Amanhecer-Novos Rumos







Vida

No começo, aprendizagem.
No meio, obstáculos.
No fim, compensação.
É assim na vida e em todas as fases pelas quais temos de passar. 
Na alegria e na tristeza, 
Na saúde e na doença,
Todos os dias na nossa vida,
Desde o nascimento 
Até à morte.
As aprendizagens permanecem a vida toda.
Os obstáculos vão-se esvaecendo.
E a compensação é sempre agradecida, 
mesmo que vindo por último.
A vida sempre será uma dádiva
No começo, no meio ou no fim.
(BabySuhBR)

-Não, não. Essas lamparinas têm de ficar mais acima! Mais acima, Collin! – Rachel resmuneou com o jovem lobo.

-Faz direito o que ela manda ou você vai ver. – Paul murmurou ameaçadoramente em aviso para o pobre rapaz e este estremeceu e esticou mais os braços, se colocando em bicos de pés no cimo do escadote, se equilibrando o máximo que podia. 

Agradecia internamente os seus genes lupinos que aperfeiçoavam mais essa condição.

-Emy, desculpe lhe dizer isso, mas ela é alergica a morango. – Henry falou lhe roubando o sorriso luminoso e orgulhoso da sua obra, do seu rosto.

-E porque você não falou isso antes? – Leah repreendeu lançando um olhar irritado para seu par.

-E-eu estava tratando dos preparativos da festa, Leah! Não pude tomar atenção à cozinha. Afinal é lugar proibido para os homens. – Deu de ombros se encaminhando para outro ponto da casa.

-Está dizendo que lugar da mulher é na cozinha? – Leah bufou, formando uma careta bem amedrontadora e colocando uma mão na cintura.

-C-cla-claro que não, amorzinho! Eu quis dizer que quando uma mulher está na cozinha…eu digo, quando ela se encarrega de cozinhar…quando ela gosta de cozinhar…ah Lee, você entende. Eu não estava insinuando nada do que você falou. Você sabe que eu adoro meter a barriga no fogão e cozinhar para você todas aquelas delícias que você adora. – Henry tentou fazer dengo.

Leah amoleceu um pouco o olhar, mas logo de seguida o empurrou contra o sofá e cruzou os braços.

-Agora quer me colocar gorda! Ótimo. – Ela suspirou pesadamente, num amuo fingido.

-Você não pode, meu docinho! – Henry sorriu maliciosamente.

-Docinho é a sua avó! – Ela cuspiu e virou costas fazendo Henry argumentar atrás dela por toda a casa.

A verdade é que ela gostava disso. Da atenção. Das brigas. E principalmente das pazes!

-Tira as mãos desses bolinhos! – Kim deu um tapa na mão do guloso do seu namorado, enquanto instalava os muffins, os cookies e os cupcakes metodicamente alinhados e organizados na mesa principal dos comes e bebes.

-Mas eu tô com fome, amor! – Jared choramingou tentando roubar outro bolinho, mas sendo tapeado e enxotado de novo.

-Vai para casa comer, ué! Comida em casa é que não te falta. – Ela argumentou impedindo o acesso à tentação.

-Mas eu estou com fome dos seus bolinhos. – Jared sorriu sapeca, tentando fazê-la se distrair com o seu olhar malicioso e pedinte.

-Já falei para se afastar, J. ou eu vou ter de chamar o Sam.

-Mas Kim… - Ele tentou argumentar, mas ela lançou um olhar cortante em sua direção.

. olhava meio zonza para toda aquela zaração. Por isso que odiava aniversários…ou talvez porque nenhum deles se comparava de longe à dedicação, carinho e alegria com que este se organizava.

-Gente…pessoal…Leah…pai…Emily…Rachel…Kim… - Chamava um por um, indo até eles e sendo completamente ignorada. – Um bolinho seria suficiente. – Ela falou para o nada.

-E você acha que um bolinho chegava para matar a gula desses animais famintos? – Jacob falou sardônico e . sorriu curtamente.

Jacob coçou a nuca perante a reação da garota e, meio sem jeito, olhou em volta e se retirou.
. fez uma careta para si mesma. Já estava na altura de jogar o que acontecera por cima das costas, mas por alguma razão específica que ela não sabia bem qual – ou simplesmente não queria admitir – ela não entendia.

O beijo afetara-a. Sim, ela se sentia mexida por Jacob de uma forma que nunca se sentiu por Embry…talvez por Gabriel. Talvez não tão forte quanto isso. Mas era algo bom que a fazia ser ela mesma. Não que com Gabe ou Emb ela não o fosse...mas com Jake era mais genuína. Havia algo interiormente diferente. Uma qualquer conexão. Um íman que a puxava na sua direção. Uma sensação de bem estar quando estava perto dele e um desconforto quando estava longe.

Gabe Junior pontapeou sua barriga como um protesto ao seu pensamento.

-O que você está tentando me dizer, Junior? – Ela acariociou a barriga para o tentar acalmar. Internamente ela ouvia as respostas. – Você acha? Considere o meu passado, eu não estou lá muito apta para seguir em frente. Ainda pra mais quando você está a caminho…ok, ok, eu…

-Você está falando sozinha? – Tom surgiu atrás de si a fazendo sobressaltar.

-Claro que não! Você acha o quê? Que sou louca? – . barafustou se afastando do irmão para evitar perguntas difíceis com respostas ainda mais complicadas.

-No mínimo…afinal, apesar da sala cheia, ninguém está te escutando. – Tom a espicaçou.

-Gabe me escuta tá? – Passou a mão na barriga e estreitou os olhos de seguida para a careta de zoação do irmão. – Oh lombriga, vai cuidar do que fazer, tá? 

-Ok, mini furacão humano. – Tom troçou.

. quis revidar e perguntar o que ele queria dizer com o mini. Ela não era tão baixa quanto isso. Ou tão pouco turbulenta quanto um furacão…
Mas sua atenção foi roubada quando, da varanda, viu Jake parado perto da praia, com o corpo retesado e com o celular no ouvido.
Como um alerta, seu corpo todo formigou e suas pernas tomaram comando de si, a encaminhando o mais rápido que pode até ele.
Viu o rosto dele se baixar e seu lábio inferior ser colocado entre os dentes e isso fez o coração dela acelerar em agonia, bem como seus pés de tornozelos inchados, apressarem o passo.
Por fim chegou nele e nem hesitou em retirar o celular de suas mãos, mesmo se esforçando para chegar à sua altura. Agradeceu a distração – ou concentração no telefone – por não ter de lutar contra a força sobrenatural dele na tentativa de arrancar o celular.

-…só quero ser sua amiga. – Foi o suficiente que . escutou para uma raiva colateral explodir dentro de si.

- Escuta aqui Bella, vê se deixa o Jacob em paz. Você está sendo egoísta e pensando apenas em seus sentimentos, mas esquece de olhar em volta e ver quem você está fazendo sofrer. Seu marido está sofrendo, porque você lembrou de se arrepender de ter se tornado uma vampira - ou qualquer que seja a crise existencial que você esteja passando agora -, Jacob está sofrendo porque não conseguiu abrir teus olhos a tempo, mas isso não significa que ele te ame mais como antes. Ele apenas pensa que deixou uma vida escapar por entre seus dedos quando podia ter agarrado com mais força. A vida de alguém que foi importante para ele e não digo apenas amorosamente, mas fraternalmente. Ele era acima de tudo seu amigo, que estava aí para tudo o que você precisasse e você abusou disso e continua abusando.
Se você não está feliz, começe tudo de novo com essa sua nova vida. Só não peça para corrigir erros que já foram cometidos e tentar ter as pessoas que você quis perder, de volta. Você além de estar fazendo sofrer Edward e Jacob, está fazendo sofrer todos aqueles que os amam. Se você se importa minimamente com eles, deixa de ser uma idiota indecisa e escolhe logo se você quer ou não ficar com Edward. Mas fique sabendo que Jacob não está mais nas suas opções. – . barafustou sem recobrar fôlego em qualquer uma das frases. – E só para que conste, aqui é a .. – Falou para finalizar, primindo o botão vermelho em seguida e entregando o aparelho a Jacob, que a olhava estupfato.

Ela não sabia destinguir o brilho em seus olhos. Se era reconhecimento, agradecimento, ou raiva por ter estragado a sua oportunidade de reaver Bella. 

-O que é? Você vai me agradecer mais tarde, seu casmurro. – Ela resmoneou mau-humorada, como sempre, e virando costas a ele para voltar para casa.

A mão forte, quente e acolhedora dele a travou, a puxando delicadamente, mas apressado, contra si, a fazendo espalmar as mãos em seu peito.
Calmamente ele envolveu seus dedos nos fios macios da nuca dela, puxando sua cabeça contra a sua e as unindo pelos lábios, num beijo terno e pacífico. Sem pressas, exigências ou promessas. Talvez agradecimento, mas nem isso ela podia afirmar para si mesma.
A sensação de beijá-lo era paranormal. O efeito nauseantemente boa de borboletas no estômago. As tonturas agradáveis. O formigamento em sua pele por cada local onde as mãos dele tocavam. Os fogos de artifício em seu peito por cada segundo em que suas bocas trocavam carícias. Sensações que nem mesmo com Gabe – o amor da sua vida – tinha sido tão intensas e embriagantes. 

Quando o fôlego foi necessário eles se separaram apenas o suficiente para se poderem olhar. Colaram as testas e uniram as mãos, entrelaçando os dedos.

-O que foi isso? O que é tudo isso? – Ela se perguntou.

-Eu não sei, mas é muito bom. – Ele sorriu.

-E Bella? – Ela perguntou com um nó no peito, sentindo todas aquelas sensações boas serem supridas por aquela agonia. Sofrer mais um pouco era tudo o que ela menos queria naquele momento.

-Quem é essa? – Ele fingiu esquecimento a fazendo sorrir, mas o alívio não era imediato. Ainda havia um tormento em seus olhos. - Eu não sei o que isso é, ., mas é muito melhor do que qualquer coisa que eu tenha sentido no passado. Sim, eu sofri em relação a Isabella, mas, exatamente como você disse para ela segundos atrás ela precisa fazer uma escolha e eu não estou mais nessa equação… Há um bom tempo. – Ele sorriu sapeca.

-Como assim? – . inquiriu confusa, ou apenas se fazendo de burra para escutar de seus lábios a confissão que tanto esperou ouvir.

-Há uma certa garota que chegou a um mundo sobrenatural trazendo toda a sua normalidade abençoada e seus poderes completamente naturais, fruto da sua bondade, do seu coração enorme e do seu carater e personalidade marcantes. Com esses poderes ela conseguiu trazer paz a dois corações enredados por cordões de espinhos, escuridão, sofrimento e sentimento de vingança. Corações que não conheciam nem queriam ver mais a felicidade que ainda os esperava e o amor que ainda os rodeava. Ela foi como um parabrisas num carro com os vidros embaciados…

-Sério que você acabou de fazer essa comparação? – Ela o interrompeu para troçar.

-Foi a mais fácil que achei. Afinal sou um homem de carros, senhorita!

-Mas voltando a essa garota enfadonha. O que ela fez mais depois dos parabrisas? – Ela incitou e Jacob rolou os olhos.

-Ela acendou uma luz bruxeleante, encaminhando as almas perdidas de volta à vida, de forma a que nenhum deles se apercebesse que brandamente ela os enganava e os salvava ao mesmo tempo. Só quando já não podiam voltar atrás eles se aperceberam do que aquela luz havia feito, uma luz tão bonita e atrativa que mesmo com a tentação de voltar à escuridão, eles não o quiseram fazer mais.

-Essa luz é uma danadinha. – . piscou o olho.

-Uma luz que surgiu fraca e que nem todos os obstáculos e perigos a fizeram se apagar. Pelo contrário, apenas a tornaram mais forte, tão forte que se tornou uma estrela nascente. Um sol. O meu sol. – Acariciou o rosto dela, estudando cada pedaço de pele, cada traço de seu rosto, cada expressão, cada olhar…

-Eu não estou preparada para me apaixonar de novo, Jake. Não depois de Gabriel…eu tentei com Embry e acabei o machucando…mesmo que por pouco tempo. – Ela revirou os olhos mas não abandonou a expressão triste.

-Eu também não, .. Mas aos poucos, lenta e calmamente, iremos nos libertar de todos esses demônios do passado. Iremos nos curar um ao outro. E por fim, poderemos nos amar e viver livremente. Os três. – Falou acariciando a barriga dela e sentindo, orgulhosamente, um pontapé carinhoso de consideração e aceitamento do pequeno Junior.

. sorriu emocionada e seus olhos se encheram de lágrimas. Depois de longos meses a desperdiçar lágrimas em tristeza, finalmente ela agradecia por lágrimas de felicidade.

-Deviamos voltar para casa, afinal é o seu aniversário. 

Ela assentiu e os dois se separaram para poderem caminhar lado a lado. Jake entrelaçou as mãos num gesto carinhoso e . lhe sorriu, aprovando esse gesto.

-Espera…essa barriga pesa demais. – Ela comentou o parando, depois de alguns metros. – Meus tornozê-los estão inchando muito. – Ela lamentou, fazendo beicinho entrestecido ao olhar seus tornozelos de leitão!

-Então deixa que eu te facilite. – Jake falou a pegando no colo com cuidado, mas a fazendo soltar um gritinho surpreso.

-Obrigada, seu bobo. – Ela sorriu enlaçando seus braços em torno do pescoço dele e acomodando sua cabeça no ombro.

Desse ângulo seu olhar cruzava com a floresta frondosa, mas que não ocultava aquilo que ela acabava de ver.
Seu rosto não podia estar mais pasmo com aquilo que acabava de presenciar. E pelos visto não tinha sido a única, pois Jake olhava na mesma direção.

Seth olhou para os dois em alerta e depois para Tom. Embaraçado ele o empurrou e correu para a floresta, rompendo num enorme lobo que uivava de agonia e vergonha.

-Tom! – gritou seu nome quando este mencionou ir atrás do lobo cor de areia e este travou.

Tom olhou para a irmã e abanou a cabeça em tristeza e raiva. De certa forma ele achava que ela o repreendia por ser quem era…ou por tentar se relacionar com os amigos dela. Mas isso agora não importava.
Não importava porque o garoto de quem estava gostando – e pensava ser de mútuo sentimento – havia fugido depois de se ter confessado a Seth. Depois do beijo correspondido se ter tornado um erro. Depois do confronto silencioso de Jake e .