança que empresta seu brinquedo favorito.

Flashback off 

Como sempre as minhas tentativas de fazer Bella abrir os olhos para a decisão estúpida que estava tomando foram inúteis, visto que aquela garota devia ter alguma falha cerebral.
De nada adiantou eu ter ido no seu casamento - ok, eu cheguei um pouco tarde, devia de ter aparecido na parte em que o padre pergunta: “se há alguém contra esse matrimónio, fale agora ou se cale para sempre”, mas cheguei na altura do copo d´água momentos antes dela partir com ele para onde quer que fossem e se entregar à morte como se fosse dormir em uma cama de plumas. Não adiantou de nada eu ter tentado segui-los até ao Brasil quando eu perdi o rastro deles no mar. Eu havia perdido essa guerra. Não podia mais lutar contra a vontade suprema de Bella e evitar de perder uma amiga. Eu não podia mais proteger quem não queria ser protegido. Bella tinha desistido. Ponto. Ela não queria saber dos pais nem dos amigos, passaria por cima dos sentimentos de quem fosse preciso para alcançar os seus objetivos. E só agora eu tinha percebido isso.

Ok, podem me chamar de crente, de otário, de bocó. Ir atrás de Bella e esperar um milagre? Bom... Eu sou assim. Não desisto de quem eu gosto, por mais patadas que receba eu luto até o fim. Mas, agora eu não podia mesmo fazer mais nada. Já haviam se passado quase duas semanas desde que parti, estava na hora de voltar pra casa. Voltar para resolver meu outro assunto pendente. Era agora que eu teria de chegar em e falar para ela toda essa porcaria sobrenatural em que ela vivia e não fazia a mínima idéia. Era agora que eu teria de ter estômago suficiente para esperar um não e tentar de tudo para fazer com que ela fosse feliz, mesmo que não fosse do meu lado. Eu queria conhecê-la melhor, fazer parte da vida dela, de uma maneira ou de outra. Ela me teria para toda a vida. Eu estava condenado. E agora essa penitência não me parecia tão ruim como eu pensava. Parecia quase como uma benção.

Caminhei pelas ruas de La Push em direção à casa dela e travei bruscamente quando a avistei, completamente pichada de insultos horrendos e suja de comida podre que havia sido jogada contra a parede. Meus instintos me alertaram, apurando meu olfato e minha audição para detectá-la dentro de casa, mas ela não estava.
Contornei a residência e parei debaixo da janela do quarto dela, pulando dentro da varanda e agradecendo pela porta estar destrancada.
Entrei no quarto o fitando com muita atenção, sendo atraído por uma zona do quarto completamente destruída. O closet estava totalmente aberto, cabides e mais cabides de roupas jogados no chão e uma comporta de madeira aberta. Me aproximei para olhar de perto o que tinha dentro do buraco e me surpreendi quando achei fotos picotadas, dentre elas havia uma que ainda se via o rosto da pessoa e me surpreendi ao reconhecer Paul; havia também roupas de homem destruídas e eu sinceramente esperava com fé que não fossem dele, mas o cheiro forte amadeirado o denunciava.

Este não podia ser o quarto de , ou podia? O cheiro dela estava impregnado em cada canto dali, mas a incredulidade do que eu estava vendo me dizia que era impossível que aquele quarto fosse realmente dela.
Recuei três passos, tropeçando em alguma coisa. Me voltei e me agachei quando vi que derrubara o conteúdo de uma mochila de onde uma toalha ensanguentada espreitava para fora. A peguei em minhas mãos e de dentro dela caiu um bisturi sujo. O cheiro doce e suave indicavam que aquele era o sangue dela. Mas como?
Minha cabeça explodia em dúvidas. O que estava acontecendo ali? O que significava tudo aquilo que eu estava vendo? Aquela não podia ser a minha ! Ela não podia ser assim...
Maldito imprinting! Até quando é pra me ligar eternamente com alguém, o faz com uma louca? E pior...Louca por um irmão meu!
Meus olhos percorreram cada canto do quarto, parando sobre a cama, onde um envelope fora depositado em cima da almofada. Caminhei até lá não hesitando em abri-lo, retirar a carta de dentro e lê-la.
“Me acusaram de amar de mais.
Quem me acusou nunca amou, nem sabe o que é gostar tanto assim de alguém. Não sabe o que é sacrificar, errar, lutar por esse pessoa.
Sim, eu errei. Fiz coisas de que me arrependo para no final ser humilhada dessa forma. E acreditem, a humilhação dos outros não foi nada comparada à humilhação feita por ele.
Paul não me compreendeu. Eu menti por ele. Menti para o conquistar. Eu precisava dele mais do que precisava de ar para respirar.
Podem me chamar de melodramática, mas tudo o que eu fiz foi por ele. E o que eu vou fazer também. Aliás, o que eu já fiz, porque quem estiver a ler esta carta saberá que chegou tarde demais.
Se Paul tivesse me compreendido, se ele me tivesse dado apenas uma chance, teria evitado tudo isso.
E é por amá-lo tanto que eu preferi que isso terminasse dessa maneira para ter certeza de que, tal como ele frisara, eu nunca mais olharia na cara dele.”


Minha respiração tornou-se apressada, urgente. Meu coração batia tão rápido e tão alto que quase fazia eco pelo cômodo.
Larguei o pedaço de papel sobre a cama e pulei para fora de casa, correndo em direção à floresta e me transformando num ápice, destruindo por completo a roupa que eu vestia. Meus sentidos triplicaram e eu conseguia sentir o seu cheiro tão forte em minha mente como se fosse uma trilha pelo ar, me guiando onde quer que ela estivesse.
Senti os meus parceiros entrando em alerta. Estavam surpresos pela minha volta e ao mesmo tempo atentos ao que eu estava sentindo. Sam tentou entrar em minha cabeça, mas eu só deixei um recado bem claro na dele: “Fica longe disso e mantenha todos longe!” Soou quase como uma ordem, mas não chegava a um tom Alpha. No entanto, ele obedeceu e desviou a sua corrida e a de todos os outros para longe de mim.

Senti a trilha do seu cheiro me guiar para a praia. Se eu quisesse percorrer a floresta que contornava a praia, teria de passar pelo meio da Reserva, mas naquele momento era imperativo que eu salvasse . Eu tinha de chegar a tempo!
Apertei a minha corrida numa velocidade quase invisível aos olhos humanos, mas o meu tamanho não permitia que fosse completamente invisível, então quando atravessei a vila, foi como um borrão marrom avermelhado que durou milésimos de segundo e atravessou na frente de um bando de gente.
Adentrei a floresta correndo em direção à orla da praia, sentindo o seu cheiro cada vez mais intenso. Forcei o olhar, tentando detectá-la na praia, ou até mesmo no mar, mas o cheiro não ia naquela direção. Ia bem mais adiante, em direção aos penhascos.
Meu coração palpitou forte, travando algumas batidas quando avistou um vulto bem lá no topo, longe, inalcançável, na beira do precipício.
Pulei dentro da praia e parei vendo seu corpo cair no mar.
Uivei tão alto que foi impossível não chamar a atenção dos humanos na minha direção, mas isso não importava mais. Se ela morresse, eu morreria.

Fim POV Jacob