Wild Heart







Parte X – Me Leve Embora [Letra e Tradução]


Sentia a pele do meu rosto se repuxando e ardendo pelas lágrimas secas que eu derramara toda a manhã. Encarei o teto sem qualquer expressão e imagens do meu anjo me vieram à mente.
Eu havia aprendido tanto com ele, sem que no entanto ele me tivesse ensinado nada. Só sua simples presença me fortaleceu e eu não podia deixar que nada me deitasse abaixo.
Me ergui de rompante da cama e apressada me vesti. Lembrara da promessa que eu havia feito a mim mesma na noite anterior. Eu precisava me recuperar. Eu precisava voltar ao que eu era antes de tudo aquilo acontecer. Antes de Max entrar e estragar minha vida.

Enquanto terminava de me calçar, olhei para a caixinha de música que há muito se calara e uma pequena lembrança, mas muito importante, se reproduziu em minha mente.

Qualquer coisa que precise, me ligue. A qualquer hora do dia, mesmo de madrugada ou até mesmo daqui a 20 anos. Sempre que precisar, me ligue. Por favor!”

Percorri meus olhos pelo cómodo do meu quarto e o parei sobre uma estante. Caminhei até ela, me dirigindo exatamente a onde eu sabia que aquele cartão estava. Há anos que evitava pegar naquele caderno. Caderno no qual eu escrevia tudo de mim. Todos os meus sentimentos, todos os acontecimentos marcantes…Coloquei o diário na minha bolsa e saí da minha torre, descendo as escadas apressada.

-Onde você vai? – Cassie me perguntou, saindo do seu quarto e me fazendo parar a meio da escada.

-Procurar um médico pra me examinar. Estou indo pegar todos os meus remédios lá na cozinha. – Informei, sem muita emoção.

-Pensei que você tivesse desistido dessa idéia. – Ela falou meio sem jeito.

-E porque eu haveria de desistir? – Questionei tornando a subir alguns degraus.

-Por nada. – Falou altiva e eu recomecei descendo as escadas. – ! – Ela me chamou e eu a olhei. – Só não esqueça que eu te amo de verdade e que eu lamento tudo o que aconteceu. Eu não te culpo. Sério…

-Eu também não me culpo. – Menti. – Você se culpa? – Eu estava buscando forças de não sei onde. Parecia que uma luminária havia iluminado meu caminho obscuro me fazendo finalmente enxergar tudo aquilo que por anos me foi cegado.

Cassie não me respondeu. Seu rosto perdera a cor enquanto ela engolia em seco. Sabia que ela se culpava. Afinal tinha sido mesmo culpa dela. Se ela não tivesse colocado Max aqui em casa…tudo poderia ter sido evitado. Eu poderia ter evitado…era apenas disso que eu me culpava.

Retomei meu percurso até a cozinha, onde encontrei Tessa preparando o café da manhã. Fui abrindo todas as gavetas, sem nem me dirigir a ela. Sabia que ela nunca me iria dizer nada. Afinal ela protegeria Cassidy até ao fim.

-O que você está procurando ? – Ela questionou parando atrás de mim.

-Isso. – Informei, pegando numa das caixas cilindradas plásticas que continham remédios.

Peguei em todas as outras embalagens e as guardei em minha mala, sobre o olhar confuso e apreensivo de Tessa.

-Não me esperem para almoçar. – Informei. Queria ter dito para não me esperarem nunca mais, mas ainda haviam muitas coisas que eu queria resolver. Muitos assuntos inacabados e muitas palavras nunca ditas. Muitas verdades evitadas…

Caminhei por vários minutos até por fim chegar ao fim da propriedade Grissom. Logo consegui avistar a pequena cidade pacata e acolhedora de Greenwich. Vasculhei em minha bolsa o diário e de dentro dele peguei o cartão. Me encaminhei até uma Cafetaria e procurei por uma cabine telefónica.
Inseri algumas moedas e marquei os números que a negro estavam impressos no pequeno e retangular cartão.

-Consultório da Dra. Meyer, com que estou a falar?

-A Dra Samantha está aguardando uma chamada minha. Diga a ela que é Grissom. – Informei.

-Aguarde só um momento.

A secretária me colocou em espera e eu pensei se a Dra Meyer ainda se lembrava de mim. Provavelmente não. Provavelmente ela só dissera aquilo na altura porque pareceu conveniente. Provavelmente ela iria dar uma desculpa qualquer de que não me poderia atender…

-Alô, ?

-Dra Samantha? – Interroguei surpresa.

-! Que bom que me ligou. Você não se esqueceu. – Escutei ela sorrindo.

-Você também não. – Sorri emocionada.

-Como poderia, minha querida. Você deve ter guardado tudo tão dentro de você…eu nem consigo imaginar como seu coração está! Como sua cabeça está! Céus…você quer falar, certo?

-Certo…

-Você está onde? – Ela me interrompeu. - Eu vou aí te pegar e falamos no consultório particular que eu tenho em minha casa. É muito mais íntimo e aconchegante. – Assenti.

Dei as coordenadas do local onde eu estava e aguardei ansiosa sua chegada. De minuto a minuto eu olhava o relógio pendurado na parede da Cafetaria e no 19º a porta se abriu, fazendo soar um sininho e exibindo uma bela mulher, de não mais de 40 anos, com um ar maternal. Assim que me viu ela sorriu e se encaminhou até mim, me abraçando.
Eu me senti de novo em casa.



N/A: Vocês pensavam que iam sucumbir sem o Jake por perto!? Ahá! Mas eu também cansei de colocar vocês sofrendo, até porque está mais do que na hora de começar revelando os segredos que rondam as irmãs Grissom e de vocês jogarem tudo para o alto de pararem de se culpar!!!
Espero que se juntem à revolta, leitoras, e COMENTEM! kkk
Kisses da Baby