Amanhecer-Novos Rumos







Invensível

Não importa onde nós estamos,
Não importa o quão longe nossos caminhos podem nos levar
Nós não precisamos de escudos,
Porque o amor é a armadura que precisamos
O amor é o nosso protetor
Nós somos invencíveis
(Invencible - Kelly Rowland ft Tinie Tempah)

(Deixe carregar e dê play quando eu disser)
P.S. - ACOMPANHAR A LETRA DA MÚSICA É IMPORTANTE. É COMO SE FIZESSE PARTE DO CAPÍTULO. ALIÁS, FAZ PARTE DO CAPÍTULO.

Fiquei chorando por um tempo que me pareceram ser horas, depois da partida de meu irmão. 
Estava deita na minha cama do lado direito, voltada para a porta do quarto, a única posição que eu ainda aguentava deitar. Até mesmo deitar parecia um sacrifício tremendo, não encontrava porra de posição nenhuma! Mas por enquanto essa estava bem pra mim.

Estava quase adormecendo quando senti uma vibração por baixo da minha barriga. Estranhei essa sensação e até me alertei. Será que o trabalho de parto era assim?
Meu coração quase pulou da boca com essa possibilidade, mas como a vibração estava se tornando mais forte, vindo junto com um barulhinho, percebi que não era de mim e sim de um celular.
Olhei para o meu criado mudo vendo o meu celular lá, junto do copo de água e do abajur, e estava silencioso.
Apalpei por baixo da minha barriga e senti a vibração em minha mão, junto com a forma de um celular. Puxei ele bem rápido percebendo ser o celular do meu irmão, e atendi de imediato quando vi o nome Seth no ecrã.

-Alô! - Exclamei bem rápido mas não houve resposta. - Tom foi embora porque você não foi capaz de assumir o que sentia por ele. Vai viver para sempre negando seus sentimentos ou vai se dar uma oportunidade de ser feliz? - Falei bem depressa e escutei ele suspirando mas mantendo o silêncio.

Eu fiquei numa dúvida interna sobre se esse teria sido a melhor maneira de o abordar. O garoto ainda devia de estar assustado com o que estava sentindo e eu não fui nada delicada. Mas era tanta coisa na minha cabeça que eu só sabia explodir.

-Seth, me desculpe a forma como falei, mas não mundo um milimetro de palavra do que eu disse. E ainda digo mais. - Respirei fundo, como se fosse arrancar meu coração em palavras para conseguir trazer Seth de volta. - Eu podia continuar nas sombras e viver para sempre no sofrimento da traição, rejeição por parte de Gabriel e Tom, mas eu sei o quanto o amor é poderoso e transforma as pessoas. Eu pensava que odiava essa criança dentro de mim pois ela só me trouxe desgraças e sofrimento, mas veja onde ela me trouxe? Até La Push, onde eu conheci pessoas incríveis, me curei emocionalmente, me apaixonei por Jacob... 

Parei um pouco para digerir essa verdade, era difícil amar de novo sem ter certeza se iria dar resultado, mas a vida é assim, cheia de mistérios que todos temos de desvendar e aprender a lidar. Eu não podia ser diferente. 

-Eu amei Embry também, mas foi um amor diferente. Um amor de irmão, de amigos que se apoiam e se completam, de companheiros... - Sorri ao lembrar de meus momentos com Embry e de como foi com a ajuda dele que me catapultei para fora das sombras da dor. - Mas com Jacob foi instantâneo. Eu tenho uma ligação muito forte com ele, só não sei bem qual é. E veja, eu podia estar fugindo da felicidade por ser ridículo esse sentimento. Se Embry não tivesse imprintado ele estaria sofrendo por eu amar outro. A vida dá nós e mais nós nos caminhos que percorremos, mas todos eles nos levam a um único lugar. Por mais que a gente escolha outra trilha, que volte para trás, ao fim de tudo sempre chegaremos ao lugar que tanto evitamos mas que nos estava destinado desde o começo. Mesmo que eu não tivesse engravidado e pedido abrigo a Emily, eventualmente ela me iria convidar para o seu casamento e eu iria conhecer todos vocês. Novos Rumos, os mesmos finais. - Conclui, tomando fôlego para continuar. - Não é difícil de ver que você também gosta de Tom. E não importa que os outros se incomodem e não aceitem bem no começo. Se eles te amam acima de tudo, eles vão acabar por te aceitar como você é. Quem você é não muda por causa de uma opção sexual, religiosa ou racial. Por dentro você é exatamente igual. Todos somos iguais. E mesmo que você nunca fique com Tom, se esse é quem você é, se as pessoas que você ama carnalmente não são da espécie oposta à sua e sim da mesma espécie, isso nunca vai mudar. Por mais que lute, no final o coração vence sempre. O amor é INVENCÍVEL! Não importa onde nós estamos, não importa o quão longe nossos caminhos possam nos levar, nós não precisamos de escudos, porque o amor é única armadura que precisamos. Será que você consegue entender isso, Seth? - Falei com sinceridade, sentindo meu rosto sendo lavado por uma água tão pura quanto a água que a natureza nos dá.

-Para onde ele foi? - Por fim escutei Seth falar e uma alegria imensa se apoderou de mim que me fez só ter vontade de pular e gritar para o mundo toda a minha felicidade.

-Eu não sei, mas ele saiu há pouco mais de uma hora em direção a Port Angels e de lá para o mundo. Corra Seth, impeça-o de ir embora! - Torci fervorosamente, como se estivesse torcendo para o meu time.

-Eu vou. - Escutei o sorriso dele e desliguei.

Estava com um nervoso tão grande que senti uma borbulhação no meu baixo ventre, como se Gabe Júnir também estivesse comemorando. Mas de seguida senti uma fisgada tão grande que quase me levou ao chão, me fazendo encolher toda de dor.
Meu celular tocou mas eu não o consegui alcançar. As dores começaram se alastrando até minhas costelas e me atacando os rins e os quadris.
Me senti suar toda e minha vista começou turvando.
Tentei me segurar na beirada da cama, mas minhas forças estavam me abandonando, ao mesmo tempo que as dores se apossavam de mim.
Meu celular tocou mais alto como que gritando para que eu atendesse, mas eu não conseguia obedecer. Meu corpo pesava cada vez mais, quase dormente, mas mesmo assim eu não deixava de sentir essas dores tão agudas.
Tentei gritar, mas era como se o pânico tivesse roído minhas cordas vocais e nenhum som se proliferasse para fora da minha boca.
Então a dor veio tão forte que quase senti meu coração parar, fazendo minha visão escurecer por completo e meu corpo ceder.

(POV Jacob)

Estávamos todos reunídos em casa dos Clearwater conversando sobre a "novidade".

-Eu não tenho nada contra esse assunto! - Quil comentou.

-Eu também não, só acho estranho. - Jared deu de ombros.

-Ah, mas eu não aceito! O lobo tem de ser macho! - Paul argumentou raivoso e inconformado com o rumo da conversa.

-E eu sou o que, estrupício? Você já me viu nua várias vezes para certificar que eu não tenho duas bolas e um canhão no meio das pernas! - Leah contra-atacou.

-Perdeu a razão do argumento. - Collin zombou, levando um cascudo de Paul.

-Opção sexual diferente não é novidade para mim, mas ter de lidar com isso dentro de uma alcateia... - Sam argumentou pensativo.

-Eu nunca percebi nada desse tipo vindo de Seth, eu acho que é esse Tom que o está levando para o mau caminho. - Brady arguiu.

-Veja como fala do meu filho, ele não leva ninguém para o mau caminho! - Henry defendeu agressivo.

-Levou o pai do filho da , não levou? - Brady continuou provocando e acabou por levar um cascudo meu.

-Fique quieto que o assunto ainda não chegou no jardim escola! - Avisei e ele se aprumou a um canto, junto de Collin.

-Ainda bem que Embry não está aqui para opinar. Já sei qual seria o veredito dele. - Jared murmurou.

-E qual seria? - Sam perguntou e eu lamentei por o ter feito.

-Ele é a favor de um bom barraco! - Jared riu tão alto que até roncou como um porco, levando um toco de Quil.

-Meninos, será que nós mulheres podemos opinar? - Emily pediu e todo mundo, com o maior respeito, se silenciou.

-Eu como mãe estou um pouco surpreendida, mas acima de tudo eu amo o meu filho e o que o fizer feliz, me fará feliz também. Mesmo que seja outro homem. - Sue disse, recebendo um sorriso de Henry, em forma de agradecimento.

-Eu estou do lado do Seth no que for. Ele sempre foi e sempre será o meu caçulinha preferido - nada contra vocês, Collin e Brady, sempre serão os meus meninos - mas Seth é meu primo e desde neném eu tenho uma afeição enorme por ele. - Emily argumentou no seu estilo mãe galinha que ama e cuida dos seus pintinhos.

-O que importa mais, um lobo solitário longe do seu amor, ou um lobo feliz? - Rachel inquiriu retóricamente.

-Pensem que Seth sempre será o Seth que vocês conhecem. Nada mudará apenas porque ele gosta de homens e não de mulheres. Ele sempre terá aquele seu jeito divertido, simpático, atencioso, carinhoso e inocente. Não é só porque ele gosta de Tom, ou de qualquer outro garoto, que ele vai se tornar uma pessoa diferente. E mesmo que se tornasse? Vocês deixariam de o amar? Ao vosso irmão? À vossa família? Iriam virar a cara quando ele passasse na rua? Iriam deixar de falar para ele? Ignorar seus pensamentos em alcateia? O expulsar do bando? Impedir de se transformar? Vocês seriam assim tão cruéis e desumanos? Tão indiferentes e preconceituosos? - Enquanto Kim falava com toda a sinceridade todos nós lobos abaixávamos nossas cabeças em vergonha por alguma vez termos pensado mal acerca das opções de Seth, de nos termos revoltado contra ele e seus sentimentos.

-Kim tem razão. - Leah murmurou levantando a cabeça e o olhar em nossas direções. - Se vocês não concordarem, então eu saio da alcatéia. - Ela anunciou de braços cruzados, mostrando que defenderia o irmão com garras e dentes.

-Eu também. - Falei de seguida, mostrando meu apoio para com Seth.

-Eu também. - Quil anunciou.

-Pessoal, isso não é necessário. A maioria de nós aceita, né? - Jared falou agora mais sério e menos brincalhão.

-Eu tenho de concordar com Kim, mas não me peçam para aceitar de bom grado. Eu ainda tenho minhas diferenças quanto ao assunto. - Paul falou de cara amarrada.

-Bom, acho que o assunto foi finalmente resolvido. - Bill finalmente se pronunciou, rodando sua cadeira para fora de casa.

Segui meu pai, me despedindo brevemente de todos escutando Sam distribuindo tarefas para Quil, Collin e Paul, os mandando fazer a ronda e continuar procurando por Seth.
Assim que nos aproximamos de casa, escutei o telefone de casa tocar desenfreadamente. Não me apressei. Quem quer que fosse teria de esperar.
Pisei o primeiro degrau da varanda, enquanto papai dava a volta à casa, entrando pelas traseiras, pela porta da cozinha. Entretando o telefone deixou de tocar e eu agradeci, mas mal tinha acabado de agradecer, já estava o maldito tocando de novo.
Por momentos pensei que pudesse ser Seth. Ou . Então corri para atender e escutei os guinchos histéricos de uma certa fadampira (junção de fada com vampira).

-...e precisa de nós. - Comecei prestando atenção ao que ela dizia depois de escutar o nome de .

- precisa o quê?

-VOCÊ NÃO ESCUTOU NADA DO QUE EU DISSE, SEU OGRO MALD... - Escutei um barulho estridente e logo outra voz se sobrepôs à de Alice. - Escuta aqui seu vira-lata malcheiroso, ou você arranja logo a PORRA da permissão para a gente atrevessar a fronteira, ou eu atravesso sem permissão só para ir aí arrancar o teu couro maldito! - Rosalie falou num tom de voz bem ameaçador e assustador, mas eu ainda estava preso ao pormenor " precisa de nós."

De repente uma luz se fez acender. precisa de ajuda!

-O que está acontecendo com !? 

-Eu recebi uma visão dela em agonia e dores mas depois ela sumiu, eu tentei ver de novo, mas nada! Ela simplesmente sumiu das minhas visões. E eu tentei ligar para ela mas ela não atende! Assim que ela não atendeu na primeira chamada eu, Rosalie e Carlisle nos pusemos a caminho da fronteira, tentando ligar para você e para , mas nenhum dos 2 atendia!!!! - Alice falou em uma velocidade vampirica e bem nervosa.

-Atravessem a fronteira que eu aviso os outros. - Falei desligando indo até meu quarto, pulando da varanda e correndo em direção à floresta, rebentando de imediato - com roupas e tudo - em um enorme lobo marrom, indo em direção à casa de Sam ao mesmo tempo que avisava a Quil, Paul e Collin que os vampiros TINHAM de chegar a La Push INTEIROS!

Sam não vai gostar de nada disso! - Paul arguiu e eu apenas o ignorei, forçando minhas patas a chegar o mais rápido possível a casa de Sam. Assim que a avistei, reverti a minha tranformação e entrei pelado dentro de casa, ignorando tudo e todos. 

-, por favor acorde! - Escutei a voz de Henry e vi Emily saindo com uma bacia de água ensanguentada e Sue entrando com outra bacia de água limpa. Meu corpo paralisou por segundos, assistindo os passos de Emily numa lentidão profunda, com meus olhos cravados na bacia.

-SAM TIRE ELE DAQUI! - Sue gritou nervosa, se referindo a Henry.

Assisti os dois saindo. Henry chorando consternado e Sam tentando acalmá-lo.
O vento soprou na nossa direção, trazendo com ele o cheiro intenso de sangue e de vampiros.
Sam ficou alerta, mas logo eu tratei de explicar.

-Carlisle, Rosalie e Alice estão chegando. - Falei mecanicamente, ainda parado na porta do quarto, olhando para o nada.

-Podemos entrar? - Escutamos a voz de Carlisle do lado de fora e eu olhei para Sam, que logo se apressou a ir até lá fora para falar pessoalmente com o Dr. Caninos.

-Só permitirei o Doutor a entrar. Espero que compreendam. - Sam falou para Alice e Rosalie.

-Nós esperaremos na orla da floresta, de frente para o quarto de . - Alice falou compreensiva e Carlisle já estava entrando no quarto de sem que eu me apercebesse.

-Eu trouxe tudo o que é preciso para forçar o parto. O bebê está sufocando. A placenta deslocou mais do que o previsto e quando as águas rebentaram, o cordão umbilical acabou se enrolando em volta do pescoço dele. Precisarei da vossa ajuda para continuar trazendo água limpa e esterelizada e panos húmidos. Tragam uma toalha para colocar por baixo dela, para receber o neném. - Carlisle pedia com toda a sua profissionalidade, como se estivesse cordenando uma equipe médica.

O silêncio se abateu durante longos minutos. Eu escutava todos se amontoando na sala de Sam, silenciosos, aguardando temerosamente e nervosos algum veredito. Sue e Emily continuavam num entra e sai de bacias sujas e limpas, panos húmidos e panos ensanguentados. E eu continuava petrificado.

-A pressão está baixando muito, eu vou precisar de alguém que segure a cabeça dela. - Carlisle falou e Emily saiu do quarto para buscar alguém, mas assim que me viu, me puxou à força para dentro do quarto, me colocando sentado na cama completamente ensanguentada, onde o corpo inerte e inanimado de jazia.

Carlisle fazia força com um braço, acima da barriga de , como que empurrando pelo bebê, enquanto o outro braço estava com a manga arregaçada até acima do cotovelo e enfiada dentro de .

(DÊ PLAY)
-Consegui achar o cordão umbilical, mas está difícil de  desenrolar. - Carlisle ia falando, como se estivesse dizendo que o porco não estava bem temperado.

-O bebê pode morrer se continuar ali dentro sem ar! - Sue alertou, trazendo outra bacia de água.

-Temos de abrir , não há outro remédio. - Carlisle falou, já pegando em um bisturi e um separador, pronto a cortar , mas eu o impedi. - Temos de o fazer, Jacob, ou ambos podem morrer! está perdendo muito sangue. - Ele falou e eu vi os jatos de sangue saindo de dentro dela sem parar.

[Tinie Tempah - Verso 1]
Sim, eles disseram que não devíamos, disseram que não faríamos
Olhe onde estamos, fizemos o que achavam que não podíamos
Tão ruim quanto as chances pareciam, nós continuamos insistindo
E cada vez que quase bati no chão, você foi a minha almofada
Há evidências que provam, que você foi enviada do céu
Porque quando precisei de ajuda, você estava lá pra me defender
Garota, em você achei uma amiga, você me faz sentir vivo de novo
E me sinto como a estrela mais brilhante, você me faz brilhar de novo

[Kelly Rowland - Refrão]

Eu estava numa batalha interna sobre o que era melhor a fazer. Se ele a abrisse, ela iria continuar se esvaíndo em sangue e poderia morrer...mas Gabriel estaria a salvo. Se eu não permitisse, ambos morreriam...E saberia que onde quer que estivesse, nunca me perdoaria por isso.
Acenti para Carlisle e o vi descer o bisturi abrindo cuidadosamente a barriga de .

[Tinie Tempah - Verso 2]
Aah, das águas mais selvagens, até as montanhas mais altas
Aah, você e eu para sempre, até mesmo nos desertos mais secos
Você me ergue bem alto, me sinto leve como uma pluma
E quando estamos lutando juntos, podemos derrotar o clima
Vou te manter impermeável, toda a tempestade que
Você tiver que enfrentar, eu irei antes de você
Eu serei a voz quando você precisar de alguém para conversar
Por favor, não duvide de mim, deixe-me tranquilizá-la

O resto eram meros borrões para mim. Escutar o coração de bater cada vez mais fraco, roubava minha total concentração. Eu pegava em sua mão e entrelaçava em meus dedos, como que tentando fazer uma conexão. Olhava seu rosto e o acariciava, implorando mentalmente para que nenhum mal lhe acontecesse. Eu implorava aos meus ancestrais para que não me tirassem a mulher que eu mais amava, porque ela podia não ser o meu imprinting, mas meu sentimento por ela era tão forte quanto um imprinting, apenas menos dependente.
Eu continuava implorando em nome da minha vida para que ela ficasse bem. Ela tinha de ficar bem.

[Kelly Rowland - Refrão]

[Tinie Tempah]

[Kelly Rowland - Refrão]
Não importa onde nós estamos,
Não importa o quão longe nossos caminhos podem nos levar
Nós não precisamos de escudos,
Porque o amor é a armadura que precisamos
Nós somos invencíveis, invencíveis
Invencível, o amor é o nosso protetor
Nós somos invencíveis, invencíveis
Invencível,
Nós somos invencíveis

Então o choro de um neném rompeu minha conexão mental, me fazendo erguer os olhos para Sue, que limpava o pequeno e frágil garoto em seus braços.

-Graças a Deus! Conseguimos salvar Gabriel. - Emily louvou, de rosto embargado de felicidade, mas Sue ainda continuava concentrada em ajudar Carlisle a estancar o sangue e cozer .

Assim que terminaram de fechar , Carlisle pegou em duas plaquetas de sangue , ligado pelo intravenoso nas veias de , e aplicando de seguida um injeção qualquer, ligando outra plaqueta de soro a .

-Ela vai ficar bem? - Eu perguntei, olhando Carlisle arrumar tudo.

-Precisa de ficar em máxima observação, então se me permitir, eu gostaria de ficar por perto e de preferência trazer minhas máquinas para mantê-la sobre observação.

Concordei, mas me mantive imóvel, olhando para fixamente e voltando às minhas preces e imploros.

(POV )

Uma luz forte quase cegou meus olhos quando eu tentei focar o local onde eu estava. 
A última coisa de que me recordava era de ter me despedido de Tom, depois disso apenas meros borrões em minha mente.
Me ergui do chão com tanta facilidade que estranhei o fato de a barriga não estar me pesando, mas quando olhei para baixo eu não tinha barriga alguma.
Passei minhas mãos por ela assustada, procurando vestígios do meu filho, mas nada. Estava quase entrando em pânico quando escutei uma voz conhecida minha.

-. - Tentei focar minha visão para além daquele clarão, mas me era inútil. - . - A voz se fez escutar mais uma vez fazendo meu coração disparar.

Eu não podia estar escutando ele. Era impossível! O que estava acontecendo comigo? Onde eu estava? Onde estava meu neném!

-Se acalme, eu posso lhe ajudar, apenas tem de permitir que eu me aproxime. - Gabriel falou mais uma vez mas eu não fazia a mínima idéia de como o fazer. - Basta acreditar em mim. - Ele falou como se respondesse ao meu pensamento.

-Eu estou morta? - Pergutei temerosa e por fim vi uma silhueta iluminada de tons dourados se aproximando.

Gabriel surgiu para lá do clarão com o seu típico sorriso acolhedor. Sentia tantas saudades dele. Apenas pelo simples fato de me ter feito sentir amada e querida.

-Eu sempre te quis muito bem . Te amei de verdade, mas de uma forma diferente à do amor de um homem por uma mulher. Mesmo assim não deixei de te amar por um segundo. Peço que me perdoe se alguma vez te fiz sofrer e te fiz desacreditar do amor. - Ele falou pegando em minhas mãos e entrelaçando às suas.

-eu já te perdoei. - Falei lembrando do funeral. - Meu coração se machucou, mas aos poucos ele esta se curando e ganhando uma nova resistência.

-Não. Não crie resistências. Isso só te fará sofrer mais. Se permita a amar sem restrições, sem medo de voltar a sofrer. Se prender ao passado apenas te toldará o futro e o pintará de um negro implacável. Se agarre ao amor pelo nosso filho e  acredite que o amor vale a pena sempre, indepentemente dos obstáculos e dos golpes. Qualquer tipo de amor. Desde o mais simples até ao mais complexo. - Me aconselhou acariciando meu rosto.

-Eu quero voltar. - Falei com lágrimas nos olhos.

-Você voltará. - Sorriu se inclinando sobre mim lentamente aproximando seus lábios dos meus.

Fechei os olhos para sentir o beijo da despedida e quando os abri de novo me vi no meu quarto.
De imediato corri minhas mãos até minha barriga mas ela continuava lisa. Meu coração se apertou tão forte quanto o nó em minha garganta, querendo expulsar lágrimas dolorosas. Mordi o lábio e apertei minhas mãos ao redor das cobertas sobre mim.

-! - Escutei a voz de Jacob adentrando o quarto com pressa e se ajoelhando ao pé da cama, pegando em minha mão e acariciando meus cabelos. - Você finalmente acordou. - Sorriu emocionado, mas eu não consegui aguentar e rompi em um ataque de choro. -Ei, shuu, está tudo bem. - Ele tentou me consolar.

-Como pode estar? - Virei o rosto e mantive minhas mãos sobre a barriga, a acariciando.

-. - Escutei a voz de meu pai, acompanhada de um guincho suave e baixo, como se fosse uma curta reclamação.

Voltei meu rosto mais rápido que pude, o vendo segurar em seus braços um manto azul de lã que se mexia e remexia. Logo uma parte do pano cedeu exibindo um bracinho rechonchudo com uma cor creme saudável.

Meu coração se encheu de alívio e alegria, me fazendo chorar de felicidade dessa vez. Jacob me ajudou a sentar na cama, colocando um monte de almofadas atrás de minhas costas. Henry se aproximou e depositou em meus braços aquele ser frágil mas lutador. Descobri um pouco ele para o poder observar melhor. Sua pele beirava o tom dourado. Seus fios era castanhos claros e seus olhos verdes. Ele me olhava com reconhecimento e carinho.
Eu queria pegar nele como um peluche e o esmagar contra mim para mostrar todo o meu amor por ele, mas o mantive seguro e aconchegado, falando com ele através do olhar. E como que sabendo exatamente o que eu lhe estava dizendo, ele sorriu.

-Ele sorriu! - Exclamei embargada.

Asisti um amontoado de pessoas me rodear na cama. Entre eles Embry, Rebekah, Tom e Seth. Todos eles nos olhavam com tamanha felicidade e alívio, como se partilhassem todos a mesma dor e alegria. Como uma grande e unida família, acima de quaisquer laços de sangue.
Jake pegou na mãozinha de Gabe Júnior e começou brincando com ele. O olhei com tanto amor que me encheu o coração. "Eu vou voltar a amar sem restrições!" Pensei para comigo, como que respondendo ao pedido de Gabriel. De seguida olhei para Jake, pegando em sua mão e entrelaçando nossos dedos. Ele me olhou com carinho e cuidado, como se eu fosse a coisa mais preciosa da sua vida, mas assim que o vi olhando de novo para Júnior, eu percebi que eu era na verdade a 2ª coisa mais preciosa e importante em sua vida.
Sorri de felicidade.
Eu não podia estar mais feliz perto das pessoas que mais amo na vida. E sorte a minha que elas me amam com a mesma intensidade e veracidade.

Talvez eu não possa garantir um "felizes para sempre", mas a felicidade está começando agora. E o agora é que conta!

FIM